Fanfic: Pokémon Johto – A Versão de Graça!!! | Tema: Pokémon
Pokémon Johto – A Versão de Graça!!!
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Chapteur Le Sexto
—Encontre Seu Caminho! Um Confronto Inesperado!—
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O CENTRO POKéMON da Cidade Violeta era bastante ocupado, apesar de não o parecer inicialmente. Havia muitas pessoas lá, fossem treinadores cujos Pokémon estavam feridos ou alguns que usavam o lugar para discutir assuntos particulares em público. Era um lugar muito popular para os jovens treinadores, monitorado pela enfermeira já mencionada.
Era lá que Hiro se encontrava agora, sentado num sofá com uma cara de chato, olhando para o chão com muita infelicidade. Numa sala ao lado, ele sabia que Flaviel estava sendo examinado pela mesma Chansey que havia tentado ler as notícias antes, e a enfermeira responsável pelo lugar.
Falkner também estava lá. Aquilo era uma das razões que o impediam de ficar calmo; Flaviel havia se ferido bastante na luta, verdade, mas… uma parte dele não aceitava a presença do outro homem. Afinal de contas, Hiro não queria ter lutado contra ele, foi Falkner que forçou tudo aquilo. E agora, ele tava machucado por causa daquilo… e quem ia saber quando ele ia ficar bom, hein?
Demorou um pouco, mas as portas duplas se abriram, Falkner saindo da sala com uma expressão bem séria. — Como… como é que ele tá? — Hiro ficou de pé ao perguntar, e o homem suspirou.
— Ele está… relativamente bem. Usar tantos ataques foi o bastante para que os músculos se desgastassem, e as cordas vocais dele também estão gastas… serão precisos mais alguns dias antes que ele seja liberado.
Hiro empalideceu um pouco. — …entendo. — ele suspirou, antes de se jogar no assento novamente. — A culpa é toda minha…
— Sua? — Falkner assentiu na negativa com a cabeça. — Ouça, você pode ter errado quando deixou seu Pokémon fraco enfrentar meu Pidgeot, mas isso não quer dizer que
— Não! — O menino estava olhando para o chão, não para ele. — Eu não deveria ter aceitado a batalha… ou ter continuado… ou, Celebi, eu não devia nem ter saído da minha cidade natal! Por que é que eu fui fazer uma burrada dessas?! Mas que burro que eu sou!
— Do quê você está falando? — Falkner o questionou. Embora a reação dele não fosse tão inesperada, devido às circunstâncias, ele não esperava isso. — Você partiu da sua cidade natal para ser um treinador Pokémon, assim como tantos outros nesse continente, e foi tolo o bastante para pensar que poderia me derrotar com um único Pokémon que não tinha vantagem sobre os meus…
O sarcasmo cortante irritou Hiro, mas ele fez o possível para ignorar essa parte; o resto da acusação, porém… — Não foi isso! — ele cortou nesse ponto, calando o Líder de Ginásio. — Eu nunca… eu nem queria ser um treinador Pokémon, tá bom? Pra mim nem importa essa história de querer te derrotar! É que tem um cara, e ele… — O olhar inquisidor do homem o deixou mais nervoso e quieto, e ele não conseguiu continuar. — Bom, ele…
— Que tipo de criança é você, afinal? — Falkner perguntou, e o menino olhou para ele, sem resposta. — Um treinador que não se importa com a vitória, e que nem quer viajar… e você ainda por cima está arriscando a vida dos seus Pokémon, e as técnicas que você usa são apenas tentativas de ‘melhorar’ golpes normais que não funcionam! Como você espera viajar por Johto se seus Pokémon acabarem na pior, hein?
— Técnicas que… não funcionam? — Aquilo surpreendeu Hiro por completo, o menino olhando para ele com surpresa. — Mas… como assim, elas não funcionam?
— Seu Pokémon pode ficar gravemente ferido graças a elas. Já basta o dano do combate… você quer que ele acabe incapaz de se movimentar, por acaso?
O menino não sabia o que dizer, depois dessa, e Falkner resmungou. — Já basta. Sugiro que você volte para casa agora, depois dessa derrota.
Hiro ficou quieto, enquanto o rapaz partia. Havia algo de estranho na voz de Falkner, algo que o deixava preocupado e…
— Hiro!
A voz de Amanda veio do lado, chamando sua atenção. A garota estava se aproximando agora, olhando para ele com preocupação. — Você tá legal?
— …tô. Só um pouco cansado… — Hiro respondeu, tentando sorrir de leve. — A gente só tá passando por maus bocados, né…
Amanda não respondeu de imediato. Ela deu uma olhada no objeto nas suas mãos – a POKéAGENDA vermelha de Hiro. — Você… esqueceu isso, lá no Ginásio…
— …obrigado. — foi a resposta, enquanto ele pegava a POKéAGENDA de volta. Ela respirou fundo.
— Hiro… fala. Por que você não usou a sua Pokébola?
— Hã?
— Pra guardar o seu Cyndaquil! Você não tinha que ter se arriscado feito besta, sabia? Dava pra ter usado a Pokébola! — Ela aproximou-se mais dele, até um pouco demais. — Só porque o Falkner é um treinador melhor do que você, não quer dizer que você tinha de ser tão besta e não desistir, ou quase se matar só por causa do seu Pokémon!
Hiro estava de queixo caído, e não apenas por causa do volume da voz dela. Ele olhou para ela por mais alguns segundos, antes de finalmente falar. — Amanda… mas que diacho você tá falando?!
— E daí que você perdeu, Hiro?! — Amanda perguntou, mordendo um lábio no processo. — O Falkner é um treinador tão bom… é por isso que ele é um Líder de Ginásio! Um dos melhores treinadores de Johto, só inferior à Elite dos Quatro! Você não tinha que ter irritado ele tanto assim!
— Você tá me dizendo que a culpa é minha do Flaviel tá na UTI agora?! — ele retrucou, quase gritando, e a menina acabou perdendo a respiração. — Amanda, o Falkner mandou um Pidgeot contra a gente! Talvez eu não tivesse chance nenhuma, mas não fui eu que quis lutar contra ele pra começar, ou até irritá-lo! Se ele tivesse parado… — A garganta estava seca naquele momento, e ele teve que respirar fundo antes de continuar. — Se ele não tivesse forçado a batalha, então isso nem teria acontecido! E agora você tá me dizendo que eu é que machuquei ele?!
Amanda não sabia o que dizer, a princípio, sem contar o olhar feio que Hiro estava dirigindo a ela. — Mas, Hiro… — ela começou, depois de alguns segundos, a garganta seca também. — Por que você não se rendeu, quando viu o Pidgeot? Aquilo sim foi culpa sua! Afinal, se você sabia do perigo, então a culpa por perder pro Falkner desse jeito é sua! Ao menos a rendição teria sido melhor pra gente!
Tinha alguma coisa errada nisso. — …a gente? — ele repetiu, confuso. — Você acha que essa batalha… que ela fez ele mudar de idéia sobre VOCÊ?! — Hiro não conseguia deixar de cerrar a mão num punho, e Amanda deu pra trás ao perceber a tensão.
— Eu… eu não quero ser conhecida como a amiga de um perdedor, tá bom? Você pode ter ganho de uns treinadores bocós, mas aquilo lá era uma batalha séria, Hiro! É importante pra todo mundo, e se você perder uma dessas, nós dois vamos parecer burros!
O argumento parecia válido quando estava na cabeça dela, mas a reação de Hiro foi demais para que ela aceitasse. Ele levou o rosto às mãos, apertando as unhas contra a pele por alguns segundos, antes de finalmente olhar para ela.
Ele não estava chorando. Mas estava perto disso.
— EU NÃO ACREDITO NISSO! — ele gritou, furioso. — Eu passei tanto tempo de cabeça baixa, porque eu achei que você ia se importar um pouco pelo menos se eu fizesse o que você queria sem te deixar zangada… e daí, quando eu perco uma batalha e o Pokémon do Professor Elm fica machucado e precisando de tratamento especial, a única coisa que te importa é você mesma?!
Amanda começou a abrir a boca, mas parou logo após. Não importava o que ela tentasse pensar… aquilo era difícil demais de contrariar. Não que Hiro se importasse; ele olhou para ela mais alguns segundos, tentando ver se ela podia ao menos provar que ele estava errado…
Mas nada. O rosto dela estava coberto de culpa, e ela estava mordendo o lábio de novo, incapaz de olhar para ele corretamente.
— Hiro, eu… — ela começou, parando momentos depois. Hiro suspirou, antes de se levantar e seguir para fora do CENTRO POKéMON.
— Deixa. Eu não devia ter esperado que você se importasse… não depois de ver como você me trata.
Quando Leda finalmente alcançou Amanda, ela estava sozinha no aposento. {Ô garota!} ela chamou, meio irritadiça. {Eu tô com fome! Anda logo, acha o Chapelete pra gente ir comer logo!}
A menina não reagiu de primeira, fazendo a Chikorita olhar feio pra ela. {Ei! Eu tô falando contigo! O mínimo que podia fazer é me escutar, tá bom?!} ela reclamou, mordendo a meia direita da humana e começando a puxá-la. {Preshta atenshão nhim mim, pôha!}
Um som de nariz fungando logo chamou sua atenção. Olhando para cima, ela viu que Amanda estava com as mãos cerradas, os dentes rangendo e os olhos fechados… mas ainda assim, com aquele som de nariz fungando.
— Sua… besta… — ela xingou, antes de se virar e correr mais para dentro do CENTRO POKéMON. Leda piscou, antes de começar a persegui-la, bem confusa.
{E-e-e-ei! Volta já aqui, humana! Sou eu que devia estar correndo primeiro, não você! E você não foi atrás do Chapelete, também! VOLTA JÁ AQUI!!!} ela gritou. Do lado de fora, Korina observava a situação, pousada num galho alto.
{Piu.} ela piou sabiamente.
