Fanfic: Pokémon Johto – A Versão de Graça!!! | Tema: Pokémon
Pokémon Johto – A Versão de Graça!!!
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Chapteur Le Quinto
—Uma Grande Surpresa! Temor na Cidade Violeta!—
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A fonte dos aplausos, vistas quando todos se viraram, era um rapaz um tanto alto, ao menos uma cabeça a mais que Hiro. Seu cabelo azul era meio curto, fora uma franja triangular que cobria o seu olho esquerdo, e ele trajava um quimono muito antiquado de cor branca e azul, lembrando muito uma túnica.
Ele também estava a aplaudir, como dito antes.
— Muito bela batalha, garota. Vejo que você está ficando melhor desde que se uniu a esta escola.
A menina ficou pálida ao ouvir isso, olhando para o grupo um tanto nervosa.
— S-senhor! Eu só estava…
— Não se preocupe. Eu assisti à sua luta. — Ele sorria, apesar de tudo. — Você conseguiu controlar estes Pokémon muito bem, para uma novata.
— Ah, qual é! — Amanda quase gritou ao ouvir aquilo. — Como assim, muito bem? Essa metida perdeu feio, isso sim!
— N-não me chama disso!
O moço de cabelo azul olhou para a cena, meio surpreso. — Não é o ‘ganhar’ ou o ‘perder’ que importa. Uma batalha serve como forma de mostrar a habilidade dos treinadores e de seus Pokémon. Não há razão para vocês ficarem discutindo assim, garotas.
As duas ficaram vermelhas ao ouvir aquilo, Amanda pegando no chapéu e ajustando-o na cabeça. — B-bom, falando assim… — ela disse, enquanto a garota de cabelos castanhos olhava Hiro de soslaio.
{Ai, que ótimo, a minha humana de estimação não aprecia os meus poderes de salvar-a-pele-dela! Eu não gosto nada disso… ei, Chapelete! É melhor você mudá-la pra mim, ou eu te faço num purê de Caterpie!} Leda disse, olhando feio para Hiro.
— Como é que vocês conseguem confiar tanto em mim e ainda assim não confiar nada em mim? — ele se perguntou, quieto. Foi nesse momento que o rapaz de cabelo azul olhou para ele, meio surpreso.
— Você… — Ao ouvir isso, todos se viraram para ele. — Você é novo aqui. Porque veio para essa escola de treinadores?
Os humanos foram ao chão, dolorosamente.
— Essa não teve graça… — Hiro reclamou, ainda no chão. — E não foi nem por querer…
— Minha escolha, essa foi! — Earl declarou, aproximando-se do grupo. — Esses dois, novatos são! Futuros vencedores, posso sentir! Mas ruins em aprender, eles são!
— Ei, a culpa não é nossa! — Amanda protestou, enquanto se levantava. — A gente falou que já terminou as nossas aulas, e foi você que não quis saber!
— Novatos infelizes, eles são. Aprender, não querem. Infeliz, estou eu! — Como que por encanto, o homem gordo começou a chorar, escondendo o rosto no braço. Ele estava perto do outro homem, que apenas bateu de leve no seu ombro, de forma amigável.
— Entendo, entendo… essa juventude é mesmo inocente demais, não é? — ele disse, olhando para a garota de cabelos castanhos. — Vejam só a jovem Mint. Ela age como se não fosse boa treinadora, muito embora tenha as qualidades necessárias para tal papel.
— Pôxa, eu já falei… foi só um acidente! — ela disse, toda envergonhada. Hiro acabou ficando surpreso com a atitude; afinal, alguém que se vestia daquele jeito não parecia ser muito de se envergonhar…
— Bem, a decisão é sua, Mint. Mas você realmente devia aproveitar a chance que lhe foi dada para mudar sua vida. — A tal ‘Mint’ só fez um muxoxo, enquanto olhava de soslaio. — Mas então, de onde você vem?
— A gente veio de Cascanova, senhor. A Amanda tá viajando pela região, e ela precisava de um guia. — Hiro explicou, coçando as costas do pescoço. Amanda assentiu com uma mão, sorridente.
— Nossa, eu sinto pena de você. — Mint comentou, olhando para ele. — Viajar com essa aí deve ser horrível.
— Tá falando o quê, hein, sua piranha? — Amanda a cortou, e as duas olharam uma para a outra, com toda a raiva que possuíam. — Eu é que sinto pena dos seus colegas de sala, tendo que lidar com alguém como você…
— É bem o que diria uma feia despeitada que não respeita ninguém. — Como se fosse pra provar o nível da conversa, Mint acabou dando um passo à frente, sorrindo como só quando viu a de cabelo pinçado olhar pro seu peito de raiva.
Hiro suou frio mesmo agora. — Pelo visto a conversa não consegue subir de nível, com essas duas…
O rapaz de cabelo azul fechou os olhos, suspirando fundo. — Ah, é a vida. Às vezes a imaturidade juvenil tem que deixar marcas… — ele disse, antes de olhar para o menino. — Mas então, você também tem um Pokémon, como a sua amiga?
— Ah, tenho, sim… ele tá aqui, olha. — ele respondeu, indicando Flaviel no chão. O Cyndaquil estava rosnando enquanto ouvia Leda e Korina discutindo por mais alguma razão, bem como sua treinadora e a oponente, algo que chamou a atenção do moço.
