Fanfic: É você que eu amo

Fui para o banheiro lavar o rosto. Fiquei um bom tempo lá esperando que as lágrimas acabassem, se é que isso era possível. Ouvi o sinal tocar para o último horário e decidi ir embora. Fui na sala pra pegar minha mochila. Sabia que a galera perguntaria mas não tava afim de falar nada, então entrei rapidamente na esperança de que ninguém me percebesse. Como eu pensei, não deu certo. Bia veio correndo em minha direção e logo perguntou: - Emm, o que está acontecendo cara, porque vocês estão assim? Fala comigo Emilly. – ela segurava meus braços.

- Bia, agora não dá, preciso ir embora, amanha a gente conversa e eu te conto tudo, ok ? – disse e fui em direção a minha cadeira pegar minha mochila.

- Promete? – ela me acompanhou dizendo.

- Prometo, vocês precisam mesmo saber como a amiga de vocês é idiota.

- Tá, vou esperar. Fica bem meu bem. – ela me abraçou quando eu me virei para sair da sala.

- Obrigada gatinha. – continuei a minha caminhada e a ouvi dizendo pra Nuno e Heitor que eu não estava bem e ia embora. Lara não estava na sala. Quando chego na porta da sala dou de cara com Catharina e Lara. Paro abruptamente e olho nos olhos de Cat, estavam vermelhos, provavelmente ela continuou chorando depois que sai. Lara estava abraçando-a pelo pescoço.

- Posso passar? – fui rude.

- Emm, não faz assim, vamos conversar. – Catharina me disse com a voz calma e baixa.

- Conversar o que Catharina? Você já me disse tudo que tinha pra dizer e eu já entendi. – falei no mesmo tom. – Agora eu posso passar? – Ela encostou para o lado, abrindo espaço para que eu passasse.

- Obrigada – e sorri. Lara perguntou o que estava acontecendo e percebi que Cat voltou a chorar. Pensei em voltar e falar com ela mas meu orgulho era maior. Fui andando até o estacionamento da escola para pegar o carro quando sinto uma mão me segurando pelo braço. Me virei rapidamente. Era Heitor. Não disse nada, apenas o abraçei o mais forte que pude e comecei a chorar. Depois de alguns minutos ele disse: - vamos, eu te levo pra casa. – concordei com a cabeça e dei a chave do carro pra ele. Fomos o caminho todo em silêncio. Chegamos ao meu prédio e ainda estávamos em silêncio. Entramos no apartamento, botei a minha mochila na poltrona e enfim quebrei o silêncio: - quer alguma coisa Tôr? – era assim que eu o chamava.

- Não não, to bem. E você, quer alguma coisa? – ele disse e se sentou no sofá fazendo o gesto para que eu me sentasse também.

- Quero colo, pode ser? – perguntei com uma carinha de choro.

- Claro que pode minha pequena, vem cá. – deitei no colo dele e ele começou a fazer cafuné em mim. – O que aconteceu?

- Tôr – disse com a voz embargada. – Eu tô apaixonada.

- Depois de hoje nem preciso perguntar por quem não é?

- É, pelo jeito... – comecei a chorar.

- Calma Emm, tá tudo bem. Se você não quiser contar não tem problema, eu entendo. – ele disse sendo gentil como sempre.

- Eu amo ela, amo mesmo. A gente já ficou algumas vezes, ela está começando a gostar de mim também ai hoje vem com esse papinho de que tem vergonha dos outros, tem medo e essas porras todas. Poxa velho, odeio quando alguém se priva de algo por causa da opinião de babacas preconceituosos e sem o que fazer o suficiente para cuidar da vida dos outros. – disse tudo de uma vez só. Fui interrompida pelas lágrimas por alguns minutos e continuei: - ela me pediu pra esperar, Heitor, pra ter paciência que ela estava se acostumando com a idéia, me pediu pra não desistir dela, Heitor, ela pediu, e agora ela faz isso comigo. – continuo chorando.

- Você quer saber a minha opinião sobre isso tudo?

- Claro. – eu disse soluçando.

- Acho que você tem que entendê-la. É difícil assumir pra si mesma e para os outros de uma hora para outra que está gostando de uma pessoa do mesmo sexo. Cat sempre foi pegadora Emm, sempre teve todos os meninos que quis, todos sempre a quiseram, aposto que nunca passou pela cabeça dela ficar com uma menina e muito menos se apaixonar por uma. No começo foi difícil pra você também porque eu lembro, você até começou a namorar aquele Otávio pra ver se ‘’mudava’’ seus gostos. Não posso dizer que ela vai mudar e ficar com você porque isso deve ser complicado mesmo. Não fica com raiva dela, por mais complicado que seja. Não é culpa dela. Nem todo mundo nasceu com essa coragem que você nasceu. Acredite no destino Emm, o que tiver que ser será. Lembre-se disso sempre. – Heitor sempre sabia o que dizer para nos deixar melhor. Eu estava melhor, entendia o lado de Cat agora, deve estar sendo mais difícil pra ela do que pra mim lidar com isso tudo.

- Obrigada Tôr, você sempre sabe o que dizer pra me deixar melhor. – me levantei e dei um beijo na bochecha dele.

- Por nada pequena, você sabe que pode contar comigo sempre que precisar. Torço pra que vocês se acertem, formariam um belíssimo casal. – sorriu pra mim e me abraçou forte, me fazendo sentir protegida.

- Almoça comigo? – Perguntei me levantando.

- Só se você não for cozinhar porque convenhamos né. – ele riu e bagunçou meu cabelo.

- Hahaha Heitor, que engraçado que você é. Vamos sair pra comer e não se preocupe, eu pago, sei como você é pão duro. – ri e peguei a chave do carro para irmos. Heitor era rico também, e não era pão duro, só não gastava o dinheiro dele com qualquer besteira.

O almoço foi muito bom. Fomos a um restaurante que eu amava. Conversamos sobre tudo, rimos horrores, comemos mais ainda. Depois de algumas horas eu o deixei em casa e segui pra casa de Catharina, nós precisávamos conversar, queria dar apoio pra ela, afinal, começar a gostar de alguém do mesmo sexo é um pouco complicado, imagino como estava confusa, eu também fiquei muito quando foi comigo, e ela era minha melhor amiga, precisava ajudá-la.