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Quando deu por si, Hiro estava do outro lado da cidade, chutando uma lata velha sem pensar muito. Ele não queria ter gritado assim com a Amanda, mas depois de tudo que ele havia passado, e vendo o estado em que Flaviel se encontrava – por sua causa…
Com um grunhido de irritação, ele fechou os olhos. Pensar naquilo só ia dar uma dor de cabeça. Amanda já devia ter esquecido do assunto, e ia querer voltar pra Cascanova o mais cedo possível. Não era muito diferente do normal – quando alguma coisa dava errado, era só esperar que ela dava um jeito de voltar as coisas ao normal.
De certa forma, era aquilo que mais magoava nela.
O menino abriu os olhos. Lá estava ele, perto da saída da cidade. Não seria preciso muito mais para dar o fora, mas… ele ainda hesitava, sem saber por que. Ele ficou parado por mais alguns segundos antes de perceber que algo se aproximava.
Era uma camioneta velha.
— Ô garoto! — disse o motorista, um homem velho. — Tá indo prá’lgum lugá?
Ele olhou para o homem por alguns momentos. — Eu?
— É, garoto. Tá indo prá’lgum lugá?
Ele negou com a cabeça.
— Num tá, é? Num parece. — Ele olhou para a saída da cidade, por um momento. — Muita minhoca na cabeça?
— É… dá pra dizer que sim, senhor. — Hiro não se sentia muito ameaçado pela presença ou curiosidade do senhor de idade. — Só tô… pensando. Meio na minha.
— Sei. — A camioneta havia parado perto dele. — Escuta, garoto, se v’cê precisá dum lugá pra ficá, eu posso te levá pro meu rancho. Num é tão longe e v’cê pode descansá lá.
— …não tem problema? — Hiro perguntou, e ele deu de ombros.
— V’cê num é daqui, é? Deve sê um viajante. — Ele indicou a caçamba. — É só v’cê subí que a gente vai pra lá.
Talvez, normalmente, o menino não pensasse em fazer uma coisa dessas. Mas a cortesia que aprendera era a de não recusar convites, e ele não estava com vontade de ficar na Cidade Violeta, agora.
Se era para ficar lá só por um dia, talvez…
— Tá bom. Só espera um pouco.
Momentos depois, a camioneta seguia para fora da cidade.
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O motorista não perguntou nada a ele, coisa que não o incomodava, mas a viagem silenciosa fazia-o sentir-se cada vez pior quanto a um simples fato: ele nem chegara a se despedir de Amanda e dos outros. Não que fosse exatamente necessário, mas por outro lado… havia algo naquilo que o incomodava, e Hiro não gostava nada de pensar naquilo.
Ele ainda estava a pensar naquilo quando percebeu que haviam parado, um bocado de tempo depois. O motorista desligou o motor com um som rude. — Pode descê, garoto.
Eles haviam chegado numa fazenda, até bem grande para os padrões de Nihiron, se comparada às plantações de Cascanova. O menino se sentiu um pouco sortudo por não ter de pisar em lama, enquanto olhava ao redor. Muitas ovelhas estavam saltitando pelos campos, de forma besta como só ovelhas podem fazer, e elas chamaram facilmente a atenção de Hiro.
— Aquelas são
— Mareeps, garoto. Essa aqui é uma fazenda de criação de Mareeps. — O velho coçou a barba branca, raspada próximo ao queixo, num contraste ao cabelo preto e ainda bem cheio de vigor. — A gente vivemos da tosa, principalmente, e d’algumas colheitas, mas principalmente é da tosa que a gente vivemos.
Hiro não quis nem comentar na repetição do palavreado. — Entendi. O senhor não mora sozinho, então?
— Não, não. Moro co’a mía neta, uma graça só de vê. — Ele estava sorrindo um pouco agora, parecendo menos mal-humorado do que antes. — V’cê pode passá a noite aqui, só queria eu que v’cê ajudasse c’o trabalho hoje e amanhã e enquanto v’cê ficá aqui.
— …entendi. — Fazia sentido pro menino ouvir aquilo. Ele sabia que nada vinha de graça, e pelo menos o velho tinha sido honesto com ele também. Os dois seguiram a trilha que levava à casa, passando por dois trabalhadores.
— Trabalhando duro, meus home? — pediu o velho, quando chegaram mais perto. Eram um rapaz e uma moça, ambos decerto mais velhos que Hiro, mas com um bom contraste – enquanto o rapaz era certamente tão alto quanto o velho, o que não era pouca coisa, a moça não parecia ser muito mais alta que o menino, os rostos meio ocultos por seus bonés. Os dois estavam vestindo macacões velhos, já bem sujos e gastos, e próximo a eles estavam alguns sacos de sementes.
— Ah, sim, sinhô! — disse a moça, uma loira meio pálida. — A gente só táva terminando di prantá as semente, sabe?
— Farta pôco pra gente terminá, mais vamo conseguí issu inté amanhã. — O rapaz sorriu ao dizer isso, mas ambos pararam quando prestaram atenção em Hiro. O silêncio que veio depois disso foi surpreendente.
— …que foi? — ele teve que perguntar, mas ambos sacudiram a cabeça bem rápido, espalhando sementes por toda parte.
— Ah, nada, nada, num é nada não, sinhô! — o rapaz declarou, primeiro. — É que a gente num sabia que o patrão tava tendo visita, sabe?
— Esse garoto num é só visita, v’cês dois. Ele vai ajudar v’cês a trabalhá mais, nos próximo dia. — O suor frio que os envolvia foi aumentando mais. — Espero que v’cês se dêem bem, tá bem?
— Claro que sim, patrão! Claro feito água! — a moça riu, os sorrisos amarelos deles aumentando. O velho assentiu com a cabeça, seguindo adiante, enquanto que Hiro só o seguiu após mais alguns segundos. Quando ambos estavam fora do alcance, o suor enfim passou.
— E essa agora?! — a moça quase gritou, irritadiça. — Temos um problema aqui!
— Fique calma, que não há razão para termos tanta preocupação… — seu parceiro a advertiu, muito a contragosto. — Ele é só um novo faz-tudo, não é? Não deve ter muito problema em deixar passar por enquanto…
— Mas é um problema! O velho nunca traz ninguém aqui, por quê agora?!
— Sugiro calma agora. Só temos que continuar o nosso trabalho, e tudo ficará bem. — Ele continuou a capinar o solo, abrindo mais espaço para as sementes. — Não vai demorar até termos um momento de sorte, e então poderemos agir… mas antes disso, nada de passos em falso!
— Tá, já entendi… — ela resmungou, colocando as sementes na distância correta. — Mas vamos logo com isso! Eu já tô enjoada dessa droga de adubar com esterco de Mareep!
Ignorando essa situação, os dois entraram na grande casa que ficava no centro da fazenda, feita de madeira e com uma aparência bem gasta; Hiro não duvidaria se dissessem que foi construída quando o velho nasceu. A tinta verde clara já havia perdido muito de seu brilho, mas mesmo nessa luz baixa, ela ainda lembrava muito a grama ao redor. Ele havia posto as mãos no macacão que vestia, retirando uma apenas quando para abrir a porta.
— Vovô! — chamou uma voz de criança, que correu para a entrada naquele momento. Era uma menina jovem de cabelos castanhos, presos num belo rabo de cavalo e trajada em roupas estilo jardineira com lama estilo jardineira e grama estilo jardineira grudada. Ao menos, era aquilo que os suspensórios de jeans azuis e a camisa longa marrom parecia ser. Dava pra ver um jenesequá ligando os dois, de certa forma. — Nossa, o sinhô voltô, finalmente!
— Voltei sim, Alyson. Truxe companhia, tam’ém. — Ele indicou Hiro com um tapa leve nas costas. — Ele é só um passante, mais decidi que podia ficá uma noite, já que ele tava co’uma cara de sozinho.
— Uau, que legal! — Alyson começou a rodeá-lo com vontade, dando uma olhada geral no menino. — Qual o seu nome, moço?
— Moço? — Aquilo sim o surpreendeu. Ela não parecia ser assim tão mais nova que ele, pra ser sincero…
— O nome dele num importa. Ele num vai ficá aqui tanto tempo assim. — Ele deu outro tapa nas costas de Hiro, que olhou meio feio pro velho. — Num é mesmo, garoto?
— …é, é sim. — Alguma coisa no tom daquele homem não cheirava muito bem, mas ele não tentou insistir. O homem tinha o direito de decidir aquelas coisas em casa, afinal. — Pode me chamar do que quiser.
— Hmm… — A menina pegou-o pela mão, puxando-o rápido. O avô dela chamou a atenção, mas ela não pareceu perceber enquanto o arrastava pro segundo andar da casa.
— O-o que é que você tá fazendo?! — ele quase gritou, enquanto ela ria consigo mesma. Os dois acabaram indo parar no quarto dela, onde alguns livros estavam dispostos.
— O moço é um príncipe, né? — ela perguntou, com um grande sorriso, muito para a surpresa dele.
— …como?
— Como nas história! O príncipe que viaja pelo país, procuran’o conhecê os seus subordinado, e queren’o sabê como é que eles vive! O moço tem umas rôpa tão bunita que eu tenho certeza que v’cê é um príncipe!
— Você tem certeza disso? Eu posso não ser um príncipe, só um viajante como o seu avô disse… — Ela negou com a cabeça, pegando um dos livros e mostrando a ele.
— É isso que o príncipe diz pra que ninguém saiba quem ele é! Mas eu tenho certeza: o sinhô príncipe é um príncipe!
Ele olhou para ela, um pouco incerto. — Vai ficar insistindo nisso, é… — Hiro disse apenas, antes de suspirar. — Bom, eu falei que você podia me chamar do que quisesse, daí…
— Viva! Eu conheci um príncipe! Um príncipe de verdade! — A menina dançou com o livro nos braços, antes de perceber algo. — Ah, é! O vovô num pode ficá saben’o… bom, eu num vô contá, príncipe. Num se preocupa não!