— Essa Hoothoot… — ele disse, aproximando-se dela, — eu acho que já a vi antes.
— Bom… — Nesse momento, ele empalideceu. — O senhor tem certeza? Hoothoots são bem comuns aqui nessa região…
— Mesmo assim, não existem muitas com esta penugem em particular, especialmente do sexo feminino. É uma formação mais comum ao sexo masculino, pelo que eu sei… — O rapaz segurava a Hoothoot cuidadosamente, pressionando certos pontos em que as penas estavam mais avessas. — Na verdade, eu acho que só vi uma dessas por aqui antes… é muito estranho que alguém de Cascanova tenha uma como essa.
— O senhor entende mesmo de aves, pelo jeito…
Ao ouvir aquilo, ele piscou. — Você acha?
O menino ficou de cara amarrada depois dessa.
— Mas como eu dizia, Hoothoots fêmeas assim são muito raras. As penas delas costumam ficar mais macias, aumentando a imagem esférica. É curioso ver que você tem uma assim.
— B-bom…
Antes que o menino pudesse ficar mais embaraçado, Korina bateu rápido as asas, soltando-se das mãos do moço e seguindo para Hiro. {Piu!} ela piou. {Não provoque o Hiro bonitinho! Não faz muito sentido!} ela declarou, virando pra esquerda e pra direita.
Earl aproveitou a pausa para parar de chorar. — Como for seja! Sem talento para aprender, ela ter, mas sua habilidade demonstrou! Seu amigo sendo, imagino que mesma habilidade tem! Não?
Todos estavam em silêncio por alguns segundos.
— De toda forma… — o rapaz decidiu falar, tomando o rumo da conversa de volta, — Earl, eu gostaria de pedir que você me deixasse tomar conta desses dois.
O mestre da academia protestou. — Mas recém-encaminhados, estão! Cedo demais, agora é!
— Eu entendo a sua preocupação, mas creio que seja algo muito importante, Earl. Eu preciso confirmar esta situação.
Apesar de hesitar por mais alguns segundos, Earl acabou por assentir. — Como quiser, faça. Sua escolha respeito, obeso amigo! Apenas lembrar de não esquecer, você deve!
Todos ficaram quietos novamente. Por fim, o moço de cabelo azul suspirou.
— Como queira, Earl… — ele disse, antes de indicar com a mão para que o seguissem. — Vamos indo, vocês dois. Não temos muito tempo a perder.
— Ei, espera aí! — Hiro disse, surpreso, depois que ele e Amanda trocaram um olhar. — Como assim, ‘vamos indo’? Quem é você? A gente nem sabe o seu nome, e o senhor nem se apresentou… como é que a gente vai seguir você assim, sem mais nem menos?
O homem virou a cabeça para a esquerda, escondendo o rosto. Era incrível o quão ‘legal’ aquele ato parecia, no final das contas. — Me desculpem… eu suponho que deveria ter me introduzido mais cedo, mas já que as pessoas costumam me reconhecer, eu não devo ter percebido a sua falta de reação. — ele se desculpou, antes de virar a cabeça para a frente novamente, tomando uma pose familiar; uma mão na cintura, a outra extendida na direção deles, como se estivesse a apontar para ambos. — Como o vento sopra e as nuvens voam, as asas dos meus sonhos me levam ao caminho de minha glória. O Mestre Elegante dos Pokémon Voadores é meu título, e assim sendo, meu nome é
— FALKNER!!! — Amanda interrompeu, correndo para abraçá-lo, seus olhos brilhantes como estrelas. No entanto, ao invés de se incomodar com a perda do discurso, ele apenas fechou a cara antes de girar, desviando-se completamente da garota, que perdeu seu equilíbrio ao se ver sem ele.— Uááááá! — ela gritou, antes de cair no chão. — Aiaiai…
— Mas que boba. — Mint apenas disse, enquanto Hiro estava tomado de surpresa.
— …como eu estava dizendo antes de sua amiga me interromper, meu nome é Falkner, e eu sou o Líder de Ginásio dessa cidade. — Falkner continuou, antes de sacudir a cabeça. — Mas que falta de respeito… talvez seja por isso que eu não devesse ter dito nada.
— C-como queira… — o menino disse, hesitante. Falkner seguiu adiante, o passo firme, enquanto ele ajudava Amanda a ficar de pé. Mint só suspirou consigo mesma.
— Bom, pelo vistovocês vão embora… já vão tarde. — ela disse, chamando a atenção de Amanda. — Seria melhor vocês darem o fora dessa cidade, sabem?
— O que é que você tá falando, hein, sua piranha? — a de cabelo azul perguntou, irritada. — A gente vai embora quando a gente quiser, e não antes!
— Acontece, despeitada, que vocês não sabem no que tão se metendo. — Ela sorriu amargamente nesse momento. — Uns caipiras feito vocês deviam ter ficado em casa, isso sim.
— Ora, sua
— Amanda, pára! — Hiro impediu que a amiga avançasse contra ela, e o sorriso de Mint aumentou mais.
— Isso, faz como ele tá falando. É melhor você não achar que a sua ‘sorte’ vai durar tanto tempo assim.
