Fanfics Brasil - Chapteur Le Quarto! Pokémon Johto – A Versão de Graça!!!

Fanfic: Pokémon Johto – A Versão de Graça!!! | Tema: Pokémon


Capítulo: Chapteur Le Quarto!

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Pokémon Johto – A Versão de Graça!!!


 


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Chapteur Le Quarto
“Earl, eu sou!” Um Professor Pra Lá de Aloprado!—


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Exatamente oito horas haviam se passado desde que o grupo havia ido dormir no CENTRO POKéMON. Hiro e Amanda haviam escolhido dormir em beliches separados, com o menino na cama de baixo e a menina na cama de cima. Neste momento, ambos estavam apenas de pijama, suas roupas postas no chão com cuidado. Dada a posição de Amanda, toda encolhida e virada para a parede com o dedão na boca e um sorriso tolo, seria difícil qualquer besta tarada tentar ver alguma coisa, ainda mais com todas aquelas cobertas que a cobria.


Mas não é isso que importa agora; em vez disso, o que nos interessa está no andar inferior, não no quarto da Enfermeira Joy que está vazio, mas no aposento atrás do balcão, com luzes fortes acima da porta indicando se Pokémon estão sendo tratados ou não. Esta porta pode estar fechada, mas decerto está destravada, já que acesso aos Pokémon deveria ser fácil para seus treinadores. Estar fechada não é problema, já que ela só precisa ser empurrada para ser aberta, assim…


*SPLAT* *AI!!!*


…tá, vamos tentar de novo.


Atrás dessa porta de madeira ficava a unidade de tratamento intensivo ou UTI, onde os Pokémon que estavam quase mortos, muito exaustos, ou doentes por outra razão eram tratados. Felizmente esse era um processo bem mais rápido que aquele dos seres humanos, talvez porque Pokémon já ficam curados bem mais rápido, mas uma estadia noturna era necessária.


Foi nessa hora que a pequena Hoothoot que Hiro trouxera, Korina (que fora apelidada de ‘Guardiã’ pelo Mestre dos Sábios da Torre Brotinho), finalmente sarou das suas feridas, e passara as útlimas horas dormindo numa cama muito boa e confortável que, infelizmente, era cama horrível para a maioria dos tipos Voador. Esta cura também a fez acordar, a Pokémon relógio coruja abrindo seus olhos devagar, um de cada vez, piscando cinco vezes em cinco segundos.


Uma vez que Hiro está indisponível para os serviços de tradução necessários para estas cenas, deixaremos a linguagem Pokémon como ‘Ouvida Pelo Hiro’, permitindo-lhes apreciar a conversa agradável destas criaturas.


{Piu?} Korina piou de confusa. {Onde eu estou?} ela perguntou, se virando uma vez.


Ao olhar ao seu redor, ela viu uma Chikorita dormindo, sorrindo amavelmente enquanto andava em seu sono (coisa que faria mais sentido, não fosse o fato de estar ainda deitada na cama, suas patas se mexendo no ar) e um Cyndaquil roncando e babando por alguma razão, enquanto puxava com as patas dianteiras. {Leite… leite… leite…} ele repetia, ficando mais e mais feliz a cada segundo.


{Piu!} a Hoothoot piou, assim que percebeu quem aquela toupeirinha podia ser. {O Flaviel bonitinho!} ela chamou, virando-se uma vez mais, antes de saltitar em sua direção. Flaviel, porém, não conseguiu responder; seu sonho havia tomado todo o seu foco e concentração, uma pocilga de saliva se formando ao seu lado.


{Leite…} ele repetiu, e enquanto Korina planava na sua direção, ela não pôde deixar de se zangar com a terra dos sonhos. Se ao menos ela tivesse a habilidade de entrar nas mentes das pessoas, ela poderia saber o que deixava o Pokémon bonitinho tão feliz, e talvez assim ela poderia ajudá-lo a ficar feliz. Ele certamente precisava de mais felicidade, o coitado…


{Desperte, Flaviel bonitinho! Já é dia claro, e você deveria se levantar para encontrar seu treinador!} ela chiou num cantar, se virando cinco vezes, pra esquerda e pra direita e pra esquerda e pra direita e pra esquerda. A expressão de Flaviel pareceu mais irritada.


{Vai pra lá, mãe… eu tô no céu com leite à beça. Posso beber mais?} ele retrucou, a última parte dita como se fosse pra quem quer que lhe desse todo aquele leite.


Korina olhou para ele irritada, suas penas espevitadas com o súbito bater de asas, antes de dar-lhe uma bicada na testa. {AI!} ele gemeu, finalmente acordando e se pondo pra sentar. {Pra quê que você fez isso?!}


Enquanto ele esfregava o galo na testa, a Pokémon relógio coruja se fez de orgulhosa, não fosse suas viradas contínuas. {Você estava ocupado demais sonhando com leite para prestar atenção em mim. Nada bonito. Nada bonitinho. Você precisava acordar. Acordar é bom. Gosto do Flaviel bonitinho. Por favor, fique bonitinho.} Pra dizer aquilo, ela se virou pra direita, pra esquerda, pra direita, pra esquerda, pra direita, pra esquerda, pra direita, e enfim pra esquerda novamente, fazendo o Cyndaquil resmungar e se virar pro lado, onde Leda ainda dormia. {Quem é ela?} ela perguntou, virando para a direita.


{Essa é a Leda… ela vem da mesma cidade que eu. O cabeça de árvore achou que o humano seguindo o meu treinador precisava dum Pokémon, daí ele deu ela pra ele. Ela é doida demais, essa aí…} ele explicou, antes de sacudir a cabeça. {Igual você, mas anda logo. Eu vou acordar ela, daí a gente vai comer.}


{Não deveríamos esperar pelos humanos?} a Pokémon relógio coruja perguntou, enquanto Flaviel seguia até a outra cama. Ele fez de desdém, antes de dar um salto longo o bastante para pegar na outra cama, com dificuldade para subir. Korina o seguiu, planando no ar e parando ao seu lado.


{Nem, eles demoram horas pra acordar e são tudo uns preguiçosos… todo humano é assim. Você não sabe nada de ver aquele seu dono gordo?} ele respondeu, assim que estava na cama. Ao se aproximar de Leda, ele começou a sacudi-la, numa tentativa de acordá-la. {Ei, Leda, acorda!}


{Hã?} ela resmungou, enquanto começava a despertar. {Uhn… eu tava tendo um sonho tão bom, Flaviel… eu era a imperatriz do mundo e todo mundo se dobrava aos meus pés, e Paras e Parasects tavam servindo o chão que eu piso… e você era o meu escravo pessoal, também.} ela disse, deixando Korina irritada e Flaviel desconfortável, antes dele… olhar… para ela.


{Ah, cala a boca! A gente tem que achar comida agora… ou os humanos. Eles devem saber onde tem comida.} ele disse, antes de virar pra porta fechada. {Então anda logo, vocês duas, e vamos pegar a comida!} Com isso, ele correu pro chão, caindo de quatro, sendo seguido por uma Leda toda contente e uma Korina curiosa. A Hoothoot planou até um cabidal próximo, começando a subir nele com seus pés e bico.


{Piu!} ela piou. {E como você espera sair?} Para dizer isso, ela se virou duas vezes.


Flaviel sorriu. {Ora, é só…} ele começou, mas parou ao ver a diferença entre eles e a maçaneta. {…ai que bosta. Aquela porcaria tá alta demais!}


Leda riu. {Ah, não esquenta a sua cabeçorra, Flaviel! Eu tenho como resolver essa!} ela disse, antes de duas sementes em seu colar ‘se abrirem’, liberando dois cipós. Aqueles cipós se extenderam, pegando na maçaneta e tentando puxá-la.


{Aí, até que essa é legal… onde que você aprendeu?} Flaviel perguntou. A Chikorita só riu de novo, olhos fechados.


{Foi ontem, depois de matar todos aqueles monstrecos… devia ter visto!}


O bom humor dela não durou muito, porém. Ela tentou puxar a maçaneta de novo, mas alguma coisa não deu certo. {Essa porcaria… não quer abrir!}


{Piu…} Korina piou, de cabeça pra baixo. {Talvez porque você não está fazendo certo? Está puxando pra trás, não pra cima!} ela perguntou, se virando três vezes, pra esquerda e pra direita e pra esquerda. Leda olhou feio pra ela.


{Ah é? Bom, se você se acha tão esperta, pássaro besta, então desce aqui e vem fazer isso!} ela retrucou, antes de piscar. {…mas quem é você?}


{Pio!} a Hoothoot piou, antes de rir. {Por que eu deveria responder à comida?}


Esse comentário, seguido duma única virada, foi o bastante para deixar Leda furiosa; antes que ela tentasse atacar, porém, Flaviel pôs uma pata na cabeça dela.


{Deixa essa burra pra lá. Eu acho que se você me levantar lá dá pra eu pegar aquilo.} Leda soltou um ‘Hmph!’ bem orgulhoso quando ela soltou a porta, movendo seus cipós para agarrá-lo. Assim que ela estava certa de que ele estava bem preso, ela começou a erguê-lo com dificuldade, gemendo um pouco.


{Putz grila,você é pesado mesmo, Flaviel…seria bom cortar os lanchinhos!} ela reclamou bem alto. Flaviel virou a cabeça na direção dela, irritado.


{Ei! Eu sou leve se for pra comparar com você… e nem pensar em cortar o meu leite! É a melhor bebida de todas!} ele retrucou, antes de bater de cabeça na maçaneta quando Leda acidentalmente esqueceu de movê-lo mais longe dele, muito certamente porque havia usado toda a força de seus cipós para levá-lo até lá e não porque ele tinha acabado de chamá-la de gorda. Não mesmo. Nem um poucadinho.


{Piu!} Korina piou, zangada. {Não machuque o Flaviel bonitinho!}


{Bah! Pra quê te dar ouvidos?!} Leda perguntou, virando-se para a Hoothoot e soltando Flaviel, os cipós voltando às suas sementes e corpo. Graças aos Lendários ele havia pego a maçaneta, mesmo que num pânico, e seu peso estava trazendo-a para baixo.


{Gah! Não faça isso!} ele gemeu bonitinho, tentando não olhar para baixo. {…e empurra logo essa porta! Eu não acho que consigo segurar muito mais!} ele adicionou, depois de alguns segundos.


Depois que Leda finalmente parou de olhar feio pra Korina, ela tentou puxar a parte da porta que estava se revelando. {Ungh…} ela grunhiu, enquanto punha todo seu esforço nessa ação. {Como é que os humanos conseguem fazer isso e a gente não?!}


{É porque vocês são tolos!} a Pokémon relógio coruja respondeu, batendo as asas e girando no cabide por um momento.{Bonitinho, mas ainda tolos!}


{AAAAAAAHHHHHHH!!!!!!!} Leda gritou, chutando o chão com força. {Já chega, seu pássaro besta! Ninguém me xinga e se dá bem!} Com isso, ela jogou um de seus cipós direto na sua oponente. Korina conseguiu saltar para fora a tempo, tendo que bater suas asas para poder ficar no ar.