— Não é isso que me preocupa… — Hiro admitiu, mas ela não pareceu ouvi-lo mais.
A conversa não seguiu muito além, porém, já que o avô de Alyson apareceu na porta. — Garoto! Vem já aqui!
— Tô indo, calma! — Hiro se desculpou, ao seguir para fora. A menina ainda acenou para ele.
— Té mais, príncipe! — ela se despediu, surpreendendo a ambos. O menino estava prestes a dizer alguma coisa quando foi puxado para fora, a porta se fechando de imediato.
— V’cê botô caraminhola na cabeça da mi’a neta? — ele perguntou, irritado, e Hiro sacudiu a cabeça.
— É tudo coisa dela! Ela que gosta de histórias de contos de fadas e príncipes!
O velho olhou para ele com suspeita, mas acabou deixando passar. Ele apenas o levou para um outro aposento, olhando para ele muito sério.
— Garoto. V’cê tem que tomá cuidado co’que diz. — ele começou, assim que fechou a porta.
— Por quê? O que tem de errado falar com ela? — Hiro perguntou, um pouco preocupado.
— A mi’a neta… — ele começou, antes de hesitar. — Ela num tem que se preocupá co’nada. V’cê num precisa ficá meten’o coisa na cabeça dela.
— Tá, tá bom… — o menino admitiu, e o velho assentiu antes de se virar. Ele não o deixou escapar, porém. — Só me explica uma coisa… só tem vocês dois aqui?
O velho demorou para responder. A resposta foi sair do quarto, deixando-o sozinho.
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O resto da noite transcorreu sem problemas, durante o jantar leve que foi servido. O velho havia deixado bem claro, com o olhar, que não queria que Hiro metesse mais caraminholas na cabeça de Alyson, então ele teve de ignorar as perguntas dela da forma mais educada que podia. Logo após o jantar, eles tiveram de se deitar e dormir imediatamente, e Hiro não discutiu quanto àquilo.
A manhã seguinte começou no nascer do sol, bem como Hiro estava acostumado. O café da manhã foi mais reforçado, mas o menino percebeu logo que eles não eram de comer produtos que não fossem locais. Ainda assim, ele não disse nada, devido ao olhar mal-encarado que o velho parecia sempre querer usar quando ele pensava em dizer alguma coisa.
Depois do café da manhã, eles foram para o celeiro mais próximo, pintado com tinta vermelha estereotipada. Dentro dele estavam muitos Pokémon estranhos e gozados que pareciam-se com engraçados animais inexistentes chamados ovelhas em muitas salas de madeira sem conforto aparente. Os Pokémon eram azuis, com lã muito amarela e um par de chifres cônicos, amarelos e pretos saindo dos lados, brilhantes se comparados ao pouco de lã que parecia cabelo. Seus rabos eram longos e listrados assim como seus chifres, tendo um orbe amarelo na ponta que refratava a luz e brilhava de leve.
O velho lhe passou um balde com uma escova estranha nela; embora fosse como qualquer outra escova, ela parecia ser muito macia em vez de dura. — Menino, como v’ce é novato, eu vô te’splicá o que v’cê vai fazê por ora. Use essa escova pra limpá o pelo das Mareeps. — Ele demonstrou em uma delas, que acalmou-se nesse momento. — V’cê tem qui ‘sfregá seguindo a lã, e sê devagá pra num levá choques. Pode fazê isso?
— Eu acho que posso… — Hiro respondeu, antes de uma Mareep aparecer no corredor. — Hã?
{Viva! Esse lugar é bótimo!} ela gritou, uma voz obviamente feminina. Alyson surgiu atrás dela, a todo vapor.
— Molly, pára de corrê! É pra v’cê comê agora, não brincá! — ela pediu, enquanto perseguia a Pokémon. Antes que percebessem, Hiro foi pro chão, derrubado pela Mareep.
— AH! — ele gritou junto com Molly, antes do som de eletricidade estática estalar sobre seu corpo. Em seguida, uma dose de eletricidade percorreu-o direto, o menino se sacudindo com espasmos. Os gritos de dor foram aliviados logo depois, quando a Mareep foi empurrada para longe dele. O velho estava segurando-a com equipamentos que obviamente eram capazes de agüentar tamanha eletricidade.
— V’cê tá bem, garoto? — ele perguntou, e Hiro assentiu antes de tentar se levantar. A sensação de dor ainda estava lá, mas a eletricidade não fora tão forte como poderia ter sido.
— T-tô… só surpreso. O quê que foi isso?
O velho fechou a cara. — Essa é uma das Mareeps que dão problema… mais a gente não entendemos ela. As otras são calmas e nos obedece se a gente fala pra elas ficarem quietas, mas essa aí é bem o oposto. — Ele encarou sua neta. — Eu achei que ela tava trancada pra comê?
— Disculpa, príncipe… — A pobre Alyson estava bem cabisbaixa. — Eu só tava tão preocupada co’a Molly, ela paricia tão tristonha naquele cubículo sem nada pra fazê, que eu só… ia brincá co’ela um poquinho… num era pra dar nada de errado…
O velho ainda olhava feio para ela, e Hiro engoliu em seco ao perceber isso. Ele tossiu um pouco para chamar a atenção deles. — Bom… sabe, Alyson, não foi tão ruim assim… — Tanto o velho quanto Alyson olharam para ele, surpresos. — Tipo, o choque foi bem rápido, nem doeu muito, e… se a Mareep tava triste assim, eu não acho que você fez algo tão errado só pra ajudá-la a gastar a energia dela. Talvez não foi como você queria, mas… — Naquele momento, ele sorriu. — É a intenção que importa, né?
A menina hesitou, mas assentiu. — Se v’cê diz isso, príncipe, então deve de tá certo, né? — Ela olhou para o avô. — Num é mesmo, vovô?
O velho tentou, mas acabou não resistindo ao olhar muito bonitinho que a neta lhe dava. — Talvez eu tenha sido um pouco rude demais com aquela Mareep… — ele admitiu, braços cruzados. — Eu suponho que ela possa passar algum tempo lá fora, para não preocupar as outras… mas lembre-se de trancá-la novamente, depois que ela ficar cansada.
— Tá bom, vovô! — Alyson respondeu, alegre alegrinha, antes de correr atrás de Molly, enquanto Hiro era arrastado para as outras Mareeps. Quando ficaram longe, Alyson se ajoelhou junto à Pokémon. — Bom… v’cê achô o quê do príncipe, Molly? Ele é bem legal, num é?
— Mareep, mareep! — ela assentiu ao responder. — Mareep?
— Bom, é verdade que ele é bonito… mas num sei daonde ele é. — Os olhos dela começaram a brilhar. — Talvez ele é dum reino perdido nalgum lugar, e vai herdá as terra e sê um príncipe tão bom… é melho eu ajudá como posso!
— Mareep! — Molly respondeu, antes de correr para o campo próximo. Alyson quase caiu de susto.
— Ah! Espera aí, Molly! Num vai corren’o assim não, v’cê vai se machucá! V’cê ainda é uma garotinha, num esquece! — ela gritou, sem saber dos olhos que estavam a observá-la.
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Hiro estava exausto. Ter de passar a escova em todas as Mareeps do celeiro, levando choque sempre que errava, acabou gastando a energia dele. Isso sem falar na parte de dar de comer, que havia resultado em outra bagunça e mais choques.
— Quem foi que decidiu que ovelhas tinham de ser elétricas, hein… — o menino resmungou, enquanto estava parado numa das cercas, descansando. Apesar disso, ele até levou um bom comentário do velho, que havia percebido o bom trato que ele dera às ovelhas. Claro, ser capaz de ouvir os pedidos e reclamações delas ajudava muito, mas ele teve de disfarçar o orgulho que surgiu quando ouviu o velho dizer que era quase como se ele soubesse o que as Mareeps queriam.
Não era só isso que estava na cabeça do menino, porém. Ele não conseguia entender porque Alyson fora tratada daquele jeito, e com o avô insistindo que ele não se metesse… e bom, ele realmente queria não se meter e arruinar nada, mas por outro lado, tinha uma sensação bem ruim toda vez que ele pensava nisso.
— Por quê que ele não quer que eu fale com ela? — ele se perguntou, jogando-se um pouco mais contra a cerca. Que tipo de pessoa era ele, afinal? Chamou o menino pra lá, e pra trabalhar assim… não fazia tanto sentido assim, afinal.
Uma das mãos foi ao bolso. A sensação pesada de metal o lembrou de algo que ele havia trazido consigo, mesmo agora. Olhando ao redor, ele viu que ninguém estava por perto. Aquilo era bom; ter que explicar o que ele estava prestes a fazer não seria nada legal, muito menos agradável.
Respirando fundo, ele tirou a POKéAGENDA do bolso. — Tá bom, então… hora de ver o quê que tá acontecendo aqui… — Ao abri-la, ele viu que a tela estava como de sempre, sem nada de interessante. — Dá pra explicar o que deu em você? Como é que você começou a falar todas aquelas asneiras, hein?
A tela piscou um pouco, antes de dois olhos vazios aparecerem bem no meio dela. — Comentário: Me desculpe, saco de carne, mas não tenho de responder esta sua pergunta.
— EH?! — Hiro quase caiu da cerca, ao ouvir aquilo. — Mas o quê – quem é você?
— Declaração: Minha programação não me força a responder nenhuma pergunta de sua criação se não me interessar responder a ela. — Outra resposta vazia e sem graça.
O menino de boné reverso fechou a cara. — Escuta aqui, seu olhudo, eu fiz uma pergunta. Quem é você e comé que você veio parar na minha Pokéagenda?
Novamente, a criatura estranha na POKéAGENDA falou. — Pedido Irritado: Não pergunte perguntas desnecessárias, saco de carne. Citação do Banco de Dados: Obedecerás às minhas ordens ou sofrerás.
