Fanfic: Jogos Vorazes - Reerguendo das Cinzas | Tema: Jogos Vorazes

   Acordei sentada em uma cadeira. Estava numa sala totalmente branca. As paredes eram brancas e chão se conectavam com a cor. Não via porta alguma.

   Minhas roupas foram trocadas. Meus cabelos aparados e minhas unhas cortadas. Um cheiro forte de medicamento estava pairando pelo ar.

   Onde eu estava? Tinha que sair daqui de algum modo! Meus pés estão presos numa espécie de algemas de aço. Esses inúteis queriam minha presença ali.

   Uma brecha entre a parede se abre e um grande homem retira minhas algemas. Em seu hálito ele trouxe o cheiro toxico do fumo que impregnou o ambiente.

- Vamos mocinha ele quer lhe ver! – Diz ele com o hálito do fumo.

- Quem? Seneca? Ele não esperava pela minha fuga não é! – Digo rindo. Ele não me dá ouvidos e não responde as minhas perguntas. Acho que aquele velho homem só está cumprindo ordens como qualquer outro pacificador.

   Quando chegamos a ‘’porta’’ da sala outro pacificador retira uma espécie de chip do meu pescoço que faz com que eu tenha os movimentos das mãos. Não havia notado isso, mas não conseguia me mover basicamente.

   Os dois pacificadores me guiaram ate uma grande porta de madeira rustica com o símbolo estampado da Capital. Eles abrem as portas para mim e me empurram para dentro. Quando olho de relance para trás as portas se fecham.

   A sala era toda organizada. Um gabinete para ser precisa. Uma cadeira de veludo se vira em minha direção e o velho barbudo de pequenos e modificados olhos me encara por completo.

   Snow. Que visita agradável penso. Não é todo dia que habitantes de Panem possam conversar abertamente com o prefeito. Sua boca esta mastigando um biscoito confeitado e o cheiro é desagradável. Ou o homem mais admirável de Panem não escova os dentes ou ele sofre de alguma doença hemorrágica. Pois o cheiro de sangue era forte, dava para se notar.

- Sr. White! Sente-se, por favor! – Diz ele gentilmente. Mas ele não era gentil e nunca será gentil. Em seus dedos ainda estão impregnados pelos farelos do biscoito e em sua outra mão um grande livro está repousado.

- A que devo a honra senhor! – Digo. Para mim, não é honra alguma, mas estou diante do homem mais poderoso de toda Panem. Ele poderia aniquilar o resto da minha família por um simples desacato.

- Não quero se sejamos formais, esta conversa é entre iguais! – Diz ele limpando os dedos num pano de cetim.

- Não é todo dia que eu converso com o presidente! – Digo.

- Bom... Você foi corajosa e destemida em tentar fugir da arena... – Diz ele dando um gole no chá sobre sua mesa. – Mas seus esforços não foram tão promissores assim...

- Eu sabia que o senhor iria me achar! – Digo sem papas na língua. – Ainda estava com seu localizador em meu braço!

- Você já imaginou no transtorno que você me causou? – Diz ele indignado. Desde que sair de casa queria causar transtornos em sua vida, velho Snow e você não percebeu ainda.

- Senhor... Eu não quero mentir para uma pessoa como você! – Digo. – Eu quis fugir! Meu plano desde o começo foi fugir! – Digo a ele. No começo ele não expressa nada. Olha diante dos meus olhos. Movimenta os dedos. Ate que ele decide quebrar o silencio.

- E se o meu plano desde o começo for lhe matar? – diz ele com um tom irônico.

- Não tenho medo de morrer! – Digo o enterrando em sua própria afronta.

- Não irei lhe matar...

- Por que? – Pergunto.

- Por causa dela! – Uma pequena tela exibe a Garota do 12 junto com o Mini Marcus sã e salvos. Ela estava como eu a vi pela ultima vez. Caída ao lado de Rue.

- Oque eu tenho a ver com essa garota? – Falo. Estou indignada. O presidente acha que sou como ela. Algo totalmente diferente.

- Veja... – Ele reproduz as ultimas cenas na arena. Ela conseguiu matar Cato e os outros, mas armou para cima da Capital com alguns frutos. Não é uma ‘’armação’’. Mas de algum modo Snow vê revolução em tudo.

- E o que eu tenho haver com isso? – Digo cruzando meus braços.

- Desde que você sumiu misteriosamente da arena e essa garota nos afrontou, estamos tendo ‘’problemas’’... – Diz ele cautelosamente. Ele deve estar falando dos Distritos. Eles estão se revelando com certeza.

- Que tipo de ‘’problemas’’? – Digo, tentando arrancar o máximo de informações possíveis.

- Algumas pessoas estão querendo protagonizar uma espécie de Levante! Mas estamos aqui para tratar sobre você! – Diz ele tentando mudar de assunto.

