Fanfics Brasil - 36 Jogos Vorazes - Reerguendo das Cinzas

Fanfic: Jogos Vorazes - Reerguendo das Cinzas | Tema: Jogos Vorazes


Capítulo: 36

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   As pessoas gritam junto a mim, minhas palavras. “Pelos que morreram e pelos que ainda irão nascer!”. Solto um sorriso e retribuo o gesto dos três dedos, não sei especificamente oque é, mas acho que é algo bom.


   Gale me agarra para dentro da sala novamente como se alguém quisesse me matar. – Vamos, temos que voltar! – Sua voz sibila. Vejo Marcus junto ao garotinho pendurado em suas costas.


- Oque aconteceu? – Pergunto.


- Seu trabalho já acabou por aqui! – Ele sibila.


- Mas eu quero lutar! Eu esperei minha vida inteira para esse momento! – Digo implorando-o.


- Todos esperavam... Mas isso é só o começo! – Gale pousa uma mão em meu ombro.


- É, e além do mais estamos com uma criança e precisamos voltar! – Ele fala. Se não fosse pelo garotinho eu tinha dado uma bronca nele e dito quem dá as ordens aqui. Mas compreendo que não podemos entrar em conflitos com alguém tão frágil como esse garotinho.


   Sentamos em montanhazinha de ferro e esperamos um dos aerodeslizadores invisíveis e pequenos. Minha impaciência complicava no momento, esse era um dos meus piores defeitos, eu odeio esperar.


   Gale tenta interagir com o pequeno durante o pequeno tempo que esperamos, mas ele está tremendo demais para falar. Lembro-me de Nicolas, quando havia as grandes tempestades com trovões, ele cambaleava pela casa com suas canelinhas finas e tremulas procurando aconchego. Eu o enrolava no lençol fino e lhe aquecia com meu calor.


   Poderíamos ser pobre, miseráveis, medíocres, mas eles nunca iriam nos tirar aqueles momentos de afeto.  Imagino se Gale ou até mesmo o Tordo, teve tal afeto com alguém. Não algo malicioso, mas sim algo prazeroso.


   Tive o pressentimento que iria morrer, pois segundos depois de o aerodeslizador pousar, muitos pacificadores começaram a atirar em nós, mas os rebeldes do 6 foram para cima deles como numa grande guerra.


   O cheiro de morfinaceo inalava pelo aredeslizador me fazendo me deixar zonza.


- É um carregamento de morfinaceo, está tudo bem! – Disse Marcus, eu poderia jurar que eles queriam me drogar novamente.


- Missão comprida! – Gale suplicava com um sorriso na cara.


- Ainda não, Panem ainda está sendo governada por aquele animal e milhares de Distritos ainda estão com medo! – Digo com um tom neutro.


   Ninguém diz mais nenhuma palavra. Tiro minhas luvas encarnadas e jogo no chão. Ajeito meu cabelo novamente e lembro-me do novo tripulante de nosso grupo.


- Posso saber seu nome? – Pergunto-lhe calmamente.


- Uri... – Ele sussurra.


- Uri? Nunca ouvi falar nesse nome...


- Uriel! – Ele fala com um tom mais forte.


- Meu nome é Elizabeth, mas meus amigos me chamam de Lisa! – Digo com uma voz lânguida. – Você quer ser meu amigo?


   O silencio me responde. – Bom, eu vi você triste lá embaixo, pode me contar oque aconteceu?


- Eu estava andando junto a minha mãe e meu irmão e de repente um homem de roupa branca atirou neles dois... – Vejo algumas lágrimas fininhas escorrendo dentre seu rosto. – Então eles não acordaram mais, eu chamei, chamei, implorei mais eles não se levantaram...


   Uma dor dentro de mim tenta me levar a loucura, mas tento me controlar. – Eles não iram mais levantar Uriel... Sua mamãe foi dormir junto a minha!


   Não quero a falar a palavra “morto” para uma criança como ele. É algo desumano. Minhas mãos ficam tremulas e a lembrança de minha mãe surge em minha cabeça.


   Nosso casebre pequeno e úmido numa tarde de inverno. A cama dura de casal onde ela estava deitada. Deitei ao seu lado para esquentá-la mais ela foi esfriando aos poucos até se tornar um bloco de gelo humano.


   Nicolas tentava acordá-la com suas mãozinhas de bebe. Marcus estará a cortar lenha sobe a neve, para nos esquentar. Anna estava na cozinha preparando um chá. E minha mãe... Bom minha mãe havia dormido para sempre.


- Mas se quiser eu posso cuidar de você... Posso ser sua mamãe... – Estendo minha mão esbranquiçada para ele. Seus cabelos negros e pontudos estavam paralisados. Sua bochecha com pequenas covinhas estavam avermelhadas e seus bracinhos magricelas estavam escondidos sobre uma manta que Gale havia lhe dado. Ele estendeu sua pequena mão e apertou firme meus dedos.


