Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

Como já era habitual nos últimos tempos, Dulce tomava café com a filha antes da pequena seguir para a escola e ela para São Paulo para mais um dia de trabalho.

--Filha não demore tanto com esse cereal porque daqui a pouco a Anahi desce para te levar à escola e sabes que ela não gosta que atrases e nem eu, coma tudo e seja mais rápida.

--Mãe, se eu comer tudo promete que me deixa aprender a andar de skate? -- Ela fazia aquela carinha irresistível para convencer a mãe.

--De novo este assunto Sara? É muito nova para isso minha filha...

--Mãe, como muito nova? Eu vou fazer 9 anos, tenho amigas com sete que são feras no skate...deixa mãe, por favor...a Anahi é boa de skate, precisa ver, ela me ensina e toma conta de mim...deixa?

Antes que Dulce pudesse dizer mais um não à filha, Anahi entrou na cozinha apressando-a para saírem para o colégio.

--Vamos schatzie, já estamos atrasadas. O tempo está meio nublado e não quero que minha princesa chegue molhada na escola. -- Anahi disse com um sorriso no rosto.

-- Hoje não posso chegar feia e molhada, é aniversário da Giovana e terá festa na escola e ela vai linda, já nos avisou, não posso fazer feio.

--Bom dia Dona Dulce...desculpa, entrei como um furacão e nem lhe cumprimentei...um furacão mal-educado. -- Sorriu nervosa e Dulce sorriu de volta.

--Tudo bem Anahi, sei que minha filha é o centro das atenções dessa casa e ainda bem que assim é. Estive a pensar, talvez seja melhor começar a usar de novo o transporte escolar, vai começar as chuvas e penso que é mais seguro...o que acha?

--Claro, a senhora está certa. Vou providenciar isso. Vamos Sara!

--Any, convença a minha mãe a me comprar um skate pelo amor de Deus, se você falar ela escuta...

--De novo Sara? Vou ficar zangada se insistir mais nesse assunto, eu não vou comprar skate algum e ponto final.

--Ok mãe. -- Ela fez uma carinha de desiludida que quase partiu o coração de Dulce.

--Ah princesa, sabe quem vem passar o final de semana aqui em casa? A tia Maite, sei que a adora...

--Obaaaaaa, até que enfim uma notícia boa nessa manhã. -- Disse a pequena com um ar de resignação fazendo com que as duas adultas rissem com gosto.

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Mais tarde Anahi foi conhecer a academia de dança de Manfred eAngelique. Ele finalmente tinha regressado, mas estava em lua-de-mel com Christian, trancados em casa como Angelique dissera.

--E aí mocinha, gostou da nossa academia? -- Angelique a olhava com um sorriso enorme no rosto bonito.

--Eu adorei Angelique...dança é algo que me inspira...esse ambiente, essas pessoas, esse burburinho, me lembram momentos felizes da minha vida, momentos que quero resgatar. Não quero mais ser a bailarina principal de uma companhia, esse tempo já passou, mas quero sim dançar, nem que seja por uma última vez num mega palco...

--Que lindo, senti uma vontade visceral aí...vamos fazer um casting?

--Já? Sério? – Anahi sorriu nervosa.

--Agora! Quero ver se o meu feeling está certo. Me acompanha! – Angelique era decidida e Anahi destemida.

Na próxima hora que se seguiu Angelique simplesmente se encantou de vez por aquela Alemã meio Brasileira. Anahi era uma exímia bailarina, tinha uma técnica apuradíssima, uma leveza no corpo...uma sensualidade...e levando em consideração que a peça se tratara de um improviso, só aumentava a qualidade daquela linda mulher à sua frente.

--E aí? Estou meio enferrujada... -- Anahi a olhava com os olhos brilhando de ansiedade.

--Enferrujada? Any  tu és perfeita! Eu preciso de ti aqui nesta academia...tenho um projeto, aliás meu e do Manfred, mas nunca achei a partner perfeita...e agora acho que és tu menina...-- Angelique estava empolgadíssima. -- Tem que vir para a academia Any, por favor.

--Fui bem mesmo? – Anahi estava espantada, há muito que não dançava.

--Maravilhosa, Maravilhosa, Maravilhosa! Vamos dançar juntas, teremos muito trabalho até chegarmos ao ponto da perfeição, mas sei que és tu...

--Obrigada...mas Angelique, eu trabalho, não posso abandonar a Sara...

--Eu sei disso Any, e vamos dar um jeito. Vamos ensaiar nas horas vagas, na madrugada...o que acha? -- Angelique era entusiasmo puro.

--Vamos dar um jeito sim, não vou deixar minha menina, até porque vivo do que ganho lá, mas vamos sim fazer essa peça juntas. Vou me organizar da melhor maneira possível...só te peço um pouco de paciência.

--Toda do mundo, temos tempo e quero que seja um número perfeito...se for mesmo a tua despedida dos palcos, que seja inesquecível.

Riram bastante e dançaram por mais algum tempo. Anahi contou algumas coisas da sua vida a Angelique, a parte que incluía a paixão pela dança, os anos de preparo, as viagens com a escola de Munique, definitivamente aquela era uma paixão comum.

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Enquanto isso em São Paulo:

--Ai eu não acredito que vou descansar no Guarujá...mereço Dul, nossa há quanto tempo que não relaxo. – Maite excitada com a ida à baixada.

--Mereces sim Mai, merecemos...também ando tão cansada...preciso sair, conhecer gente nova...

--Realmente depois de mudar tanta coisa eu pensei que fosse voltar a Dul "pegadora", mas aí seria pedir muito não é mesmo? -- Maite adorava provocar a amiga.

