Fanfic: O milagre do amor - AyA - Adaptada Finalizada | Tema: AyA

Então, este bebê vai para o sistema de lar adotivo. Logo.
Não.
Como assim, não? Não foi o que acabou de me explicar?
O bebê terá que ir a algum lugar... um lugar credenciado pelo serviço social e aceito pelo juiz... até que se defina sua situação. O sistema está lotado. Mas alguém pode requerer a guarda provisória, se preencher os requisitos.
Ani.
Sim?
Você quer ficar com ela, não quer?
Eu não quero que ela vá para o sistema de adoção para ficar perdida como eu. Eu me apaixonei por ela assim que a vi, admito. Quem a deixou na soleira da minha porta me conhece, Alfonso. Não dá para ficar alheia; quero ter certeza de que ela ficará bem, até voltar para os pais. Para tanto...
Você quer ficar com ela.
Eu não quero que ela vá para o sistema de adoção — repetiu Anahi. Não queria contar detalhes do sistema, da sensação de abandono... Tinha que transformar aquela conversa séria em brincadeira. Que tal se, pela primeira vez, pedisse Alfonso em casamento? Ele já fizera isso tantas vezes... — Normalmente, o juiz não consideraria uma trabalhadora solteira como boa opção para guarda temporária. Não quer se casar comigo, Alfonso? Isso aumentaria minhas chances.

CAPÍTULO IV

Alfonso sentiu o coração parar e, então, disparar.
Anahi não estava realmente pedindo-o em casamento. Logo percebeu. Casamento era uma brincadeira frequente entre eles, porque ele já a pedira muitas vezes. Anahi sempre presumia que ele estava brincando, assim, era perfeitamente natural que ela brincasse da mesma forma.
Havia algumas pequenas diferenças, entretanto.
Ele sempre estava disposto a levar a brincadeira até o fim...
O aparecimento do bebê na vida de Anahi parecia afetá-la. Ela nunca admitia que precisava de ajuda para nada... e, com certeza, nunca lhe daria a oportunidade de se adiantar e oferecer ajuda. Não entendia a complexidade da presença daquele bebê na vida dela, mas tinha uma certeza: aguardava aquela chance... qualquer chance... de ficar com ela havia anos. E não deixaria escapar.
— Aceito, vamos nos casar — respondeu, descontraído.
Pela primeira vez naquela noite, Anahi relaxou a tensão no rosto e desatou a rir.
— Claro. Sem problemas. Consiga a licença e marque no cartório de paz. Exatamente o que você planejava para esta semana.
— Na verdade, parece-me bem divertido. — Ele se recostou e estendeu as pernas longas como se não tivesse nada mais a fazer.
Ela ainda ria.
Imagino as manchetes na coluna social no domingo. O solteirão mais cobiçado de Royal finalmente foi algemado por uma policial. E tenho certeza de que haveria comentários sobre a noiva ter que largar a caminhonete velha e sofrer para dirigir aquele carro esportivo... sem mencionar todos os dissabores por ficar podre de rica...
Cale-se, Ani. Eu sei que estava brincando, mas por que não pensa no assunto? Você parecia estar falando sério sobre querer ficar com o bebê.
— Eu estava. Estou... mas ora, Alfonso, eu não estava falando sério sobre casamento. Era só uma brincadeira. Isso não resolveria nada, porque a mãe de Angel vai aparecer a qualquer momento. Hoje, ainda. Ou amanhã...
E talvez nunca apareça. Mas mesmo que ela venha à sua porta daqui a algumas horas, o juiz não vai lhe devolver o bebê. Não foi o que disse? Portanto, Angel vai ficar em algum lugar por algum tempo... e pode ser um longo período. Longo o bastante para fazer diferença em sua vida, para melhor ou para pior.
Eu sei, eu sei. É isso o que me aborrece. — Ani passou a mão pelos cabelos, levantando os cachos, e encarou-o. — Não suporto imaginar que ela será colocada num lugar ruim. Tudo o que gostaria era poder cuidar dela até sabermos o que vai ser de sua vida. Eu sei que a amaria. E que quase tudo é melhor do que cair no sistema de adoção. É loucura, eu sei...
Ani, eu não me importo se é loucura ou não. Se eu entendi o que me explicou, o juiz poderia lhe conceder a guarda temporária, se fosse casada. Verdadeiro ou falso?
Verdadeiro. Aliás, eles me considerariam de qualquer forma, mas para logo descartar. Não conheço nenhum caso onde a guarda foi dada a uma mulher solteira. Não aqui. Portanto, desista. O juiz prefere uma família completa, com pai e mãe...
Então, vamos nos casar.
Ela tentou responder e acabou caindo na risada novamente. Conseguiu parar, mas ainda soluçava.
Quando Alfonso ergueu a mão, Anahi adivinhou que queria beijá-la. Ao lhe tocar o rosto e afastar os cabelos com gentileza, teve certeza. Afinal, isso ele sabia fazer bem...
Mas ele nunca a beijara antes. Nenhum tipo de beijo. Talvez por saber que nenhum beijo seria simples. Não com ela. Não para ele.
Anahi não esperava o beijo, pois franziu o cenho e arregalou os olhos, surpresa, quando Alfonso se aproximou. Mesmo enquanto ele lhe afastava os cabelos, ela não reagiu. Quando ele roçou os lábios nos seus, ela não se afastou. Permanecia imóvel como uma estátua.
Com o detalhe de que nada em Ani lembrava uma estátua fria. Ela parecia frágil. Macia. Quente. Encantadora.
Ela emitiu um som fraco quando o beijo aconteceu. Anahi raramente usava perfume, mas mesmo assim ele se viu cercado por seus aromas. Ela ainda tinha o gosto do capuccino. Os cabelos desgrenhados exalavam o aroma de morangos do xampu. E havia a fragrância dos cremes hidratantes para rosto e mãos, devido à pele seca. Amêndoas. Baunilha. Morango. Tudo identificável.
Como ela.