— Espera só até a gente ter uma revanche e eu te mostro a minha ‘sorte’, sua vaca!
— Pode esperar sentada.
A briga não continuou muito depois disso, já que Hiro fez o possível e impossível para arrastá-la para longe, enquanto Mint olhava para o grupo com desdém. Amanda acabou só xingando a menina numa voz muito quieta, para que Falkner não ouvisse, enquanto os Pokémon dos dois os seguiam, quietos.
— Então… o que você acha que vai acontecer agora? — ela perguntou, quando estava já mais calma. Hiro deu de ombros.
— Sei lá… mas esse cara, sabe… eu tô com uma sensação esquisita quanto a ele.
Amanda se virou para ele. — ‘Sensação esquisita’? Por que será?
—Bom, eu tô assim já faz um tempo… ontem de manhã, e quando a gente partiu de Cascanova… e até essa manhã mesmo. É tipo ter uma coisa por aqui… uma coisa que me deixa mal. Tipo, o Falkner, ele… — Hiro sacudiu a cabeça. Dava para ver que Amanda estava interessada, mas… — Ele parece estranho. Como se… eu soubesse que ele tem um poder forte… mas eu não consigo entender porque eu sei, ou porque esse poder me assusta tanto. — Ele respirou bem fundo antes de continuar. — Tá tudo muito estranho… e eu não gosto nada disso. A gente só tá numa viagem, né? Pra que complicar?
Quando eles passaram pela saída, Amanda sorriu para ele. — Ei… não esquenta muito a cabeça, né? — Ele olhou para ela, confuso. — E daí se você tá se sentindo esquisito? Pelo menos você tá cuidando bem desse seu Cyndaquil! E pensar que, quando a gente tava na quarta série, você achou que um Aipom ia comer a sua cabeça!
— E eu achando que você já tinha esquecido dessa… — Hiro sorriu amarelo. Flaviel só… olhou… pra ele, como se estivesse com a sobrancelha erguida.
{Ah, você achou isso, é? Bom, é melhor me contar essa história, idiota! Eu não gosto dessa de você guardar segredo!} ele resmungou, e tanto Leda e Korina riram dele, de forma própria.
— Não, nunca esqueci! Eu ainda tenho um monte de histórias pra contar, já que você ainda me deve aquela de uns cinco anos atrás, quando
Amanda foi interrompida ao bater contra o corpo de Falkner, que havia parado logo à sua frente. — Ai! Mas o quê
— Vocês precisam prestar mais atenção nos seus arredores. — ele disse, o rosto bem sério. — É preciso ter muito cuidado; o menor dos deslizes pode ser muito perigoso.
— O senhor não está exagerando um pouco? — Hiro perguntou, olhando para ele com um pouco de preocupação. — Ela só estava um pouco distraída…
— Esse é um raciocínio um pouco errôneo, menino. Vocês têm que ter o máximo de concentração possível, sempre sendo capazes de perceber o que está ao seu redor. E não falo apenas da visão. — Falkner seguiu adiante, com total confiança em seu caminho. — É preciso ser capaz de entender as pessoas ao seu redor, aprender como e porque agem, e assim reduzir os problemas pelos quais posso passar.
Hiro olhou para ele, incerto. — Eu… acho que entendi.
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Foi preciso caminhar bastante da ‘Escola de Aprender sobre Pokémon do Earl’ para chegarem lá, mas eventualmente o trio e seus Pokémon alcançaram o Ginásio da Cidade Violeta. Ele era um arranha-céu muito alto e azul, com o Símbolo do Ginásio posto sobre as portas duplas de entrada, pintado de vermelho. Várias coisas que remetiam a pássaros eram visíveis de dentro e de fora, como na Torre Brotinho, mas sem estar tão mexericada.
— Bem, cá estamos, no meu próprio Ginásio… embora vocês já devam saber disso. Podem entrar. — Falkner disse, antes de abrir as portas para dar-lhes passagem. Hiro e Amanda se curvaram em respeito, antes de seguir adiante, curiosos como estavam de ver o interior de um Ginásio Pokémon.
— Ah, carne fresca!
Nenhum deles esperava uma fala dessas vinda tão de repente, mal tendo entrado no Ginásio. Um homem pálido, de óculos e vestindo um traje vermelho berrante estava sorrindo para eles, seu cabelo bem penteado mas deixando mostrar uma careca parcial.
— Q-quê?! — Hiro soltou, os dois tendo dado para trás ao ouvi-lo. Falkner sacudiu a cabeça negativamente.
— Não se incomodem com ele. Ele nem é um treinador de verade. — ele explicou, cara amarrada. — Ele só tende a falar asneiras de quando em quando.
— Eu também sou ótimo em dar conselhos. Podem acreditar! — o estranho disse, sorrindo pra valer. — Vocês podem me chamar de Tomé. Mesmo sem ter habilidade alguma com Pokémon, eu ainda assim gosto de assistir às Batalhas de Ginásio. Na verdade, vocês podem até me chamar de uma autoridade no assunto!
— Como eu disse, asneiras. — Falkner desdenhou dele, antes de seguir adiante. Amanda o seguiu imediatamente, mas Hiro foi detido pelo homem meio careca.