- Pode ser... – O tom sai tão suave que me esqueço dos outros a minha volta. – Quantos anos você tem?


- 17, porque? – Digo.


- Nunca vi uma mamãe tão jovem assim! – Ele solta um risinho.


- Você quer mesmo que eu cresça? – Pergunto com uma gargalhada.


- Não, não, prefiro você assim mesmo... – Ele ainda está meio afobado.


- E você pequenino, quantos anos você tem? – Marcus o pergunta. O vejo contado os dedos carnudos da mão e pensando como se essa fosse à pergunta mais difícil do mundo.


- 6 anos... É, 6 anos! – Ele fala. Aparentemente ele parecia mais velho com uns 10 anos, sua mentalidade também era um pouco avançada.


- Ate que você também não é muito novinho! – Marcus desgrenha os fios negros dos cabelos de Uriel. – Posso saber como... Como você nos encontrou?


-Minha mamãe não quis se levantar, ela deve está dormindo... Eu chamei, mas ela não me respondeu... Será que ela estava com raiva de mim?


   Em seu rostinho rosado uma lagrima descia. Aproximei-me dele e deu um abraço. Um abraço que iria reconforta-lo. – Não se preocupe, ela não estava com raiva, ao contrario, ela te amava muito e mesmo dormindo ainda irá te amar! – Vejo que um sorrisinho brota em seus lábios.


-Só sei que um grupo de pessoas me arrastou ate vocês... – Ele termina de contar a historia.


- Sua mamãe deve estar feliz agora, por você ter nos encontrado! – Marcus tenta acalma-lo.


- É... Acho que sim... – Um tom de desanimo sai da boca de Uriel.


   A viagem foi rápida, pois passamos nosso tempo conversando sobre a revolução. Gale disse que Plutarch está dando um jeito de tirar o tordo da arena, para que possamos começar a revolução rapidamente. Marcus diz que Coin reforçou as tropas de combate. Uriel diz que o Distrito 6 foi finalmente libertado da escravidão. Ele disse que perdeu o pai num acidente nos trilhos de um trem, a mãe trabalhava como valista (uma espécie de criadora de válvulas para trens e aerodeslizadores) e seu irmão Rafael era maquinista.


   Oque será de nos? Sem tordo, as pessoas acham que estão sem esperanças... Oque irei fazer quando voltar ao 13, ser mandada de volta para outro Distrito desconhecido e acabar virando um símbolo. Eu definitivamente não quero isso. Não quero ser aclamada por nada. Quero algo precioso, ver Snow e os que riem de mim no chão. Quero me vingar, minha raiva só está começando.


    Nunca quis ser nenhum símbolo. A única coisa que queria era que as pessoas criassem juízo e mudassem tudo. Mas elas são tão banais que precisam de alguém para fazer isso. Elas precisam sofrer para acordar, elas precisam ver crianças mortas todos os anos, perder quem amam e deixar que pessoas como Snow cuspam em suas caras todos os dias.


- Já chegamos? – Uriel pergunta agoniado.


- Não se preocupe, devemos estar perto, pois estamos sobrevoando o 12! – Gale sibila e todos nós olhamos pela janela a destruição. Pessoas em meio ao fogo, pacificadores enlouquecidos por não saber em quem atirar, Casas em chamas, o chão negro de desesperança. Sento novamente com um embrulho no estomago. Não era só no 8 que as coisas estavam ruins.


- Nossa o clima também não está bem aqui no 12... – Começo a encarar Gale.


- Desde que substituíram nosso Pacificador Chefe tudo está um caos, eu até fui chicoteado! – Ele diz mostrando uma cicatriz no seu braço.


- Deve ter doido! – Uriel fala baixinho com uma inocência de criança.


- É Uriel, às vezes, algumas pessoas gostam de ver outras sofrerem... – Gale explica.


- Posso saber o nome do Pacificador Chefe? Nunca vi tal homem assim em Panem! – Marcus pergunta.


- Tal de Romulus Thread... – Ele tenta se lembrar.


- Thread!? Aquele desgraçado matou nosso pai! – Marcus fica raivoso. – Então quer dizer que depois de anos no 8, ele foi maltratar as pessoas do 12!


- Depois que ele chegou tudo entrou em colapso, as pessoas não tinham mais oque comer, as punições amentavam e as mortes também!


- Eu lhe digo uma coisa, se eu me encontrar com ele, pode está certo de que ele estará morto! – Marcus solta uma frase tão dura que chega a doer em meu coração. Mas esse era o tipo de vingança de Marcus. O tipo de vingança aonde havia de se derramar sangue.


- Não diga algo assim na frente de uma criança... – Sussurro em seu ouvido e vejo que estamos pousando.


