Fanfics Brasil - Capítulo 1 - Ansiosa Nas cavernas a vida e o amor continuam

Fanfic: Nas cavernas a vida e o amor continuam | Tema: A hospedeira


Capítulo: Capítulo 1 - Ansiosa

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- Obrigada – sorri para o homem baixinho e careca, atrás do balcão da loja de conveniências, quando ele acabou de pegar os códigos de barras dos produtos que eu havia apanhado.


-Eu que lhe agradeço – ele retribuiu o meu sorriso, gentil e doce como todas as almas – Volte sempre.


Senti uma pontada de culpa, como sempre, ao sair da loja com meu carrinho abarrotado de coisas. Tentei me tranqüilizar dizendo a mim mesma que apesar de não fazer nada para retribuir as almas, eu fazia algo talvez até melhor: ajudava aqueles que tiveram seu planeta tirado deles á sobreviver, os humanos que haviam se tornado a família que eu nunca tivera em todas as minha oito vidas.


- Finalmente – exclamou Melanie quando havíamos acabado de ajeitar cuidadosamente as compras no furgão – agora podemos voltar para casa. Estou tão ansiosa para ver Jamie.


-Eu também – disse me aconchegando ao lado de Ian no espaço limitado que restava no furgão abarrotado de mantimentos


- Vocês duas se preocupam de mais com o garoto – Ian falou, sua voz era suave, enquanto colocava seu braço direito em meus ombros e me puxava para mais perto dele – ele já está bem grandinho.


Melanie  suspirou e disse


- Pra mim ele sempre será uma criança. Não posso evitar. - ela sentou-se no banco da frente do carona, ao mesmo tempo em que Jared sentou-se no banco do motorista.


-  Sinto assim também – concordei com ela.


- Prontos para voltar para casa? – Jared perguntou.


- Com certeza – respondemos em uníssono e depois rimos.


Lembro-me de que quando estava em incursões no corpo de Mel, ficávamos todos ansiosos para voltar para casa, para junto de nossos amigos. Mas desta vez a ansiedade era maior, mais intensa, estávamos cheios de curiosidade. Há quase duas semanas havíamos dado de cara com mais um grupo de humanos resistentes. Esperando por nós no nosso esconderijo de carros que eles haviam descoberto, e assim nós descobrimos que Nate conhecia outros grupos de humanos além do nosso. E havia a possibilidade de haver outros grupos dos quais não tinham conhecimento ainda. Mas a maior surpresa foi quando Nate nos apresentou seu melhor amigo -que segundo ele salvará sua vida diversas vezes- Cal, pois ele também era uma alma aculturada, como ele mesmo havia nos apelidado. Logo apos os momentos de susto, surpresas e explicações iniciais decidimos mostrar a Nate e seu pequeno grupo as cavernas de Jeb. Após discutirem por meia hora Jered, Mel,Ian, Brandt e Aaron decidiram que a reposição dos mantimentos era demasiada necessária e por isso  era melhor prosseguir com nossa incursão – apesar de todos estarmos curiosos e além disso também não queríamos perder nenhum acontecimento desse tipo na caverna. Jared então mandou que Aaron e Brandt levassem Nate e seu grupo até as cavernas, dando a todos instruções para que assim que chegassem colocassem a luz da lanterna em seus olhos, para evitar qualquer conflito. Aaron e Brandt protestaram um pouco, mas a curiosidade e a ansiedade se sobrepuseram a vontade de estar fora das cavernas novamente. Eu, Mel, Jared e Ian continuamos a nossa incursão e agora queimávamos de ansiedade, preocupação e curiosidade. Ian abriu um pacote de Cheetos e me ofereceu, enchi uma de minhas mãos – não que eu tivesse pegado muito com minhas pequeninas e delicadas mãos com as quais ainda estava me habituando – e Ian entregou o saco a Mel, que soltou sua mão que estava entrelaçada com a de Jared para pegar um pouco para e ela e dar um pouco para ele. Ainda era um pouco estranho, apenas eu e Ian e Jared e Melanie no mesmo carro ou no mesmo quarto de Motel, as coisas haviam melhorado depois de um tempo, o clima tenso já não era assim tão tenso.Mas mesmo assim um pouquinho daquela estranheza, assim como meus ciúmes de Jared e Mel - apesar de eu ter certeza que amava Ian mais do que eu havia amado Jared- perduravam. Com tempo as coisas se ajeitariam, eu tinha certeza. Ian bocejou ao meu lado,fazendo com que eu também bocejasse.


- Você deveria dormir um pouco – eu disse acariciando-lhe o rosto, ele sorriu pra mim.


- Você também. Você com certeza dormiu menos que qualquer um de nos nesses últimos três dias, deve estar muito cansada.


Ian tinha razão, me sentia cansada. Nesses últimos três dias havíamos decidido não fazermos mais paradas para que pudéssemos ser mais rápidos, tamanha a ansiedade de voltar para casa. Assim nós revezamos, dormindo apertados no furgão e na direção para que assim não parássemos um só minuto. Porém como eu sempre tinha que descer para fazer as “compras” apenas tirava alguns cochilos entre um local e outro.


