Fanfic: Impossible | Tema: Naruto
– Otouto, eu não quero que você vá! – Itachi repetia a cada objeto que seu irmão colocava na mala.
– Mas eu também não quero ir, nii-san! – Respondeu enquanto sentava no colo de seu irmão.
Eles estavam morando juntos havia no mínimo dois anos. Fugaku mandara Sasuke para morar com o mais velho para que ele pudesse estudar em uma das melhores escolas da capital; mas há alguns meses, ele decidira mandá-lo para um intercâmbio no Canadá. Os consanguíneos não gostaram nem um pouco da ideia de ficarem separados por tanto tempo, mas não tinham coragem de contrariar o otou-sama.
O táxi estava marcado para as 15h30. Eles só teriam mais 15 minutos juntos já que Itachi não poderia acompanhá-lo até o aeroporto, teria que ficar em casa para esperar sua irmã chegar. Fugaku resolveu mandá-la para estudar lá, assim como fizera com Sasuke há poucos anos atrás. Seria basicamente uma troca, Sasuke sairia e Sora entraria.
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– Mãe, Itachi-nii-san não gosta de mim! Eu não quero ser um peso pra ele! – A menina dizia, observando sua mãe analisar sua mala com calma e cuidado.
Na verdade, não é que Itachi não goste de Sora. Ele a ama, mas tinha uma dedicação maior para com Sasuke. E por mais que ele não demonstrasse isso, a jovem sempre fora observadora o suficiente para saber.
– Não fale besteira minha querida, seu nii-san te ama! E estou certa de que ele cuidará muito bem de você! – Mikoto tentava acalmá-la e pôr em sua cabeça que seu irmão a amava, só era fechado demais.
Itachi não pôde acompanhar o crescimento de Sora; seu pai o mandara cedo para fazer faculdade na capital. Por esse motivo, eles não tiveram muitas oportunidades para se conhecer de verdade. Pouco se viam, e quando isso acontecia, Sasuke sempre estava lá. Sora quase não recebia a completa atenção de seu nii-san, e isso com certeza a deixava chateada.
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– Otouto, o táxi chegou! – O mais velho chamava pelo mais novo que estava em seu quarto, se despedindo de suas coisas. Principalmente da cama... Ah, como aconteceram coisas boas e erradas naquela cama.
– Estou descendo, nii-san! – Sasuke descia pelas escadas, admirando e se despedindo de cada canto da casa antes de partir. Sem dúvidas sentiria muitas saudades de tudo aquilo e das coisas que aconteceram ali. As novas amizades, as festas, os momentos bons e até os ruins.
– Só pra deixar bem claro que eu ainda não concordo com isso – Itachi disse, abraçando-o e dando-lhe um beijo logo em seguida.
Eles ficaram um bom tempo ali em um beijo romântico e delicado, que sem duvidas, seria o que mais deixaria saudade. O que eles não esperavam era que...
– AHHHHHH! – Ouviu-se um grito e um barulho de algo caindo no chão. Os irmãos se separaram rapidamente e quando olharam para o lado... Sora.
Ela estava lá, parada e estática com suas malas no chão. Seus olhos negros e enormes estavam arregalados como nunca, e ela sentia como se seu queixo pudesse chegar ao chão em questão de segundos.
– Imōto-san! – Sasuke gritou, mas não conseguiu impedir Sora de correr pelas escadas e entrar no primeiro quarto que viu. Por coincidência era o de Itachi, mas ela não sabia. Há tempos não ia lá.
– Otouto, vá, não quero que se atrase. Eu falo com ela! – Pronunciou. Eles se despediram com um selinho rápido e cada um seguiu sem caminho; Itachi correu atrás de sua irmãzinha e Sasuke para o táxi.
– Sora, cadê você? – Ele chamava, procurando-a por cada canto da casa. Não imaginara encontrá-la em sua cama, encolhida como uma criança que tem medo da chuva.
Ele entrou calmamente no quarto, ela estava aparentemente adormecida e se fosse o caso, ele não desejaria acordá-la. Sentou-se na cama delicadamente e observou-a por um instante. Sora sempre parecera um anjo enquanto dormia. Sua pele lisa e pálida iluminava qualquer lugar, e seus cabelos eram tão negros que chegavam a ser azulados. Era como uma boneca de porcelana, não só na aparência, mas também na fragilidade.
Itachi se levantou vagarosamente e foi em direção ao armário, onde pegou um lençol branco para cobri-la. Foi quando viu manchas escuras em seu rosto. Assustado, aproximou-se rapidamente e então percebeu que era sua maquiagem, completamente borrada. Ela certamente havia chorado. O irmão mais velho sabia que precisaria explicá-la tudo aquilo, mas ela estava dormindo tão bem... Realmente não estava disposto a acordá-la. Desceu as escadas e foi até a sala pensar, andando de um lado para o outro.