   Algo vibra no pulso de Gale e escutamos a voz de Plutarch. Precisamos de ajuda para resgatar os demais tributos da arena, soldado Hawthorne, precisamos de você urgentemente em nossas bases aerias! Parecia serio. Tão serio que Gale nos dá um pequeno – Tenho que ir! – E some de nossas vidas.


- GALE! – Grito. Ele me encara no meio da multidão. – Cuide bem dela!


   Ela solta uma piscadinha junto a um sorriso misterioso e corre para seu destino. Para falar a verdade eu também tenho um desses relógios de pulso, mas ate agora o meu ainda não se manifestou.


   Voltamos ao 13 no mesmo dia. Mas com um novo tripulante. Uriel não sabia onde estava, nem com quem estava. Sua curiosidade era aguçada e seus cabelos fortemente escuros se destacavam dentre o corredor esbranquiçado.


- Que tal achar alguns amigos... – Pergunto a ele. – Quero te mostrar a minha irmã, você vai gostar dela!


   Uma mão gelada me puxa e vejo minha face refletir nas pupilas de um velho homem que nem sei bem seu nome. – Você está louco!? – Berro.


- Tenho algo que quero lhe mostrar! – Ele sussurra em meu ouvido e me carrega. Perco Uriel de vista no meio do corredor desgovernado do 13, mas vejo de longe que Marcus está o ajudando.


- Primeiramente, quem é você! – Rosno em seu rosto, tirando sua mão de meu braço.


- Haymitch, o mentor dos Tributos do 12! – Eu estava tão alucinada que nem me dei conta que já tinha lhe visto em algum lugar. Acho que foi nas fitas em que Woof disponibilizou para mim. E ela também estava presente na colheita.


- Oque você quer comigo, você deveria estar cuidando do seu tordozinho! – Digo, mas fico indignada. Oque um homem como ele, quer me mostrar?


- Não tenho tempo para respostas, venha comigo! – Lhe sigo dentre os corredores do 13 até chegar a um leito hospitalar. Deparo-me com alguém deplorável. Seus braços queimados pelas chamas de algum prédio, seu cabelo raspado ao lado para que fosse possível de se ver uma cicatriz em seu crânio, seu rosto está escurecido, olhos arregalados e duros sem piscar. Marcas de mutilações estão sobre seu corpo. Meus Deus, oque fizeram com o Phil que eu deixei no Distrito 8.


   Meus olhos ficam endurecidos, sem conseguirem piscar. Uma lagrima seca desce em meu rosto. Meus pulmões se recusam a receber ar.


- PHIL! – Tento agarra-lo, mas dois enfermeiros me carregam para fora do quarto. – Oque vocês fizeram com ele!


   Gritos histéricos saem de minha boca sem minha permissão. Debato-me, como um porco indo para o abate, os enfermeiros conseguem me conduzir até o corredor. Obscenidades saem de mim, a única coisa que quero é que me deixem junto de quem eu amo. – Por que você fez isso comigo! Logo agora! – Grito para o velho do 12.


- Era preciso! – Ele solta um risinho chocho e sai do corredor desgovernado. A raiva explode meus nervos. Eu queria esganar alguém naquele instante. Essas pessoas que mal conhecem minha vida e querem acabar com elas em milésimos de segundo. AH! Eu necessito de paz, mas como. Eu preciso ficar junto de Phil!


- Por favor! Eu os imploro! – Berro. – Deixe-me o tocar! Eu necessito toca-lo!


   Eles seguram meus braços até eu sentir aquela sensação estranha novamente. Morfináceo entrando no meu corpo. Eles haviam me drogado novamente.



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Autor(a): Bonnie

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

   Acordo sentada numa cadeira endurecida. Meus olhos ainda não se acostumaram muito com a claridade. Levanto da cadeira ainda zonza por causa do morfinaceo, ando pelo lugar tentando compreender aonde estava. Caio por cima de alguém, alguém numa cama, uma cama de hospital. Seu cheiro é familiar, cheiro de lírios – minhas flo ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • giuliaperruci Postado em 15/04/2014 - 01:53:19

    Gente me desculpem pelo atraso dos cap's, o pc estava com alguns problemas, mas agora irei postar em tempo real, todo mes tem Cap novo :3 irei acabar no Cap 40 :P Aproveitem

  • giuliaperruci Postado em 24/12/2013 - 10:16:41

    Vllw, espero que todos estejam gostando :)

  • faruk Postado em 18/12/2013 - 19:51:28

    Muito legal, parabéns!

  • cisne Postado em 06/12/2013 - 15:20:39

    continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

  • cisne Postado em 04/12/2013 - 12:14:52

    continuaaaaaa

  • cisne Postado em 03/12/2013 - 22:56:46

    continuaa amo Jogos Vorazes

  • giuliaperruci Postado em 23/11/2013 - 17:55:26

    Obrigada! irei continuar com a fanfic :)

  • cisne Postado em 17/11/2013 - 19:24:56

    Ta ficando perfeita


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