Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

--Eu só quero o melhor para ela, Maite, eu amo a minha filha, ela é a pessoa mais importante da minha vida. Eu não quero que ela seja uma mimada e idiota como eu sempre fui, meus pais mais pareciam meus irmãos, minha mãe em particular e não me colocou limites, eu podia tudo, e meu pai sempre passava as mãos na minha cabeça. Eu apanhei muito por causa dessa super proteção, seja no trabalho, seja na minha vida privada. Eu era tão idiota que aos 22 anos, já quase formada e com alguma experiência de vida, fiquei grávida sem saber, eu nem me toquei que um preservativo podia romper, tamanha era a minha arrogância em achar que sabia tudo que nada acontecia sem eu saber...que estúpida que eu era, mas isso tudo pela super proteção do meu pai, por isso que eu achei que a Sara tinha de ser independente, esperta, bem mais esperta do que eu...e também sou sim viciada no trabalho, adoro o que faço e modéstia a parte faço-o bem, e o que mais quero é dar uma vida de princesa para a minha pequena...Você sabe bem os tempos difíceis que vivi após a morte do meu pai, tive que aprender a viver na marra, a ser responsável, a cuidar de mim, do meu bebê, da minha mãe, tudo ao mesmo tempo...acho que pirei e ate hoje estou pirada...mas Mai eu amo a Sara, ela é tudo para mim.

Maite a abraçou e beijou.

--Eu sei Dul, eu te conheço melhor do que ninguém e sei que és uma das melhores pessoas do mundo, mas como todos os humanos, erraste no caso da Sara, e essa moça tem razão em tudo o que ela te disse, mas amiga ainda há tempo para recomeçar com a tua pequena, o mais importante já existe, amor.

Dulce olhou as horas no pulso e correu para o telefone e pediu ao piloto que preparasse um vôo para Santos dentro de 15 minutos.

--Vou lá Mai, nem que chegue atrasada mas vou ver a minha filha dançar.

Maite sorriu e abraçou a amiga dizendo:

--Essa é a minha Dul, mulher de decisões firmes.

A amiga já ia deixando o escritório quando ela gritou:

--Hei, vê se cria juízo e implore para a Anahi ficar contigo, digo com a Sara... vocês todas. – Maite estava a rir às gargalhadas com a cara de brava que Dulce fizera, mas ainda teve tempo de dizer:

--Acho difícil, aquela lá é dura na queda, mas pela Sara sou capaz de tudo...vou implorar ate de joelhos se preciso for. -- E saiu correndo rumo ao heliporto.

Sorrindo e feliz pela amiga, Maite pensou: " O milagre aconteceu e veio com o nome de Anahi".

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O espetáculo estava prestes a começar quando Christian sentou-se do lado de Anahi na segunda fila do teatro. Ela sorriu, ele prometera e cumprira, Sara ficaria feliz. Enfim o espetáculo começou e com ele várias mães ficaram com lágrimas nos olhos. Estava lindo, perfeito melhor dizendo. As pequenas se superavam e exibiam um show memorável. Anahi tinha o coração aos pulos quando começou o ato de Sara, ela simplesmente brilhou e naquele instante Anahi pode perceber todo o talento que aquela garota tinha. O corpo dela parecia moldado para a dança e os seus gestos eram de uma bailarina nata. O ato delas era o ultimo e foram aplaudidas de pé. Anahi não se aguentava, chorava como poucas vezes tinha feito na vida. Lembrar que não passaria mais os dias com aquela criança encantadora destruía-lhe a alma, mas como ser diferente após ter dito tudo o que estava preso na garganta àquela mulher que infelizmente vinha a ser a mãe da Sara e conseqüentemente a sua patroa? Estava arrasada e pior ainda porque a menina nem suspeitava que ela tinha se demitido. Passaria aquela noite no apartamento de Christian, eles já tinham conversado e ele revelara-se mais amigo do que ela poderia imaginar. Ainda não tinha falado com Beth, pois sabia que a amiga desceria para Santos em dois tempos e ela ainda não estava muito certa do que faria a seguir...para São Paulo não queria voltar, talvez fosse hora de voltar para a casa, já tinha saudades da avó...

