Fanfic: Jogos Vorazes - Reerguendo das Cinzas | Tema: Jogos Vorazes

   Naquela manhã oque eu mais queria é que o dia terminasse como começou. Mais não. Aquele não era um dia qualquer. Era um novo começo, e eu sabia.

    Levantei das cobertas, com o pressentimento que tudo iria mudar a partir de hoje. Meus irmãos já tinham levantado. Anna com seus olhos friamente azulados e Nicolas com as bochechas rosadas. Isso é o que restara da família White. Anos após anos, mortes após mortes:

- Já estão de pé há essa hora? – Pergunto.

-Na verdade não conseguimos dormir... – Responde Anna com a voz fria.

-Bom, hoje é o dia da colheita, vocês não serão escolhidos... – Tento alivia-los.

-Nossos papeis vão esta lá, não vão... Então qualquer um de nos poderemos morrer – Retruca Nicolas.

-Eu irei me oferecer como tributo...  – Minha voz sai como um sussurro.

-Deixe de ser tola Lisa, nos somos do distrito 8, você só ira acabar como o Marcus! 

- Eu irei por ele, pelos nossos pais e não quero saber de gritos, entenderam! – Minha voz sai como um grito, mas sinto pena das duas crianças órfãs que tenho que tomar conta.

     Eu estava tomada pelo ódio, não ódio dos meus irmãos, muito menos das pessoas, estava com um ódio da capital desde que mataram meu pai injustamente.

      Lembro como se fosse nessa manhã, o dia ensolarado, as crianças brincando na rua, as mulheres cozinhando ou ate mesmo tricotando nas varandas das velhas casas do nosso distrito. Eu estava em casa ajudando minha mãe com suas lindas flores. Seu robbie. Meus irmãos não passavam de pequenas crias, correndo pela nossa casa. Meu pai entrou pela porta da frente, logo atrás meu irmão Marcus. Em uma de suas mãos um braço de carneiro, na outra um facão, que usávamos tanto para nossas necessidades domesticas tanto para nos alimentar caçando. Era proibida a caça em toda Panem. Mas era um risco que nos tínhamos que tomar. Lembro-me dos pacificadores invadindo nossa casa, nosso lar, tudo que tínhamos, levando meu pai pelos braços, lembro-me dos gritos da minha mãe ao ver aquela cena. Meu irmão correndo dentre a multidão, nos corríamos para alcançar a esquadrilha de pacificadores, mas as pessoas não deixavam. Antigamente as punições eram tão severas que as pessoas morriam na guilhotina. Esse foi o fim trágico do meu pai. Por causa de um simples facão e de um simples braço de carneiro. Todos os cidadãos do distrito 8 viram meu pai sendo bruscamente decepado. Lembro-me da expressão nos rostos das pessoas. Algumas com lagrimas entre os olhos. Outras com a boca entre abertas. Lembro-me da expressão daquele pacificador imundo. O pacificador, sem dó, pegou a cabeça do meu pai e jogou para uns corvos. Lembro-me de tudo. Depois de anos sem explicações, tivemos que reconstruir a vida da família:

- Não quero morrer como o papai – Diz Nicolas com a voz rouca.

- Você não vai, nosso pai foi tolo demais.. – Completo

- Lisa, mas. Você vai acabar morrendo. Como o Marcus, a mãe...

- Passei esses todos esses anos esperando essa oportunidade... Vou terminar oque  Marcus não fez , vou mostrar para capital que nos não servimos só de escravos! – Não éramos basicamente escravos, mas trabalhávamos durante dias para receber misérias.

- Mas se eles te matarem? Oque seria de nos?  - Grita Anna

-Sei eu morresse... Morreria honrada como uma White! E vocês já são grandes o suficiente para cuidar da própria pele! – Retruco

- Você só seria mais uma peça nos jogos deles! – Diz Anna

- Não... Não vou ser igual a todos, vou mostrar a capital que eles não podem destruir tudo que temos e saírem ilesos.

- Então eu estarei com você, eu e a Anna, e todas as pessoas do distrito 8, te esperando! – Suas palavras saem como pétalas de sua boca.

- Obrigado irmão, isso era tudo que queria ouvir, não estou indo conquistar nenhuma riqueza, ou ter fama, estou indo por todos que foram mortos, para vingá-los!

- Então como será nossa vida? – Pergunta Anna

- Como sempre foi, ensinei cada um a caçar e colher oque precisa, não precisam de dinheiro para sobreviver, a Margareth estará aqui do lado, para qualquer problema! – Margareth era uma velha senhora de cabelos ondulados, que ajudava nossa mãe nos momentos mais precipitados, foi ela quem nos amparou nas mortes dos meus pais. E naquele mundo, eu só tinha confiança nela. – E se você morrer? – Diz Nicolas com as mãos entre a caneca. – Era uma pergunta que também me desafiava. E se a Capital me pegar? E se eles matarem meus irmãos? Era perguntas que eu tinha que aturar.

- Se eu morrer, vocês extaram vivos, continuem suas vidas inúteis nesse lugar inútil!

- Se você morrer, toda a esperança ira junto com você Lisa - Diz Anna com lagrimas nos olhos.

- A esperança é a ultima que morre! Agora não quero saber de conversa, já decidi tudo, e não vou correr atrás de nada.

- estaremos com você lisa para oque der e vinher! – Anna termina essa frase e sinto seus dedos carnudos e frios entre a minha coluna. Era um legitimo abraço comunitário. Nos três estávamos enroscados um no outro dentro da pequena casa da família White, que a anos nunca tinha visto alegria.