Fanfics Brasil - Capítulo 1 O Filho do Inventor

Fanfic: O Filho do Inventor | Tema: Percy Jackson


Capítulo: Capítulo 1

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O espelho era oval, de bronze. Os próprios olhos de Luma ainda a surpreendiam. Eram incrivelmente amarelos. Eram como um castanho acobrado, na verdade, mas eram claros, de uma cor bem viva.


Eram 7 horas da manhã e faltava pouco para estar na primeira aula do ano, numa escola nova. Lá vou eu de novo, pensou ela, ao acordar. Ela estava agora com 15, indo para o primeiro ano do ensino médio. Era sua nona escola em dez anos escolares. Seu problema com a escola, ao contrário da maioria de seus antigos colegas, não era acordar cedo. A cada escola que ela entrava algo bizarro acontecia. Sendo provocado por ela ou não, ela era expulsa. Havia apenas uma escola que ela conseguiu terminar o ano e ainda ficar mais um. A da primeira série. Foi a única em que seus pais conseguiram convencer os professores de que o ocorrido não era culpa dela, mas ficou bem claro que se algo acontecesse novamente, não haveria conversa. Como previsto, aconteceu. Os motivos de expulsão eram diversos. Desde brigas, passando por acidentes, até coisas que ela mesma não entendia.


Houve vezes em que ela foi pega quase quebrando alguma parte do corpo de um colega, inclusive de meninos mais velhos, maiores e mais fortes que ela. Houve também aquela vez em que ela acabara acertando algumas bombinhas em outro aluno, causando algumas pequenas queimaduras. Ela não lembrava muito bem do ocorrido, pois foi na sexta série, quando ela tinha apenas 11 anos. Mas ela se recordava muito bem de que fora sim a culpada, mas quando a acusaram na diretoria, seu argumento foi: “Não é culpa minha se ele não sabe escolher suas calças adequadamente e ficar longe de garotas com bombas.”. Houve também, como já mencionadas, aquelas vezes em que não fazia ideia do que estavam falando, como na sétima série, quando a acusaram que causar danos auditivos leves em sua “inimiga” da época. Ela não sabia do que estavam falando, apenas suspeitava tratar-se de uma armação da garota.


Desta vez, Luma lembrava-se muito bem.


Elas estavam tendo uma discussão, a menina a deixava realmente nervosa. Ela tentava se segurar, pois em tal escola era contra as regras o uso de palavrões. Cerrou as mãos com força, deixando os nós dos dedos brancos. Após um tempo se segurando, começou a sentir uma forte sensação na boca do estômago, como uma pressão. Ela achou sentir as cordas vocais vibrando, mas achava loucura, já que estava quieta. De repente a menina se curvou, tapando os ouvidos e gritando. Com o susto, sentiu as sensações se dissiparem. Segundos depois, sua inimiga, que já estava se contorcendo no chão, deu uma relaxada, mas continuou no chão, em choque. Automaticamente, surgiram inspetores e professores de todos os lados, como de costume. A enfermeira disse que ela tivera danos leves e que era temporário. Duas horas depois, quando a garota voltou da enfermaria – já com sua audição -, Luma foi chamada na direção e elas começaram a discutir. Como sempre, Luma, com sua posição despreocupada, inconveniente, foi expulsa.


Aos doze anos, sua mãe decidiu leva-la a psicólogos. Por não resolver nada, Luma passou por vários psicólogos diferentes, até que um deles sugeriu um médico alternativo. Tudo que conseguiram na consulta com ele foi “Ela tem déficit de atenção e hiperatividade”, coisa que já sabiam desde que ela tinha apenas seis anos de idade, além da dislexia.


 


- Vamos, Luma. Já vai se atrasar? – gritou sua mãe, do corredor.


- Estou indo. – Gritou de volta.


Voltou a escovar os longos cabelos que corriam lisos até um pouco antes da cintura, onde caíam delicadamente em largos cachos. Quase pretos, contrastavam intensamente com a pele macia, muito branca. Tinha feições de boneca. Grandes olhos envoltos em volumosos cílios, um delicado nariz e uma boca carnuda, perfeita, bochechas cor de pêssego. Porém, Luma não gostava de ser igual, de ser identificada em algum grupinho ou estereótipo, então, mesmo parecendo uma boneca de porcelana, se vestia como uma estrela do rock. Naquela manhã, resolveu deixar o cabelo solto. Seus olhos amarelos contrastavam com o delineado preto. Optara por usar sua velha calça jeans rasgada, seus velhos All Star pretos de cano médio (é verdade, estavam sujos, mas ela não conseguia se livrar deles). Por cima da camiseta do uniforme (era obrigatória apenas no primeiro dia, por conta da quantidade de alunos novos todo ano), usava sua jaqueta com estampa militar. Se sua avó estivesse ali, provavelmente diria “Isto é desperdício de beleza!”. Sua avó era muito tradicional e qualquer atitude vinda da parte feminina era errada para ela. Ela também sempre odiara este jeito de se vestir, já que a mãe de Luma, Sheri Valentine, sempre foi exatamente como a filha.


Desceu as escadas de madeira do antigo, pequeno e apertado sobrado em Connecticut. Sua mãe estava, como sempre, correndo de um lado para o outro na sala de estar com sala de jantar embutida.


- O que perdeu dessa vez, mãe? – disse Luma, já acostumada com a situação


Sheri passou a mão na testa, para tirar as mechas de cabelo que caíam em seu rosto.


- Chaves e celular. – disse ela, desanimada – Pelo menos é provável que eu os ache juntos.


Luma foi à cozinha tomar café. Lá estavam, no balcão da cozinha, as chaves, o celular e a carteira da mãe.


- Tem certeza de que não esqueceu outra coisa? – interrogou Luma à mãe, dando-lhe os objetos achados.


A mãe a olhou com aqueles profundos olhos escuros. Seu cabelo ondulado grisalho estava meio preso, meio solto. Embora na adolescência ela tenha se produzido mais - mesmo que do jeito que sua mãe sempre detestou -, agora era mais largada, mais casual. Usava uma regata cinza com camisa de flanela azul marinho por cima. Também usava jeans velhos, quase rasgados e bota estilo cowboy. Luma supunha que ela deixara de se produzir quando começou a tocar permanentemente na sua banda.


Quando era adolescente, a banda era de punk rock. Anos depois, reencontrou as amigas da escola e rejuntou a banda, tocando jazz. Antes era a vocalista, agora baixista e backing vocal. Sua mãe sempre fora muito ligada ao mundo musical, e também muito talentosa, mas nunca famosa. Todos os dias, saía cedo, encontrava as amigas para ensaiar, tinha um intervalo de algumas horas e à noite tocava numa boate.


 


Chaves, celular, carteira, tudo em mão, tudo pronto. Luma não se sentia ansiosa para a nova escola. Sabia que ia encontrar o de sempre. Grupos divididos: os populares, as líderes de torcida, os atletas, os nerds, entre outros. Embora ser um aluno novo normalmente te leve à popularidade, ela nunca fizera parte de nenhum destes grupos, sempre fora excluída das amizades mais antigas, mas às vezes, ela conseguia algum amigo na escola. Na maioria dos anos nem se dava ao trabalho de achar algum, ela sabia que teria de se despedir no fim do ano e que eles perderiam o contato. Também nunca fora muito social mesmo, nunca teve muitos amigos ou namorados. Aliás, nunca teve namorado. Uma vez, na oitava série gostara de um menino, mas teve de esquecê-lo quando foi expulsa.


 


Então lá foi ela, sem saber como sua vida mudaria drasticamente.



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Autor(a): lola_sky

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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