— Garoto. Você sabe por que está aqui? — Apesar de sentir aquela sensação estranha, e em parte até premonitória, Hiro não chegou a assentir. — Bom, então não vou ser eu que vou estragar a surpresa… mas acho que você precisa ouvir um conselho, ao menos. — O menino assentiu de leve. — Falkner treina Pokémon do tipo Voador, ou seja, aqueles que têm uma verdadeira fraqueza contra ataques Elétricos. Não só isso, sua especialidade é a dissimulação… como tem feito até agora.
Hiro piscou, ficando mais nervoso agora. — Dissimulação?
— É. A atitude do Falkner não costuma ser assim… eu tô te avisando, garoto. Tome cuidado… tem coisa aqui que não cheira bem. Pode ser que você acabe se metendo em algo muito mais perigoso…
Depois de pensar nisso, o menino falou. — …você tá me ajudando porque? Eu tô sentindo uma sensação bem ruim já faz um tempo, e você só me deixou com mais suspeitas. O que aconteceu?
— Você não é o único com maus pressentimentos. — Tomé aproximou-se da parede, suspirando. — Da última vez que algo assim aconteceu, já batem uns três anos… e você se lembra do que aconteceu naquele ano, né?
Hiro ficou aturdido. — Três anos atrás?! Mas isso foi quando
{Ô seu besta! Dá pra andar logo?!} Flaviel grunhiu de repente, do outro lado da sala. {É pra gente ir junto com o fedido e a sua fêmea alfa! Eles tão indo embora!}
— Ah! Espera aí! — ele gritou, enquanto seguiam mais adentro. Tomé só suspirou consigo mesmo, olhando para o telão que estava posicionado naquele pequeno aposento.
— Garoto… espero que você se dê bem. Mas esse mal pressentimento…
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O corredor pelo qual passaram levava a um elevador, em que todos entraram de uma vez. A subida foi bem entediante; os Pokémon estavam ocupados olhando através da janela que mostrava a cidade em toda sua glória, enquanto Amanda continava a tentar falar com Falkner, cuja paciência parecia ser infinita; não havia pergunta que ela fizesse que ele não respondesse, embora ele não parecesse gostar muito das perguntas que fossem mais sobre ele que sobre seu Ginásio, que eram maioria. Hiro só tentou ignorá-los, sem sucesso.
Por fim, o elevador chegou ao terraço. Era uma área aberta, uma arena quadrada sem paredes nem teto, com uma estátua de Pidgeot em cada canto. O grupo olhou para ela boquiabertos, e Amanda estava mais que feliz.
— Uau! Isso é tão… tão… tão lindo! É tão incrível, senhor Falkner! — ela declarou, o Líder de Ginásio sorrindo em resposta, seguindo adiante. A menina começou a perambular pela arena, mas Hiro apenas saiu do elevador, uma das mãos fechadas.
{Piu?} Korina piou, assistindo à cena. {Qual é o seu problema, Hiro bonitinho?} ela perguntou, virando-se pra direita e pra esquerda. Ignorando-a, Hiro cerrou uma das mãos num punho bem devagar, enquanto Leda e Flaviel viraram-se para encará-lo, antes de voltar-se para Falkner.
— Falkner… — o menino de boné reverso começou a falar, quando conseguiu achar as palavras. — Você não convidou a gente aqui só pra mostrar a cidade, não foi? Tem uma outra razão… uma que deve ser muito importante.
Amanda virou-se para eles, vendo que Falkner havia parado, no outro lado da arena. — O que é que você quer… por que é que você nos trouxe aqui, Falkner? — Hiro exigiu, e o rapaz de cabelo azul virou-se para eles, completamente sério.
— Eu penso que é bem óbvio… estou aqui para impedir que você siga adiante. Você, garoto… como Líder de Ginásio da Cidade Violeta, eu te desafio para uma Batalha Pokémon!
Amanda ficou completamente chocada. — C-como é?! Você está desafiando
— Sim. — ele apenas disse, observando a reação de ambos. — Não apenas isso, mas coloco também em jogo minha Insígnia do Zéfiro. Não penso que seja tão difícil assim entender, não é mesmo?
— Mas por quê?! — Hiro perguntou, irritado com essa bagunça. — Isso não tem graça… a gente tem coisa melhor pra fazer do que se meter numa dessas! Se você quer tanto brigar, pelo menos explica por quê
{Cala a boca!} Flaviel rosnou, cortando a conversa enquanto avançava para a arena, suas chamas se acendendo enquanto ele tomava uma posição de desafio. {Eu tô cheio de todo esse falatório! Se esse cara quer uma batalha, então ele vai ter uma batalha, e ponto final!} Com isso, ele virou-se para Falkner. {Agora manda logo esse seu primeiro Pokémon!}
— Flaviel! — Hiro tentou discutir, mas o sorriso de Falkner ficou mais feroz.
— Então já está mandando um Pokémon? Permita-me dividir essa emoção. Para fora, Pidgey! — ele respondeu, arremessando uma Pokébola em sua direção. De dentro dela emergiu outro Pokémon pássaro… mas um diferente; ele parecia muito mais ‘bondoso’ que o Spearow que Mint usara, e também era maior, com penas brancas cobrindo seu corpo e um bico menor. Marcas negras alinhavam-se atrás dos seus olhos, e as penas menos afiadas pareciam mais bonitas, também.