— Ah, então é assim, é? — Hiro estava irritado igual com aquela coisa, rangendo os dentes um pouco. — Vamos ver se você vai continuar com toda essa pose, seu chato…
— Comentário Indiferente: Como se você pudesse fazer alguma coisa, saco de carne.
Sem responder ainda, Hiro se dirigiu até um riacho próximo, dando uma olhada ao redor. Ninguém por perto, ainda. — Bom, já que é assim… o que acha de um jogo, seu olhudo? — Ele virou a tela para mostrar-lhe o riacho. — Tá vendo isso?
— Resposta: Afirmativo. Pergunta: Porque isso me interessaria, saco de carne?
— O jogo é o seguinte. Se você não quiser responder às minhas perguntas, eu vou saber se essa coisa aqui é à prova d’água. Se é que você me entende, né?
O computador travou por um momento. — Resposta: Entendo. Comentário Nervoso: Seus termos são muito irritantes. Decerto não passa de um blefe que tenta usar para me assustar e me fazer obedecer.
— E funciona?
Outra pausa. — Concordância Irritante: Correto. Retrucada: É melhor não fazer perguntas ridiculamente estúpidas, saco de carne.
— E você vai parar de ser chato?
— Resposta: Negativo. — Ao ouvir aquilo, o menino deu um tapa na cara de pura raiva. — Nota Divertida: Faça isso mais. Talvez faça seu rosto ter um formato mais interessante.
— Cala a boca ou você vai direto no riacho. — A falta de resposta serviu para manter o ser computadorizado quieto por ora. — Fala aí, qual o seu nome?
— Explicação: Minha programação me nomeia como P012460N-1423693857. Dado como seu cérebro carnoso e humano é incapaz de reconhecer um nome tão superior, você pode se referir a mim como P0-124. Adição Irritadiça: A pronúncia é Pi-Zero-Um-Vinte-Quatro. Jamais o pronuncie de outra forma.
— Tá bom, que seja, Pi-Zero ou o que for. — Apesar da irritação mútua, saber que ele responderia às suas perguntas era algo bom. — Agora, o quê que é você e como que foi parar aqui, hein?
— Propaganda: O novo tipo de Pokémon desenvolvido em computador conhecido como ‘PORYGON’ tem a habilidade de acessar sistemas de computadores e interagir com eles como necessário. Sistemas de materialização são necessários para que o Pokémon interaja com o mundo real quando tal se der, porém. Portanto, pedimos que não tente efetuar este procedimento sem um profissional próximo. — foi a primeira resposta que P0-124 lhe deu.
— Informação Adicional: Quanto ao porque me encontro preso nesta miniatura de sistema de computador, o máximo que posso lhe informar é que aproximadamente quarenta horas atrás, me descobri sendo plugado a uma nova conexão e, enquanto consegui perceber minha situação a tempo, decidi examinar os sistemas para atualizar meu próprio banco de dados.
Até aí tudo bem, mas então o Porygon começou a soar mais destoante e zangado. — Declaração Irritada: Infelizmente, não consegui deixar os sistemas antes de serem desconectados do servidor principal da internet, assim deixando-me preso neste ambiente de baixa capacidade. Resumo: Você é responsável por eu estar preso neste lugar. Espero que seja de seu apreço, saco de carne.
— E como é que isso é minha culpa, hein?! — Hiro perguntou, olhando para a tela. O Pokémon havia se afastado dela, mostrando os tons rosa e ciano de seu corpo virtual, e a falta de pálpebras agora estava óbvia.
— Declaração Óbvia: Você é o controlador deste aparelho. Assim sendo, saco de carne, deveria ser sua responsabilidade não deixar que dados estranhos o acessem.
— Ah, cala a boca. — Hiro sentou-se numa pedra próxima. — Bom, isso me explica bastante. Assim que eu achar uma conexão válida, pode sair, que eu nem quero saber de você ficar aqui, tá bom?
— Concordância: Afirmativo. — Com essa resposta, o Porygon calou-se, e Hiro guardou a POKéAGENDA no bolso.
— Tomara que ninguém tenha percebido nada… — ele resmungou, quieto. Todo mundo lá parecia guardar segredos, pelo que parecia… até mesmo ele.
{Oi, príncipe!} uma voz pouco familiar gritou, logo atrás dele, e ao virar-se o menino viu Molly correndo em sua direção, a todo vapor.
— Príncipe?! — ele repetiu, uma sobrancelha tremendo. — Eu não sou um príncipe, tá?
Diferente do esperado, a Mareep acabou parando no lugar, boquiaberta de vez.
{V’cê… v’cê entende o que eu falo?} O menino assentiu em resposta. {Uau… VIVA! ISSO É BÓTIMO, PRÍNCIPE!}
Para sua surpresa, ela pulou nele novamente, lambendo o seu rosto no processo. — M-Molly! O que deu em você?! — Hiro perguntou, tentando afastar sete quilos de carne carnenta e lã lamenta de seu corpo.
{Príncipe, v’cê é tão mais qui demais! Sabe entender Pokémon e é alguém tão bom… num é à toa que a Alyson sabia o que te chamar!} ela disse, antes de olhar nos olhos dele. {Me disculpa ter te machucado antes… eu num sabia que v’cê tava no meu caminho, daí num deu pra parar!}
— Tá, tá bom, tá perdoada, só sai logo de cima… — A posição era mais do que desconfortável a essa altura, as pernas menores da Mareep forçando a lã a se esfregar contra o seu corpo, sem falar a parte dele ter sido jogado já umas duas vezes contra o chão.
{Oh?} Molly perguntou de repente, ao olhar para baixo e sob seu corpo. {Príncipe, tem algum pobrema?}
— …quê? — Enquanto ele piscava, ela começou a sorrir para ele, meio estranha.
{Entendi… o príncipe deve de sê muito interessante, se pensa assim… especialmente já que tem a Alyson pra cuidá dele.} ela disse, antes de se deitar mais contra ele. {Mas se o príncipe qué, eu cuido bem do príncipe…}
Ela continuou a se aninhar mais contra ele, acariciando o seu rosto, antes do menino decidir que não aguentava mais. — Chega! Pára! Tá exagerando já! — ele quase gritou, enquanto forçava-a para longe com uma mão. — Eu sou uma criança, tá? Não vai tirando idéia errada!
{…criança? Feito a Alyson?} A Mareep olhou para ele de cima a baixo, depois de deixar que ele se levantasse. {Bom, num parece, príncipe. V’cê é mais alto que a Alyson, e também num é pequeno…}
Hiro estava mais do que envergonhado a essa altura. — Olha, eu sou sim. Só que mais velho que ela, tá? E tem mais — Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, porém, sua barriga começou a roncar, deixando-o vermelho de novo.
{Ah! O príncipe tá com fome!} Molly gritou, quase, antes de começar a rodeá-lo. {Eu pego comida pro príncipe! Dexa com a Molly!}
— Espera! — ele tentou dizer, mas ela já tinha ido longe, sem esperar mais resposta. O menino ficou parado um pouco, antes de suspirar consigo mesmo. — Mas como ela é estranha… será que isso é coisa de todos os Pokémon, ou é so comigo?
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O almoço foi melhor do que o café da manhã, e Alyson aproveitou para fazer todo tipo de perguntas sobre Hiro e sua jornada. O menino fez o melhor que pôde para responder, embora o velho ficasse controlando a conversa como fosse, fechando a cara sempre que alguma pergunta que o menino não pudesse responder aparecesse.
Os outros serviçais não tinham aparecido para almoçar; segundo o velho, eles não comiam na casa, preferindo comer no campo. O tom de voz dele deixou claro pro menino que ele devia ter feito o mesmo, mas não havia escolha. Afinal, Alyson insistira muitas vezes que o ‘príncipe’ comesse com eles…
Depois do almoço, ele recebeu novas ordens. Tinha um poço num dos cantos da fazenda; ele deveria ir lá pegar água. Hiro arrastou o balde pesado consigo, meio irritado com a situação, mas ainda assim mantendo os pensamentos consigo. Ele não tinha porque reclamar do velho ter sido tão educado, mas tinha alguma coisa na situação que não cheirava bem… e até o deixava zangado, por alguma razão.
{Ei, príncipe!} veio um grito por trás, pertencente à pequena Molly. {Onde v’cê tá indo?}
— Pegar água pra Alyson, Molly… — foi a resposta cansada, Hiro parando um pouco para limpar a testa. — Não quer brincar com ela?
{A Alyson tá muito de ocupada com as otras Mareeps, daí ela num pode brincá agora.} foi a explicação, e Molly parecia meio chateada naquele momento. No entanto, ela logo abriu um grande sorriso. {Mas quando eu vi o príncipe indo pra cá, eu decidi te seguir! Vamos brincá, príncipe!}
— Er… — Pra ser sincero, ele não queria brincar com ela tanto assim, mas ela tinha um sorriso até nos olhos, e parecia muito impressionada com ele. — …tá, tá bom… mas não muito, tá bom? — ele decidiu, antes de seguir em frente. — E antes disso, vamos pro poço, tá?
{Tá bom! Eu chego primeiro!} ela declarou, disparando na frente dele. Incapaz de conter um sorriso, Hiro começou a segui-la, tentando acompanhar o passo da pequena quadrúpede. Eles chegaram no poço em pouquinho tempo, o menino nem sentindo cansaço afinal de contas.
— Bom, vamos brincar, né? — ele perguntou, enquanto deixava o balde num lugar seguro. — Que jogo você gosta?
{Pega-pega!} foi a resposta rápida, antes dela se virar. {Anda logo e vem me pegá!}
— Tá bom, já tô indo. Um, dois, três, e…
{JÁ!}
A brincadeira durou mais tempo do que ele esperava; embora ele tentasse, a ovelhinha era muito rápida e conseguia se esquivar bem das tentativas de pegá-la. Às vezes, Hiro acabou indo ao chão, Molly caindo na gargalhada quando isso acontecia, mas por alguma razão…
…ele não estava irritado. Ele caiu de bunda numa certa hora, quando Molly tinha escapado pelos seus dedos, e olhou para a ovelhinha rindo consigo mesma… até que ele começou a rir também, sem poder parar.
