Fanfic: Lendo: The Hunger Games | Tema: The Hunger Games
Íris começou a ler.
Graças a Deus eu tive a perspicácia de me prender. Eu rolei para o lado do galho e encarei o chão, segura no lugar pelo cinto, por um lado, e meus pés na mochila dentro do meu saco de dormir, apoiados contra o tronco. Deve ter havido algum farfalho quando eu me inclinei de lado, mas os Careers estavam muito concentrados em sua discussão para perceber.
— Qualquer um iria se chocar — concordou Íris.
— Não... — murmurou Jake — Tem que ter algum motivo para ele estar com esse tipo de gente. Ouviu a opinião dele sobre a Capitol e os Careers.
— Vai ver ele estava mentindo e, com o tempo, mudou de ideia?
— Duvido muito. Continue a ler, por favor!
— Vá em frente, então, Lover Boy — diz o garoto do Distrito 2. — Veja por si mesmo.
Eu só tenho um vislumbre de Peeta, iluminado pela tocha, voltando para a garota pelo fogo.
— Não apagaram o fogo? — se perguntou Jake.
Íris deu de ombros, mesmo que seus pensamentos tivessem seguido dois rumos diferentes: “Se eles tivessem planejado permanecer próximos poderia ser uma armadilha aos tributos mais corajosos, mas não é o caso” e “Não poderia ser o fogo da tocha pela qual ele estava seguindo, porque ela já mencionou isso anteriormente, então eles não apagaram o fogo e não teve nenhum motivo evidente para isso. Talvez tenham simplesmente achado desnecessário”.
Ela resolveu não comentar nada e voltar a ler.
Seu rosto está inchado dos machucados, há uma bandagem manchada de sangue em um braço, e pelo som de seu andar, está mancando. Lembro dele balançando sua cabeça, me dizendo para não entrar na briga pelos suprimentos, quando o tempo todo, o tempo todo ele planejava se atirar no centro das coisas. Justo o oposto do que Haymitch tinha dito para ele fazer.
— Acho que ele e o Haymitch planejaram alguma coisa... — murmurou Jake.
Ok, eu posso engolir isso. Ver todos aqueles suprimentos foi tentador. Mas isso... isso é outra coisa. Essa parceria com a matilha de lobos Careers para caçar o resto de nós. Ninguém do Distrito 12 pensaria em fazer uma coisa dessas! Careers são excessivamente cruéis, arrogantes, melhor alimentados, mas só porque são os cãezinhos da Capitol.
— Acho que o caso não é os tributos menos favorecidos não pensarem nisso, mas sim, os Careers não encontrarem utilidade para eles e matarem-nos — disse Íris.
De modo universal, há um sólido ódio de todos menos aqueles de seus próprios distritos.
— Nunca teve dois tributos do mesmo distrito que se odiassem? — perguntou Jake, incrédulo.
— Também não entendi direito o que ela disse, mas acho que se refere ao ódio que os Careers sentem dos outros...
— Eu sei! Mas nunca teve dois Careers do mesmo distrito, ou de distritos distintos que se odiassem?
Posso imaginar as coisas que eles estão dizendo sobre ele em casa agora. E Peeta teve a ousadia de conversar comigo sobre desonra?
Obviamente, o garoto nobre do telhado estava jogando apenas mais um jogo comigo. Mas esse será seu último. Eu assistirei avidamente o céu de noite por sinais de sua morte, se eu mesma não matá-lo primeiro.
— Tenho a sensação de que os seus jogos não são com ela... — murmurou Jake.
Os Careers estão silenciosos até que ele sai do campo auditivo, então usam vozes baixas.
— Por que nós apenas não o matamos logo agora e acabamos com isso?
— Deixe-o por enquanto. Qual é o dano? E ele é útil com aquela faca.
Ele é? Isso é novidade. Que monte de coisas interessantes eu estou aprendendo sobre meu amigo Peeta hoje.
— Percebam a ironia, por gentileza — brincou Íris.
— Além disso, ele é nossa melhor chance de encontrá-la.
Eu levo um momento para registrar que eles estão se referindo a mim.
— Por quê? Você acha que ela está mesmo naquela coisa romântica e sentimental?