— ‘Pidgey’? — Hiro repetiu, incerto se deveria rir de Falkner ou agradecer a ele por usar um Pokémon tão fraco. Flaviel rosnou, pronto para atacar, enquanto Hiro pegou da POKéAGENDA novamente. Após escanear o Pokémon oponente, ela apitou como de costume.
— Pidgey, o Pokémon Pássaro Burro. Mede uma Sola de Bota, com peso de Asas de Frango. Seu gênero é Comedor de Grama. Um Pokémon burro que também é um passar, essa espécie é particularmente fácil de enganar, e assim, se perder para eles, Você É Tosco. Eles também podem voar, então lembre-se disso enquanto chutar seu traseiro. Oh, e como comem insetos, você pode dar a eles um de seus Pokémon como oferenda, também. — a POKéAGENDA lhes informou, fazendo com que Hiro piscasse e Falkner olhasse feio mesmo para ele.
— Mas o que tem de errado nessa coisa?! — o menino de boné reverso se perguntou, distraído, e o Líder de Ginásio fechou a cara.
— Pidgey, use a Investida nesse Cyndaquil! — ele ordenou, e seu Pokémon decolou de imediato, antes de avançar contra Flaviel. A toupeirinha rolou pro lado, evitando o primeiro golpe, e… olhou de soslaio… para Hiro.
{Ô sua anta, é melhor pensar num spray-anti-Pidgey ou coisa assim, porque essa coisa tá precisando!} ele insultou o menino, antes de tentar uma investida de ombro contra as costas indefesas do seu oponente. O Pidgey conseguiu se esquivar, mas por muito pouco; se Flaviel não tivesse parado para falar com Hiro, ele talvez tivesse sido atingido.
Sem escolha além de focar-se na batalha, Hiro ativou o modo de batalha da POKéAGENDA, dando uma olhada nos atributos dos Pokémon. — Tá, então… Flaviel, use o Grunhido! — ele disse a seu Pokémon, que assentiu de leve, antes de esguinchar o tão alto (e bonitinho) que podia.
— QUIIIIIIIL!!! — ele soou, o Pidgey parando por um momento, as asas batendo mais devagar com a perturbação.
— Pidgey, use o Ataque de Lama! — Falkner ordenou, o rosto fechado, e seu Pokémon bateu as asas bem rápido. Lama espalhada no chão voou pelo ar em direção à toupeirinha, que acabou levando um pouco no rosto.
{Gyah! Essa joça tá grudando na minha cara!} Flaviel reclamou, tentando arrancar a lama fora do seu rosto. Leda ficou irritadiça ao ver aquilo.
{Ei! Qual que é a dele, jogando coisa no Flaviel?! Esse trabalho é meu!} a Chikorita rosnou, mais ainda após ouvir Korina rir dela. Amanda mordiscou um dos lábios.
— Cara… o que que tem esse bicho? Ele ainda nem falou nada… — Hiro se perguntou, quieto, antes de olhar para Flaviel. — Use a Cortina de Fumaça agora!
{É melhor que funcione, idiota!} foi a resposta da toupeirinha, antes de soltar um fluxo do gás fumacento fétido de sua boca, cobrindo uma boa parte da arena. Enquanto ele tentava se livrar daquela gosma imbecil, porém, Falkner já tinha outra estratégia.
— Espante isso com vento! Ataque Ventania agora! — ele ordenou, e novamente o Pidgey bateu as asas rápido, dessa vez espalhando a fumaça mais rápido do que Flaviel havia preparado. Para piorar, o Cyndaquil foi jogado para trás, rolando um pouco antes de parar.
{Ai! Essa doeu!} ele reclamou, mas conseguira se livrar daquela gosma a tempo. {E qual é a sua?! Tá tentando me jogar pra fora desse prédio, seu idiota?!}
{Não chame o meu mestre de idiota!} o Pidgey retrucou, finalmente falando pela primeira vez. {Não gosto do seu tom, amante da terra!}
{Olha o que fala, cérebro de passarinho!} disse Flaviel, suas chamas ardendo com muito mais ferocidade.
— Não deixa ele te irritar, Flaviel! — Hiro tentou acalmar seu Pokémon, antes de um golpe cortante com o braço livre. — Pule nele! — Ao ouvir essas palavras, o Cyndaquil começou a correr nas quatro patas, antes de saltar direto no oponente.
— Heh… você está fazendo isso fácil demais para mim, indo ao ar! Pidgey, Investida nesse Cyndaquil! — ele ordenou, o Pidgye imediatamente voando para o Pokémon toupeira, pronto para bater no seu corpo a alta velocidade.
Mas Hiro estava pronto, enquanto via o oponente chegar mais perto. — Agora gire! — ele disse a Flaviel, que o fez de imediato, surpreendendo a todos. Antes que pudesse se esquivar, o Pidgey sofreu o impacto do corpo de Flaviel, caindo ao chão.