{Piu…} ela piou, tristonha. {A comida tá ficando zangada…} Com isso, ela planou até onde Flaviel mal conseguia se manter agarrado, pousando logo entre suas patas. {Olá, Flaviel bonitinho!} ela enfim piou, virando uma vez.


{Pára com isso… por quê que você fica nos irritando, chamando ela de ‘comida’ e eu de ‘bonitinho’?! Não faz sentido e você é uma besta!} ele reclamou, fazendo Korina piar tristemente.


{Como é triste…} ela disse, quieta. {Eu ia abrir a porta pra você, mas se não quer minha ajuda…} ela adicionou, dando de costas, antes de virar duas vezes.


Flaviel grunhiu, olhando prum lado e pro outro. Lá embaixo no chão, Leda parecia estar xingando a Hoothoot com várias palavras zangadas, incluindo algumas que ele nem sabia que eram insultos mesmo (feito ‘Sua bola de ovo!’), enquanto Korina só parecia triste e zangada com a atitude deles.


{Argh… vai catar coquinho…} ele resmungou, mas uma de suas patas estava prestes a escorregar, e ele sabia que não agüentaria muito mais. {Anda logo! Abre essa porta pra gente, por favor!}


Com um piado feliz, a Hoothoot se virou para ele. {Muito bem, Flaviel bonitinho!} ela declarou, antes de olhar para Leda. {Comida, aposto que não consegue me alcançar com esses seus cipós pequenos e frágeis!} ela provocou, com duas viradas, pra direita e pra esquerda. Os olhos de Flaviel pareceram aumentar, como decerto fariam se fossem visíveis, e ele se virou para o chão. Com toda a certeza, Leda estava rosnando e olhando de forma horrível pra Korina, dentes claramente visíveis.


{Tá bom, já chega, você vai MORRER, sua besta!} ela gritou, antes de mandar os cipós direto pra Hoothoot… não fosse o fato de Flaviel estar no caminho. Não ajudou nada ela ter fechado os olhos, também.


O resultado disso tudo foi que ela agarrou nele e puxou com TUDO, o bastante para que ele soltasse a maçaneta e o puxasse pra trás, até cair no chão.


*CRASH*


Assim que a sua cabeça parou de girar e a zonzeira passou, ele percebeu que o chão parecia bem mais macio que o normal. Uma olhada pra baixo, e ele percebeu que havia caído em cima da Leda.


{Mas que coisa…} ele grunhiu, antes de sair de cima da Chikorita e… olhou… pra Korina, que havia pousado sem problemas. {Você falou que ia abrir a porta!} ele rosnou de raiva.


No entanto, Korina só riu. {E eu abri, não abri?} ela perguntou, se virando duas vezes. Quando Flaviel olhou para trás dela, ele percebeu que a porta havia mesmo sido aberta – ao que parecia, a força da puxada fora o bastante para fazer a curva funcionar… de um jeito ou de outro. Vai saber. Ele não precisava saber como essas coisas funcionavam, só a parte que funcionavam.


{…valeu.} ele admitiu, antes de se virar na direção de Leda, que ainda estava zonza. {Ei, levanta logo pra gente achar a comida logo! Já perdemos tempo demais aqui!} ele disse, fazendo-a sacudir a cabeça pra tentar fazer a dor passar.


{Tá bom… mas fala pra essa coruja besta calar a boca! Eu odeio pássaros!} ela retrucou, irritada como podia.


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Tem gente que diz que a primeira coisa a ser vista na manhã é a melhor de todas.


{Ô seu burro! Acorda logo, panaca!}


Acordar de cara com um Cyndaquil irritadiço não era coisa assim pro Hiro.


— GYAAAAA! — ele gritou, aterrorizado. Flaviel suou frio com essa atitude e decidiu que seu ‘treinador’ precisava duma lição em ‘como sobreviver à horrível e ardente pena de morte’.


O fato dessa ‘lição’ só acabar na parte de ‘morra’ passou longe do cabeção da toupeirinha.


{Ei! Nem pense em gritar em mim de novo, seu burro! Quer me deixar surdo ou coisa assim?!} ele perguntou, irritado. Hiro gemeu assim que percebeu o que estava acontecendo e que ele ainda conseguia ouvir Pokémon como se estivessem falando humanês.


…será que a mãe dele nunca tinha posto coisa estranha na comida dele?


{nisso, precisamos comer agora, seu burro, e é o seu dever nos trazer leite e comida gostosa, então… anda logo!} Flaviel terminou, tendo continuado seu discurso mesmo quando Hiro nem estava prestando atenção.


— Não dá pra você ir pegar sozinho? Eu não sou seu mordomo! — ele respondeu, tentando sair da cama pra pegar suas roupas. Infelizmente pra ele, Leda e Korina estavam sentadas logo do lado da sua cama, sorrindo cruelmente quando ele levantou as cobertas.


{Olha só! Então é assim que os humanos ficam quando dormem?} Leda provocou, apontando pra ele com uma pata.


{Piu! Mas como é claro! Parece até feito de neve! Que bonitinho! Hiro bonitinho!} Korina adicionou, o menino ficando um misto de vermelho e branco graças ao seu embaraço.


— Mas que balhureira é essa? — No outro beliche, Amanda não tardou a acordar por causa do barulho. Ela levou alguns segundos para ver o que havia ocorrido. — Chikorita, Hoothoot, parem de ser tão barulhentos e irritantes! Eu preciso do meu sono de beleza!


— Falando em beleza… — Hiro resmungou, tentando não prestar atenção ao fato de que, quando ela se levantou, sua camisola havia puxado um pouco, mostrando um pouco mais do que de costume. Ao olhar mais pra baixo, ela notou que estava, de fato, um pouquinho exposta. Só um pouquinho.


— KYAAAAAA! — ela guinchou feito um rato, antes de se cobrir completamente com todas as cobertas da cama. — Seu tarado!


— Foi você que se esqueceu de se cobrir! — ele retrucou, voltando a tentar pegar suas roupas. — Garotas…


{Hehehe, isso sim foi divertido!} Leda riu, olhando para Flaviel. {E aí, quando que vem o café? Eu tô morrendo de fome e quero a minha papinha mineral nutritiva!}


Korina olhou para ela com um brilho no olhar. {Eu sei que gostaria de comer grama.} ela sugeriu, fazendo a tipo Grama tremer e olhar para ela, enraivecida.


{Ai, pelo amor de Mew, quer parar?!} ela perguntou, uma das suas patas que nem um punho fechado. O fato de que ela deveria ser incapaz de fazer isso passou longe das cabeças deles.


{Calem a boca, vocês duas…} Flaviel rosnou, pulando pro chão enquanto seu treinador estava pondo suas calças. {Eu não gosto de vocês também, mas já que sou o cara menos louco aqui, então to mandando vocês calarem a boca, ficarem quietas, e pararem de tentar nos deixar loucos!}


{Foi ela que começou!} Leda retrucou, mas Hiro saiu da cama nesse momento, já vestido, e se pôs entre os três.


— Vamos lá, Flaviel… vamos deixar a Amanda trocar de roupa e ir tomar café, tá bom? — ele disse, antes de pegar Korina. A Hoothoot piou de alegria, enquanto Flaviel… olhou… para ele, surpreso à beça.


{Ei! Por quê que você tá trazendo ela com a gente?} ele perguntou, mas Hiro ignorou-o enquanto saía do quarto, Flaviel seguindo-o antes da porta fechar.


Leda virou-se para Amanda, cuja cabeçorra de cabelo azul pinçado havia pipocado fora de seu esconderijo sob todas as cobertas. Elas olharam uma para a outra, a menina vendo que sua Pokémon tinha uma cara bem genérica.


— Ah, Hiro… — ela murmurou, antes de descer da cama e pegar suas roupas. No entanto, mesmo enquanto ignorava a cara completamente natural e genérica de Leda, ela percebeu que o menino de boné reverso e seu guia esquecera seu boné.


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No andar térreo, Hiro estava indo em direção à cantina do CENTRO POKéMON, lugar onde as pessoas pegavam sua comida durante as refeições e assim que acordavam, caso tivessem passado a noite lá. Conveniente, ele era muito parecido com a entrada do CENTRO POKéMON, mas com mais mesas. No balcão, a Enfermeira Joy estava limpando os olhos, exausta.


— Olá! — ela disse, assim que percebeu o trio que se aproximava. — Parece que os seus Pokémon estão bem cheios de energia… posso saber o que você vai querer hoje?


Hiro estava prestes a responder quando sentiu uma puxada na meia. {Leite! Leite! Leite! Leite!} Flaviel repetia sem parar, tentando convencer o menino de que beber leite era a melhor escolha que havia.


— …duas garrafas de leite, um sanduíche de mortadela, e comida Pokémon pra… três, eu acho. — O Cyndaquil ficou meio irritado com a escolha parca de leite. Como ele ousa negar-lhe o prazer gostoso que era a bebida deliciosamente deliciosa dos próprios Lendários, o elixir sagrado que era justamente denominado ‘leite’?


{LEITE! LEITE! LEITE! LEITE! LEITE! LEITE!} ele repetiu, ainda mais alto, e Hiro teve que se conter novamente.


— Tá… cinco garrafas de leite, por favor. — ele corrigiu, aliviado com a escolha da Enfermeira de não dar uma olhada por sobre o balcão para ver a fonte do barulho. Atrás deles, uma Chansey se aproximou, sorrindo de forma doce e amável, com um jornal nas mãos.


{Bom dia, senhor! Você gostaria que eu lesse para você a última edição do jornal local, a ‘Visões de Violeta’?} ela perguntou, num tom que deixava o sentido claro mesmo se não fosse possível entendê-la.


— Sim, por favor. — ele respondeu, mas a Enfermeira Joy olhou para ele em confusão, enquanto preparava os pratos.


— Com licença… você disse alguma coisa? — ela pediu, e ele assentiu na negativa de imediato; no entanto, a Chansey entendeu isso como ele mudando de idéia, sentindo-se insultada com isso.


{Mas senhor! Você pediu que eu lesse este jornal para você, uma atividade a qual dedico meu tempo muito requisitado só para você! Devo informar-lhe a manchete de hoje, ao menos!} ela disse, num tom mais irritado. Hiro acabou mordendo o lábio enquanto olhava para uma e outra. Flaviel aproveitou essa chance para insistir em pedir mais leite, puxando mais forte na sua canela.


— …você pode andar mais rápido com a comida, por favor? — ele pediu à enfermeira de cabelos rosados, que acabou olhando feio para ele.


— Qual é a pressa? Estou fazendo o melhor que posso! — ela respondeu, tentando não pensar em como suas pernas não ajudavam nada, sentindo-se ainda meio fraca depois de todo o… exercício… que fizera a noite passada.