Numa das últimas fileiras do teatro estava sentada uma mãe que não conseguia conter a emoção de ver os primeiros passos da sua filha que seguramente seria uma estrela da dança. Jamais tinha notado aquele talento...mas também muita coisa lhe tinha escapado, mas estava disposta a recuperar o tempo perdido. Dulce  estava quase escondida, faltava-lhe coragem para assumir um papel que era dela, mas há muito negligenciado. Pensou em Maite e na frase que a amiga sempre dizia, que ela era uma mulher como poucas, lutadora e perseverante, logo não havia nada a temer. Iniciou o seu trajeto até à coxia onde abraçaria a sua filha e lhe diria que ela era a melhor bailarina do mundo.

Sara corria para os braços de Anahi que a aguardava repleta de emoção. A menina pulou nos seus braços e ela teve a certeza que não poderia ficar longe dela, ainda não sabia como, mas ficaria em Santos até a sua schatzie ter mais maturidade...

--Gostou Any? Eu fui bem? Porque  esta chorando schatzie?

--Estava linda meu amor, perfeita...choro porque sou uma boba. -- Anahi afagava os lindos cabelos de Sara enquanto era abraçada e beijada por ela.

-Minha mãe nem veio me ver...ela trabalha muito Christian. Mas vocês estão aqui e a  Any  filmou tudo depois ela vê. -- A inocência daquela criança era comovente.

--Ela disse que vinha Sara, deve estar a caminho – Anahi surpreendeu-se mais uma vez defendendo aquela mulher sem defesa.

Dulce vira e ouvira a cena toda e com lágrimas nos olhos disse:

--Dá cá um abraço minha bailarina favorita.

O espanto foi geral, mas para Anahi aquela mulher ali era quase uma redenção. A alegria de Sara ao pular nos braços da mãe era contagiante. A pequena a enchia de perguntas, se tinha visto tudo, se ela tinha dançado bem, a abraçava e beijava efusivamente.

Anahi não sabia o que fazer, estava emocionada de mais com aquela cena e por mais que não gostasse de Dulce, naquele momento teve vontade de abraçá-la pela atitude que tomara. Estava visivelmente nervosa quando Sara puxou a mãe para onde ela e Christian estavam.

--Any, olha, a minha mãe veio, ela não se esqueceu do meu dia especial. Mãe, esse é o Christian, meu amigo e da Any, e Christian essa é a minha mãe, que só não é mais bonita do que eu...

Todos riram da piada da menina e Dulce e Christian se cumprimentaram cordialmente. Os olhos das duas cruzaram-se e Anahi não entendeu a intensidade daquele olhar...normalmente ela não a encarava, falava sempre com um ar blasé, mas naquele momento a olhou com intensidade, sustentado o olhar mais do que o normal, fazendo com que Anahi piscasse algumas vezes ate conseguir desviar. Não trocaram uma única palavra, mas os olhares tinham deixado muita coisa subentendida.

Sara estava com fome e pediu à mãe para irem comer alguma coisa gostosa. Ela queria que Anahi  e Christian fossem junto, mas a babá disse que não seria possível porque tinha que resolver algo com o Christian e já que a mãe dela estava presente iria aproveitar para ir já.

A menina ficou triste e ainda pediu à Anahi que não demorasse muito para voltar para a casa porque senão morreria de saudade. Elas se abraçaram e Anahi foi embora com a certeza de que era observada por Dulce o que a deixou nervosa.

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A noite já ia alta quando Dulce finalmente conseguiu fazer Sara dormir. A menina estava agitada e não parava de olhar pela janela a ver se Anahi regressava. Como dizer àquela criança que a babá teria de ser outra? Ela não vira a menor possibilidade de diálogo com Anahi, ela parecia estar certa que não dava mais para conviver com aquela situação. Dulce não tinha como discordar dela, mas a filha era mais importante e portanto teria de engolir o orgulho, conversar, pedir desculpas e implorar que ela lhe desse mais uma chance e fazer de tudo para ser diferente.