— Ela deve. Parece muito simplória para mim. Toda vez que eu penso nela dando voltas naquele vestido, tenho vontade de vomitar.
— Gostaria de saber como ela conseguiu aquele onze.
— Pensando assim, foi boa a abordagem — disse Íris — Os fez subestima-la.
— Não tanto, eles ainda estão com o pé atrás por causa do onze.
— Aposto que o Lover Boy sabe.
O som de Peeta retornando os silencia.
— Ela estava morta? — pergunta o garoto do Distrito 2.
— Não. Mas agora está — diz Peeta. Justo então, o canhão dispara. — Prontos para ir adiante?
— E-ele matou uma pessoa? — perguntou Íris paralisada.
— Íris, uma hora ou outra eles teriam que fazer isso.
“Sabia que uma hora ou outra ela ser atingida por causa dessa violência” pensou Jake, suspirando. Por que ela tinha que ser tão teimosa?
O grupo dos Careers começa a correr justo enquanto a alvorada começa a irromper, e as músicas dos pássaros preenchem o ar. Eu permaneço na minha posição estranha, os músculos tremendo com o esforço por um longo tempo, então me suspendo de volta ao meu galho.
Eu preciso descer, continuar, mas por um momento eu fico deitada ali, digerindo o que acabei de escutar.
— Você poderia usar o truque de ficar escondida em tronco de árvore e esperar todo mundo se matar, até que só sobre você e outra pessoa — sugeriu Jake — Mas seria bem provável que os gamemakers interviessem, eles querem um show e isso não seria considerado exatamente algo que prenda a atenção dos telespectadores.
Não só Peeta está com os Careers, mas está os ajudando a me encontrar. A garota simplória que tem que ser levada a sério por causa de seu onze. Porque ela pode usar seu arco e flecha. O que Peeta sabe melhor que qualquer um.
Mas ele não disse pra eles ainda. Ele está guardando essa informação porque sabe que é tudo que o mantém com vida? Ele ainda está fingindo me amar para a audiência? O que está se passando pela cabeça dele?
— Mesmo se fosse verdade, a audiência jamais acreditaria nisso — disse Íris.
— A não ser que eles tenham encurralado ele e oferecido parceria.
De repente, os pássaros ficam silenciosos. Então um pássaro dá uma chamada de alerta. Uma simples nota. Como aquela que Gale e eu escutamos quando a Avox de cabelos vermelhos foi pega. Alto, acima da fogueira morrendo, um aerobarco se materializa. Um enorme conjunto de dentes de metal cai. Devagar, gentilmente, a tributo morta é levada para dentro do aerobarco. Então ele some. Os pássaros retomam o canto.
— Mexa-se — sussurro para mim mesma.
Esquivo-me do saco de dormir e o coloco na mochila. Respiro fundo. Enquanto estava oculta na escuridão, no saco de dormir e nos ramos de salgueiro, é provável que tenha sido difícil para as câmeras conseguirem um bom close de mim.
Sei que eles devem estar me rastreando agora mesmo. No minuto em que eu encosto no chão, tenho garantido meu close - up.
A audiência estará fora de si, sabendo que eu estava na árvore, que eu escutei a conversa dos Careers, que descobri que Peeta estava com eles. Até que eu planeje exatamente como eu vou jogar, é melhor, ao menos, passar por cima das coisas. Não perplexa. Certamente não confusa ou assustada.
— Talvez eles pensem que Peeta se juntou aos Careers, se por vontade própria, para protege-la — disse Íris.
“A alternativa mais lógica que eu já escutei até agora” pensou Jake, considerando “Só podemos esperar”.
Não, eu preciso ver um passo à frente no jogo.
Então enquanto deslizo para fora das folhagens e dentro da luz do amanhecer, paro por um segundo, dando às câmeras tempo para focarem em mim. Então inclino minha cabeça levemente para o lado e dou um sorriso. Vejam! Deixem-nos imaginarem o que isso significa!
— É engraçado quando reagimos diferente do que as pessoas esperam e elas ficam confusas — disse Íris, sorrindo.