- E então... Oque ira fazer comigo? Não vai me matar, então por que me trouxe ate aqui a sua mesa? – Digo. Snow tinha a mente aberta e não fazia bobagens aleatórias.

- Se eu te matasse agora, Panem não seria a mesma! Admito! – Diz ele.

- Você sabe Snow... Eu poderia mesmo morta, causa um pandemônio em seu império não é? – Digo rindo.

- Você não vai causar... e eu sei disso! – Fala ele.

- Duvida da garota que fugiu de sua armadilha? – Digo o afrontando.

- Não, eu não duvido... Só acho que poderíamos fazer uma espécie de trato! – Fala ele retirado um envelope de uma gaveta.

- Você? Um quer fazer um trato comigo? Isso é uma piada! – Digo com os olhos centrados no envelope esverdeado.

- Não Sr. White! Acho que podemos nos dar muito bem! – Fala ele.

- E como serie especificamente esse trato? – Digo.

- Bom... Você sabe que daqui a alguns meses ocorrera o grande ‘’ Massacre Quaternário’’... – Ele dar mais um gole em seu chá deixando pequenas gotas de sangue encrustadas na xicara. – E você poderia... Hum, como posso dizer... Se voluntariar!

- Então você quer me matar! Mas de um jeito mais doloroso! – Falo. – Que trato hein!

- Não quero lhe matar... Você é uma garota muito linda para morrer! – Diz ele com um riso falso.

- E a parte boa para meu lado? – Pergunto.

- Ou você é punida por seus atos ou eles iram ter que pagar por você! – No segundo em que a frase sai de sua boca ele transmite na pequena tela a imagem de James. Sentado em uma cadeira e sento brutalmente torturado. Sua camisa foi rasgada e os pacificadores estão rindo de sua cara. James estava pagando por uma coisa que saiu de minha mente.

   Primeiramente eu penso. É uma gravação. Ele já deve estar morto e Snow quer me ver morta também.

- É uma gravação! – Grito em pleno gabinete. Ele mostra seus dentes amarelados e sussurra sobre um microfone abaixo de sua cabeça.

   No instante que o presidente acabar de falar o pacificador liga uma espécie de maquina fazendo James se contorcer em dor.

- Não! Por favor, não o machuque! – Grito em sua cara. Ele sussurra novamente e os pacificadores param de imediato.

- Muito sabia Sr. White! – Diz ele com um sorriso hostil. Como eu odeio pessoas hostis! Estava me retorcendo em minha própria raiva!

- E oque eu vou ganhar com isso? – Digo cuspindo as palavras em seu rosto.

- Se você ganhar, poderá viver feliz com seus conhecidos... – Diz ele.

- E se eu não aceitar? – Digo o afrontando novamente.

- Bom... Iremos começar com ele! – Diz ele apontando para a tela. James ainda estava sentado inconsciente. – Depois vamos se encaminhar desse aqui! – Ele abre o envelope e vejo a foto de Phil na colheita. Eu não poderia deixar que encostassem um dedo nos meus garotos. Nos únicos garotos decentes em todo esse mundo. – E por fim, vamos ver oque fazemos com eles! – Snow queria me provocar. Ele jogou a foto dos meus irmãos em minha cara. Estava com tanta raiva que não poderia recusar.

- Digamos que eu aceite seu ‘’tratado de paz’’... Se eu ver algum pacificador encostando o dedo em meus irmãos, lhe garanto que Panem nunca mais será a mesma! – Digo com uma expressão fechada.

- Não se preocupe... É só aceitar! Eles estarão seguros ate suas mortes! – Diz ele.

- Sendo assim... Não tenho como não aceitar! – Digo. – Então... Eu chego, me ofereço, luto e venço! – Digo com um sorriso.

- Só isso! – Diz ele.

- Ele escreve num papel e guarda em seu bolso. Snow era um homem tão perverso que eu estava pensando em assassiná-lo ali mesmo. Com algum Clip de papel talvez. Ou ate mesmo uma caneta. Mas não podia. Snow teria certamente uma morte dolorosa.

- Então, o senhor está falando com o tributo feminino do Distrito 8 do Massacre Quaternário! – Digo lhe dando confiança.

- Você não é só um rostinho bonito Sr. White! Você é mais esperta do que imaginam... Mas se lembre de que nesses jogos não ira ter como você fugir! – Diz ele se levantando.

- Não vou fugir desta vez! Eu só fugir, por que queria arranjar um jeito de falar diretamente com o senhor! – Digo com um sorriso.

- Espero Sr. White! Espero! – Diz ele numa voz silenciosa.

   Os dedos grossos dos pacificadores encostam-se a meu ombro. Eles me levam entre os corredores do Palácio central e me deixam sentada por mais algumas horas em minha cadeira, naquela sala branca e vazia.

   Cochilo um pouco sentada mais as costas não aguentam mais. Levanto-me e bato em todas as paredes possíveis. De repente sinto o cheiro enjoativo de éter novamente em minha narina e desabo no chão inconsciente.