Entrou no quarto de Anahi e viu que as coisas dela ainda estavam todas no mesmo lugar, respirou aliviada. Provavelmente só tinha levado poucas roupas, sinal que ainda havia uma chance de Dulce convencê-la a ficar. Estava completamente sem sono, subiu ao lounge e ficou pensando nas palavras certas que diria à babá no dia seguinte.

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Anahi e Christian regressavam para o apartamento após de um jantar memorável com mais alguns amigos dele. Ela rira bastante no jantar, até porque os amigos dele eram palhaços puros e gente de boa alma, mas agora estava calada e com o pensamento longe. Christian resolveu começar uma conversa com a primeira frase que lhe veio à cabeça:

--A Sarita tem razão, a mãe dela é muito bonita...

Anahi limitou-se a balançar positivamente com a cabeça. Olhava para as luzes da cidade querendo que as próprias idéias clareassem. Não conseguia parar de pensar em Sara, mas ao mesmo tempo sabia que aquela mulher não permitiria que ela continuasse a cuidar da filha e nem ela achava-se capaz de fazê-lo.

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Sábado, novo dia de sol brilhante e Christian estava ansioso com a chegada da irmã que há um bom tempo estava em digressão. Anahi adorou o fato de ele ter uma irmã bailarina, já sabia que iam se dar bem, pelo menos papo não faltaria. Christian já estava certo que Anahi passaria a fazer parte do corpo de dança da companhia, mas ela tinha outros planos, queria estar no back stage, mas tudo não passava de especulações já que ainda não sabia ao certo o que fazer da vida.

Anahi ficou pensando e viu que a irmã de Christian era viva, alegre, extrovertida e muito, mas muito bonita mesmo. Eles se adoravam, não paravam de falar um segundo e se abraçavam e riam das histórias um do outro. Era bom ver gente assim, e melhor, estar com pessoas assim...

Angelique estava louca para comer sushi e como todos gostavam, foram ao Kenzo Sushi lounge degustar algumas iguarias Japonesas. Aproveitando que Anahi tinha ido ao banheiro ela confidenciou ao irmão:

--Christian, que Deusa é essa? Meu Deus há muito tempo que não vejo nada assim...fiquei até boba, acredita?

Christian adorava o exagero da irmã, mas em se tratando de Anahi, ela estava coberta de razão.

--Angelique minha irmã, não exageres nos elogios, ela não é lésbica e está a passar por problemas.

--Ah, sabes que a maior parte de mulheres com quem já dormi não eram lésbicas, ou pelo menos não se definiam como tal, e no entanto...estou a brincar, sabe que sei muito bem segurar a minha onda, mas que ela é uma gata, oh la la.

--Ela dançou a vida inteira e é apaixonada por jazz moderno, de repente vocês fazem algo juntas...

--Hmmm, quero fazer tudo com ela -- Risos. -- Mas então vou ter de a convidar para um casting na companhia. Quem sabe não é ela a parceira que preciso para aquele meu projeto que tão bem conhece.

--Nossa, se vocês fizerem aquela dança sensual que me mostraste, o mundo vai render-se aos vossos pés.

--Sabe que até hoje não consegui dar seguimento ao projeto exatamente por não achar a partner perfeita...quem sabe não é a sua amiga Alemã. Os pais dela são Alemães? Ela parece Brasileira com essa cor morena maravilhosa...

--Ela foi adotada aos dez anos aqui no Brasil e levada para a Alemanha por um casal de lá, mas não toque nesse assunto porque parece que é algo que a faz sofrer.

--Ok meu irmão, mas tenho que te dizer que estou cada vez mais encantada com a tua amiga.

Riram alto e Angelique abraçou o irmão enquanto viam Anahi regressar à mesa.

Estavam todos alegres e rindo sem parar das loucuras de Angelique quando Anahi sentiu dois bracinhos que ela amava ao redor do seu pescoço.

-Schatzie!

--Any estou com tantas saudades tuas, quando é que volta para casa?