Eu estou para abandonar o lugar quando penso nas armadilhas. Talvez seja imprudente checá-las com os outros tão perto. Mas eu tenho. Muitos anos de caçada, acho. E a isca de uma possível comida.
Sou recompensada com um ótimo coelho. Num piscar de olhos, limpei e retirei as tripas do animal, deixando a cabeça, os pés, rabo, pele e vísceras sob uma pilha de folhas.
— Ah! Ela faz isso parecer tão maneiro — murmurou Íris, um pouco asqueada.
— O que acontece se comermos as tripas?
Íris olhou incrédula para ele.
— Não acredito que você perguntou isso...
Gostaria de ter fogo – comer coelho cru pode te dar febre, uma lição que aprendi da pior forma – quando penso no tributo morto.
— Esse livro é bem útil! Nos dá umas informações que não sabíamos — disse Jake.
— Informações inúteis porque nunca vamos precisar pôr em prática.
— Nunca se sabe!
— Bate nessa boca...
— Não quis dizer nesse sentido.
Corro de volta ao seu campo, certa de que o carvão do fogo de sua morte ainda está quente. Eu corto o coelho, ponho num galho em forma de espeto e coloco-o sobre as brasas.
Estou satisfeita com as câmeras agora. Quero que os patrocinadores vejam que eu posso caçar, que sou uma boa aposta porque não cairei em armadilhas tão facilmente quanto os outros irão pela fome. Enquanto o coelho assa, eu moo parte dos ramos carbonizados e passo-o sobre minha mochila laranja. O tom a escurece, mas sinto que uma camada de lama iria ajudar definitivamente. É claro, para ter lama, precisaria de água...
Puxo meus utensílios, seguro minha saliva, chuto alguma sujeira sobre as brasas e tomo a direção oposta da que os Careers foram. Como metade do coelho enquanto ando, então embrulho as sobras em um plástico para mais tarde. A carne para o rugido no meu estômago, mas faz pouco para sossegar minha sede. Água é minha maior prioridade agora.
Enquanto marcho, tenho certeza que ainda estou prendendo as telas na Capitol, então tenho o cuidado de continuar a esconder minhas emoções. Mas que diversão Claudius Templesmith deve estar tendo com seus comentaristas convidados, dissecando o comportamento de Peeta, minha reação.
— Realmente agem como se fosse um reality show — murmurou Jake.
— Eles não levam em conta que pessoas estão morrendo? Na boa, eles devem ter feito algo antes dos jogos para o distrito 13 se rebelar! Eles não iam se rebelar por nada!
O que fazer de tudo? Peeta tem revelado suas verdadeiras cores? O que isso afeta nas chances de aposta? Nós perderemos patrocínios? Nós ao menos temos patrocínio? Sim, tenho certeza que temos, ou pelo menos tínhamos.
Certamente Peeta acabou nossa dinâmica de namorados celebridades. Ou não? Talvez, uma vez que ele não fale muito sobre mim, nós ainda possamos conseguir algo disso. Talvez as pessoas pensem que é algo que nós planejamos juntos se eu parecer que estou divertida agora.
— É... — concordou Jake — Mas se o “namoro” acabou, de acordo com eles, quem perderia patrocinadores seria Peeta. Ele seria culpado por engana-la, ela não seria prejudicada.
O sol se eleva no céu e mesmo através da cobertura parece excessivamente iluminado. Cubro os meus lábios com a gordura do coelho e tento não arquejar, mas é inútil. Só se passou apenas um dia e eu estou desidratando rápido. Tento pensar em tudo que sei sobre achar água. Corro morro abaixo, então, de fato, continuar a descer nesse vale não é uma má ideia. Se eu pudesse apenas localizar uma trilha ou um ponto particularmente verde na vegetação, podia me ajudar bastante, mas nada parece mudar. Há apenas um leve declive gradual, os pássaros, a mesmice nas árvores.
Enquanto o dia passa, sei que estou com problemas. O pouco que eu pude urinar era castanho escuro, minha cabeça está doendo e há uma mancha seca na minha língua que se recusa a umedecer.
O sol machuca meus olhos, então pego meus óculos escuros, mas quando os coloco, eles fazem algo suspeito com a minha visão, então apenas os coloco de volta na minha mochila.