Hiro não havia terminado, porém. Enquanto Flaviel ainda estava encolhido, ele tomou um passo à frente e seguiu com seu plano. — Ele tá logo embaixo de você! Se desdobre assim que chegar no chão! — Quando o Cyndaquil sentiu as suas chamas tocar no chão, ele se esticou, batendo as duas patas traseiras contra o Pidgey. Enquanto ele era jogado para trás, deslizando contra o chão, o Cyndaquil estava já a persegui-lo uma vez mais, tendo detido seu movimento anteriormente.
{Eu te pego agora, seu pássaro burro! TEMA A MINHA FÚRIA!!!} ele gritou, pronto para seu próximo ataque. Vendo a desobediência iminente, Hiro decidiu acobertar a situação.
— Role nele com as chamas acesas! — Naquele momento, Flaviel rolou velozmente, fazendo questão de queimar o corpo do Pidgey completamente. Quando a fumaça se dissipou, ficou claro que ele estava desmaiado.
— Como?! — Falkner gritou, chocado. Ele não esperara nada como o nível de dano que seu Pokémon sofrera. — Isso foi…
— Tá satisfeito? — Hiro perguntou, vendo o Líder de Ginásio apertar a mão contra a Pokébola. — Eu ganhei, né? Posso ir embora, então?
— Não. — o moço de cabelo azul disse, simplesmente. Os meninos olharam para ele, surpresos. — Você só derrotou um Pokémon meu, e tenho mais prontos para enfrentar você.
— Droga… — Hiro resmungou, enquanto via o Pidgey sendo reclamado pela Pokébola. — Bom, eu vou ter que ficar com o Flaviel, então… manda o próximo!
— Como quiser. Vai, Pidgeotto! — o homem mais velho disse, lançando uma nova Pokébola, com outro Pokémon saindo dentro dela. Embora parecesse com o anterior, ele também era bem diferente, tendo uma longa crista de penas vermelhas sobre sua cabeça e uma cauda colorida, além de ser maior e mais alto.
— Pidgeotto, o Pokémon Pássaro Burro Igual. Mede Sua Mãe de altura, com peso de Faça Uma Dieta. Seu gênero é Comedor de Grama. Um Pokémon ainda mais burro que também é um pássaro, Pidgeottos costumam ser encontrados comendo grama nos lugares mais bestas. Ele evoluiu depois de bater a cabeça tão duro contra o chão que está coberto em lama e sangue ainda. Além disso, ele fede, então desce logo dessa pilha e comece a cozinhar aquela coisa feia. — a POKéAGENDA declarou, prestativa. O olhar de Falkner ficou mais frio, seguido dum estalar de dedos.
— Pidgeotto! Ventania, agora! — ele ordenou, o Pokémon pássaro batendo as asas muito rápido após decolar. O sopro de vento foi mais forte que o do Pidgey, e as chamas de Flaviel se apagaram, enquanto ele tentava se segurar no chão.
{Ai… não outro pássaro burro! Eu odeio essas coisas… e pra piorar, ele é mais forte!} ele reclamou, usando suas garras pequenininhas para agarrar-se ao chão o melhor que podia, o que já não era muito. Hiro e Amanda tiveram de segurar seus chapéus o melhor que podiam, enquanto Leda teve de usar seus cipós para se prender e Korina trancou os pés no chão, grunhindo com a dor que causou a si mesma.
— Como ele é forte… desse jeito vai ganhar… — Hiro resmungou, antes de ter uma idéia. — Flaviel, corra o mais próximo que puder daquele Pidgeotto, e acenda as suas chamas!
{É melhor que funcione, besta!} foi a resposta, antes do Cyndaquil correr na direção do oponente, usando as garras para prender-se ao chão. No entanto, as chamas nas suas costas não se acenderam, e ele estava tendo dificuldade para se lutar contra o vento.
— Você está louco? — Falkner perguntou, antes de fazer um movimento cortante. — Deve ser normal, já que é tão novo… Pidgeotto, mergulho e Ataque Rápido agora! — O Pokémon do tipo Voador fez um loop simples antes de ficar perpendicular ao solo, indo direto para onde Flaviel estava.
Hiro, no entanto, já pensara num plano. — Calma… — ele disse, tanto para Flaviel e para si mesmo, enquanto observava a aproximação do Pokémon. — Calma…
Mais abaixo, Flaviel estava… olhando feio… para o Pidgeotto, já de pé e pronto para atacar, se ao menos ele soubesse como…
— Um giro pra trás, mas pouse nas patas dianteiras! — Hiro gritou de repente, e Flaviel teve menos de um segundo para saltar para trás e pousar nas patas dianteiras, mal mantendo seu equilíbrio. No mesmo momento, Pidgeotto bateu de bico no chão, e embora não estivesse gritando de dor como Hiro preferiria, ele ainda estava brigando para se soltar e voltar ao ar, algo impensável. — Agora acenda e pule nele antes que ele fuja!
{Dito e feito!} o Cyndaquil respondeu, tendo se jogado contra a cabeça do Pokémon pássaro e agarrado-a, um segundo antes do Pokémon se recuperar. {Agora você vai ver!}
— Saia do ar e use o Ataque Rápido para se livrar dele! — Falkner ordenou, e logo os dois estavam no ar, o Pidgeotto voando a alta velocidade e Flaviel mal conseguindo se segurar nele.
