Fanfics Brasil - Capítulo 2 Crises do Interior

Fanfic: Crises do Interior | Tema: Romance de Época


Capítulo: Capítulo 2

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CENA 1


Final da tarde, Romualdo e Leopoldo entram na casa dos Gazarini.


ARACY: Sejam bem vindos, senhores. Vou chamar o Sr. Anacleto.


Eles se encaminham para o escritório, onde encontram Anacleto Gazarini completamente embriagado. Leopoldo e Romualdo se olham.


LEOPOLDO: Boas tardes, senhor Anacleto! Eu me chamo...


ANACLETO: Leopoldo Cayado, não é? E esse jovem deve ser o que quer desposar a minha filha...


ROMUALDO: Isso mesmo, senhor!


ANACLETO: Pensei que os descendentes dos Cayado de Leiria fossem mais homens, sinceramente.


Leopoldo arregala os olhos. Mas Anacleto prossegue.


ANACLETO: Eu já ouvi falar muito de sua família, Leopoldo. Posso tratá-lo assim, não posso? Já que seremos parentes...


O silêncio paira.


ANACLETO: Quero avisar uma coisa sobre a minha filha: se quer se casar com ela, é bom que consiga dominá-la. A mãe é uma meretriz barata que eu encontrei pelas ruas mais pobres de Roma. Meses depois a desgraçada me avisa que está grávida e eu fui obrigado a assumir o filho. Afinal de contas, homem que é homem assume e registra a filha. E olhe que bem eu fiz a minha filha: trouxe a pobrezinha para cá para viver longe dos cabarés porque, vocês sabem, filha de puta, puta é! Mas não quero que a minha filha se torne isso, senhor Romualdo.


Leopoldo vai ficando cada vez mais vermelho e Romualdo cada vez mais sem graça.


CENA 2


Maíra está no quarto, com roupas de dormir, encarando o espelho. Aracy entra.


ARACY: Até agora não se arrumou? Seu noivo já está lá embaixo...


MAÍRA: Como posso noivar se nem namorei? Sequer conheço o sujeito...


ARACY: Posso garantir que é um rapaz bem galante, senhorita.


MAÍRA: Grande coisa. Não me interessa se ele se parece com um príncipe. Eu não vou aparecer no dia desse casamento.


ARACY: A senhorita não faria isso! Escute, menina...


MAÍRA: Escute você, Aracy, você não é mimha mãe e não me dá ordens aqui. Agora me deixe em paz, sim? Diga ao meu pai que não vou aparecer naquela sala.


ARACY: Eu não posso...


MAÍRA: SAI! EU ESTOU MANDANDO!


Aracy se afasta lentamente. Pára diante da porta fechada e respira fundo.


CENA 3


Romualdo enfim quebra o silêncio.


ROMUALDO: Tenho certeza que farei sua filha muito feliz, senhor Gazarini.


Anacleto solta uma risada, levsndo um copo com uísque aos lábios.


ANACLETO: Esse foi o discurso que você teve que decorar? Ora, meu rapaz, todos nós já passamos por isso e sabemos que o que queremos é o sexo. Pois faça-o direito ou vai levar uns bons pares de chifres na cabeça. Lembra que ela tem sangue de meretriz?


Anacleto cai na risada. Mas Leopoldo o interrompe.


LEOPOLDO: Talvez tenhamos vindo num momento inoportuno. Acredito que quando você estiver mais...


ANACLETO: Sóbrio? (pausa) A bebida te incomoda, Leopoldo? Não sabe que homens de sucesso tomam alguns goles de vez em quando? Você devia beber mais e deixar de ser sério... Vai ver é por isso que está falido.


Leopoldo fecha uma das mãos, ficando vermelho e rangendo os dentes.


ANACLETO: Se ofendeu? E eu disse alguma mentira? Você se esqueceu que aqui nessa cidade todo mundo sabe de todo mundo? Hoje mesmo eu recebi a visita de um tal de... Eu esqueci o nome dele... Só sei que era um Bulhões. Ele me disse coisas interessantíssimas sobre você.


ROMUALDO: Tenho certeza que o senhor desconsiderou tudo que foi dito e...


ANACLETO: Gosto de você, rapaz. Eu realmente ignorei o homem. Ele quis, como dizem, fazer a caveira de vocês pra mim. Mas é claro que eu não aceitei, afinal, seremos uma família, não é?


Anacleto abre os braços, sorrindo sarcástico. Romualdo concorda, vacilante.


CENA 4


Na casa dos Bulhões, Valter chega bastante bravo.


VALTER: Mulher, onde estão aqueles moleques?


Mércia sai aflita da cozinha.


MÉRCIA: Como assim, querido? Do que está falando?


VALTER: Por causa dos nossos filhos nós perdemos a chance de nos aliarmos aos Gazarini.


MÉRCIA: Por causa dos nossos fihos? Mas você sabe que eles fazem de tudo para te agradar! Não seja injusto, Valter!


VALTER: Sabe o que o Anacleto me disse? Que acha os nossos filhos "ríspidos demais" no jornal!


MÉRCIA: Valter, contenha-se! O que você queria? Esquece que é você quem revisa tudo naquele jornal? Não coloque a culpa dos seus erros em outras pessoas!


Valter levanta as mãos pra cima e sai da sala, resmungando. Cleo assiste a tudo, atordoada.


CENA 5


Aracy encontra-se ao pé da escada, apreensiva.


ANACLETO: Aracy! Traga Maíra para conhecer o noivo!


Aracy anda de um lado para o outro, chegando até próximo ao quarto de Maíra.


ARACY: Menina, é bom você sair do quarto! Seu pai já bebeu hoje... Não vai querer aborrecer o homem!


Maíra abre a porta, vestida de camisola.


MAÍRA: Meu pai não quer que eu me case? Pois bem... Meu noivo vai me conhecer desse jeito.


Aracy balança a cabeça negativamente, mas Maíra sai correndo em direção a sala.


ARACY: Menina! Não faça isso!


Maíra aparece diante dos três homens apenas de camisola, séria. Anacleto se levanta, com os olhos trênulos de raiva enquanto Romualdo observa a noiva com desejo nos olhos. Maíra percebe a beleza do rapaz.


FIM.



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Autor(a): cupertino

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