Os dois ficaram rindo, assim, por mais alguns segundos, antes de Molly dizer alguma coisa. {Iupi! O príncipe é legal mesmo!} ela declarou, chamando a atenção dele. {O príncipe é tão calado e quieto, às vezes assusta, sabe? Mas ele é legal e divertido sim!}
Hiro estava sem reação, e não só por estar sem fôlego. Ele ficou calado mais um pouco, antes de perceber que ela estava já de partida. — Ei, Molly, espera!
{Vem me pegá, príncipe!} ela chamou, correndo prum canto da fazenda que ele não tinha visto ainda. Na verdade, nem ela parecia estar vendo, de olhos fechados como estava.
Foi por isso que ele percebeu o perigo primeiro.
— MOLLY! — ele gritou, correndo a toda atrás dela, a Mareep se virando para ele enquanto corria naquela mesma direção.
{Vem me pegá, príncipe! Vem!} ela declarou, sorrindo que só ela. Ele mal tinha chegado próximo quando percebeu que não daria jeito de resolver mais.
Num mergulho, ele tentou agarrar a ovelhinha, mas acabou se jogando junto com ela contra um celeiro, os dois entrando direto pela porta que quebraram, num barulho rouco e alto.
{Ai, ai, ai… dueu, príncipe…} Molly gemeu, olhando para trás. {Tô de mau!}
— Desculpa, Molly… eu tentei avisar, mas… — Apesar da resposta meio fraca, Hiro não pensou muito mais no que dizia, olhando ao seu redor. — Que lugar é esse, hein?
{Que estranho… nunca vi lugar assim antes.} O comentário de Molly era meio fora de si, já que ela morava num celeiro igual, mas por outro lado caixas empoeiradas estavam colocadas por toda parte. O celeiro em si havia perdido já muita cor, e não tinha nem luz nem nada que ajudasse naquela hora.
Um novo som rouco ecoou pelo aposento, logo à frente deles. Olhando lá, eles viram que uma das caixas havia caído, sua tampa solta e esparramando os conteúdos. Várias fotografias estavam lá dentro, já bem gastas e algumas até sem cor, além de outros objetos variados.
— Fotos? — Hiro perguntou a si mesmo, antes de pegar uma que não estava tão apagada assim. Haviam três pessoas nela, um homem, uma mulher e uma moça, não muito diferente de Alyson. — Quem será que são eles?
{Quem será que são quem?} Molly perguntou, e ele mostrou a foto para ela, antes de olhar para outras fotos. As pessoas iam ficando mais velhas a cada foto que passava, até que finalmente chegaram num ponto em que o homem estava completamente reconhecível como o velho motorista, enquanto que a moça não se parecia mais com Alyson.
— Mas que estranho… — ele disse, após ver a última imagem; só estava o casal mais velho, lá, sem a moça. — Onde será que ela foi parar?
A ovelhinha olhou para as últimas fotos, antes de finalmente perceber alguma coisa. {Ah tá! Agora eu me lembrei!} ela declarou, de repente. {É aquela dona bonita que apareceu aqui aquela vez!}
— Aquela vez?
{É! Ela apareceu aqui muito tempo atrás, mas todo mundo se lembra dela!} A ovelhinha parecia orgulhosa de lembrar-se disso. {Ela veio aqui um pouco antes da Alyson aparecer, isso eu lembro. Ela era tão piquinininha, e nem falava!}
— Antes dela aparecer?
Aquilo tudo lhe deixou muito pensativo, e Hiro ficou quieto enquanto Molly contava histórias que lembrava sobre a menina. Uma coisa, porém, acabou surgindo em meio a toda aquela conversa…
Molly jamais mencionava nem pai nem mãe dela, nem parecia perceber isso. Mas então, o que aconteceu com eles?
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— Vovô, o príncipe tá demoran’o!
Alyson já tinha percebido que seu avô não estava se dando muito bem com o príncipe, e até tinha pensado em manter aquilo como seu segredo. No entanto, ela não conseguia se conter muito bem, de tão feliz que estava em ter alguém que pudesse fazer companhia a ela e suas amigas Mareeps.
Mas ele fez a mesma cara de antes, quando ela tocava no assunto. — Ele tá ocupado, Alyson. Dexa ele.
— Mas vovô! — ela insistiu, mas de nada serviu; ele estava sério agora, olhando para ela de forma até intimidadora.
— Alyson, eu já te falei pra deixá o garoto em paz. Num é pra v’cê se metê com ele.
A conversa ia continuar assim, ao que parecia, mas eles foram interrompidos pelo som de batidas na porta. — Vai abrir a porta. — ele mandou, e ela o fez.
Do outro lado da porta estavam os funcionários.
— Oi, sinhô! — disse o rapaz, mexendo no chapéu. — Tem um tempin pra gente conversá?
— Tenho sim. — Ele se pôs de pé. — O que foi?
— A gente queria falá sobre o nosso pagamento, sabe. — disse a moça, ficando para trás, enquanto o parceiro se aproximava.
— Eu já falei que v’cês vão recebê no final do mês, como a gente conversô.
Os dois não assentiram. — Sabe como é, patrão… a gente tava pensando em uma outra coisa.
— Pensando no quê, criatura?
— Tem tanta ovelha aqui, sabe, sinhô? Elas devem rendê muito dinheiro pro sinhô… — disse a moça, olhando para fora. Ele não gostou do que ela disse.
— Dão o bastante pra sobrevivê. O quê que v’cê qué?
— A gente quer as ovelhas, ‘chefe’. — O tom de voz dele mudou por completo, não mais parecendo o serviçal manso que ele soava antes. — Pode ir passando as chaves, tá?
— Chaves?!
— É, do caminhão. A gente vai usá-lo pra levar as ovelhas com a gente. Não é mesmo, parceira?
Alyson nem percebeu quando as mãos a agarraram, muito menos quando as algemas prenderam suas mãos e o lenço veio à boca. Amordaçada assim, seus gritos não saíam direito, e ela nem conseguia escapar.
O velho olhou para eles, horrorizado. — O que pensam que tão fazen’o? Seus desgraçados!
— Ah-ah-ah! — disse a moça, rindo de forma maléfica. — O senhor não quer que nada de mal aconteça com a sua netinha, quer?
Numa das mãos dela estava uma coisa pontuda, que foi pressionada contra o pescoço dela. — Pode ficar paradinho aí e nos dar as chaves. Senão…
O velho resmungou, quis até gritar, mas não conseguiu fazer nada. A menina ficou boquiaberta ao ver que ele estava se aproximando de um molho de chaves, pendurado na parede.
— …me perdoe, Alyson… — ele disse, tristonho, antes de dar a chave a eles. Ao obtê-la, os dois se retiraram, ainda arrastando a menina. — Espere! O quê estão fazen’o!
— É só pra garantir que você não tente nada, velho lambão! — o rapaz disse, enquanto se afastavam. — Agora vamos pegá-las de jeito!
Alyson tentou se debater, mas não conseguiu escapar da pegada de jeito que a moça tinha lhe posto. Ela foi arrastada até o curral junto com eles, vendo as Mareeps todas ainda em suas posições. Ela queria gritar para que fugissem, mas não conseguia mexer a mordaça de jeito nenhum.
— Ei, criaturas! — o rapaz disse, enquanto as soltava. — Escuta aqui! A gente vai levá vocês lá pra cidade, tá? Vamo fazê um passeio!
As ovelhas olharam umas para as outras, um pouco confusas, mas a moça mostrou Alyson para elas. — Ela vai junto, sabe? Ela que queria que vocês fizessem um passeio, sabe!
Com aquelas palavras, as ovelhas ficaram muito felizes e contentes, e não tiveram problema algum em seguir os dois até um caminhão próximo. Todas entraram sem problemas, enquanto eles contavam cada uma por vez. A moça levou Alyson até a parte da frente do caminhão, para que entrasse no banco do passageiro, e ela acabou fechando os olhos, já perdendo as esperanças.
— EI!
Uma voz chamou a atenção de todos, alguns momentos depois. Abrindo os olhos, Alyson viu que Hiro estava correndo na direção deles, junto com Molly. — O quê que tá acontecendo aqui?
— O garoto?
— Ele tá com uma das nossas ovelhas!
— ‘Suas’? — Hiro olhou para a parte de trás do caminhão, e então para Alyson. Sua cara fechou de vez. — O que vocês tão fazendo com ela?
— Não se mete onde você não foi chamado, garoto! — o rapaz mandou, de cara amarrada igual. — Ou senão, você vai acabar se machucando feio, viu!
Aquilo foi tudo que Hiro precisou para entender a situação. — Vocês são ladrões, é isso? — ele perguntou, e ambos piscaram, meio surpresos. — Estão atrás dessas Mareeps, é? Mas então… porque estavam trabalhando aqui?
— Pra tentar conseguir a amizade do patrão, ora bolas! — a moça respondeu, bem irritada. — Mas não funcionou, e ainda por cima, você apareceu… e não podíamos deixar que essa chance escapasse! Se você se envolvesse com a gente, ia descobrir com certeza!
— Então vamos pegar essas Mareeps e sair daqui direto pro chefe! — o rapaz disse, e então Hiro piscou.
— Chefe? Mas… pra quem vocês trabalham?! Quem são vocês, afinal?
Ao ouvir a pergunta, os dois acabaram por sorrir.
— Bem… nós ainda temos tempo, né? — o rapaz perguntou, e a moça assentiu.
— Ah, se temos… o bastante pro nosso lema, e ainda acabar com esse pirralho!
Enquanto uma estranha melodia começava a tocar, os dois fecharam os olhos, antes de começar a falar.