Algumas horas se passaram e ele estava inquieto e apreensivo, mas também estava aliviado por ter tido tempo para refletir no que dizer. Jamais imaginou ter que explicá-la isso, ainda mais agora que vão morar juntos durante um bom tempo.
Depois de um bom tempo, Sora acordou. Ainda estava bastante sonolenta, não conseguiria ir muito longe. Foi caminhando lentamente em direção ao banheiro, apoiando em todos os cômodos que estavam pelo caminho. O quarto era bem grande. A cama era de casal, o armário ocupava quase uma parede inteira e ainda sobrava espaço para uma escrivaninha e uma cômoda. Era tudo bem arrumado, não tinha nem mesmo um porta-retratos fora do lugar. Itachi sempre fora cuidadoso com suas coisas, desde quando era apenas uma criança.
Com um pouco de dificuldade conseguiu chegar ao banheiro. Encostou-se na parede e foi deslizando com as costas até chegar ao chão, onde estavam algumas pílulas espalhadas. Foi quando se deu conta que havia deixado que elas caíssem no momento de nervosismo. Catou-as rapidamente, abriu a caixinha que estava guardada em seu bolso e colocou-as lá dentro, fechando-a e guardando-a novamente com toda pressa do mundo. Levantou-se com o apoio da pia e encarou seu reflexo no espelho.
Merda.
Era como se estivesse no fundo do poço. O que era estranho, já que ela sempre tivera tudo o que queria. Os Uchiha eram donos de uma grande fábrica de bebidas e de um shopping, e os negócios só cresciam. Era dinheiro que não acabava mais. Aquilo estava mais para um conflito emocional. Nem a própria Sora sabia o que se passava em sua cabeça, nem o porquê disso. Sentia-se uma adolescente mimada com falta do que fazer.
Depois de esfregar bastante o rosto e se recompor, se localizou e desceu as escadas. Assim que chegou ao final, deu de cara com Itachi sentado no sofá. Ele estava lá, com o nervosismo estampado em seu rosto... E continuava lindo. Seus cabelos negros, amarrados em um rabo de cavalo desleixado eram sempre brilhantes e sedosos. E seus olhos negros, tão negros quanto os seus, fitando-a daquela maneira preocupada... A menina não conseguia evitar pensar nele ‘daquele jeito’. Ela sempre censurou seus próprios pensamentos, mas não conseguia evitar... Em seus olhos, ele definitivamente era o homem mais atraente e sensual que existia na face da terra, e nada faria com que ela pensasse diferente. Nem mesmo vê-lo aos beijos com seu outro irmão mais velho.
– Finalmente, imōto-san! Pensei que não fosse acordar hoje... – Seus pensamentos foram interrompidos pela voz doce de seu irmão, trazendo-a de volta à realidade.
– Até que seria uma boa ideia dormir até amanhã... – Respondeu, numa tentativa falha de sorrir. – Mas boa noite, nii-san!
Ficaram um bom tempo se encarando. Sabiam que teriam que conversar, e os dois tinham algo a dizer. O que faltava era a coragem necessária para desembuchar.
– Sora, sente-se aqui. Nós precisamos conversar... Não quero adiar mais! – Itachi finalmente disse alguma coisa, quebrando o silêncio inconfortável que tinha se formado na sala.
– Claro, você foi pego no flagra... – Respondeu entre dentes, não conseguindo conter a risada.
– Isso não teve graça! – Tentou retrucar, mas também não pôde conter a risada. Sora pode ser ridícula quando quer, e isso não é novidade pra ninguém.
A menina foi caminhando até o sofá onde seu irmão estava e sentou-se virada para ele, de pernas cruzadas, encarando-o com suas íris negras e enormes.
– O que você viu... Hoje mais cedo... – O rapaz tentava se explicar, mas as palavras que havia planejado dizer fugiram de sua mente como num passe de mágica.
– Foi um beijo. – Ela foi bem direta e seca, como se não houvesse nada de diferente naquilo, para a surpresa de Itachi.
– É, foi um beijo e...
– E isso é incesto. – Interrompeu e bocejou enquanto seu irmão arfava.
– Mas... – Ele gaguejava. Quando se tratava de Sasuke ou sua relação com ele, aquele olhar indiferente sumia junto com sua calma e aparentemente seus neurônios.
– E incesto é errado. – Afirmou, desfrutando do olhar apático que normalmente fazia parte de seu irmão.