— Podem ser óculos com visão noturna — disse Jake, pensativo.
É fim de tarde quando acho que encontrei ajuda. Identifico um grupo de arbustos de amoras e me apresso em tirar as frutas, sugando o doce suco de suas peles. Mas justo quando estou segurando-os perto dos meus lábios, realmente olho para eles.
O que eu pensei que fosse tinha o formato levemente diferente, e quando abro um, o interior é vermelho vivo. Eu não reconheço essas bagas, talvez elas fossem comestíveis, mas eu estou achando que essa é uma vil armadilha da parte dos Gamemakers. Até o instrutor de plantas no Centro de Treinamento nos disse para fugir de bagas a menos que você esteja 100 por cento certa de que elas não sejam tóxicas. Algo que eu já sabia, mas estou com tanta sede que preciso de tempo para ter a força de jogá-las fora.
— Justo nessa área da floresta? — perguntou Íris — É claro que é de propósito! Você não disse algo sobre as armadilhas da área serem colocadas lá na hora?
— Algo assim...
A fadiga está começando a me envolver, mas não o cansaço usual que segue uma longa caminhada. Tenho que parar e descansar frequentemente, embora eu saiba que a única cura para o que me aflige requer procura contínua.
Experimento uma nova tática – subir nas árvores tão alto que ouso no meu instável estado para procurar algum sinal de água. Mas tão longe quanto eu consigo ver em qualquer direção, há o mesmo implacável trecho de floresta.
Determinada a continuar até o cair da noite, caminho até estar tropeçando sobre meus pés.
Exausta, eu me lanço em cima de uma árvore e me prendo lá. Não tenho apetite, mas chupo os ossos do coelho para dar a minha boca algo para fazer. A noite cai, o hino toca e no alto do céu vejo a figura de agora, que aparentemente era do Distrito 8. A qual o Peeta voltou para acabar.
Meu medo do grupo de Careers é mínimo comparado à minha sede ardente. Além disso, eles estão seguindo para longe de mim e por enquanto eles também terão de descansar. Com a escassez de água, eles podem ter que retornar para o lago para encher as garrafas.
Talvez, esse seja o único curso para mim também.
— Pensei que os covardes ficassem na Cornucópia — disse Íris.
— Volte e meia eles circulam para matar alguns tributos... Não dá para ficar parado nos jogos.
A manhã traz agonia. Minha cabeça palpita a cada batida do coração. Movimentos simples mandam punhaladas de dor através das minhas juntas. Eu caio mais do que pulo da árvore. Toma alguns minutos para eu juntar meus utensílios. Em algum lugar dentro de mim, sei que isso é errado. Eu deveria estar agindo mais cuidadosamente, movendo-me com mais urgência. Mas minha mente parece enevoada e formar um plano é difícil. Inclino-me para trás contra o tronco da árvore, um dedo delicadamente alisando a superfície de lixa da minha língua, enquanto avalio minhas opções. Como eu consigo água?
Retornar ao lago. Nada bom. Eu nunca faria isso.
Esperar por chuva. Não há nem uma nuvem no céu.
Continuar procurando. Sim, essa é minha única chance. Mas então, outro pensamento me bate, e a explosão de raiva que se segue traz meu senso de volta.
Haymitch! Ele podia me mandar água! Aperte um botão e a envie para mim em um paraquedas de prata em minutos. Sei que devo ter patrocinadores, no mínimo um ou dois que podem bancar meio litro de água para mim. Sim, é caro, mas essas pessoas, elas são feitas de dinheiro. E eles estarão apostando em mim também. Talvez Haymitch não perceba o quão profunda é minha necessidade.
Íris olhou para Jake.
— Não é assim que as coisas funcionam — ele suspirou.
Digo numa voz tão alta quanto ouso.
— Água.
Espero, esperançosa, por um paraquedas descer do céu. Mas nada está vindo.
Algo está errado. Eu estava enganada sobre ter patrocinadores? Ou o comportamento de Peeta fez com que eles todos recuassem? Não, não acredito. Há alguém aí fora que quer me comprar água, só Haymitch está recusando em deixá-la passar para cá. Como meu mentor, ele tem o controle do fluxo de presentes dos patrocinadores. Sei que ele me odeia.