— Preparados para o perigo, pirralhos metidos?
— Sentirão nossa ira, e serão vencidos!
— Vindos das profundezas da escuridão verdadeira!
— Trazendo o zênite da destruição suprema!
— Seguindo as ordens do nosso comandante!
— Puniremos vocês com poder viciante!
Pegando no colarinho das roupas, ambos se livraram das roupas de fazendeiro, antes de revelarem suas verdadeiras identidades.
— Lyssa!
— Laker!
A moça tinha uma camisa de manga curta e saia cinzentas, luvas e botas negras, e um grande R no meio, enquanto o rapaz trajava uma camisa de manga longa e calças longas, também cinzentas, com o mesmo tipo de botas e luvas, além do mesmo R. A moça também parecia estar com roupas meio grandes demais para o corpo dela.
— Preste atenção no que dizemos, garoto!
— A Equipe Rocket chegou para dominar tudo, tudo, tudo!
O queixo de todo mundo caiu, naquela hora, enquanto a música acabava. De trás deles, um Pokémon azul que era pequeno e übernett apareceu, olhando para eles em choque. {Peraê! Vocês fizeram o lema? A gente devia tá levando as ovelhas pro quartel-general, não entrar em combate, não importa o quão incrível o lema é!} ela reclamou, ignorada pela dupla.
— EQUIPE ROCKET?! — Hiro gritou, ao ouvir aquilo. — Não pode ser! Vocês… vocês não tinham sumido, três anos atrás?
— Não seja besta, criatura! — Laker declarou, com um sorriso malvado. — A gente pode ter desaparecido três anos atrás, mas estamos de volta com tudo! E para começar em estilo, a gente vai!
— Se quiser se juntar a nós, ‘príncipe’, é só dizer, viu? — Lyssa disse, em tom provocante. — Temos muitas aberturas para novos recrutas, e afinal de contas, todo mundo vai querer se juntar a nós quando fizermos nossa introdução pra valer!
Nem Laker nem o Pokémon junto deles concordou muito bem, mas não disseram nada.
— Ah, eu não quero nem saber! — Hiro retrucou. — Podem ir soltando a Alyson e todos esses Mareeps agora!
— Fala como um verdadeiro príncipe, mesmo sem parecer um…
Enquanto Laker estava rindo consigo mesmo, Lyssa olhou para ele, meio confusa. — E como você pensa que vai fazer isso? A gente viu as suas coisas, tá? A gente sabe que você não tem Pokémon nenhum, e nem pode fazer nada pra nos impedir. — Ela indicou Molly com uma mão. — Passa logo essa aí, pra gente terminar a nossa cota e ir direto pro chefe!
Hiro hesitou por alguns segundos, suas mãos tremendo de nervoso, enquanto Molly olhava para ele, e para Alyson, sem saber o que fazer. A moça riu um pouco mais, ao ver aquilo. — Sabe, se nos der essa ovelhinha, a gente devolve a menina, pelo menos.
Aquela oferta, ao menos, parecia ser sedutora, e os membros da Equipe Rocket tinham certeza de que ele iria dizer sim. Quando Hiro estava prestes a falar, porém, uma voz cortou o ar.
— NUM FAZ ISSO, PRÍNCIPE!
Todos os olhos se voltaram para a menina, que conseguiu arrancar a mordaça, tremendo de medo apesar de tudo.
— Príncipe! Num faz isso! Eu num quero perdê ninguém… nem mesmo a Molly! A minha melhó amiga! — Ela estava quase chorando, naquela hora. — Eu num quero sê salva, saben’o que a minha melhó amiga sumiu pra isso!
— Alyson… — Hiro sussurrou, e Lyssa resmungou feio.
— Hmph! Criança mal-criada! Merece apanhar, isso sim! — ela disse, forçando a menina ao chão. O grito de dor serviu para que Hiro se decidisse.
— Vai fazer o quê, hein, garoto? — Laker perguntou, e Hiro fechou a cara mesmo naquela hora.
— Só tem uma coisa, né? — ele disse, os dois sorrindo. — Ou eu deixo vocês levarem as Mareeps, ou vocês vão machucar a gente… não parece ser bom.
— Isso! Então você vai
— Escolher uma terceira opção!
A dupla ficou surpresa de vez, antes de olhar um para o outro. — Terceira o quê?
— Você quer proteger a Alyson, não quer? — Hiro perguntou a Molly, nessa hora. — Taí a sua chance! Se determos esses caras, é isso que faremos!
{Ah… se v’cê diz isso, então é isso que eu faço! O quê que eu faço agora, príncipe?} ela perguntou, e Hiro tomou um pouco de distância.
— É só fazer o que eu disser, tá bom?
{Tá!}
— Ah, que ótimo, um candidato a herói… meu tipo menos preferido de companhia. — Lyssa começou, Pokébola em mãos.
— De tudo o que tínhamos que lidar, tinha de ser algo ruim assim! — Laker completou, também pegando uma.
— Eis a sua punição! Pokébola… — ambos disseram juntos, ao lançar suas esferas. — VAI!
De dentro das Pokébolas, dois Pokémon surgiram de imediato. O primeiro era uma aranha verde ridiculamente pequena com estranhas marcas negras sobre todo o seu corpo desfelpado e com apenas seis pernas e um ferrão afiado no topo da cabeça, logo acima das duas presas rosadas. O segundo era um peixe redondo em formato de uma bola zangada, com uma barriga branca. A cauda macia era de um tom azul claro, com duas marcas de cada lado com o mesmo tom de azul claro. Também haviam muitos espinhos por todo o corpo do Pokémon, usados para seu suporte fora d’água.
— Que tipo de coisas são essas, hein… — Hiro se perguntou, tirando a POKéAGENDA e escaneando cada um deles.
— Spinarak, o Pokémon Isca de Passarinho. Mede um Miniaturizado inteiro, com peso de Próprio Corpo. Seu gênero é Inseto. Spinarax não são nada além de bodes expiatórios no mund Pokémon, mal capazes de se sustentar com o pouco de carne que podem obter, ao ponto de eles e Weedles estarem em constante competição para ver quem é o melhor perdedor. Ao menos ainda são melhores que Caterpies, haha.
Ao ouvir isso, o Pokémon miniatura guinchou de raiva. {Ei! Eu não sou um bode, sua coisa besta!} a coisa grunhiu, numa voz sem gênero.
— Qwilfish, o Pokémon Peixe do Mal. Mede uma Bola de Futebol, com peso de Gorducheza. Seu gênero é Amordumau. Qwilfish são pequenos pedaços nojentos de bosta que têm mais sorte que outros porque podem sobreviver fora d’água. Os espinhos no corpo de um Qwilfish são usados para esmagar e matar sua comida, e também são ótimos como palitos de dente. Aliás, mande seu Pokémon atacá-los agora mesmo.
O Qwilfish respirou fundo, dobrando de tamanho, antes de falar com uma voz retumbante. {Vou ensiná-lo a falar mal dos meus espinhos! Aqui no Mar!} ele declarou, também ignorado.
— Nidoran, o Pokémon Fêmea. Mede uma Botina, com peso de Carne Deliciosa. Seu gênero é Nett. Nidoran foram os primeiros Pokémon a ser descobertos com gêneros distintos, sendo que todos podiam ver que eles não eram nada mais do que garotas garotíssimas com piolho. Eles também são muito burros e bestas, mais ainda que Pidgeys. Ah, e gostam de salsichas.
Ao ouvir isso, a Nidoran pareceu ficar pálida de raiva. {EI! Não vai contando o quê que eu gosto ou não gosto, sua coisa falante burra feita de plástico! Isso é segredo!} ela gritou, a palidez dando lugar ao rubor.
— Mareep, o Pokémon Ovelha. Mede um Rabo de Cavalo, com peso de Fofinhos. Seu gênero é Fangirl. Mareeps são ovelhas, então são tão burras que nem todas as Mareeps no mundo poderiam formar um cérebro inteiro se tentassem. Seu feltro e caras burras as fazem parecer tão adoráveis que um Murkrow ia morrer só de ver. Têm um gosto muito bom com ketchup, assim como gente.
Molly olhou feio pra POKéAGENDA também, rangendo os dentes. {Num fala isso, coisa feia! Não quero que o príncipe pense que eu só sirvo pra comida!} ela gritou pro P0-124, que não teve chance de responder já que Hiro já tinha mudado pro modo de batalha.
— Investida, Grunhido, e Choque do Trovão… bom, ao menos já tô mais acostumado a algo assim. — O menino olhou para o Qwilfish. — Aquele é o nosso primeiro alvo, então!
— Qwilfish, Ferrão Venenoso naquela Mareep! — ordenou Laker; seu Pokémon começou a rolar em direção a Molly, seus espinhos parecendo bem afiados.
— Desvia! — foi a resposta, e a Mareep saltou sobre o Pokémon até que bem facinho. — Agora use o Choque do Trovão!
{Toma essa!} ela gritou, antes de liberar um raio inteiro de eletricidade da ponta de seus chifres bem no tipo Água/Venenoso. Ele gritou de dor, mas o ataque não foi suficiente para nocauteá-lo.
— Droga! Sai já daí, Qwilfish! — Com a ordem de Laker, Lyssa decidiu ajudar.
— Use Constrição pra manter essa ovelha nas nossas mãos! — Com a ordem, o Spinarak saltou sobre Molly, soltando um jato de teia que prendeu nas patas dianteiras e rosto da ovelhinha, que começou a perder seu equilíbrio.
{Ah! Num consigo mexê as patas!}
Laker sorriu maldosamente. — Prepare-se, pois atacaremos juntos!
‘Eles estão tentando roubar as ovelhas… devem querer a Molly também,’ Hiro pensou rápido. ‘Então, provavelmente vão usar só o Ferrão Venenoso…’
Uma resposta veio logo. — Abaixa a cauda e use o seu melhor Grunhido, Molly!