– Eu sei que... – Murmurou, mas mais uma vez foi interrompido. Normalmente ele não gostava disso, mas aquela estava longe de ser uma situação normal.
– E eu não ligo. – Ela sorriu de forma sincera, fazendo com que Itachi prendesse a respiração como resposta. – E talvez até apoie. – Concluiu, erguendo a sobrancelha de forma sugestiva.
– Ahn...? Como assim? – Perguntou. Talvez ele estivesse se fazendo, ou aquela situação havia realmente o deixado lesado.
– Achou mesmo que eu não sabia, nii-san? – Dessa vez ela ergueu as duas sobrancelhas, carregando uma expressão de falsa surpresa em seu rosto.
– V-Você já sabia? De mim e Sasuke? – Perguntou, gaguejando mais que antes, em um misto de medo e surpresa.
Eles nunca insinuaram nada perto dela. Como assim ela sabia?
Droga.
E se ela tivesse dito algo à alguém?
Droga, droga, droga!
– Eu não sou burra, nii-san! E talvez você soubesse disso se tivesse tido algum tempo pra mim durante todos esses anos! – Desabafou. Ela sonhou durante muito tempo com o dia em que diria isso, mas nunca tivera coragem ou possibilidade.
– Eu não quis dizer isso... Sei que não é burra! – Respondeu, aparentemente chocado com a resposta de sua irmã.
Finalmente... Finalmente! Ela iria poder dizer tudo o que sentia de uma vez só. Teria que fazer valer a pena, e com certeza faria.
– Argh! Você não entende, nii-san! Eu desisto! – Disse, jogando as mãos pro alto em sinal de redenção.
– Então me explica, Sora! – Se exaltou, puxando-a pelo braço para que ela não voltasse para o quarto.
– Do que adianta? Você continuaria sem entender, e eu não quero perder meu tempo! – Respondeu ríspida, tentando soltar seu braço da mão de seu irmão.
– Imōto-san... Por favor! Eu estou tentando te entender! – Suplicou, soltando-a e passando as mãos pelos cabelos logo em seguida. Ele realmente estava nervoso. Em seus olhos, que sempre demonstravam a mesma apatia e desinteresse, a preocupação estava estampada. E isso não passou despercebido pela mesma.
– Você... Você está preocupado comigo, nii-san? De verdade? – Perguntou, olhando-o com ternura. Talvez ela tivesse extrapolado um pouco... Ou muito. Em sua cabeça, aquela tal “preocupação inicial” não passava de fingimento pra manter as aparências pros pais, pros amigos, pra família, pra quem quer que seja. Mas nada em sua cabeça estava realmente fazendo sentido... As pílulas, as bebidas... Estava à beira de um colapso. E o pior de tudo, nada disso tinha um motivo. Ou talvez tivesse... Bem lá no fundo, amarrado numa âncora, morrendo afogado. Entretanto, o que realmente importava ali, naquele momento, era seu nii-san. Seu querido e amado nii-san, sentado daquele jeito, encarando o chão de forma atônita.
– Claro que eu estou... Você é minha irmãzinha, Sora. E mesmo que você não acredite, eu me importo com você. De verdade. – Respondeu de forma doce, voltando a encará-la com aqueles olhos negros. Ah, aquele olhar... Aquele olhar a desmontava por completo.
– Me... Me desculpe... Eu... Eu sou uma péssima irmã! Você deve me odiar, né? Por favor, não me odeie, nii-san! Eu amo você! Eu amo você de verdade! – Falou em um tom de súplica, enquanto se ajoelhava na frente de seu irmão que havia voltado a encarar o chão, ainda sentado no sofá. Ela puxou sua face para cima, e seus rostos ficaram consideravelmente próximos.
Merda... Não tinha como evitar. Ela estava pensando nele ‘daquele jeito’.
– Eu nunca vou odiar você, Sora. Juro de dedinho! – Disse com um sorriso meigo, erguendo o dedo mindinho. Quando ela era pequenina, sempre que juravam algo, tinham que levantar o mindinho. E qualquer coisa jurada ou dita com aquele dedinho levantado, nunca poderia ser quebrada.
Naquele momento, a menina desabou. Tentou evitar as lágrimas mordendo o lábio inferior e piscando os olhos rapidamente, mas nada adiantou. Ela então resolveu só se deixar levar pelo momento e o abraçou com toda a força, pulando em cima dele. Aproveitou a situação e subiu no sofá, posicionando-se em seu colo uma criança. Ele se surpreendeu com a atitude da mais nova, mas se sentiu tão confortável naquela posição que nem questionou; só ajudou-a a se ajeitar completamente no sofá e retribuiu o abraço com todo amor e ternura.
Autor(a): malug
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