--Menina, tirando o teu exagero nato, tem razão...preciso sair dessa inércia e encontrar uma gata para cuidar de mim -- risos altos.

--Pois é Dul, uma gata dessa como a senhorita jogada às traças...e esse monte de mulher que liga para cá, nenhuma te agrada?

--Ah não Maite, você sabe muito bem que coisa fácil demais me irrita, e esse povo, minha nossa senhora...tem dias que sim, rola tranquilamente uma transa ocasional, mas ando cansada disso...

--Não me diga que quer se apaixonar? Não acredito.

--Que me apaixonar Maite? Eu lá tenho tempo para isso...quero uma coisa diferente, uma mulher linda, sexy, boa de cama, sem complicação...

--Ah tá, quando encontrar essa mulher perfeita, pergunta se ela tem um irmão para mim. -- Mais risos.

--É sério Mai, não tenho paciência e nem tempo para paixões avassaladoras...essa coisa de amor eu nem sei o que é, isso existe mesmo? -- Ela não acreditava.

--Existe sim, mas realmente dá trabalho e não te vejo disposta a muito esforço nessa matéria...

--Pense, eu trabalho muito, tenho uma filha linda que precisa de mim, quero cuidar dela, estar presente...onde sobra tempo para amores? Fico grata se tiver alguém com quem tenha afinidade e com quem sexo seja um prazer sempre...e além de tudo isso, ainda tenho que me policiar para não cometer nenhum deslize, porque a babá da minha filha é uma supervisora muito atenta. -- Sorriu ao lembrar de Anahi e aquele seu jeito único de ser.

-- Uh é verdade, tem a babá que te colocou no cabresto -- Gargalhada de Maite e olhar de repreensão de Dulce. -- Confesso que um dos objetivos desse meu final de semana de relax é conhecer essa moça que com um grito apenas colocou a minha amiga nos trilhos. Anahi deve ser especial mesmo...

--Ok dona Maite, vamos trabalhar que daqui a pouco temos que descer para Santos City. Esse final de semana não quero saber de trabalho, portanto chega de conversa e vamos trabalhar. -- Sorriu para a amiga que unindo as duas mãos e abaixando levemente a cabeça como se de um monge se tratasse.

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Passava das cinco da tarde quando as duas mulheres entraram em casa de Dulce.

--Eu não acredito que conseguimos sair daquela empresa antes das 5 horas, isso sim merece uma comemoração. E aí anfitriã o que faremos hoje? Quero ser apresentada aos gatos de Santos...seca amiga, nossa Senhora. -- Risos, muitos risos.

--E aquele teu eterno caso mal resolvido?

--Continua mal resolvido e acho que agora a coisa se perdeu de vez...ele está apaixonado por outra mulher...-- Maite fez um ar de derrota.

--Sai dessa Mai, olha no espelho pelo amor de Deus...linda mulher, tu és linda, bem sucedida, animada, inteligente...aquele traste? Só porque é bonito? Ok, já me disse que também excelente numa cama, mas vamos combinar que passam mais tempo em brigas do que propriamente numa cama.

--Então, por isso que quero conhecer gente nova...Guarujá, amanha...quem sabe...

--Ah amiga, é bem provável que encontres mil carinhas de São Paulo por lá...

-- Pode até ser, mas quero gente nova...cansei.

--Dona Dulce, a senhora tão cedo em casa? -- Júlia entrara na saleta onde as amigas estavam.

--Oi Júlia! – Maite a beijou e abraçou.

--Pois é Júlia, às vezes milagres acontecem. -- Dulce sorriu. -- E o meu povo, onde estão aquelas meninas?

--Ah, a Sara insistiu tanto que queria andar de bicicleta mas não no condomínio e Anahi a levou para o Emissário. Elas foram há mais ou menos meia hora.

--E tu Júlia, o que faz aqui ainda mulher? Vá para casa curtir tua folga e cuidar dos teus filhos.

--Já vou Dona Dulce, só vim ver se estava tudo trancado, nem percebi que a senhora tinha chegado.

--Já está pronta? -- Perguntou Dulce tendo a confirmação da empregada.

--Então vamos, nós te deixamos na balsa e depois vamos ao Emissário encontrar Sara e Anahi. Tudo bem Mai?

--Claro, tudo maravilhoso!

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O Emissário àquela hora estava apinhado de gente. Muitas crianças correndo, outras fazendo acrobacias em cima de bicicletas, outras andando de patins, outras tantas de skate, mas nem sinal de Sara e Anahi.

--Acho que não estão mais aqui Dul. Se bem que com tanta gente fica difícil achar alguém...

--Aquela menina ali não é a Sara? Minha ruivinha é única...é ela sim. No meio de outras menininhas, sendo o centro das atenções, como ela gosta. -- Dulce sorriu e dirigiu-se para o parque onde sua pequena estava.

--Mãeeee, tia Maite, que bom que vocês vieram. -- A menina corria e saltava ao mesmo tempo indo ao encontro da mãe e da amiga dela.

Depois dos muitos abraços e beijos Dulce perguntou por Anahi.

--Filha e a Anahi?

--Ah mãe, ela está lá na rampa, é logo ali. -- Disse apontando o dedinho em outra direção. -- Nós ficamos aqui com a Mariana, babá da Giovana. Vamos lá vê-la mãe, quem sabe assim não te convenço a me comprar o skate. A Any é fera e ela quer me ensinar, mas diz que sem a tua autorização nada feito. -- Colocou as mãozinhas na cintura em sinal de protesto arrancando risos das adultas.