Jake e Íris bufaram.
— Fala sério! Ela é a sua favorita — disse Íris!
Ele deixou isso bem claro. Mas o bastante para me deixar morrer? Disso? Ele não pode fazer isso, pode? Se um mentor maltrata seus tributos, será responsabilizado pelos telespectadores, pelas pessoas do Distrito 12. Mesmo Haymitch não se arriscaria, arriscaria? Diga o que quiser sobre meus companheiros negociantes do Prego, mas não acho que eles dariam boas-vindas a ele lá se me deixasse morrer dessa forma. E então onde ele iria conseguir a sua bebida?
Então... o quê? Ele está tentando me fazendo sofrer por desafiá-lo? Ele está direcionando todo o patrocínio para Peeta? Ele está tão bêbado até para notar o que está acontecendo nesse momento?
De alguma forma não acredito nisso e não acredito que ele está tentando me matar por negligência, também. Ele tem, na verdade, no seu próprio modo desagradável, genuinamente tentado me preparar para isso. Então, o que está acontecendo?
Enterro meu rosto em minhas mãos. Não há perigo de lágrimas agora, eu não poderia produzir uma nem para salvar a minha vida.
O que Haymitch está fazendo? Apesar da minha raiva, ódio e suspeitas, uma pequena voz atrás da minha cabeça sussurra uma resposta.
Talvez ele esteja te mandando uma mensagem, ela diz. Uma mensagem. Dizendo o quê? Então eu sei. Só há uma boa razão para Haymitch estar segurando a água de mim. Porque ele sabe que eu quase estou encontrando-a.
— E ele sabe que ela é inteligente o suficiente para entender isso, além da sua raiva — completou Jake.
Eu cerro meus dentes e me coloco de pé. Minha mochila parece ter triplicado o peso. Encontro um galho quebrado que vai servir como uma bengala e começo a caminhada.
Jake segurou o riso.
O sol está forte, ainda mais abrasador que os primeiros dois dias. Sinto-me como um velho pedaço de couro, secando e chicoteando no calor. Todo passo é um esforço, mas me recuso a parar. Me recuso a sentar. Se eu sentar, há uma boa chance de não ser capaz de me levantar de novo, de que eu nem lembre minha tarefa.
Que presa fácil eu sou! Qualquer tributo, até a pequena Rue, poderia me pegar agora, meramente pulando sobre mim e me matando com minha própria faca e eu teria pouca força para resistir. Mas se alguém está na minha parte da floresta, ignora-me. A verdade é, eu sinto como se estivesse a milhões de quilômetros de outra alma viva.
— Possivelmente — concordou Jake.
Não sozinha, porém. Não, eles com certeza têm as câmeras me seguindo agora. Penso nos anos assistindo tributos morrendo de fome, congelando, sangrando ou desidratando até a morte. A menos que haja uma briga muito boa acontecendo em algum lugar, eu estou sendo a atração.
— Ela sempre é, nos jogos... Não importa a situação — murmurou Jake.
Meus pensamentos voltam a Prim. É provável que ela não esteja me assistindo ao vivo, mas eles mostram as gravações na escola durante o almoço. Por ela, tenho que parecer o menos desesperada possível.
Mas pela tarde, sei que o final está chegando. Minhas pernas estão tremendo e meu coração acelerado. Eu continuo esquecendo exatamente o que estou fazendo. Tropeço repetidamente e consigo recuperar meus pés, mas quando a vara escorrega por debaixo de mim, eu finalmente caio no chão incapaz de me levantar. Deixo meus olhos se fecharem.
Eu me enganei quanto a Haymitch. Ele não tem nenhuma intenção de me ajudar.
Jake revirou os olhos.
— Na hora do desespero você pensa em qualquer coisa — Íris defendeu-a.
Está tudo certo, penso. Não é tão ruim aqui. O ar é menos quente, significando que a noite se aproxima. Há um suave, doce cheiro que me lembra lírios. Meus dedos batem no chão macio, deslizando facilmente sobre ele. Esse é um bom lugar para morrer, penso.