Para piorar, a Chansey pareceu considerar a falta de resposta um insulto ainda maior. {Agora já chega! Senhor, peço-lhe que faça-me a gentileza de parar sua completa falta de atenção para com a minha pessoa e começar a responder de imediato, ou do contrário serei forçada a usar de… ‘consequências’.}


Aquela ameaça foi demais para Hiro, que quase mordeu a língua numa tentativa de manter a calma. — T-tá, ta bom! — ele quase gritou, os nervos à flor da pele. — Para responder à sua pergunta, Enfermeira Joy, eu só estou à beira dum treco devido a uma dor de cabeça constante que não pára de crescer. E para você, senhorita ‘Chansey’, sim, eu adoraria se você pudessepor favor me contar as notícias do dia agora mesmo. — Ele tinha um sorriso amarelo e apertado no rosto, bem feio até. — É possível vocês duas fazerem issopor favor?


Tanto enfermeira como Pokémon olharam para ele, meio assustadas. — Senhor, você tem certeza de que não quer um remédio ou coisa assim?


Hiro olhou para ela com um verdadeiro Olhar 43.


— Eu. Tô. Bem.


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Meros momentos depois, Hiro estava finalmente sentado à mesa, com seu café da manhã à sua frente e com um humor bem melhor. Amanda podia não ter descido ainda, mas ele estava com fome demais para esperar, e afinal de contas, Flaviel e Korina já estavam comendo.


Na verdade, algo que o surpreendeu de verdade foi a estranha voracidade que o Cyndaquil tinha quanto ao leite. Ele nem esperara Hiro abrir a primeira garrafa direito – em lugar disso, ele metera o focinho gargalo adentro, tentando chegar à gostosura leitosa o mais rápido que podia. Ter só conseguido encher as narinas de leite não parecia ser obstáculo para ele – sua declaração de ‘eu respirarei o delicioso se preciso for!’ foi um tanto… perturbadora por si só.


— Dá pra comer com mais bons modos? — ele perguntou, vendo que Flaviel tinha aberto outra garrafa sozinho – aquelas patinhas eram mesmo habilidosas, no final das contas – e começou a chupar faminto, bebendo o que não conseguia respirar da outra garrafa.


{Cala a boca, idiota!} Flaviel chegou a dizer, a boca ainda na garrafa, antes de voltar a sugar esfomeado seu leite muito requisitado. Enquanto os dois machos estavam brigando, Korina estava apenas comendo bolota após bolota de comida Pokémon, ignorando-os agradavelmente.


— É sério, você vai acabar sufocando com todo esse leite que ta tentando engolir de uma vez! — Hiro respondeu, pegando uma das garrafas de vidro. Fosse ele seu Pokémon ou não, Flaviel não iria pegar a parte dele também!


{PFFFFT!} o Cyndaquil deixou escapar, cuspindo fora um pouco do leite na boca e soltando aquela garrafa. {Como ousa?! Isso é meu!} Ele puxou fora a primeira garrafa, soltando o focinho. {E olha só o que você fez! Eu tava bebendo esse leite delicioso! Você me fez cuspir fora!}


— É melhor pra você! — Hiro retrucou, irritado. — Eu também preciso beber leite, sabia? Me deixa beber uma dessas garrafas!


{Não! Meu! Meu!} Flaviel guinchou, irritado. {O leite é meu! Todo meu!}


— Pára de ser tão guloso! — O menino conseguiu abrir a garrafa, mas antes que ele pudesse sequer levá-la aos lábios, o Cyndaquil agarrou sua mão.


{O leite é meu!} ele rosnou, tentando puxá-lo para si, enquanto Hiro puxava para o outro lado.


— MEU!


{MEU!}


— MEU!


{MEU!}


— MEU!


{MEU!}


— MEU!


{MEU!}


— MEU!


{MEU!}


— MEU!


{MEU!}


— O leite é meu! — disse uma terceira voz, pondo uma mão leve e feminina sobre a deles e tomando a garrafa de leite num único movimento. Quando ambos olharam para o lado, surpresos, Amanda começou a tomar o leite sozinha, fazendo questão de parecer estar gostando. Ao seu lado, Leda virou os olhos pro alto, irritada.


Hiro olhou para ela, temoroso, enquanto Flaviel parecia estar chorando agora. {LEEEEEEEITEEEEEEE!!!} ele guinchou de dor. {POR QUE VOCÊ, LEITE? POR QUÊ? EU SÓ QUERIA TE BEBER TANTO!!!} Enquanto ele chorava, o menino tentou pegar uma das outras garrafas, mas Flaviel se recuperou naquele momento. {MEU!} ele guinchou novamente, antes de pegá-las.


Amanda levou a garrafa vazia de volta à mesa quando terminou de beber, antes de arrotar como nenhuma dama faria, cobrindo a mão logo a seguir. Ao perceber que Hiro parecia estar olhando para ela, a menina fechou a cara. — …tá olhando o quê, hein?


Ele apontou para trás dela, e Amanda viu que a Chansey do CENTRO havia escolhido aquele momento para aparecer, ainda segurando um jornal e com o sorriso e olhos doces típicos de uma Chansey. No entanto, quando ela olhava para Hiro, a expressão dela ficava mais nervosa.


{Bom dia, senhorita! Você gostaria que eu lesse para você a última edição do jornal local, a ‘Visões de Violeta’?} ela perguntou. Amanda deu uma olhada no jornal.


— Ah, claro! Pode passar aqui! — ela disse, mas a Chansey ignorou-a para começar a ler, ficando longe o bastante do alcance de Amanda.


{A manchete de hoje é: ‘Torre Brotinho Sofre Renovações’!} ela disse, antes de começar a dizer outras notícias desnecessárias, tais como ‘Fazenda MooMoo sob prisão domiciliar’ ou ‘Descobertos novos padrões nas Ruínas de Alph’, enquanto andava de forma a impedir que Amanda a alcançasse, mesmo se quisesse.


— Me dá isso! — ela acabou por dizer, pegando firme no jornal, pouco antes da Chansey terminar. Enquanto Amanda começava a ler, a Pokémon ovóide rosada acabou ficando com uma cara muito mais triste e deprimida.


{O senhor e a senhorita são tão maus… por que continuam a me deixar tão tristonha?} ela pediu, quase choramingando, e Hiro acabou suspirando depois de assistir à cena inteira.


— Tá bom… olha, desculpa por ter gritado antes, tá? — ele pediu, um pouco envergonhado. — Eu só tava com a cabeça cheia de minhocas, e bom… você meio que me entendeu errado, e…


A essa altura, era como se todo mundo estivesse olhando para ele. Hiro hesitou um pouco, antes de se dobrar. — Por favor, desculpa, tá?


— Com quem que você tá falando? — Amanda perguntou, confusa. O menino quase deu um tapa na própria cara em resposta, enquanto a Chansey sorriu aberto, soltando um ruído de apreciação.


{Você está perdoado, senhor! Agora irei seguir meu caminho alegre e terei um dia excelente!} ela respondeu, antes de sair por aí muito satisfeita.


— Bom, agora que essa encrenca tá resolvida… — ele murmurou, antes de olhar pra mesa. — EH?!


De forma sucinta, aquela era uma bagunça. Flaviel já tinha bebido todas as garrafas de leite, Marina comera seu sanduíche de mortadela, Korina estava comendo a comida Pokémon quando Leda puxara um prato de comida que ela queria, arrastando a Hoothoot junto e jogando comida Pokémon nas duas, causando outra briga entre elas, e a Enfermeira Joy estava olhando feio pra ele, com um tanto de ódio satisfeito na cara.


— Eu tô no inferno. — ele percebeu, pouco antes de levar um prato de comida Pokémon na cara.


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Assim que Hiro enfim terminou de esfregar o último pedaço de comida Pokémon da parede e Amanda parou de rir tanto da sua situação problemática e do fato de Flaviel e Leda terem começado um bate-boca próprio antes de brigarem com… garrafas de leite, o menino de boné reverso decidiu tirar alguns minutos da sua jornada para encontrar Kamon e levar Amanda pela região toda (coisa que ele achava que ela não precisava de ajuda nenhuma) para descansar um pouco mais.


Assim, ele seguiu andando (tava mais pra lesmeando, mas ninguém estava por perto pra corrigir isto e comentar nisso parecia tolice) em direção ao CENTRO POKéMON, querendo achar uma cadeira onde ele pudesse se sentar e descansar por um bom tempo. Infelizmente, não foi possível fazer isso, já que sua POKéGEAR começou a apitar novamente.


— Quem será que é agora…? — ele se perguntou, meio confuso, antes de levar o pulso à mão. — Alô?


Oi, Hiro! — veio a voz alegre do Professor Elm, a conexão soando um pouco instável. — Comovão as coisas, futuro Campeão?


— Futuro… Campeão? — Hiro repetiu, o apelido meio perturbador. — Eu ainda nem ganhei uma insígnia, muito menos cheguei na Liga…


Bom, eu já estava esperando algo assim… — Elm disse, depois de rir um bocado. — Vocês saíram meio tarde, afinal de contas; se tivessem chegado em Violeta, pelos meus cálculos, seria tarde demais para uma boa batalha, afinal! — Hiro suspirou, meio preguiçoso. — Mas de toda forma, aposto que você já está se preparando pra batalha, né? Você sem dúvida pegou dois ou três Pokémon e vai levar alguns dias pra treiná-los até ficarem fortes, né?


Ao ouvir aquilo, Hiro acabou por rir amarelo, dando uma olhada ao redor com desespero no olhar. — Sabe, essa é uma história engraçada…


O que foi? — o jovem professor perguntou, confuso. Hiro olhou ao redor mais uma vez, antes de voltar o rosto para a frente.


— Eu não peguei nenhum Pokémon novo ainda.


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Vila de Cascanova. Um vilarejo de cerca de cinqüenta e poucos habitantes, todos muito acostumados com as situações pouco peculiares pelas quais quase todos passavam. Vista do céu, lá do topo da ionosfera, ela parecia um pontinho no meio do nada.


Por isso foi tão surpreendente quando o grito a seguir foi ouvido até mesmo nessa altura.


— O QUÊ?!


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Hiro tremeu ao ouvir o grito tão próximo de seu ouvido. Na verdade, ele tremeu tanto que foi jogado para os dois lados de uma só vez, a maior parte de seu corpo voando pra trás e seu braço jogado pra frente. Sendo incapaz de ser partido, porém, ele só caiu de cara no chão com tudo e mais um pouco.


Eu não acredito nisso! Você deveria estar capturando Pokémon para que nós pudéssemos come-digo, examiná-los! Sendo o único Treinador Pokémon da Vila de Cascanova, é seu dever perseguir outros Pokémon e adicioná-los à sua coleção! Hiro, por que razão você acha que eu confiei a viagem da Amanda nas suas mãos? Porque eu sabia que você estaria pegando duas vezes mais Pokémon do que se estivesse sozinho! Então você vai fazer o que eu estou te dizendo agora, e vai lá fora lutar contra Pokémon até ficar exausto e ter capturado todos os Pokémon ao seu redor, e daí você faz a Amanda fazer o mesmo enquanto estiver ocupado curando os seus, e por aí vai até você ter pego todos os Pokémon existentes e ser nomeado um verdadeiro Mestre Pokémon™! Está claro?! — ele discursou, numa voz extremamente zangada, enquanto Hiro tentava baixar o volume.


