Fanfic: O milagre do amor - AyA - Adaptada Finalizada | Tema: AyA

Ótimo. Só não queria cozinhar algo que não lhe fizesse bem. E Alfonso não tinha certeza de que você me aceitaria para cuidar do bebê até que sentássemos e conversássemos, mas... não é como se fôssemos estranhas. Então, quero deixar claro que estou disponível. E adoro crianças. Estarei aqui, ajudando na casa e não tem problema se o bebê ficar. Por ora, é só, querida. Sei que está trabalhando e não devia receber telefonemas pessoais. Vou desligar.
Anahi ficou com o telefone no ouvido, totalmente confusa. Sim, a voz da mulher era familiar, mas não conseguia se lembrar da dona. Devia ficar preocupada com uma estranha na casa, mas ela mencionara um nome.
Alfonso.
O bebê balbuciou, contente.
— Angel, acho melhor almoçarmos em casa hoje. Está bem para você?
O bebê deu um chute no ar, como se concordasse.
Ao meio-dia e doze, Anahi liquidou o hambúrguer que comprara no drive-thru de uma lanchonete e reparou num carro estacionado na rua. Tratava-se de um modelo antigo, cinza, mas a lataria estava impecável, como no dia em que saíra da fábrica.
Intrigada, Anahi pegou Angel e a bolsa. O bebê não reclamava, mas começaria a qualquer instante. Precisamente ao meio-dia e doze, nem um minuto a mais, e Anahi queria entrar em casa antes que a menina abrisse o berreiro.
Já estava com a chave da cozinha na mão quando percebeu que a porta estava aberta. Espiou o interior e quase teve um ataque cardíaco.
Não havia louça suja na pia. Os azulejos brilhavam. Um bolo fofo esfriava no balcão e uma panela fumegava no fogão. Entrou, passando pela máquina de lavar roupa e a secadora em pleno funcionamento. Mas o mais impressionante eram as roupas dobradas sobre a tábua de passar.
Parecia um filme de terror. Seguiu adentrando a casa, com Angel nos braços. Havia um invasor ali. Nenhuma mãe se arriscaria a entrar em casa naquela situação; porém, nesse caso, o estranho parecia mais equilibrado do que a moradora.
Não havia toalhas jogadas no chão do banheiro. Nem meias, chinelos e calças jeans no canto do quarto. A cama estava feita. Com lençóis limpos, como numa casa decente.
Apertando um pouco mais o bebê nos braços, protetora, foi para a sala, onde sabia que encontraria o invasor, pelo som do aspirador de pó. Encontrou uma mulher agachada junto ao sofá, tirando o pó da parte de baixo do móvel.
Como se sentisse a presença de alguém, a mulher ergueu-se, voltou-se e levou a mão ao peito. Desligou o aspirador.
— Não se assuste — tranquilizou Anahi. — Eu posso ajudá-la. Sei que deve haver algum programa para recuperação de maníacos por limpeza. Há programas para tudo. No mínimo, posso ser o seu grupo de apoio. Confie em mim, poderei ensiná-la a viver com sujeira. É possível. Vivo assim há muito tempo... A mulher relaxou, suspirou e riu.
Alfonso sempre dizia que você era terrível. Lembra-se de mim, não é? Myrt.
Claro que sim.
Não era como se se conhecessem, mas Myrt era o tipo de pessoa difícil de se esquecer. A calça jeans e a camiseta adequavam-se a alguém de trinta anos, mas o rosto denunciava uns sessenta anos. Os brincos de argola balançaram nas orelhas quando ela se inclinou para ver melhor Angel.
Então, este é o nosso bebê? Eu tive quatro, sabe. E são sete netos até agora. Mas quase não vejo as crianças. Todos se mudaram para longe e têm seus empregos e tudo. Sinto falta de um bebê.
Nosso bebê?
Anahi considerava-se esperta, mas desconfiava de que Myrt a superasse.
— Alfonso contou que você anda muito ocupada, tentando trabalhar e cuidar deste bebê ao mesmo tempo. Teme que você acabe exausta. A casa de Alfonso é grande, mas não tem muita coisa para se limpar, principalmente porque ele não pára lá. Na minha opinião, com tantos quartos disponíveis, seria mais fácil instalar você e o bebê na casa dele...
Anahi sentiu os joelhos fracos.
— Co-como?
Myrt nem ouvia.
— Mas para mim tanto faz. Ele me paga bem... eu diria metade do que eu mereço... mas também sou a melhor avó que ele poderia contratar. Cozinho bem. Nunca perco a paciência com crianças. E gosto de limpeza...
A senhora está me assustando — protestou Anahi.
Ora, é falta de educação olhar os dentes de cavalo dado. Você precisa de ajuda. Eu estou aqui. E Alfonso está pagando o meu salário, portanto, não se preocupe. Posso dormir aqui, quando precisar...
Espere!
Na verdade, gostaria até que minhas noites não fossem tão áridas, mas desde que Ted se foi desta para uma melhor... bem, ainda há fogo nesta velha fornalha, mas parece que não sobrou homem por aí. Eu tentei. A questão é que posso cuidar da nossa Angel, se você não puder...
Myrt abriu os braços para pegar Angel. Anahi entregou o bebê e observou-as atentamente, como uma diretora de escola. Tinham diferenças de estilo, mas nada era perfeito, pensou Anahi.
Myrt?
Hum?
Ela fica birrenta na hora do jantar. Na verdade, não há hora certa. Acontece sempre que eu vou fazer a refeição. Ela pede mamadeira a cada quatro horas e meia, sem falha.
Entendi. Nós vamos nos divertir muito, não é, queridinha?
Bem, não queria deixá-la, mas... assim que ela mamar, vai dormir por umas duas horas. Eu preciso mesmo conversar com Alfonso. A senhora se importa se eu sair um pouco?
Bem, claro que não, querida. É para isso que estou aqui. E pelo bebê.
Anahi pegou a jaqueta e a chave do carro, e saiu. No carro, pegou o telefone celular e ligou para Wayne para avisar que se atrasaria um pouco.
Bem, "um pouco" era metáfora. Quando se encontrasse com Alfonso, não saberia bem o que faria com ele...