Os dois oponentes riram aberto ao saberem da escolha estranha. — Já tá desistindo? Não queria vencer?
— Mas que perdedor! O que fará assim? — Laker perguntou, enquanto Molly respirava fundo. — Detenha-a, Qwilfish! Ferrão Venenoso!
— Quê?! — Hiro acabou por piscar, ao perceber o quão próximo o Pokémon estava deles, momentos antes da lã de Molly ser atacada por seus espinhos, que injetaram veneno em seu corpo. Enquanto ela gritava de dor, o baiacu se afastou dela, com um pouco de dificuldade.
— Você também, Spinarak! Ferrão Venenoso nela! — Lyssa mandou, e o minúsculo Pokémon tipo Inseto/Venenoso saltou nela com vigor, mordendo-a no pescoço e mandando mais veneno nela.
— Droga! Eles são bons…! — Hiro reclamou, dando uma olhada no medidor de energia. Felizmente, ela não tinha sofrido muito dano, mas… — Molly, Grunhido agora!
— Nada disso! Use a Carranca para forçá-la a se submeter! — Com a ordem de Lyssa, o Pokémon deu as costas para o rosto dela, mostrando uma cara bem feia nos desenhos em suas costas.
{AAAH! TÔ COM MEDO! TIRA ISSO DE MIM!!!} Molly gritou, sacudindo a cabeça e tentando expulsar o Spinarak, mas ele estava bem preso a uma teia junto a um dos seus chifres.
— E agora já era… Qwilfish, use o Ferrão Venenoso de novo! — Com a ordem de Laker, o Pokémon voltou a rolar em direção a ela, demorando um pouco mais para alcançá-la agora.
— Molly, vira a cabeça pra esquerda e use o Grunhido agora! — Hiro implorou, a Mareep mal conseguindo virar a cabeça nessa direção e respirando bem fundo.
— Maaa… REEEEEEEEEEEEEEEEEP!!! — ela gritou, as ondas sonoras afetando a concentração de ambos os Pokémon; o ataque de rolar do Qwilfish foi mais devagar, mas eles puderam ver que ele atingiu de toda forma.
— Tá, o garoto conseguiu acertar esse golpe inútil… grande coisa! Ele não vai nos parar! — Laker disse, muito satisfeito, mas Lyssa tinha suas suspeitas.
— Tanta ênfase nesse golpe… mas por quê?
Foi nesse momento que Hiro sorriu aberto.
— Choque do Trovão, Molly! Força total! — Eletricidade estática irrompeu sobre o corpo da Mareep, antes dela liberá-lo. Laker ainda estava confiante, apesar disso.
— Afaste-se, Qwilfish! — ele ordenou, mas o Qwilfish não conseguiu se afastar; seu ataque enfraquecido havia conseguido penetrar a lã, sim, mas agora que ela estava mais grossa devido à eletricidade estática que fluía por tudo, ele não conseguia se afastar!
— Oh, não… corte a teia, Spinarak! — Lyssa ordenou seu Pokémon, que o fez com uma mordida; o inseto miniatura acabou voando, mal evitando o ataque elétrico enquanto ele atingia uma árvore próxima. Qwilfish, porém, não teve essa sorte, sendo atingido por mais eletricidade que podia agüentar. Quando o ataque acabou, ele caiu ao chão e rolou pra cair de barriga pra cima, nocauteado.
{Qwantz!} gritou a Nidoran, surpresa ao ver que seu aliado fora derrotado. Molly jogou as pernas para o alto, com toda a sua força, e destruiu as teias prendendo-a naquele momento.
{Mon… eu num tô me sentin’o bem…} ela murmurou, o veneno começando a gastar suas energias. Hiro não sabia se devia continuar a batalha, mas por outro lado, os dois membros da Equipe Rocket ainda estavam no caminho.
— Não se preocupe, Molly… nós não podemos deixar que eles ganhem! Então agüente firme, e eu prometo que vai ficar tudo bem!
Ouvindo aquilo, ela assentiu, fraca. {Se é o que v’cê me diz, príncipe… então eu vou agüentar com certeza!}
A Nidoran olhou para ela, chocada. ‘Essa Mareep… tá agindo assim por quê?’ ela se perguntou, olhando para o humano por trás dela. ‘Não tem razão pra ela ser tão dependente das decisões dum humano, ela não tem que confiar nele! Pra quê fazer isso?’
Lyssa percebeu o perigo e tomou a dianteira novamente. — Spinarak, use o Tiro de Estilingue pra deter essa Mareep de vez! Não podemos deixar ela escapar! — Com a ordem, o Pokémon lançou uma linha de seu fluido sedoso, tentando acertar as pernas da Mareep; no entanto, devido ao ângulo e posição em que estava, o ataque só acertou a cabeça de Molly. — Droga!
{Akhar, cuidado!} a Nidoran gritou, chamando a atenção do Spinarak. {Você não devia ter feito isso!}
— Falou e disse… — murmurou Hiro. — Molly, Investida agora! Corra o mais rápido que puder para o outro lado!
{Tá bom!} ela respondeu, já acelerando para o ataque. A princípio, Lyssa não entendeu porque ele daria essa ordem, até perceber que seu Spinarak estava começando a ter dificuldades em se segurar na árvore.
— Essa não! Não pode ser! — ela acabou gritando, pouco antes de ver seu Pokémon se soltar da árvore por acidente e voar como um tiro de estilingue, batendo com tudo contra o caminhão com um SPLAT bem alto. — Meu Spinarak!
{Akhar…} a Nidoran sussurrou, assustada como estava. O outro Pokémon acabou mexendo suas pernas de forma bem fraca.
{Nem doeu…} disse Akhar, em sua voz sem gênero, antes de cair de vez e no chão. Enquanto Lyssa levava o Pokémon de volta à Pokébola, Laker olhou feio para Hiro.
— Pirralho sortudo! Não posso acreditar que um pirralho tão novo quanto você conseguiu derrotar os nossos Pokémon! — ele gritou, furioso. — E com um Pokémon destreinado, também!
— Ainda não acabou, príncipe! — Lyssa adicionou, antes de apontar na direção da Nidoran. — Ainda temos um Pokémon, e nem tem como você vencê-la! Vai, Nidoran Fêmea!
{E-Eu?!} a Pokémon gritou, com medo mesmo só de pensar em lutar contra aquela Mareep. {Só pode tá de brincadeira! Eu num me juntei à Equipe Rocket pra lutar, eu me juntei porque eu queria algo maior pra minha vida do que ser uma máquina de combate dum treinador qualquer!}
Ao perceber que ela não estava seguindo adiante, os dois se viraram em direção a ela. — Tá esperando o quê, Nidoran Fêmea? A gente mandamos você ir bater naquela Mareep besta! — Laker rosnou, irritado.
{Vão vocês! Eu num quero! Ela é forte demais pra mim!} ela retrucou, e logo os três estavam a discutir, uma situação hilária ao se considerar que os humanos não entendiam a Pokémon.
Hiro suspirou — Acho que já chega dessa burrice… — ele murmurou, antes de olhar para Molly. — Prepare um Choque do Trovão!
{Sim, príncipe!} ela respondeu, e Hiro correu até onde Alyson estava, ainda presa dentro do caminhão. Ele abriu a porta rápido, olhando para a menina.
— Anda, vem! — ele disse, e ela tentou assentir, mas acabou gritando em vez disso.
— PRÍNCIPE! CUIDADO!
Hiro mal conseguiu olhar para trás antes de ter de se jogar mais longe, escapando do agarrão de Laker. — Diacho! Errei!
— Nem pense em salvar a nossa refém, príncipe! Ela é nossa! — Lyssa ordenou, e Hiro sabia que não teria jeito de chegar mais perto dela sem se livrar deles. E só tinha uma chance para isso.
— CHOQUE DO TROVÃO NELES, MOLLY! — ele gritou, e todos olharam para a Mareep.
— Maaaa… REEEEEEEEEEP!!!! — ela gritou, antes de mandar um ataque de milhares de volts direto no trio, que gritou de dor antes de uma explosão aleatória acontecer.
— Essa não! Como é que pode isso?! — Lyssa reclamou, desesperada.
— Agentes da Equipe Rocket não podem passar por humilhações assim desse jeito! — Laker continuou, fulo da vida.
{É o que dá ficar brigando…} a Nidoran Fêmea terminou, chateada.
— PARECE QUE A EQUIPE ROCKET ESTÁ DE PARTIDA! — por fim, o trio gritou, enquanto voavam pelo ar e além do alcance.
Hiro ficou parado por alguns momentos, seu corpo tremendo de pura surpresa, quando ele percebeu que a batalha havia terminado. Em parte, isso foi porque sua POKéAGENDA havia começado a tocar uma música de vitória, como o fez após a batalha na Torre Brotinho. Ele olhou para si mesmo, e então para Alyson, que estava surpresa igual.
— B… brigada, príncipe! — ela disse, quase chorando, antes do menino se aproximar dela, soltando as amarras que a prendiam. — Brigada por ter salvo a gente!
— …tá tudo bem, Alyson. Vocês tão bem agora. — ele respondeu, pouco antes de ser abraçado por ela.
— E-eu tava com tanto medo! Eu achei que v’cê ia perdê, príncipe! Que ia desistí! Eu… eu…
Enquanto ela chorava nos seus ombros, Hiro só respondeu o abraço, tremendo um pouco também. — Acontece, Alyson. Você ainda é nova… e mesmo assim, você foi bem corajosa. Sem você pedir, eu não sei o que faria…
— Príncipe… — Ela fungou fundo, naquela hora, antes dos dois ouvirem um balido de dor. — Ah! A Molly! Ela num tá bem!
Hiro quase deu um tapa na própria testa. — É claro… ela ainda deve estar envenenada! — Ele soltou a menina, saindo do caminhão. — Eu vou pegar a minha mochila, deve ter um Antídoto lá!