— Tá, tá, tá bem claro… eu vou tentar pegar outros Pokémon. Talvez eu precise mesmo de ajuda, já que eu tive que subir a Torre Brotinho inteira só com um Cyndaquil que nem sabe usar ataques do tipo Fogo ainda… — Com aquele suspiro, a conversa mudou logo de tom.


— Espere. Seu Cyndaquil ainda não usa ataques do tipo Fogo? —Elm perguntou de imediato.


— É. Tipo, ele aprendeu a Cortina de Fumaça ontem, mas fora isso…


Houve silêncio na linha, por alguns longos segundos.


— Que estranho… demais, até. Pelo que eu saiba, a maioria dos Pokémon já conhece algum ataque do seu próprio tipo quando um Treinador cuida deles, ou pelo menos aprendem eles muito rápido. Isso é estranho demais… — o professor disse, pensativo. — Se bem que deve até fazer sentido, né?


— O quê faz sentido?


— Bom, você sabe como é difícil achar esses Pokémon, né? — Elm prosseguiu quando Hiro pareceu ter assentido. — Quase nenhum treinador que se preze tem Pokémon como os seus. Pelo que eu sei, é muito comum trocar os seus Pokémon conforme você vai encontrando e capturando outros mais fortes, ou simplesmente porque você encontra alguém que tem um que você queira.


— …o que o senhor quer dizer com isso? — Hiro perguntou, meio confuso.


— Nada… nada em particular. — A voz de Elm estava meio estranha, mas ele não insistiu. — De toda forma, me avise se o seu Cyndaquil evoluir, está bem? Ainda não temos todos os dados sobre a evolução das espécies Pokémon de Johto, e esta seria uma das mais importantes.


— …tá. — Hiro deu de ombros. Aquela conversa havia lhe deixado bem confuso, e ele preferiu mudar de assunto enquanto ainda estavam conversando. — Como que tá o ovo?


Ele ouviu Elm mexer em alguma coisa do outro lado da linha. — Ah, ele está ótimo! Podemos ter feito uma descoberta científica das grandes, na verdade… só preciso esperar mais alguns minutos, agora. Acho que terminaremos daqui a alguns dias, até!


Apesar do tom satisfeito do professor, Hiro tinha suas suspeitas. — Você não comeu o ovo, comeu?


Outro som estranho veio do outro lado da linha. — O quê? Não! NÃO! Eu não como Poké–digo, experiências científicas! É, ele vai acreditar nessa. Eu não tentei comer este ovo que está aqui na minha frente! Por que você pensaria isso?!


— Eu sei lá. O senhor que vive indo ‘pescar por novas espécies’. — o menino explicou, e um som similar ao de quando o Professor Elm havia caído de cara no chão e rapidavoltado ao seu lugar veio a seguir.


— Hiro… por favor, não fale mais disso.


E com aquelas palavras, a linha caiu.


Hiro deu de ombros e voltou a se levantar, seu braço finalmente não doendo mais. Ao lado de um dos computadores e sua POKéAGENDA, ele viu um mecanismo chamado ‘Analisador de Itens’ que, aparentemente, servia para analisar itens e assim deduzir sua função óbvia ao analisar com um emissor de luz vermelha os códigos de barra existentes em todo objeto não-vivo e copiá-los para o banco de dados, onde seria feita uma busca referente a itens que já existem dentro dela e então a cópia da informação seria revelada na tela do computador.


Em resumo, ele analisava itens. Uau, quanto discurso num único período.


Já que ele não tinha nada melhor para fazer agora e nada interessado em pegar a sua POKéAGENDA ainda, Hiro abriu a mochila e pegou um dos objetos que havia pego na Torre Brotinho, durante um dos momentos em que a câmera havia focado em Marina e não nele. Era uma seringa vermelha e grande, com uma agulha peculiar e as palavras ‘ESPECIAL X’ impressas no lado, difíceis de ler se não fosse virado um pouco.


Após uma curta análise, o diagnóstico foi conclusivo, aparecendo a seguir.


Nome do item: Especial X. Qualidade: Uso Em Combate. Este item faz com que os Atributos Especiais de seu Pokémon sejam melhorados durante o total de uma batalha(s). Ao ser utilizado, injetará dúzias e dúzias de nanitos no corpo do Pokémon que dependem da vontade de batalha para sobreviver. Caso a vontade de batalha diminua ao final de uma batalha, todos os nanitos morrerão e serão expulsos de forma indolor e dolorosa do corpo do Pokémon. Uso não recomendado antes de ir ao banheiro.


A análise estranha surpreendeu Hiro a ponto de fazê-lo soltar um gemido, e ele apenas guardou a seringa de volta na mochila com cuidado, fechando-a de imediato.


— Só para não esquecer: nunca usar isso no Flaviel se eu quiser viver mais um dia. — Depois dessa, o menino olhou para a sua POKéAGENDA. Pelo que parecia, qualquer download feito havia sido terminado, instalado e completado horas atrás, e portanto ele podia desconectar o cabo e guardá-la novamente. Que foi o que ele fez.


— Oi! — Ao se virar, ele viu que Marina, Flaviel, Leda e Korina estavam uma vez mais atrás dele, esperando que ele terminasse.Nas suas mãos estava o seu boné, coisa que ele só percebeu agora. —Esqueci de falar no café da manhã, mas você esqueceu o seu boné lá no quarto.


— Ah… obrigado. — ele respondeu, pegando-o de volta quando ela o ofereceu e ajustando-o na cabeça. A menina sorriu logo então.


— Bom! Eu quero ver o Ginásio hoje. Podemos fazer isso antes de partir?


— Tá, podemos. — ele disse, a garota de cabelos pinça sorrindo enquanto segurava a Pokémon relógio coruja. Quando ele passou por ela, a Hoothoot saltou para seus braços, de imediato.


{Piu!} ela piou, contente, antes de seguir para seu ombro. {Isso é bom… e bonitinho! Kenta bonitinho!} ela disse, virando pra direita e esquerda e direita novamente, antes de mordiscar sua orelha. Infelizmente, ela foi forte demais e acabou fazendo com que ele tropeçasse, caindo de costas e fazendo-a saltar fora de surpresa. A única coisa pior foi ela ter pousado na sua cabeça. {Piu?} ela piou.


— Mas que droga… — ele reclamou, tentando se levantar. Enquanto isso, Amanda decidiu pegar Korina, preocupada com a Hoothoot.


— Olha só o que você fez! — ela quase gritou, fazendo Korina olhar para ela com muita confusão. — Se continuar quebrando o Hiro assim, eu não vou ter um guia pra minha viagem pela região!


— É bom saber que você se importa… — o menino resmungou, antes de abrir as portas do CENTRO POKéMON. Para sua surpresa, havia uma grande multidão na frente do prédio, todos olhando para eles. — …hã, oi?


— É ele! — disse uma voz, e a multidão se abriu para dar passagem aos Sábios, todos os quais estavam molhados com tinta marrom. — Esta é a criança que nos mostrou a verdadeira luz, a luz do Bolo! Não ponham um dedo no garoto, pois ele é abençoado pelos Lendários! — Aquela voz vinha de Li, que parecia exausto. — Agora, garoto, nós pedimos que você nos mostre nosso precioso item de devoção, o bolo que nos serviste ontem!


— Cuma?! — Hiro deixou escapar, olhando para a cena completamente embasbacado. Amanda também estava zonza, sem saber o que dizer; como é que alguém reage ao saber que seu amigo é um ídolo local por uma razão besta?


Quando os Sábios ficaram olhando esfomeados para ele, o menino decidiu tentar fazer o que queriam, pegando o bolo ainda inteiro de sua mochila e mostrando-lhes. Enquanto os Sábios se ajoelhavam e se dobravam perante ele, a multidão só assistia, achando graça na cena.


— Sabe, eu quero provar um pouco desse bolo. — disse um deles, antes de se aproximar e pegar de garfo e faca. Antes que ele pudesse pegar um único pedaço, porém, Hiro afastou o bolo dele.


— Cem pratas, por favor… — ele pediu, um pouco nervoso, e o estranho olhou para o bolo, antes de olha para ele.


— Barato demais, não acha? — ele perguntou, antes de dar uma única moeda de 100 pratas. Ele estava bem cheio de si com aquele sorriso feio dele, enquanto pegava sua fatia… mas momentos depois de comer, seu humor acabou por mudar por completo. — Esse bolo… como é que ele pode ser tão delicioso?! — ele se perguntou, com a boca cheia. — Eu preciso dele!


Aquilo pareceu perturbar a maioria das pessoas ao redor, e agora curiosas, todas elas vieram ao seu redor, dando-lhe mais moedas metálicas e pegando pedaços de bolo para si. Depois de um tempo, o número de pessoas havia mais do que superado o número de pedaços possíveis, e Hiro acabou com um prato vazio e mais de P$6000 adicionados aos seus bolsos. A maioria das pessoas estava tentando comer seus pedaços de bolo, exceto pelos Sábios, que ainda estavam a rezar, e o Mestre dos Sábios, que enfim se punha de pé.


— Criança… fizeste um grande favor a esta comunidade, agora que nos trouxe o sinal dos Lendários. Como tal, você agora é um membro oficial de nossa Ordem, com direito à sua túnica oficial da Ordem do Bolo, bottom oficial da Ordem do Bolo, um kit completo de produtos da Ordem do Bolo, e 55% de desconto na lojinha oficial da Ordem do Bolo, construída ao lado da velha Torre Brotinho. — Esta declaração foi respondida por um olhar perturbado vindo de nossos heróis e um pio de Korina. Li aproximou-se deles ao ouvi-la. — Ah, então você estava aqui… eu estava me perguntando onde você estava.


{Essas pessoas foram muito boas comigo! Especialmente o Hiro bonitinho!} ela respondeu, virando duas vezes. Ele olhou para ela, e então para o garoto.


— Hm… está bem. Pois bem, então! Já que minha Hoothoot, Guardiã, está claramente interessada em ficar com você, e já que tenho tido dificuldades em criá-la como gostaria… também quero que fiques com ela, garoto! — ele acabou por dizer, surpreendendo o grupo inteiro.


— Como é que é? Tá falando sério?! — Hiro deixou escapar, sua mente já imaginando mais brigas que Leda e Korina teriam. Li acabou por interpretar isso como o garoto estando muitíssimo feliz com isso, e até mesmo queria ter Korina para si mesmo, mas não estava certo quanto à escolha do sábio homem. Bem, ele certamente não queria desapontar aquela criança!


— Falo sim, garoto. Sei que tens interesse em cuidar dela, e francamente, não duvido que farás um bom trabalho nessa parte… então porque estás tão preocupado assim? Vi os laços de amizade que você tem com esse seu Cyndaquil com meus próprios olhos, e provei de seu poder – estou certo de que serás tão próximo a ela como és com ele, e é isto o que importa!


{Por acaso esse mundo é cheio de gente burra ou coisa assim?} Flaviel se perguntou, enquanto assistia a essa transação, sem humor. Leda riu da reação dele.


