Fanfic: Vingança Refinada [Finalizada] | Tema: Vondy

Ele tomou outro grande gole de uísque antes de pôr a garrafa de volta. Pensou em Dulce, bufando lá em cima, orgulhosa demais para pedir que a deixasse sair do quarto, e sentiu um irônico sorriso repuxando sua boca. E aquele traiçoeiro calor que ele sentia sempre que pensava nela retornou.
Christoher suspirou e foi para a escadaria. Hora de consertar o estrago e tentar manter as mãos longe de Dulce por tempo suficiente para a fazer acreditar que ele ainda era capaz de um mínimo de civilidade, ainda que não houvesse nada que ele quisesse mais do que a deixar completamente nua e trancar os dois no quarto.
Ele bateu na porta.
— Dulce?
Nada.
Um mau pressentimento desceu pela espinha de Christopher, e ele abriu a porta. De início, ele não conseguiu ver Dulce. Porém, quando seus olhos se ajustaram à fraca luz, ele a viu: estava encolhida num canto, os joelhos junto ao peito.
Ele foi até ela e se agachou.
— Dulce? O que...?
A cabeça dela estava entre os joelhos, e Christopher viu que ela tremia por inteiro. Sentou-se ao lado dela, envolveu-a com o braço, puxando seu rígido corpo contra si. Havia algo terrivelmente errado.
— Dulce, o que foi? O que aconteceu?
Ela estava sem fôlego.
— Trancada... Não consigo sair... Preciso de ajuda.
Christopher amaldiçoou sua impetuosidade. Com cuidado, tentou soltar os braços de Dulce das pernas e pôs a mão debaixo do rosto dela. Sentiu um aperto no estômago ao perceber a inconfundível umidade das lágrimas.
Ela não queria ou não conseguia olhá-lo. Os olhos dela pareciam vidrados. Ele reconheceu o choque.
— Dulce, você não está mais trancada. A porta está aberta. Você está comigo, com Christopher. Está tudo bem. Desculpe. Não deveria ter trancado você.
Dulce balançava a cabeça, tremendo ainda mais.
— Não, você não entende. É a minha mãe. Ela morreu. E eu não tenho como sair para contar a ninguém. Ele não acredita em mim. Preciso encontrar ajuda, preciso sair!
Christopher pôs as mãos no rosto de Dulce e o fez virar para si.
— Dulce, sou eu. Só eu. Só nós dois. Sua mãe não está aqui.
— Não, porque ela morreu. Ele a matou, permitiu que ela morresse.
— Quem a matou, Dulce?
— Meu pai.
A voz dela o assustou. Estava tão séria e inexpressiva.
Christopher se recordou vagamente de ela dizendo que não sabia quem era seu pai. Claramente, contudo, ela sabia. Trancá-la no quarto a fizera retornar a algum trauma de sua vida.