Fanfic: Crises do Interior | Tema: Romance de Época
CENA 1
Leopoldo e Romualdo sentados em suas poltronas. Um de frente para o outro.
LEOPOLDO: Então estamos combinados? Espero que você faça alguma coisa certa dessa vez.
ROMUALDO: Claro, meu pai. Quando iremos até a casa do Sr. Gazarini?
LEOPOLDO: Iremos hoje mesmo. E é bom que nossas famílias se entendam.
ROMUALDO: E o senhor acha que esse casamento vai dar certo?
LEOPOLDO: Não existe essa possibilidade. Você sabe que precisamos deles se quisermos nos manter.
ROMUALDO: Só não entendo como o senhor conseguiu acabar com todo o nosso patrimônio tão rápido. E olha que eu sou filho único...
LEOPOLDO: E manter você em Coimbra não foi fácil. Sorte que terminou esse curso de direito. Se não o tivesse concluido eu com certeza lhe mataria.
Corta.
CENA 2
Maíra está em prantos no quarto, enrolada nos lençóis.
ARACY: Menina, não é o fim do mundo!
MAÍRA: É o fim do meu mundo! Papai não pode fazer isso comigo! Eu quero a minha mãe...
ARACY: A menina sabe que sua mãe está na Itália.
MAÍRA: E por que eu tinha que ficar com meu pai? Os filhos ficam com as mães... Ainda mais quando são mulheres.
Anacleto entra no quarto, furioso.
ANACLETO: Os filhos ficam com as mães quando as mães são dignas de tê-los ao seu lado.
ARACY: Doutor... Eu... Sinto muito!
ANACLETO: Saia, Aracy. Eu preciso ter uma conversa séria com a minha filha.
Aracy apenas assente e vai embora.
ANACLETO: Quantas e quantas vezes vou ter que lhe dizer que sua mãe é uma meretriz, minha filha? Você precisa é agradecer ao seu pai por ser tão atencioso e amoroso.
Maíra não para de chorar.
ANACLETO: Você sabe o que a maioria dos homens faz com as mulheres da vida, não sabe? Você tem que agradecer à Virgem todos os dias pelo pai que tem. Eu poderia tê-la abandonado lá naquela zona com sua mãe, mas não o fiz! Trouxe você para cá para evitar o falatório daquelas pessoas.
MAÍRA: Mas eu ainda sou muito nova para casar, papai! E o senhor não pode ir decidindo sobre o meu futuro assim...
ANACLETO: Basta! Está decidido! Não quero que a minha filha se torne uma rameira como a mãe. Você terá um sobrenome e homem melhor para casar neste fim do mundo não há.
MAÍRA: Pois eu hei de fazer o meu marido o homem mais infeliz de todo esse mundo!
ANACLETO: Faça o que quiser desde que tenha um sobrenome e uma aliança no dedo. Quando você sair por aquela porta não vai mais ser responsabilidade minha!
Anacleto sai do quarto pisando forte sobre o assoalho. Corta.
CENA 3
Fernando e Felipe conversam.
FERNANDO: Acha que vamos perder os nossos empregos?
FELIPE: Acho que não. O Sr. Anacleto deve pedir apenas para a gente manerar no que escrevemos.
FERNANDO: E acha que é possível? Esse fim de mundo já é uma terra sem lei. A única coisa que ainda tentam investigar são os crimes que a gente denuncia...
FELIPE: Você se esquece, meu caro irmão, que aqui nesse fim de mundo é o único lugar que podemos viver com liberdade.
FERNANDO: Até quando, não se sabe.
FELIPE: Continue pensando positivo assim...
Felipe se aproxima do irmão e lhe dá um beijo no rosto.
FELIPE: Não se preocupe. Nada vai nos acontecer.
CENA 4
Cleo volta do colégio ao lado da amiga, Mara.
CLEO: Você já soube? Parece que o Romualdo vai se casar...
MARA: Sim! Parece que é com aquela garota nova... A que veio da Itália.
CLEO: Ouvi dizer que eles pagam uma professora particular pra ela porque "ela não pode se misturar". Tenho nojo dessa gente.
MARA: Nojo dessa gente ou nojo por que ela vai tomar o seu pretendente?
CLEO: E desde quando eu pretendo ter algo com ele? Sabe o que o papai e mamãe acham dos Cayado...
MARA: Por isso mesmo! Fala que você não tem uma quedinha por ele?
CLEO: Você é maluca, isso sim! Até amanhã!
Cleo entra correndo para dentro da casa de seus pais.
CENA 5
Anacleto senta-se na poltrona individual da sala de estar.
ANACLETO: O que traz o senhor aqui em minha casa?
VALTER: Ora, senhor Anacleto, somos conhecidos pela nossa hospitalidade. Ouvi dizer que o seu banco quer abrir uma filial aqui em nossa cidade.
ANACLETO: "Quero" não, eu vou abrir um banco aqui. Já está tudo arrumado.
VALTER: Claro! E acredito que o senhor tenha algum capital para investir num excelente veículo de comunicação da nossa cidade.
Anacleto continua ríspido.
ANACLETO: Sim. Conversei com uns irmãos próximos aqui a minha casa e eles me pareceram muito inteligentes. São jovens e astutos. Fiquei de investir com eles.
VALTER: Mas, ora senhor, meus filhos que cuidam do meu jornal também são inteligentes!
ANACLETO: Achei eles exagerados demais. Precisamos adotar um tom mais cordial.
VALTER: O senhor não sabe o que os Cayado fazem por aqui, senhor Gazarini.
ANACLETO: E nem quero, senhor. Se tem uma coisa de que eu não gosto são fofocas. E pelo jeito aqui é o que mais anda tendo.
VALTER: O senhor está sendo intransigente!
ANACLETO: E o senhor, ignorante e inconveniente.
Valter arregala os olhos, levanta-se da poltrona e cumprimenta Anacleto com um sorrisinho. Logo vai-se embora, deixando-o sozinho.
ANACLETO: Uma nova era vai surgindo. Eu não saí da Itália para perder. Essa cidade vai ser minha.
Close nos olhos e no meio sorriso de Anacleto. Corta.
FIM
Autor(a): cupertino
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CENA 1 Final da tarde, Romualdo e Leopoldo entram na casa dos Gazarini. ARACY: Sejam bem vindos, senhores. Vou chamar o Sr. Anacleto. Eles se encaminham para o escritório, onde encontram Anacleto Gazarini completamente embriagado. Leopoldo e Romualdo se olham. LEOPOLDO: Boas tardes, senhor Anacleto! Eu me chamo... ANACLETO: Leopoldo Cayado, não é? E ...
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