Mas estava claro que o Cyndaquil não estava fraquejando, quando gritos do tipo {Minha mãe bate mais forte que você, e ela é um ovo besta!} e {Eu aposto que consigo voar mais rápido que você, e nem tenho asas!} preencheram o ar. Não só isso, sopros de fumaça e projéteis lançados causaram uma bagunça no céu, e até quando se aproximavam do prédio, sempre o evitavam por pouco, Flaviel aproveitando a deixa para xingar o Pidgeotto de coisa pior.
Num momento em que ambos estavam voando meio perto da parede, Hiro teve outra idéia. — Flaviel, use um Grunhido bem alto, e mais uma dose de Cortina de Fumaça! — ele disse ao Pokémon, pouco antes de ter de se esquivar; o bico do Pokémon do tipo Voador quase o acertou, e o menino teve de assistir enquanto os dois seguiam mais acima, longe demais do alcance visual.
{PELA ÚLTIMA VEZ, É MELHOR QUE FUNCIONE, IDIOTA!} veio a resposta gritada.
Enquanto isso, em pleno ar, o Pidgeotto estava respirando fundo; todas as suas tentativas de tirar o Flaviel de suas costas não serviram para nada, mas ele já estava pronto para um novo golpe. Ao mergulhar dessa altura, a força-g causada deveria nocautear o Pokémon, permitindo-lhe liberdade e uma vitória fácil.
Antes que pudesse começar, porém, Flaviel já estava respirando fundo, antes de se aproximar dos seus ouvidos.
— Cynda… — ele começou, num sopro só. — QUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIL!!!!!!!!
Aparentemente, na sua raiva, Flaviel decidira usar toda a energia que podia nesse grito, tornando-o um ruído tão alto que foi ouvido até mesmo no chão bem, bem lá embaixo, embora não tão alto quanto esperado. Hiro, Amanda, seus Pokémon, e Falkner tiveram todos de tampar os ouvidos, estando bem mais perto dos Pokémon que o resto das pessoas lá embaixo. O barulho era tudo menos bonitinho, dada a sua altura extremamente alta, e até mesmo da sua área era difícil entender bem dele.
O Pidgeotto, estando no ponto zero e já prestes a começar o ataque, sofreu a pior de todos. Sua concentração arrebentou por completo, a energia branca que começara a cobrir seu corpo se dissipando de imediato. Para piorar, o barulho teve como efeito adicional impedi-lo de recuar, e agora ele tinha uma dor de cabeça daquelas, ao ponto de fechar os olhos por um segundo.
O que era tempo o bastante para Flaviel.
Virando-se para o chão, ele abriu a boca novamente, soprando os gases sobre eles e fazendo com que ficassem dentro da nuvem, segurando a respiração o máximo que pôde. Um som de tosse vindo da esquerda deixou claro que o plano estava funcionando, e logo ficou óbvio que o Pidgeotto estava perdendo mais controle ainda, incapaz de se controlar e forçado a seguir direto pra baixo.
Ao ficar sem ar, ele parou seu ataque, esperando que as nuvens de fumaça passassem por eles antes de prestar atenção no chão abaixo… que vinha rápido demais para o seu gosto.
Grasnando, o Pidgeotto mal começou a brecar, mas o dano foi decisivo; ele bateu no chão, observado pelos outros humanos, Flaviel caindo fora perto o bastante para cair na cabeça de Hiro, os dois indo ao chão.
{Ufa!}
— Gah! — O humano gemeu de dor, enquanto Amanda e Leda correram até eles. — Alguém viu a placa…?
— Não seja besta! — A menina de cabelos pinçados o ajudou a ficar de pé, mas dando-lhe um pito assim mesmo. — Sabia que essa foi a manobra mais besta que eu já vi?! Qual é a próxima, pular num vulcão e torcer pra aprender a voar?
— Não precisa gritar tão alto… — Hiro gemeu, deixando Flaviel no chão. — Deu certo, né?
— O seu Pokémon podia ter ficado muito ferido também! Você tem que ser mais responsável, Hiro! Não é assim que um treinador Pokémon deve agir!
O menino suspirou, depois da retrucada. — Tá… tá bom. — ele admitiu, antes de virar-se para Falkner. — Já tá satisfeito? Dois Pokémon derrotados… eu não quero mais continuar, pra ser sincero. A gente podia parar aqui e deixar como está, tá bom?
O rapaz não parecia ter uma expressão clara no rosto, enquanto olhava para o seu próprio Pokémon, caído e cheio de dor. Um pouco de culpa passou por Hiro, que mordeu o próprio lábio. Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, porém, o Líder de Ginásio olhou para ele com toda a sua raiva.
— Você… acha mesmo que tudo é tão fácil?! — ele perguntou, irado. — Não só aceitou meu desafio… como também derrotou dois dos meus Pokémon tão brutalmente… e agora vem com essa história de querer parar a luta?
— Mas — Hiro tentou dizer, mas o olhar frio e penetrante do Líder de Ginásio o calou.
— Chega. Agora chega.
Após chamar seu Pokémon derrotado de volta, ele pegou uma Pokébola diferente. Essa era azul, com duas marcas vermelhas nos lados, similares a um par de sobrancelhas. — Acaba com isso, Pidgeot!