{Oh, pobre, burro, Flaviel cabeçudo… é claro que não são todos burros! Afinal, eu certamente mudo a balança pro lado que ‘não é completamente cheio de burros’!} ela disse, fazendo o Cyndaquil… olhar… para ela.


{Você não é burra, mesmo… só é doida.} ele retrucou, antes de voltar sua atenção aos eventos passados.


— Ah, er… me desculpe, mas eu não posso aceitar — A tentativa de recusa de Hiro foi cortada por Amanda, cujo braço o impediu rapidamente de continuar.


— Mas eu posso! Estive me ligando com essa Hoothoot tanto quanto ele, e ela até já me obedece! — ela declarou com alegria, tomando uma posição de vitória, antes de virar-se para a Hoothoot. — Não é verdade, Guardiã?


{Piu!} ela piou, batendo suas asas. {Não gosto da Pinsir fêmea! Ela tem gosto por pássaros?} ela pediu, virando duas vezes.


{Não, ela não come comida. Ela sobrevive falando – você ainda não percebeu o quanto ela fala? – e se alimentando das emoções, e por isso ela tá sempre zangada com tudo.} Leda disse sabiamente, erguendo uma pata para provar este fato.


{Entendo… então acho que é aceitável! Irei com ela e protegerei-a de suas malditas emoções, comida!} Korina retrucou, virando quatro vezes, pra esquerda e direita e esquerda e direita novamente.


{Ai, que ótimo…} Flaviel resmungou, chegando perto de Hiro. {Agora elas vão brigar de novo. O que você vai fazer quanto a isso, idiota?}


— Quem se importa? — ele respondeu quieto, enquanto Amanda terminava de anunciar todos os feitos que envolveram fazer Korina (que ela chamava de ‘Guardiã’) obedecê-la.


— E é por isso que eu deveria tomar conta dela! — ela terminou, mãos na cintura e cabeça pra direita. Li parou sua admiração de um exemplo tão belo e juvenil do sexo feminino para assentir de verdade.


— Eu suponho que seja verdade… pois bem, te darei a Guardiã – ele disse, pegando uma Pokébola de seu sino e dando-a para ela, — e o dever de Assadora de Bolos Oficial da Ordem do Bolo.


O otimismo evaporou do rosto de Amanda. — O quê?!


— Bem, — o Mestre dos Sábios começou, — dado que o garoto é o Portador dos Bolos, ele precisa de uma Assadora de Bolos para auxiliá-lo. Assim sendo, toda vez que ele precisar de outro bolo, tal como agora, vosso dever será o de assá-lo.


— … — Amanda estava sem voz, seu rosto travado numa risada furiosa, mas ela foi incapaz de falar mais. Li soltou a Pokébola em suas mãos, abertas numa posição de recepção momentos antes, e então ele e sua multidão partiram de lá.


— …Assadora de Bolos? — ela enfim repetiu, quando o grupo finalmente ficou sozinho. — Uma… assadora de bolos? — Seu olho estava tremendo de forma desconfortável, e seus dentes se debatiam também. — Uma… assadora… de bolos… vestindo… um… avental… idiota…?!


Hiro achou que a situação estava ficando perturbadora demais, até mesmo para ela, e seu suar frio só piorou. — A… Amanda… você não tem que assar bolos se não quiser… é só se acalmar, respirar fundo, relaxar, e pensar no resto da jornada… coisa ruim a dizer.


A última parte daquilo foi dita numa voz muito quieta, quando uma Amanda sorridente com um brilho assustador no olhar acabou pegando no seu pescoço, murmurando as palavras ‘cala a boca palito’.


Antes que ela pudesse dar Vossa Bendita Surra no patético, frágil e fraco corpo humano de Hiro, ambos foram distraídos pela aparição de… alguém.


Ao olhar para o lado, o menino e menina e Pokémon viram que, de fato, havia alguém os observando, um homem um tanto gordo com uma camisa vermelha e calças pretas, seus olhos fechados (ou só apertados; era bem estranho, de toda forma) e uma cara de surpresa agradável.


— Ohohoho! Aqui, o que temos nós? Dois Pokémon e treinadores juntos, vejo eu! — disse o homem, enquanto assistia a situação. — Bons tempos, temos nós! Grandes mentes, creio eu! Esse sonho, acredito eu nele!


— …o senhor está bem? — Hiro perguntou, momentos depois de Amanda tê-lo soltado no chão, ambos olhando para o estranho gordo. O homem assentiu, muito alegre.


— Sim, sim! Bem, eu estou! — ele respondeu, naquele dialeto estranho dele, aproximando-se dos dois. — Earl, eu sou! Novatos, vocês devem ser. Alguma Insígnia, já conseguiram?


— Ainda não, senhor Earl. — Amanda respondeu meio nervosa, e Earl ficou de cara amarrada.


— Senhor, eu não ser! Earl, eu sou! A verdadeira verdade, essa é! — ele disse, voz zangada, antes de se acalmar. — Mas então, verdade é! Novatos, vocês são. Com sorte, hoje estão!


— Por que temos sorte hoje? — Hiro perguntou, ficando mais e mais confuso com isso. O homem abriu seus braços o mais largo que pode, e uma fanfarra parecia estar tocando em algum lugar, enquanto o sol brilhava forte atrás dele.


— Sortudos vocês são! Pois aulas, eu darei! Fazer-lhes campeões, eu irei! Mas para isso… — ele explicou, antes de agarrar os dois pelas costas e carregá-los para longe, enquanto seus Pokémon só assistiam à cena, embasbacados. — Para minha escola, devem ir!


{Peraí, esses humanos são nossos!} a Chikorita gritou, mas sem êxito; Earl os ignorara completamente, e os seus treinadores estavam perturbados demais com o que estava acontecendo pra prestar atenção neles também.


{Ah, que ótimo. Quem mais quer ir atrás de umas boas garrafas de leite?} Flaviel perguntou, mas foi ignorado quando tanto Leda e Korina decidiram correr atrás deles, a Hoothoot mais planando que correndo. {Onde é que vocês pensam que vão?}


{Onde mais? Nossos treinadores foram seqüestrados por um cara gordo com calças gordas e camisa gorda e barriga gorda! Nós temos que salvá-los!} Leda explicou, mal virando a cara para olhar para trás.


{O Hiro bonitinho está sumido! Temos de trazer de volta o Hiro bonitinho, ou o mundo estará muito encrencado! Piu!} Korina comentou, pousando quando seu planar estava próximo do final, antes de começar de novo.


{…ótimo. Os burros se foram porque um cara precisa deles, essas duas brigonas vão atrás deles, e eu tô sozinho. Se fosse com outra pessoa seria um tédio, mas não pra mim, já que eu vou atrás de mais leite pra beber e–EI!!!} Infelizmente para Flaviel, seu discursar foi interrompido quando cipós envolveram seu corpo em lugares estratégicos e o arrastaram na mesma direção que Leda havia tomado, apesar de suas tentativas de se debater e de escapar. {Ei! Não! Me larga! É a minha vez de brilhar! Eu quero ficar sozinho! Sem treinador! Sem Pokémon! Só eu! Eu não–NÃO ME TOCA AÍ! TIRA ESSE CIPÓ–AIII! LEDA! EU VOU CHUTAR O SEU TRASEIRO, SUA–AGORA PÁRA DE FAZER–AIIIIIIIIII!!! ESSA DOEU!!!}


…como se pode ver, ele estará ocupado por um bom tempo. Melhor ver como Hiro e Amanda estão.


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Earl parara na frente de um prédio pequeno e meio antiquado, com uma grande placa no telhado que dizia ‘Escola de Aprender sobre Pokémon do Earl’ em letras neon brilhantes, embora fosse dia claro.


— Adentro sigam, adentro sigam! — ele disse aos dois garotos, que olharam um para o outro, incertos. De alguma forma, Earl acabou piscando sem abrir ou fechar os olhos de forma visível, olhando para cada um agora. — Oh? Errado tem algo?Ajudá-los, posso eu?


— N-não tem nada errado, s-Earl. Só estávamos nos perguntando… por que viemos aqui? A gente já… terminou o nosso aprendizado, e… — Hiro se arrependeu de ter tentado explicar, já que o homem gordo ficou de cara amarrada agora.


— Adentro sigam! — ele exigiu. — Novatos em campeões, os tornarei eu! Estudar, treinar é! Então adentro sigam, e seu treinamento começar, eu irei!


Aquele argumento foi bem forte, e nenhum deles queria deixá-lo mais zangado com eles, então ambos decidiram apenas assentir de forma nervosa e correr para dentro do prédio, esperando não ouvir muito mais do linguajar de Earl.


A escola em si até que não era nada feia, apesar de pequena. Ela era limpa, haviam lustres meio bonitos, e não havia muita bagunça agora. — Até que não parece ser tão ruim assim… — Amanda admitiu, enquanto ela e Hiro olhavam ao redor, procurando uma sala de aula.


A primeira porta que abriram revelou uma sala até meio cheia, com alunos em quase todas as carteiras. Quase todos os alunos pareciam ter sete ou oito anos de idade, até onde eles podiam ver, se bem que alguns eram mais velhos. Ainda assim, só de olhar dava para ver que Hiro e Amanda deviam ser os mais velhos lá.


— Bem-vindos sejam! — Earl disse, no outro lado do aposento. — Earl, eu sou! Um assento tomem!


A menina olhou para seu companheiro de viagem. — Como foi que ele veio parar aqui antes da gente?


— Eu sei lá… — Hiro acabou dizendo, enquanto o homem gordo e alegre começou a insistir. — Melhor fazermos o que ele quer antes que ele fique bravo de novo.


Só haviam dois assentos restantes, e felizmente próximos, mas os dois ficaram no meio de todas aquelas crianças pequenas. Mal haviam sentado, Earl decidiu prosseguir com as introduções. — Prazer muito temos! Vieram hoje, dois novatos! Boas vindas, vamos dar!


As outras crianças olharam para eles, já com um olhar encrenqueiro.


— Olha só! São novatos!


— Eles devem ter reprovado no exame, né?


— De qual sala será que eles são?


— Aposto que eles não têm nenhuma Insígnia!


A conversa furada começou a dar nos nervos dos dois, mas Hiro conseguiu engolir seu orgulho. — Sabe, a gente veio aqui a pedido do professor de vocês, então


Aquilo sim chamou a atenção deles, mas não do jeito que o menino esperava.


— Olha só! O cara acha que é bom só porque o fessor pediu pra ele vir aqui!


— Ele deve ter tirado uma nota feia pra ter vindo parar aqui na sala dos iniciantes!


— Mas que pateta! Aposto que nunca entrou numa batalha de verdade!


A turma começou a rir de imediato, enquanto Hiro ficava de rosto vermelho com as provocações dos garotos. Amanda ficou fula com isso.


— Ah, calem a boca! Vocês que não sabem o que é uma batalha Pokémon de verdade, seus manézinhos! — ela declarou, olhando feio para todos eles. — Vocês nem têm idade pra ter Pokémon, afinal!


— E vocês têm? — um deles perguntou, do outro lado da sala. Com total confiança, a menina de cabelos azuis assentiu, apertando o peito com um dedo.