— Antídoto? — ela repetiu, antes de perceber algo. — Espera, príncipe! V’cê
Mas Hiro já estava longe, a essa hora.
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Hiro não chegou a ver o velho quando entrou, nem quando pegou sua mochila – felizmente estocada até a boca com poções e itens de cura. Quando ele quis sair, porém, a porta estava bloqueada, o velho de pé na sua frente.
— Deixa eu passar! — ele disse, mas o velho não se mexeu.
— V’cê mentiu.
— Quê?!
— V’cê é um treinador Pokémon. V’cê mentiu pra gente.
Hiro não acreditava no que estava ouvindo. — Como assim?! Eu não menti!
O velho olhou para ele com total frieza. — Eu vi tudo. V’cê roubou uma das minhas ovelha pra luta co’aqueles home. V’cê mentiu, seu pilantra.
— Eu não fiz nada disso! A Molly escolheu lutar pra proteger a Alyson!
— E agora v’cê vai levá ela contigo, né?
O menino olhou para o velho com uma sensação estranha. Aquelas palavras, aqueles sentimentos… — Olha, eu não sei o que o senhor está pensando, mas eu tenho que voltar lá pra ajudar a Molly, ela tá envenenada
— Por causa da batalha. É culpa sua.
Hiro afastou o pensamento que concordava com isso de sua mente. — Não! A culpa é daqueles dois que estavam querendo roubar as suas Mareeps! A gente só queria proteger todo mundo!
— Num vem co’essa! — O homem estava furioso agora. — V’cê é um mentiroso, um pilantra… eu nunca devia tê te trazido pra cá!
— …e qual é o problema?! — A essa altura, a paciência dele também havia acabado. — Eu não vim aqui pra pegar Pokémon nem nada! Eu só queria ajuda, e o senhor me deu! O que tem de tão errado nessa coisa de ser treinador Pokémon, hein?!
— V’cês treinadores são todos iguais! São todos uns monstros! — ele gritou, até que bem alto. — Só sabem robá as coisas dos otros! Num se importam com o que os otros sentem, nem co’s sentimentos deles!
Por um momento, Hiro não sabia o que dizer, mas… no final das contas, uma nova emoção acabou emergindo. Um tipo de orgulho incomum, que ele nem percebeu ter até aquele momento.
— Eu não sei porque o senhor odeia os treinadores Pokémon, e também não me importa. Eu não vou tentar mudar a sua opinião sobre mim ou sobre os outros, já que não me importa. — Ele olhou com toda a sua seriedade para o velho, naquele momento. — Mas eu não vou deixar ninguém me impedir de ajudar as pessoas que precisam. E nesse momento, a Molly precisa de minha ajuda. Então eu vou, o senhor querendo ou não!
— Eu te proíbo, pivete! — o velho declarou, mas Hiro não respondeu; ele correu até a janela aberta mais próxima e saltou por ela, a toda força. Ele seguiu direto até onde Molly estava, correndo com tudo, a ovelhinha caída no chão de cansaço.
— Príncipe! — Alyson gritou, ao vê-lo. — A Molly, ela tá
— Deixa comigo! — ele respondeu, abrindo a mochila em plena corrida e olhando o que tinha consigo. Infelizmente, ele não tinha nem comprado Antídotos durante a estada na Cidade Violeta ou em Grota das Cerejeiras, mas seu olhar parou numa das frutas que havia arrancado das árvores. Só de olhar para ela, e sentir o cheiro, ele pensou que seria útil.
Ao dar de comer para a Mareep, Molly grunhiu um pouco ao sentir o amargor, mas logo sorriu. {É bom… é bom, príncipe! A dor tá sumin’o!}
— B–bom saber, Molly. — ele disse, enquanto ela se levantava e lambia seu rosto, alegre como só ela. Alyson também o abraçou novamente, quase chorando de novo.
Mas a alegria durou pouco.
— PIVETE! — o velho gritou, enquanto seguia na direção deles. Hiro fechou a cara, antes de se levantar.
— …desculpa, gente. Eu tenho que ir agora. — ele confessou, surpreendendo as duas.
— O quê? Mas, príncipe, a gente tem que agradecê mais!
— Desculpa, Alyson. Eu não posso mais ficar aqui… — Um olhar para o velho, que estava chegando mais perto. — Ele não me quer mais aqui.
— Mas príncipe!
— Alyson, confia em mim! — ele respondeu, enfim. — Vai ficar tudo bem, mas eu tenho que ir agora!
Ela queria chorar de novo. Dava pra ver isso nos olhos dela. Mas ela não o fez, afinal.
— …t-tá! Tá bom! Mas… promete que v’cê volta, príncipe!
Hiro riu um pouco, fazendo um cafuné. — Prometo que vamos nos ver de novo, sim.
Ela o soltou ao ouvir aquilo, e o menino não hesitou em correr para a saída da fazenda, os gritos do velho chamando sua atenção ainda agora.
Mas não deu outra, e o velho não o seguiu além dos limites da fazenda.
Ele estava livre, por ora.
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Horas depois, Hiro estava resmungando enquanto seguia a estrada de chão batido. — Cara, quem diria que esse lugar estaria tão longe de tudo?
Ele olhou para sua POKéGEAR, presa ao pulso. Já era fim de tarde a essa hora, e ele ainda não tinha certeza do quão longe estava.
— Bom, eu recebi um Mapa, né… melhor ver se indica alguma trilha ou coisa assim. — Ao mudar de função, ele pôde ver um mapa de Johto exibido através de um sistema de GPS, informando que ele estava a uma boa distância da Cidade Violeta. Seus olhos abriram de vez. — EEEEEH! LONGE ASSIM?!
Sua respiração estava entrecortada. — Putz… eu nem percebi quanto tempo levou pra chegar na fazenda, e eu tô só na metade do caminho… ai, como isso é besta! ‘Arredores da Cidade Violeta’ uma ova.
Não houve resposta logo depois disso, e Hiro fechou os olhos por mais alguns segundos, sentindo o mau humor piorar. A solidão era pior do que ele pensava.
— Não que tenha ninguém pra me esperar, né… eles já devem ter voltado. A Amanda deve estar lá com o Professor Elm, idolatrando ele feito besta, depois de ter pego o autógrafo do Falkner… — Ele sentiu um amargor na boca enquanto dizia isso, irritado de vez.
No entanto, por mais que quisesse se manter irritado, a falta de resposta o fez sentir algo diferente. Uma reclamação besta, ser chamado de ‘idiota’, ou até uma decisão burra… não demorou muito para que ele percebesse que queria isso. O silêncio transformava aquela floresta numa coisa assustadora só de pensar.
— Não tem ninguém por aqui? — ele se perguntou enquanto caminhava, mordendo o lábio. — E por quê que isso me deixa tão nervoso? É só uma floresta besta, e o caminho até a Cidade Violeta é seguro… e daí que eu tô sozinho agora? Isso não é novidade… não é razão pra eu me preocupar assim! E daí que o Flaviel, a Amanda, a Leda não tão aqui, isso não significa nada! Quê que deu em mim, hein?!
Ele acabou parando, depois de um pouco. — E daí se aquele Cyndaquil vive a me xingar e age como se eu ser treinador dele fosse a pior coisa… e daí se aquela garota prefere mais ficar com o Professor Elm e fica me mandando feito escravo… e daí se aqueles outros Pokémon são todos uns loucos que vivem sendo chatos… eles já devem ter ido embora! Eles não tão aqui! Eles não… eles não…
A garganta dele estava seca, enquanto as palavras lhe escapavam. — Eles não… eles não… eles… eles são…
— Rá! Eu sei que elas são ruins o bastante com um idiota como você por aqui, idiota! Mas pode deixar que eu cuido de tudo, e você só fica aí parado feito um tonto como você tá fazendo agora!
— Ah, eu vou gritar enquanto você não aprender! Por que mais você acha que a gente veio parar aqui?!
— Tá bom… vou ajudar a minha humana de estimação, mas você tem que fazer ela me chamar de Leda, ou eu vou chutar o seu traseiro, Chapelete!
— Piu! Hiro bonitinho! Hiro bonitinho!
— Fica longe dessa coisa! Ela vai te morder com aquelas presas e devorá-lo inteiro! Eu mal consegui sobreviver ao ataque dela, você não vai conseguir!
— Eles são… meus amigos… — Hiro sussurrou, enquanto chorava. — Eu sinto falta deles… porque eu queria continuar com eles! Mesmo que essa viagem seja chata, eu… eu queria passar mais tempo com eles… nem que fosse assim!
Ele respirou fundo, limpando o rosto. — Talvez… talvez eles ainda estejam lá, eles podem não ter voltado ainda… eu acho que consigo chegar ainda hoje, se eu tentar…
{Toki?} uma voz disse, de repente. Ao olhar para a árvore mais próxima, onde ele havia posto a mão, Hiro viu um Pokémon amarelo olhando para ele.
— …você? Mas o quê você tá fazendo aqui? — ele pediu, sem receber uma resposta imediata. Em vez disso, o Dunsparce se jogou da árvore, caindo de cabeça na sua
Um CHOMP muito alto foi ouvido por todos.
{Tchoki?}
E o resultado levou a um grito bem alto de Hiro, seu rosto torto de dor. — Ai… minha mão… DE NOVO NÃO! LARGALARGALARGALARGA!!! ALGUÉM ME AJUDA!!! — o menino continuou a gritar, sacudindo a mão direita pra cima e pra baixo, correndo por onde pudesse para tentar arrancar aquele Dunsparce besta da sua mão de novo.
Autor(a): Soujiro Mafuné
Este autor(a) escreve mais 3 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Pokémon Johto – A Versão de Graça!!! %)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%) Chapteur Le Primeiro—O senhor do céu violeta! O Elegante Mestre dos Pokémon Voadores!—-Versão Extra- %)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%)%) Devagar, o sol enfim atingia o fim da linha do horizonte, ...
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