Fanfic: Crises do Interior | Tema: Romance de Época
CENA 1
Final da tarde, Romualdo e Leopoldo entram na casa dos Gazarini.
ARACY: Sejam bem vindos, senhores. Vou chamar o Sr. Anacleto.
Eles se encaminham para o escritório, onde encontram Anacleto Gazarini completamente embriagado. Leopoldo e Romualdo se olham.
LEOPOLDO: Boas tardes, senhor Anacleto! Eu me chamo...
ANACLETO: Leopoldo Cayado, não é? E esse jovem deve ser o que quer desposar a minha filha...
ROMUALDO: Isso mesmo, senhor!
ANACLETO: Pensei que os descendentes dos Cayado de Leiria fossem mais homens, sinceramente.
Leopoldo arregala os olhos. Mas Anacleto prossegue.
ANACLETO: Eu já ouvi falar muito de sua família, Leopoldo. Posso tratá-lo assim, não posso? Já que seremos parentes...
O silêncio paira.
ANACLETO: Quero avisar uma coisa sobre a minha filha: se quer se casar com ela, é bom que consiga dominá-la. A mãe é uma meretriz barata que eu encontrei pelas ruas mais pobres de Roma. Meses depois a desgraçada me avisa que está grávida e eu fui obrigado a assumir o filho. Afinal de contas, homem que é homem assume e registra a filha. E olhe que bem eu fiz a minha filha: trouxe a pobrezinha para cá para viver longe dos cabarés porque, vocês sabem, filha de puta, puta é! Mas não quero que a minha filha se torne isso, senhor Romualdo.
Leopoldo vai ficando cada vez mais vermelho e Romualdo cada vez mais sem graça.
CENA 2
Maíra está no quarto, com roupas de dormir, encarando o espelho. Aracy entra.
ARACY: Até agora não se arrumou? Seu noivo já está lá embaixo...
MAÍRA: Como posso noivar se nem namorei? Sequer conheço o sujeito...
ARACY: Posso garantir que é um rapaz bem galante, senhorita.
MAÍRA: Grande coisa. Não me interessa se ele se parece com um príncipe. Eu não vou aparecer no dia desse casamento.
ARACY: A senhorita não faria isso! Escute, menina...
MAÍRA: Escute você, Aracy, você não é mimha mãe e não me dá ordens aqui. Agora me deixe em paz, sim? Diga ao meu pai que não vou aparecer naquela sala.
ARACY: Eu não posso...
MAÍRA: SAI! EU ESTOU MANDANDO!
Aracy se afasta lentamente. Pára diante da porta fechada e respira fundo.
CENA 3
Romualdo enfim quebra o silêncio.
ROMUALDO: Tenho certeza que farei sua filha muito feliz, senhor Gazarini.
Anacleto solta uma risada, levsndo um copo com uísque aos lábios.
ANACLETO: Esse foi o discurso que você teve que decorar? Ora, meu rapaz, todos nós já passamos por isso e sabemos que o que queremos é o sexo. Pois faça-o direito ou vai levar uns bons pares de chifres na cabeça. Lembra que ela tem sangue de meretriz?
Anacleto cai na risada. Mas Leopoldo o interrompe.
LEOPOLDO: Talvez tenhamos vindo num momento inoportuno. Acredito que quando você estiver mais...
ANACLETO: Sóbrio? (pausa) A bebida te incomoda, Leopoldo? Não sabe que homens de sucesso tomam alguns goles de vez em quando? Você devia beber mais e deixar de ser sério... Vai ver é por isso que está falido.
Leopoldo fecha uma das mãos, ficando vermelho e rangendo os dentes.
ANACLETO: Se ofendeu? E eu disse alguma mentira? Você se esqueceu que aqui nessa cidade todo mundo sabe de todo mundo? Hoje mesmo eu recebi a visita de um tal de... Eu esqueci o nome dele... Só sei que era um Bulhões. Ele me disse coisas interessantíssimas sobre você.
ROMUALDO: Tenho certeza que o senhor desconsiderou tudo que foi dito e...
ANACLETO: Gosto de você, rapaz. Eu realmente ignorei o homem. Ele quis, como dizem, fazer a caveira de vocês pra mim. Mas é claro que eu não aceitei, afinal, seremos uma família, não é?
Anacleto abre os braços, sorrindo sarcástico. Romualdo concorda, vacilante.
CENA 4
Na casa dos Bulhões, Valter chega bastante bravo.
VALTER: Mulher, onde estão aqueles moleques?
Mércia sai aflita da cozinha.
MÉRCIA: Como assim, querido? Do que está falando?
VALTER: Por causa dos nossos filhos nós perdemos a chance de nos aliarmos aos Gazarini.
MÉRCIA: Por causa dos nossos fihos? Mas você sabe que eles fazem de tudo para te agradar! Não seja injusto, Valter!
VALTER: Sabe o que o Anacleto me disse? Que acha os nossos filhos "ríspidos demais" no jornal!
MÉRCIA: Valter, contenha-se! O que você queria? Esquece que é você quem revisa tudo naquele jornal? Não coloque a culpa dos seus erros em outras pessoas!
Valter levanta as mãos pra cima e sai da sala, resmungando. Cleo assiste a tudo, atordoada.
CENA 5
Aracy encontra-se ao pé da escada, apreensiva.
ANACLETO: Aracy! Traga Maíra para conhecer o noivo!
Aracy anda de um lado para o outro, chegando até próximo ao quarto de Maíra.
ARACY: Menina, é bom você sair do quarto! Seu pai já bebeu hoje... Não vai querer aborrecer o homem!
Maíra abre a porta, vestida de camisola.
MAÍRA: Meu pai não quer que eu me case? Pois bem... Meu noivo vai me conhecer desse jeito.
Aracy balança a cabeça negativamente, mas Maíra sai correndo em direção a sala.
ARACY: Menina! Não faça isso!
Maíra aparece diante dos três homens apenas de camisola, séria. Anacleto se levanta, com os olhos trênulos de raiva enquanto Romualdo observa a noiva com desejo nos olhos. Maíra percebe a beleza do rapaz.
FIM.
Autor(a): cupertino
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