— Temos sim! E não só isso, mas ganhamos os nossos Pokémon do Professor Elm, o grande sábio aqui da região de Johto!


Enquanto ela sorria, orgulhosa e até um pouco cheio de si, Hiro escolheu esse momento para levar o rosto à mesa. ‘Pronto.Já começou.Lá vai ela de novo com essa fantasia…


As crianças levaram alguns segundos antes de rir mais alto.


— Mas… que… — Hiro murmurou, a voz quieta, enquanto esperava o pior acontecer. Originalmente, Amanda diria um palavrão muito alto, feio, e distintivamente não pertencente às damas, mas com tantas crianças pequenas e pequetitas ao redor, ela usou uma versão muito mais politicamente correta.


— Cacá! — ela disse, confundindo todos ao seu redor, dado que não havia nenhum ‘Cacá’ naquela sala, nem razão nenhuma para que ela dissesse a palavra ‘cacá’ nessas circunstâncias, e no caso de Hiro, nenhuma explicação para o comportamento tão bizarro dela nos últimos dias.


— …‘Cacá’? — ele perguntou, e Amanda assentiu.


— É, ‘cacá’. Qual o problema de dizer ‘cacá’ nessa hora? — Estava claro que ela não sabia de nada que havia ocorrido durante a descrição. Hiro olhou para ela mais um pouco, antes de fechar os olhos.


— …deixa pra lá.


— Atenção exijo eu! — Earl acabou por interromper, olhando feio para o grupo. Seu olhar acabou passando pela sala toda, muitos deles ficando nervosos. — Tratar bem nossos colegas de classe, devemos nós! Provocar novamente, não mais podem fazer!


Os alunos acabaram por assentir, alguns deles pedindo desculpas para os dois, sem muita vontade. Hiro e Amanda estavam prestes a relaxar nos seus assentos quando o olhar de Earl voltou-se para eles. — Palavras feias, proibidas são! Palavras feias você usar, punição merecer! — ele declarou, e Amanda empalideceu, enquanto Hiro levou o rosto à mesa de novo.


A aula continuou a partir daí, os dois forçados a ouvir lições sobre batalhas Pokémon que não lhe eram desconhecidas, tais como as diferentes condições que um Pokémon poderia ter ou o papel de Pokébolas na captura de Pokémon. Nem Hiro nem Amanda estavam demonstrando muito interesse nisso, e sua atenção acabou indo para os cadernos dos outros alunos, muitas vezes rabiscados com algum tipo de conselho adicional que o aluno havia aprendido antes. Apesar disso, o tédio ficava cada vez maior, a menina já desejando que alguma coisa acontecesse para que ela parasse de ficar prestando atenção naquela aula chata.


Hiro estava a espiar um desses cadernos quando viu que o texto acabava logo ali. — Ué… não tem mais?


— Eu ainda não copiei do fessor. — o aluno retrucou, um pouco irritado. — Vê se fica quieto, ele já vai terminar.


— Tá, tá — o menino estava a dizer, antes de um apito tão alto que a sala inteira se virou para ele. A sua POKéGEAR estava disparando no barulho, a volume máximo. — …epa.


— Hiro! Desliga isso! — Amanda exigiu alto igual, olhando pra ele com irritação.


— Não dá! Não tem botão de desliga! — Hiro respondeu, tentando levar o pulso à orelha; dessa vez, porém, não deu tão certo, já que a menina segurou seu braço.


— Deixa eu ver que eu desligo!


— Amanda, solta! Você vai quebrar!


— Não vou não!


Os dois lutaram para tentar tomar o controle do aparelho, Hiro conseguindo apertar o botão logo a tempo. — Alô?! — ele quase gritou quando trouxe a voz próximo o bastante.


Oi, meu eterno rival! — a voz do Moleque do dia anterior veio logo, a todo volume; ao que parecia, ele tinha ligado o auto-falante. — Sou eu, o Joey! Você se lembra de mim? Eu sou o garoto do Rattata!


— E-eu acho que lembro! — Hiro tentou dizer, segurando Amanda com uma mão na cara dela, enquanto ela usava suas duas mãos para tentar agarrar o pulso dele. — O que você quer?


Só queria te falar que eu acabei de ver um Ledyba zanzando por aqui! Nossa, ele parecia incrível, você tinha que ter visto!


Hiro quase fechou a cara. — Tá, eu acredito, mas


Ele foi cortado por Amanda, que havia agarrado o seu pulso e o arrastado pra sua direção, a menina bem irritada agora. — Você tá ligando por causa disso?! A gente tá numa aula agora!


Ah, me desculpa! — Joey comentou, o Moleque rindo consigo mesmo. — Mas já que vocêstão tão ocupados assim, eu vou ligar depois, tá? A gente se fala! Tchau!


— Tcha — o menino de boné reverso nem teve tempo para dizer, antes do apito de uma chamada encerrada ecoar na sala. Amanda soltou o seu pulso nesse momento, olhando para ele bem feio agora.


— Olha só o que você fez! Atrapalhou a aula! — ela criticou, irritada. — Mas que cacá que deu em você, hein?


— Pára de gritar comigo!


— Ah, eu vou gritar enquanto você não aprender! Por que mais você acha que a gente veio parar aqui?!


— A culpa não é minha!


— É sim!


O bate-boca ia continuar, não fosse a aparição repentina de uma mão nos ombros de cada um. — Educação, necessária é! — Earl declarou, o rosto sério. — Boas maneiras, devem aprender! Ensiná-los, eu irei!


Os dois estavam de queixo caído, enquanto ele os arrancava das carteiras e levava para fora da sala. Depois de alguns segundos, Amanda grunhiu.


— A culpa é sua, Hiro!


— Já falei que não é, Amanda!


Embora estivessem prontos para continuar a discussão, os dois foram interrompidos por uma nova voz. — Ei, o que é isso? — uma voz feminina perguntou, chamando sua atenção.


De dentro de uma das salas próximas, uma garota de longos cabelos castanhos e franjas bem grossas sob uma bandana azul com marcas brancas, vestindo um uniforme muito peculiar composto de uma regata branca e azul justa com colarinho rente ao pescoço e microssaia branca, além de longas mangas azuis e meias violetas ligadas a um par de botas. Para aquele ambiente, ela estava muito fora de lugar, sendo mais ou menos da mesma idade deles e também sem vestir o uniforme escolar, que tinha mais ou menos o mesmo recate de suas roupas.


— Gente nova? — ela perguntou, sorrindo. — Pelo visto o senhor deu sorte, senhor Earl! Eles parecem bem tapados!


— Quem você tá chamando de ‘tapados’, hein? — Amanda perguntou, se soltando naquela hora. — Eu é que não pedi pra vir pra cá!


— Junte-se ao clube. — A garota cruzou os braços sob os peitos largos, sorrindo meio amargamente. — Eu tô aqui já faz uma semana, e ainda não aprendi nada que me valha a pena. Pra ser sincera, nem sei porque ele me arrastou pra cá.


— Respeito, precisas aprender! Treinadora Pokémon, você se tornará! — Earl retrucou, e o sorriso sumiu do rosto.


— Eu já falei que aquilo lá foi um acidente!


— Acidente? — Hiro perguntou, entrando na conversa.


— Talento, você ter! Treinadora Pokémon, capaz de ser você seria! Mas suas habilidades, jogando fora você está! — Earl explicou, confundindo-os mais ainda.


— Ai, que lixo! — a garota resmungou, olhando para o trio com raiva. — Eu já tô cheia dessa sua história de ‘treinadora Pokémon’! E daí que eu não perdi aquela luta? Eu não quero mais ficar aqui!


— Até aprender, aqui você ficará! — o senhor gordo disse, mas antes que a conversa continuasse, Amanda decidiu se meter novamente.


— Bom, pelo visto deve ter sido mesmo sorte você não ter perdido, já que você não deve ser boa em nada. — ela disse, bem cheia de si. — Aposto que se fosse uma luta de verdade, você ia perder feio.


— O que foi que você disse? — a garota perguntou, ficando irritada com o tom que a outra usara.


— Eu só disse que você é uma perdedora, garota. Você deve ter enfrentado, o quê, um menininho aqui dessa escola? Não é à toa que ganhou!


— Não se mete onde não é chamada! Você não sabe nada do que tá falando!


— Tá, como quiser. Afinal, não tem como você ser uma treinadora tão boa quanto eu.


— Você, boa? — A outra riu, sem humor. — Não seja burra! Não tem como alguém feito você ser uma treinadora.


— E por que não? Eu vou ser uma Professora Pokémon, afinal! — Ao ouvir aquilo, a garota riu tanto que quase caiu de joelhos. — Qual que é a graça?


— É você, sua tonta! Que tipo de Professora Pokémon se vestiria assim, afinal? Tá tentando fazer modinha, é? — ela explicou, Amanda ficando mais irritada ainda com as risadas. — Você tem cara é de quem vai parar numa revista de baixo nível, isso sim!


— Olha só quem fala! — a menina de cabelos pinçados retrucou, furiosa. — É você que não tem senso de moda, sua piranha metida a bunda!


— Tá me chamando de piranha?! — a outra garota quase gritou, seu rosto vermelho. — Melhor pedir desculpas, sua feiosa! Você é que se veste feito uma porca, só tá faltando ser gorda igual uma!


— Não me xinga assim, Dona ‘Calcinha de Fora’! Essa sua saia aí só falta mostrar um cofrinho! — Amanda retrucou novamente, as duas pisando forte uma na direção da outra.


— Pateta!


— Piranha!


— Vaca!


— Piriguete!


— Despeitada!


— NÃO ME CHAME DE DESPEITADA, SUA TARADA!


— NÃO ME CHAME DE TARADA, SUA


— CHEGA! — Hiro gritou nessa hora, se metendo entre as duas e apartando-as com as mãos. — Isso lá é coisa pra falar numa escola? Tem criança pequena aqui!


Por alguma razão, a estranha estava com o rosto vermelho, quando ele baixou as mãos. — …bah! A culpa é dela, que se meteu onde não era chamada! Falando que é melhor treinadora que eu!


— E eu sou sim! — Amanda disse, e as duas pareciam estar prestes a brigar de novo. — Afinal, eu tenho Pokémon e tô numa jornada! Nisso, eu sou melhor que você!


Aquilo foi o suficiente. — Você quer provar que é melhor que eu? Tá bom então! Eu te desafio pruma batalha Pokémon, cabeludinha! E se eu ganhar, você vai parar de me encher sobre isso!


— E se eu ganhar, você pede desculpas por me chamar de despeitada!


— Tá, mas se eu ganhar, você me pede desculpas por me chamar de tarada!


— E se eu ganhar


Hiro só olhou pra cena, uma dor de cabeça se formando nessa hora, enquanto Amanda e a estranha ficavam brigando ainda agora. — Minha nossa, são duas delas…


— Estranhas, as mulheres são. — Earl disse, sabiamente. — Para a Arena Pokémon nós iremos. Adiantes, sigamos nós!