Dessa vez, o Pokémon liberado era imenso; maior ainda do que o Pidgeotto, o bastante para olhar no peito deles, e com uma plumagem magnífica. As duas asas estavam abertas quando ele foi liberado, revelando uma envergadura tal que era magnífica. A crina vermelha do Pidgeotto também pertencia a ele, mas mais próxima a cabelo, possuindo penas longas e amarelas que se curvavam ao centro das costas. A cauda era longa e tinha ainda mais cores que a do Pidgeotto, mas mesmo assim a relação entre os Pokémon era óbvia. O ar real que ele tinha só se completava com o olhar frio que dividia com Falkner, um olhar de gelo grosso e completo, mirado direto na dupla.
Como de costume, a POKéAGENDA de Hiro ativou seu escaneamento, dando o laudo a seguir. — Pidgeot, o Pokémon Pássaro Gorducho. Mede um Alto Pra Caraca, com peso de Quebrado. Seu gênero é Irritadiço. Pidgeots são o que mais existe de incrível entre os pássaros Pokémon, são muito grandes e ferozes, e se estiver no lado errado, eles se divertirão ao parti-lo em pedaços. Além disso, eu sugiro que você se renda agora antes de sua morte inevitável caso insista em lutar.
— Esse é o meu melhor Pokémon, o meu orgulho… o meu Pidgeot. — Falkner explicou, um pouco mais calmo. — Nunca perdi uma única batalha com ele, e você verá o porquê. Vá em frente; dê sua ordem.
Hiro não conseguiu deixar de sentir terror, mas ainda assim, deu uma ordem.
— Ás Aéreo.
Com aquela simples resposta, o Pidgeot decolou, o vento impedindo que Flaviel seguisse adiante ou mesmo acendesse suas chamas; até Hiro foi empurrado para trás, tentando manter-se firme. O pássaro acelerou em segundos, cobrindo-se com uma barreira de energia branca, seguido de um loop magnífico…
E surgindo logo atrás de Flaviel.
O som do impacto foi incrivelmente alto, e o Cyndaquil foi jogado para longe, gritando de dor. Todos estavam chocados, vendo o corpo da toupeirinha girando em pleno ar… quando Hiro percebeu para onde estava se dirigindo.
— NÃO! — ele gritou, correndo atrás de Flaviel, que acabou passando da beira do arranha-céu e começou a cair, incapaz de se deter. O menino de boné reverso saltou atrás dele, Amanda e os outros tentando segui-los, mas não chegando a saltar.
Alguns segundos depois de ser agarrado por Hiro em pleno ar, Flaviel começou a despertar. — O… o quê? — ele começou, a voz fraca, antes de perceber o que estava acontecendo. — O que você tá fazendo, sua anta! Tá querendo morrer?!
— Não… mas não podia deixar você morrer também, Flaviel! — Hiro retrucou, puxando o Cyndaquil mais perto de si. O Pokémon rosnou, porém, tentando empurrá-lo um pouco.
— Seu idiota tapado! Era só ter usado a Pokébola pra me trazer de volta, como qualquer outro treinador! Você não tinha… não tinha que ter pulado atrás de mim! Eu ia ficar bem!
Hiro o apertou mais perto de si, ao ouvir aquilo. — ‘Como qualquer outro treinador’… eu já tô cheio de ouvir isso! — ele gritou, olhos fechados. — Eu não consigo fazer isso! Eu consigo falar com você, consigo agüentar você… eu não quero ver você preso numa Pokébola de novo! Dá pra entender, sua mula?!
Ouvir aquilo fez Flaviel quietar um pouco, virando-se para encarar o menino, que mal conseguia falar. — Você não gosta de me obedecer… tá bom, eu entendo… eu nem queria ser um treinador, muito menos estar aqui! Mas eu não tenho escolha! Daí… pelo menos, se você parasse de reclamar toda vez que eu te peço pra fazer alguma coisa, tentasse confiar mais em mim… eu talvez pudesse entender por quê que todo mundo quer que eu seja um treinador Pokémon!
O Cyndaquil não sabia o que dizer. — Você… odeia a gente? — ele perguntou, voz quieta.
— Eu… eu não sei. — o menino admitiu, com um pouco de culpa. — Mas… se eu pelo menos não fosse tão maltratado assim o tempo todo, talvez…
Flaviel não disse mais nada, mas Hiro pensou que ele estava perdido nos seus pensamentos. Olhando para baixo, dava para ver que eles estavam chegando mais e mais perto do chão agora, e o menino fechou os olhos. ‘Então é assim que acaba…’
No entanto, um bater de asas veio logo atrás, e a queda livre tornou-se um refluxo de gravidade muito súbito, quando ele sentiu algo debaixo de si. ‘Como?!’ ele pensou, olhos abertos. Ao que parecia, ele estava no topo do Pidgeot de Falkner, o Líder de Ginásio segurando-o firme e com um olhar severo. — Nós… estamos vivos?
— Sim… mas por pouco. — ele respondeu, antes de pousarem. — Vamos para o CENTRO POKéMON. Sua amiga virá logo, eu presumo… então, vamos aguardá-la lá. Seu Pokémon precisa ser tratado.
Incapaz de responder, Hiro só assentiu, e os dois seguiram em direção ao CENTRO POKéMON, observados ao longe por Amanda.
— Hiro…
Autor(a): Soujiro Mafuné
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