- Durmam vocês dois – Jared falou


-Certo - eu murmurei – Mas vamos parar em mais algumas cidadezinhas na volta


- Se você estiver afim, tudo bem. – Sorri a pequena lembrança de já ter escutado algo parecido saindo daqueles lábios, porem escutei essas palavras com outros ouvidos.


-Ok, na primeira cidade nós trocamos de lugar certo?


- Certo – foi Mel quem respondeu


Ian me aconchegou em seu peito, seus braços me envolveram e eu fechei meus olhos. Tendo as batidas de seu coração como a mais perfeita canção de ninar eu adormeci.


 


  Senti um frio na barriga quando chegamos a familiar montanha que escondiam nossa casa. Ian parou o furgão atrás do caminhão de mudanças que Jared e Mel dirigiam. Ao descermos contemplei através da escuridão da noite o afloramento de rocha vulcânica e as familiares pedras soltas cor de púrpura que permitiam que os milhares de minúsculas aberturas de nosso refugio fossem invisíveis.  Em poucos minutos havíamos descarregado tudo. Jamie, Jeb, Truddy,Geoffrey,Aaron, Brandt e para minha surpresa Nate e Cal apareceram para nos ajudar. Logo estávamos todos na cozinha conversando animadamente enquanto eu  e Lily – que apesar de  saber que ainda sofria, aparentava estar bem – assávamos o pão.


 - O nosso Cal aqui insistiu em ficar até você voltar Peg, ele estava muito ansioso para te ver outra vez. – Nate deu aquela risada abdominal que já se tornava familiar para mim. Pela visão periférica vi o corpo de Ian, que estava sentado em seu lugar quente de sempre enrijecer, mas por quê? Estava prestes a olhar para ele quando a voz de Cal me distraiu.


- Queria conversar com você, compartilhar minhas experiências – ele sorriu amavelmente para mim – e gostaria muito se você compartilhasse as suas comigo Peregrina.


 Sorri para ele de volta e estava prestes a responder quando a voz de Ian me interrompeu.


- Tenho certeza que vocês têm muito que conversar - Sua voz era neutra, mas o esforço que ele fazia para fazê-la soar assim era perceptível -- Mas Peg precisa descansa.


Ele estendeu uma de suas mãos e fez sinal para que saíssemos da cozinha. Senti minhas sobrancelhas se unirem, Ian estava agindo estranho.


--Tudo bem Ian – falei sorrindo – não estou assim tão cansada. Além do mais gostaria muito de conversar com Cal. Se quiser pode ir se deitar, não me importo.


 Fitei seus olhos azuis safira que eu tanto amava e pude sentir a surpresa inundar meu rosto, seus olhos estavam cheios de ..... dor. Senti uma forte pontada no peito e tive que me curvar um pouco, este corpo ainda não estava acostumado a emoções tão dolorosas. O que havia com Ian? Por que ele parecia estar sofrendo?


- Ele não vai embora, vocês podem conversar amanha – Foi a minha antiga voz que falou, olhei para Melanie que estava no fundo da sala, sua postura era rijida. Ela sorriu para mim, um sorriso claramente forçado – Ah vamos Peg, precisamos todos no lavar e descansar um pouco. Já é tarde.


- Mel tem razão – Fiquei um pouco surpresa ao ouvir a voz de Jeb, desde que chegamos ele havia estado muito calado. Confesso que esperei que Jeb fosse o mais animado e curioso de todos com a descoberta de mais células rebeldes. A curiosidade eu podia ver brilhar em seus olhos, já a animação lhe parecia ausente. – Minhas cenouras não vão se colher sozinhas amanhã.


 Dei um sorriso de desculpas a Cal e me virei para Lily.


-Vá com Ian, só falta mais essa forma que esta no forno – Lily sorriu e eu hesitei  não queria deixar Lily sozinha, apesar de estar bem fisicamente, eu podia ver a dor em seus olhos, como vira nos de Ian agora pouco isso me deixou um pouco atordoada – Ande Peg, vou terminar aqui e logo vou me deitar também.


- Eu a ajudo Peg você precisa descansar, teve uma semana longa – Truddy tinha razão, a semana havia sido longa, dei uma olhada em volta da cozinha e só restávamos eu, Lily, Truddy, Geoffrey e Ian.


-Tudo bem – suspirei e agarrei a mão de Ian, tão quente e aconchegante. Não tive coragem de olhá-lo nos olhos tinha medo de que ainda tivesse dor neles, mas eu tinha que o fazer. Devagar levantei meus olhos, mas quando encontrei seus olhos azuis safira por meio segundo pensei que havia desespero neles mas sumiu tão rápido que só poderia ser imaginação, pelo menos não havia mais dor. Ele sorriu ao fechar sua mão fazendo com que minha pequenina mão quase desaparecesse na sua e me puxou para mais perto de si. Senti meus lábios se repuxarem em um grande sorriso, me sentia tão feliz e segura ao lado de Ian, o meu Ian. O formidável humano que amava a pequenina lacraia prateada que também o amava, um casal tão improvável, até mesmo impossível, mas que funcionavam tão bem juntos. Só amor, esse sentimento tão forte, seria capaz de tamanha proeza.




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Autor(a): valentinne

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