O grupo seguiu até os fundos da escola, onde uma arena de algum tipo havia sido construída: dois quadrados lado a lado, um círculo central, e um retângulo menor em cada ponta, bem como exigia a Liga Pokémon.


— À Arena Pokémon da Escola de Aprender sobre Pokémon do Earl, bem-vindos sejam! — Earl declarou, com um largo sorriso no rosto. — Praticadas as batalhas Pokémon aqui são, e lugar onde desavenças resolvidas são também!


— Pode ir logo pro lado do perdedor da arena, sua mal-educada, pra gente começar. — a oponente de Amanda disse, indicando um lado da arena em azul onde a palavra ‘PERDEDOR’ estava pintada, enquanto que o lado dela tinha a plavra ‘VENCEDOR’.


— Ei! Você que é a perdedora aqui! Pode ir pro lado do perdedor, sua perdedora! — a menina de cabelos azuis retrucou, mas sua oponente nem deu bola.


— Você só fala assim porque não sabe nada de batalhas Pokémon, sua besta. Espera só até você enfrentar alguém de verdade! Aposto que vai sair chorando com as suas cabeças entre as suas


— Querem parar de brigar e começar a lutar logo?! — Hiro interrompeu, fazendo com que ela olhasse feio para ele, o rosto vermelho.


— Tá bom! Vai logo pro seu lugar, a menos que seja pra eu lutar com aquele seu namoradinho ali! — ela resmungou, e Amanda ficou zangada igual.


— NAMORADO?! ELE?! Tá de brincadeira? Eu não gusto desse cara! Ele é só o meu guia!


Hiro suou frio ao ouvir aquilo. ‘Bem que ela podia gostar um pouco mais de mim, né…’ Amanda ignorou-o por completo enquanto seguia para o outro lado da arena, desafiadora, e a sua oponente sorriu consigo mesma.


— Bom, já que é assim… se eu vencer, é bom você se despedir dele! — ela declarou, pegando uma das Pokébolas que Earl havia deixado próximas a ela.


— Dois Pokémon contra dois Pokémon usados serão! Limite de tempo, o combate não terá! Começada, a batalha está! — Earl declarou, e gritos eclodiram ao redor deles; enquanto estavam discutindo, nenhum dos três percebeu que ao redor da arena, todos os outros alunos haviam aparecido para assistir à cena.


— Pode sair, Spearow! — a oponente declarou primeiro, um passarinho preto, marrom e vermelho com cara de mau emergindo de sua Pokébola, pousando após um leve vôo.


{Kyaaa!!!} ele grunhiu, furioso, mas a POKéAGENDA de Hiro não disse nada.


— Eu é que não vou perder! Vai lá, Sentret! — Marina respondeu, liberando seu Pokémon texugo com forma de roda, que pousou em sua cauda. Seus olhos brilharam, ao ver seu oponente.


{Comida! Eu tô tão faminto! Por favor, me deixa comer aquilo! Eu quero comer o pássaro feio!} Feio foi o olhar que ele recebeu.


{Cale a boca, sua coisa besta! Eu não sou feio! Na verdade, sou parte dos Spearows mais lindos do meu bando, e é melhor saber disso!} ele guinchou, o Sentret olhando feio pra ele.


{Não me chame de ‘besta’! Meu nome é Kellen! Melhor se lembrar disso quando apanhar de mim, besta!} ele retrucou.


— Eu desafiei, então eu dou a primeira ordem! Bicada naquele Pokémon, Spearow! — a mestra do Spearow ordenou, seu Pokémon voando de imediato e direto contra Kellen. Amanda fechou uma mão num punho.


— Não deixe que te acerte! Corra sob esse ataque! — Ouvindo a ordem, o Sentret saltou de sua cauda e correu em direção ao Spearow, que mergulhou de repente e acertou suas costas com o bico.


{AIAIAI! ESSA DOEU!} Kellen gritou, caindo duro no chão, e Amanda ficou de queixo caído com a cena.


— Mas como? Ele estava se esquivando como eu mandei! — ela deixou escapar.


A sua oponente riu. — ‘Como você mandou’? Tá, pode até ser, mas você não falou pra ele não levar o ataque! Que falta de estratégia!


Enquanto o Spearow continuava a voar, usando as asas para ficar parado, Amanda já tinha uma nova idéia. — Vou te mostrar a minha falta de estratégia! Sentret, use a Investida naquele Spearow agora!


No momento seguinte, Kellen correu na direção do pássaro, saltando com tudo para tentar bater com o corpo contra ele. Embora o Spearow conseguisse evitar o golpe de barriga, ele não conseguiu evitar a cauda, sendo mandado ao chão de imediato, onde caiu duro. {AIIIII!!!} ele gritou, uma das asas meio tortas. {Não sinto mais as penas da minha cauda!}


{É isso o que você ganha por me provocar, seu pássaro burro! Eu sou Kellen, e vou fazer você pagar por me insultar e me provocar! Agora prepare-se para virar almoço! Eu tenho fome!} foi a resposta do Sentret, que estava sorrindo de forma cruel. Amanda estava toda feliz e sapeca enquanto celebrava aquela vitória breve, ignorante dos olhares dos meninos mais velhos (e alguns dos mais novos).


Já Hiro tinha outras coisas em mente. ‘Será que nós não estamos esquecendo alguma coisa?


Enquanto o Spearow ficava de pé novamente, Amanda estalou os dedos. — Não deixa esse pássaro fugir! Pula sobre ele e usa uma Investida de corpo inteiro, Sentret! — ela disse a Kellen, que imediatamente saltou sobre o Pokémon ave, num impulso só.


— Evite esse golpe, Spearow! Use a Bicada para contraatacar! — retrucou a oponente, e seu Spearow tentou mergulhar sob o Sentret. No entanto, a cauda o atingiu novamente… embora não fosse um golpe perfeito; a bicada o atingiu logo lá, e assim ambos se feriram.


{AIAIAIAIAI! MINHA CAUDA! MINHA LINDA CAUDA!} Kellen gritou, segurando-a nas suas patas dianteiras. O Spearow deu alguns passos para o lado, muito zonzo, graças aos vários golpes que o atingiram na cabeça.


{Eu te pego por isso… assim que tudo parar de girar…} o Pokémon ave disse, tentando bater as asas novamente. Amanda fechou a mão e fez um movimento cortante para cima, enquanto alguns dos garotos ao redor olharam de lado para ela.


— Acabe com isso! Use a Investida novamente! Velocidade máxima! — ela ordenou Kellen; o Sentret tremeu, mas conseguiu correr a toda velocidade, literalmente esmagando o Spearow. Ambas as asas estavam agora torcidas de forma atrapalhada, os olhos girando de vez, e para adicionar insulto à injúria, ele levou mais um golpe na cabeça; depois dessa, o impacto com o chão duro foi demais para ele, e o Pokémon desmaiou.


— Essa não! Spearow! — a menina gritou, inútil. Sussurros e murmúrios fluíram pela arena, e Hiro olhou ao redor, vendo que todos estavam boquiabertos e bem impressionados.


— Vai saber o que deu neles… — ele murmurou, antes de um som quieto e estranho – mas um pouco familiar – veio a seus ouvidos.


{AI! Pára de me bater-AI! Leda! Eu não vou-AIAIAI! QUER PARAR DE FAZER ISSO?! Hein?! Quem é você?!}


Aquilo foi o bastante para perturbá-lo. — Essa não… não pode ser… — ele murmurou, pálido, antes de se virar e correr para o prédio da escola. Amanda percebeu o movimento, virando-se logo quando ele o fez, ficando com uma cara feia.


— Hiro! Aonde você tá indo? Eu tô ganhando aqui! — ela gritou, mas o menino continuou a correr.


— Eu tenho que… ir no… banheiro! É! Pode continuar detonando ela! — ele mentiu, antes de passar pelas portas.


— Ai, que ótimo… — Amanda resmungou, assistindo à sua partida. — Eu não entendo ele… mas ei! Você vai mandar mais alguém pra apanhar?!


Ao ouvir aquilo, a moça rosnou, especialmente depois do sorriso confiante que sua oponente mostrava, e chamou o Spearow de volta à Pokébola. — Ah, eu tenho certeza que você vai gostar desse aqui… pode vir, Poring!


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Enquanto tudo isso se passava, Leda, Korina, e Flaviel haviam chegado à escola.


{AI!} o Cyndaquil gemeu, batendo a cabeça de toupeira contra outra porta. {Dá pra me soltar logo?!}


{Eu não vou te soltar até a gente achar os nossos treinadores!} Leda insistiu, enquanto os três andavam pelos corredores vazios. {Tem que ter alguém por aqui que pode encontrá-los!}


{Piu!} a Hoothoot piou, naquele momento, antes de virar duas vezes, pra direita e pra esquerda. {Não sinto ninguém aqui. Tem certeza de que estão aqui, comida?}


{Sim! Pára de ficar questionando as minhas decisões, sua bola de ovo imbecil! Eu sei onde aquele cara que fala engraçado levou eles!} a Chikorita rosnou, mas a Hoothoot só começou a arrumar as próprias penas, desinteressada.


{Não acredito nisso. Nem um pouco, eu acho. Porque nos lidera, eu não sei.} ela respondeu, virando pra esquerda e pra direita e pra esquerda e pra direita e pra esquerda de novo. Enquanto Leda estava prestes a rosnar e talvez morder, Flaviel tentou se soltar novamente.


{Dá pra pararem de brigar antes que eu bote fogo nas duas?!} ele rosnou, zangado. {Eu vou fazer isso! Tô falando!}


{Bom, eu sou a líder, então eu vou na frente. Sigam-me, seus cabeçudos!} Leda declarou, levando-os pra direção oposta daonde a batalha estava atualmente acontecendo. Korina assistiu àquilo, ficando parada por alguns segundos, fora suas viradas constantes, como um relógio.


No décimo segundo, eles apareceram em outro corredor. {Como foi que você chegou aqui antes da gente?} a Chikorita perguntou, chocada.


{Piu!} a Hoothoot piou.


{Quer parar de ficar me batendo em tanta coisa, Leda?! Tô ficando com uma dor de cabeça daquelas!} Flaviel reclamou, tentando esfregar a cabeça, embora os cipós que o prendessem não permitissem isso. {E quer me soltar logo?!}


{Nem vem, neném!} a Chikorita respondeu, puxando-o mais perto. {Não vou deixar aquela bola de ovo fazer nada com você!}


{Piu…} Korina piou, assistindo o Cyndaquil com um quê de tristeza. {Pobre Flaviel, tão bonitinho… porque você fica a torturá-lo, comida?} ela perguntou, virando pra esquerda e pra direita e pra esquerda e pra direita de novo.


Leda olhou feio para ela. {Ah, cala a boca! Ninguém se importa com o que você pensa, e eu sou a líder desse grupo, então vocês me obedeçam! …então parem de ser bestas e achem logo esses dois!} ela retrucou, antes de entrar numa porta qualquer. {Procurem por pistas, os dois humanos que estamos procurando, ou comida, e andem logo!}


{Como é que eu vou fazer isso?! Tô preso aqui, sua fêmea doida! Você não tá me soltando nem nada!} Flaviel reclamou, antes de… ‘olhar’… para o lado. {Ah, oi, idiota.}


— O que é que vocês tão fazendo aqui? — Hiro perguntou, ignorando o insulto por ora. — Eu achei que vocês tavam lá no Centro Pokémon!