Minhas pontas dos dedos fazem pequenos padrões de giros na terra fria e escorregadia. Eu adoro lama, penso. Quantas vezes eu segui as caças com a ajuda dessa macia e legível superfície. Bom para picadas de abelha, também. Lama. Lama. Lama! Meus olhos se abrem e eu envio meus dedos na terra. É lama! Meu nariz se ergue no ar. E aqueles são lírios! Aguapés!
Eu rastejo agora, sobre a lama, arrastando-me em direção ao cheiro. A cinco metros de onde eu caí, rastejo pela confusão de plantas até a poça. Flutuando na superfície, flores amarelas no florescer, estão meus belos lírios.
É tudo o que posso fazer para não mergulhar o meu rosto na água e engolir tudo o que posso. Mas tenho juízo o bastante para me abster. Com as mãos tremendo, pego minha garrafa térmica e a encho com água. Acrescento o que lembro ser o número certo de gotas de iodo para purificá-la.
— É, purifica a água... — murmurou Íris desnecessariamente.
A meia hora de espera é uma agonia, mas eu consigo. Ao menos, penso que é meia hora, mas é certamente o tempo que posso suportar.
Devagar, calma agora, digo para mim mesma.
Tomo um gole e me obrigo a esperar. Então outro. Durante o próximo par de horas, eu tomo metade da garrafa. Então um segundo. Preparo outra antes de me retirar para uma árvore onde eu continuo bebericando, comendo coelho e até mesmo um dos meus preciosos biscoitos.
No momento que o hino toca, sinto-me consideravelmente melhor. Não há rostos essa noite, nenhum tributo morreu hoje.
— O maior tempo que os tributos conseguiram ficar sem morrer nos jogos? — perguntou Íris.
“E lá vamos nós” pensou Jake.
— Dois ou três dias — chutou.
Amanhã eu ficarei aqui, descansando, camuflando minha mochila com lama, pegando alguns daqueles pequenos peixes que vi enquanto bebia, desenterrando as raízes do aguapé para fazer uma boa refeição. Eu me aconchego debaixo do meu saco de dormir, segurando minha garrafa de água como se fosse minha própria vida, que, é claro, é.
Umas poucas horas depois, um barulho de pés me balança do meu sono. Eu olho ao redor em confusão. Ainda não amanheceu, mas meus doloridos olhos podem ver.
Seria difícil não perceber a parede de fogo descendo sobre mim.
— Os gamemakers — rosnou Jake.
— Obviamente não querem que ela tenha uma vida calma e tranquila.
— Já está tarde, é melhor descermos antes que mamãe venha aqui em cima para nos chamar.
— Não vai ser uma conversa muito animada...
Os dois se levantaram e desceram, depois de terem escondido o livro.
Akemit: haha Pode deixar, não vou esquecer não ;) Meu prazo normal é 3 dias, mas eu posto em até 5 dias depois do último capítulo vamos fingir que ainda são só 3 dias, porque eu sou destinada a quebrar prazos e isso eu não quero.
Autor(a): clenery
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 5
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geanesb Postado em 22/06/2014 - 19:25:44
Oi comecei a ler sua fanfic ontem e já terminei....viciei e favoritei rsrsrs amei essa nova forma de escrever sobre os Jogos Vorazes. É como se fosse uma análise de todos os detealhes dos livros através da visão dos filhos de Peeta e Katniss. Super curiosa e ansiosa para ver cada reação deles daqui pra frente... quando postará o próximo cap? bjos.
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akemith Postado em 13/01/2014 - 23:46:31
Que bom, fico feliz que esteja curtindo seu pai Mas não se esquece de nós >:x. Poste mais!!!
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akemith Postado em 08/01/2014 - 03:49:44
Ata, que pena, seu pai ficar internado no final de ano. Melhoras para ele. Não se preucupa com os caps, poste quando seu pai melhorar ;)
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akemith Postado em 04/01/2014 - 22:05:19
Parou a fic?
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cisne Postado em 04/12/2013 - 13:50:50
Acabo de começar a ler e já estou amando, li o primeiro cap. e agora vou ler o segundo, acompanharei sempre! Amo THG! :)))))))))