{Bem, não estamos mais lá, Hiro bonitinho! Estamos aqui, procurando por você e pela garota com cabelo de Pinsir, para que ela possa ser protegida dessa comida ruim aqui!} Korina explicou, virando seu corpo pra esquerda e pra direita e pra esquerda e pra direita e pra esquerda e pra direita e pra esquerda de novo.


Leda estava zangada agora. {Quer calar a boca, pelo amor de Lugia?! Você parece uma andrófila nojenta! Por que que você vive chamando ele e o Flaviel de ‘bonitinho’ sem razão?!}


Korina lhe deu as costas, ainda se virando. {Não preciso responder comida.}


A Chikorita gritou de raiva. {PELOS LENDÁRIOS, EU TE ODEIO!} ela gritou bem alto, enquanto Hiro soltava Flaviel. Assim que o Cyndaquil estava solto, ela jogou seus cipós contra a Hoothoot, que desviou-se com habilidade.


Hiro levou uma mão à testa. — Ho-Oh que me parta… vocês precisam brigar agora?! A Amanda tá numa batalha Pokémon e vai precisar de uma de vocês!


Leda rosnou. {Tá bom… vou ajudar a minha humana de estimação, mas você tem que fazer ela me chamar de Leda, ou eu vou chutar o seu traseiro, Chapelete!} ela disse, antes de correr para fora, deixando os outros para trás.


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Ao ouvir o nome ‘Poring’ pela primeira vez, Amanda imediatamente pensou numa bola lesma redonda e rosada que só podia pular no chão. A coisa diante dela era redonda, mas não era nem um pouco como ela esperava. Estava mais pra um Pokémon azul embolado sem braços (nem mãos) e sem pernas (mas não sem pés) com dois olhos grandes e uma boca pequena, assim como um ‘corpo’ branco que tinha uma estampa preta em formato de espiral. Não fosse o fato de que tudo o que dizia era uma variante de ‘Poliwag’, ela nunca adivinharia a espécie que ele pertencia… afora ser uma bem ridícula.


Assim sendo, o fato de parecer ridículo não a ajudava muito agora; o Pokémon estivera usando ataques Bolha, alguns dele tendo drenado a energia de seu Sentret, atingindo-o bem no alvo… bom, na barriga. Por outro lado, agora aquela garota irritante estava rindo dela! E parecia estar se mostrando numa forma que, ela sabia, era feita pra todos aqueles garotos ficarem olhando pra ela! Bom, ela ia ver!


— Hahahahaha! Eu adoro ver alguém levar a pior! Especialmente quando é uma novata com um senso de moda horrível e tem um dos Pokémon iniciais mais bestas de todos! Me pergunto se você precisou da ajuda daquele gatinho pra pegá-lo, devido a esse treinamento tão ruim! — a moça de cabelos castanhos provocou, enquanto seu Poliwag ria junto.


Amanda apertou um punho, antes de imitar um soco. — Quer CALAR essa matraca?! Sentret, bate na cara dele com a sua cauda! — ela ordenou, e Kellen correu de forma perfeita, antes de realizar os movimentos precisos necessários para um golpe giratório que, infelizmente, causou menos dano do que se ela tivesse ordenado uma Investida que terminasse num golpe de cauda.


Embora Poring sofresse o golpe, aquilo não foi o bastante para ser grave, e a moça só sorriu mais. — Você só cava a sua própria tumba… e é hora de acabar com isso! Poring, use Hipnose!


— Quê?! — Amanda chegou a gritar, antes da marca na barriga de Poring começar a girar e a criatura emitiu sons estranhos. O corpo de Kellen lentamente enfraqueceu, enquanto o Pokémon soltou um grande bocejo. Em segundos ele caiu no chão, adormecido.


— Não, Sentret! Levanta! — Amanda chamou seu Pokémon, mas infelizmente o ataque hipnótico foi forte demais para sua voz alta deter. O sorriso da oponente estava praticamente invencível agora.


— Acaba com esse Pokémon, Poring! Ataque Bolha! — ela ordenou, e o Poliwag saltou antes de cuspir uma série de bolhas que voaram direto em Kellen, atingindo-o no corpo. O dano foi o bastante para nocautear o Pokémon.


— Não! — Amanda gritou, mas era inútil. A outra riu de novo, dessa vez com muito mais vigor.


— Sim! Hahaha! Sim, certamente! A vitória é minha… e então, é bom você mandar logo o seu próximo Pokémon, pro meu Poring detonar também!


Amanda abria e fechava os punhos, incerta do que fazer.


‘Não tenho outros Pokémon comigo… e a Chikorita e a Guardiã não estão aqui! O que deu na minha sorte? Eu só queria ficar com o Professor Elm!’ ela pensou, de olhos fechados. Ela não podia admitir que não tinha outros Pokémon, porém, senão ela ia perder e eles seriam humilhados na frente de todo mundo!


No entanto, antes que ela pudesse dizer outra coisa, ela ouviu um ‘Chiko!’ bem alto vindo de trás, quando Leda apareceu de trás dela.


— Chikorita, é você! — ela chamou, e ela parou na sua frente, olhando para ela de forma muito simples e normal para um Pokémon geralmente besta.


— É… eu achei eles perambulando por aqui. Espero que a ajuda seja útil. — Hiro disse, quando ele chegou junto com Flaviel e Korina, assim reduzindo a necessidade do Ponto-de-Vista da Amanda™ e permitindo uma história normal.


— Claro que não me importo! — ela respondeu, ignorando-o. — Agora cai fora, eu tenho que pensar num apelido pra ela antes de usá-la!


Hiro franziu as sobrancelhas, mas acabou só suspirando. — Que tal ‘Leda’?


Amanda fez um ‘pshaw’, mas Leda saltou de alegria ao ouvir a ‘sugestão’. {É! Me chame disso, humana! Eu quero ser chamada pelo meu próprio nome!} ela disse, feliz. A menina resmungou, não podendo entender o que seu Pokémon dizia, além do fato de estar concordando com ele.


— Tá bom, que seja. Só vai lá e me ajude a ganhar, Leda! — ela ordenou, e a Chikorita correu até o centro da arena, sua grande folha brilhando de suor. Ao se aproximar, a moça oponente olhou para ela, perturbada.


— Como?! Você tem uma Chikorita?! Mas como… como pode ser? Chikoritas nem são Pokémon normais! Como é que uma joana banana tapada sem senso de beleza feito você tem uma?


Amanda estalou os dedos. — O Professor Elm me deu; isso é que prova que eu vou ser a sucessora dele, sua piranha! — ela explicou, antes de apontar direto no Poring. — Use o Chicote de Cipó, Leda!


— Só pode estar de brincadeira! Chikoritas não podem aprender Chicote de Cipó! — a mestra dele proclamou, mais perturbada ainda. — Não faz parte da lista de golpes que elas podem aprender com pontos de QUÊÊÊÊÊÊÊ?!


A última palavra foi gritada, a moça boquiaberta, quando dois cipós voaram do pescoço de Leda e acertaram o Poring direto na barriga, mandando o Pokémon patinar até chegar no V.


{AIIIIAIAIAIAIAIAIAIAI!!!} o Poliwag gritou de dor, rolando feito um ovo no chão. Por fim, ele caiu de barriga, gritando bem alto. {Ufa!}


{É isso aí! Quê que achou dessa, hein?!} Leda ria enquanto a moça só olhava para ela e para Amanda, as mãos agarrando o cabelo.


— Ora, sua… não sei como você fez isso, mas tenho certeza de que isso é ilegal! Você vai pagar por isso! — ela gritou, antes de apontar para Leda. — Poring! Use a Hipnose para fazer essa cabeça de grama idiota pagar pelo que fez a você!


{Wakkawakkawakkawakka!} o Poliwag saltou, se forçando a ficar de pé e não caído, e começou a girar a estampa na barriga, de alguma forma. {Cai no sono agora!}


Em vez de deixar a hipnose tomar conta dela, porém, Leda conseguiu fechar seus olhos a tempo, ignorando o apelo que a coisa preta tinteira tinha. {Rá! Eu não caio em truques assim tão fácil! Agora pra acabar com você!} ela provocou, surpreendendo Poring.


Ao mesmo tempo, Amanda estava olhando direto na estampa peitoral giratória, seus olhos ficando zonzos lentamente. — Heh heh heh… eu sou uma boa garota, Professor Elm… — ela riu consigo mesma, uma linha de baba escorrendo da boca. Hiro olhou para ela, confuso.


— Hã, Amanda… você tá legal? — ele perguntou, e ela se dobrou pra trás para olhar pra ele, como se estivesse dançando.


— Tô beeeeeeeeeem… ei, garoto, pode me levar pra Sem Hamsters? — ela pediu, antes de voltar à sua posição normal.


— …não. — ele admitiu, num meio-olhar. A outra moça estava embasbacada.


— Ai, que ótimo… o ataque saiu pela culatra! Não acredito que você errou tão feio! Pare já a Hipnose, Poring! — ela disse pro Pokémon, cuja estranha marca finalmente parou de girar, o som esquisito que o Pokémon fazia acabando.


{Aiii… eu queria deixar todo mundo com pesadelos, feito o Papai Gengar! Já que é assim, eu não vou mais fazer coisa alguma!} o Poliwag grunhiu, antes de levar uma chicoteada de Leda, que abrira os olhos novamente.


{Bom, se é assim… deixe que eu acabe com você, giribol!} ela provocou, antes de espancá-lo algumas vezes. A moça olhou para a cena, preocupada.


— Poring! Pare-a! — ela ordenou, mas era inútil; o Poliwag deixou-a bater nele, antes de ser jogado ao ar e cair de cara no chão novamente, desmaiando dessa vez.


— Não! De novo, não! — ela gritou, antes de correr até seu Pokémon nocauteado. Enquanto os cipós de Leda recuavam, ela se virou para Korina, sorridente.


{E aí? O que achou, seu relógio ambulante?} ela perguntou, e Korina só virou o corpo prum lado e pro outro.


{Muito ruim. Você podia ter feito melhor. Você deixou sua treinadora ser dominada. Idéia ruim. Idéia muito ruim. A comida é ruim. Comida ruim. Você tem gosto horrível agora.} Enquanto dizia isso, ela se virou para a esquerda e direita e esquerda e direita e esquerda e direita e esquerda e direita novamente.


{Ah, já chega! Chega de briga, ouviram?} Flaviel reclamou, enquanto Leda estava prestes a retrucar, tentando impedir as duas de se baterem. No entanto, embora as crianças estivessem a dizer ‘oooh’ e ‘aaah’ quanto à vitória de Amanda e seus Pokémon, um som de aplausos veio por trás.


— Hã? — Hiro disse, virando-se enquanto o transe de Amanda acabava e ela voltava ao normal, para ver quem era aquela pessoa.



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Autor(a): Soujiro Mafuné

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