Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

 A semana começou intensa, na segunda Dulce ficou a saber que precisaria se ausentar por alguns dias. Iria ao Rio acompanhar a montagem de um mega escritório de luxo cujo design ficara a cargo da sua empresa e dela em particular. Tentou de todas as formas ir apenas mais lá para o final de semana, mas os donos da obra exigiam a presença dela e não teve como rebater com o chefe. Teria de passar a semana toda fora, e naquele momento não era exatamente aquilo que estava a fim de fazer. Reaprendera a ter prazer em estar com a filha e já se surpreendera muitas vezes contando os minutos para voltar para casa e receber aqueles abraços afetuosos, os beijos carregados de carinho...pensou em Anahi, teria de negociar com ela, mais uma vez. Ficava também preocupada se a babá não estaria cansada de tantas viagens, de ter que algumas vezes sacrificar as próprias folgas...ela não parecia chateada, pelo contrário, estava cada dia mais alegre e integrada na vida dela e da filha...mas sempre tinha aquela sensação de que a qualquer hora o sonho chegaria ao fim, sim porque ter alguém como Anahi de babá da sua filha era um sonho. Sorriu e suspirou, ato que Maite não deixou passar em vão:

--Hum esse sorriso é porque vai ao Rio? Já sei, tem mulher nova na história não é? Conheço? Alguma gata do mundo fashion carioca? Recaída com a Barbara? Ela está no Rio, mas com a namorada, ou não?

--Maite você não existe. -- Risos da Dulce -- Com quê então só posso estar feliz quando existe mulher na minha vida?

--Ah então está feliz? Uhhh a coisa é mais séria. Conta lá, quem é a gata?

--Não tem gata nenhuma mulher, estava a pensar na Anahi...

--Wow, resolveu atacar a babá gata? – Maite a interrompeu.

--Para com isso Mai, nem brinque com esse assunto -- ela ficou séria de repente. -- Estava a pensar como vou falar da viagem...sabes que tenho essa cisma de que a qualquer hora fico sem a minha melhor babá...

--Ah Dul, você não viaja há um bom tempo, tem se comportado tão bem. Essa menina é um fenômeno, e o melhor de tudo, consegue tudo da senhorita sem esforço. -- Mais risos da Maite e Dulce com cara de poucos amigos.

--Bom, tomara que estejas certa e ela não se canse dessa minha vida meio sem regra...a minha filha está cada vez melhor. Outro dia ela me mostrou uns passos de dança que Anahi está a lhe ensinar, eu me emocionei, Sara é talentosa. Eu fiquei com medo que essa amizade toda com a babá fosse deixá-la mimada, dependente, mas não, ela esta cada dia mais independente, mais popular na escola, mas centrada nas coisas que quer...minha menina está a crescer...e eu devo estar a parecer uma idiota para me olhares com essa cara...

--Dulce, estou admirada e feliz amiga...há um tempo atrás jamais imaginaria que fosses capaz de tal raciocínio e mais ainda, imaginar que veria tanto amor assim nos teus olhos...Dulce, estava perdida, embriagada no trabalho, perdendo a melhor coisa da tua vida que sem dúvida é a Sara...preciso dar um presente a essa Anahi, é sério, essa mulher com ar meio tímido conseguiu o que nem eu, nem a tua mãe, nem ninguém conseguia há séculos, fazer com que acordasses para a vida.

--Então, já entendeu porque estava a pensar nela? Não posso perder essa menina, ela me chama à razão, minha filha a adora e minha vida ficou mil vezes melhor depois que ela chegou.

--Uiiii só falta pedi-la em casamento. - Maite deu uma gargalhada enquanto se abaixava para não levar com uma caneta na cara. -- Estou a brincar Dul, eu sei que jamais seduzirias a Anahi, por falar nisso, ela tem namorado? Deve ter uns dois...

--Não sei, nunca vi...ela tem um dia e meio de folga, sai e só volta domingo à noite...deve sim ter um namorado...sei que ela tem amigos que conheceu em Santos...acho que gays, mas claro que deve ter um namorado... -- Não gostou muito daquela conclusão, mas ia fazer o quê? A mulher era linda...deveria ter uma legião de fãs.

--Ela tem amigos gays?

--Sim, por quê?

--Se ela tem amigos gays é porque lida bem com esse universo, pelo menos preconceituosa já sabemos que não é...

--O que está a passar nessa tua cabeça louca Maite?

--Nada demais, mas raciocina comigo, se ela tem amigos gays, deve ter uma amiga gay, logo, se você não fizer algo que preste, a babá vai para os braços de outra e você minha amiga linda, vai ficar na saudade. -- Antes de concluir aquele raciocínio, Maite já estava à porta da sala delas, pronta para sair já que era claro que Dulce a mataria se pudesse.

Dulce atirou a primeira coisa que e encontrou pela frente e que graças à rapidez da doida, atingiu a porta. Ela sorriu com aquela idéia louca de Maite...Anahi com outra mulher? Não lhe parecia ser possível, ela parecia ter medo dela, e se fosse repulsa? Sacudiu a cabeça para afastar aqueles pensamentos, pegou a sua bolsa e foi embora, afinal precisava voltar para Santos, arrumar umas roupas numa mala regressar a São Paulo, pegar um vôo e Rio de Janeiro...tédio total, mas eram os ossos do ofício.

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Quinta-feira, e Sara já queria que a mãe voltasse. Falavam ao telefone todos os dias e a menina tinha sempre muitas novidades para contar. Dulce estava também cheia de saudades da sua filha, da sua casa, da leveza que se tornara a sua vida e claro faria tudo para voltar antes de sábado, mas não diria nada à Sara para não criar expectativas que poderiam se transformar em frustrações.

--Filha, deixa eu falar com a Any.

--Claro mãe, ela também quer falar contigo.

--Oi Dona Dulce, está tudo bem? -- Anahi sentiu uma leve vibração dentro de si e não entendeu por que.

Do outro lado da linha havia um coração fazendo piruetas no peito.

--Oi, está tudo bem sim Any, muito trabalho e cansaço...desculpa não ter falado contigo antes, mas sabes como é a Sara, ela fala tanto que monopoliza toda a atenção...mas também ao falar com ela e perceber que está tudo bem já fico tranqüila.

--Está tudo bem sim, ela trouxe as notas, a senhora vai adorar, até em matemática que é uma luta diária minha, ela conseguiu uma nota boa.

As duas riram porque se lembraram ao mesmo tempo a frase da pequena e cheia de personalidade: " Eu vou ser bailarina, não preciso saber nada de matemática".

Dulce começou a repetir a frase com a entoação da sua filha ao mesmo tempo em que Anahi fazia a mesma coisa. Riram muito e Sara gritou lá da cozinha que sabia que estavam a falar dela.

-- A senhora volta sábado? -- Anahi estava inquieta, não sabia porquê, mas estava agoniada.

--Sim. -- Dulce estava praticamente certa que conseguiria voltar na sexta, mas como ainda poderia acontecer algum imprevisto não disse nada à babá.

--A mãe da Cecília convidou a Sara para passar o final de semana na casa deles. Eu disse que a senhora voltaria no sábado e que decidiria. Ela disse que tudo bem, que sábado eles vão para um sítio e que a Sara poderá ir junto, acho que vão outras amiguinhas dela...a senhora já deve imaginar o trabalho que está sendo controlar a ansiedade deste anjinho. -- Mais uma vez riram muito.

--Obrigada Anahi, acho que nunca vou agradecer o suficiente. – Dulce estava sendo sincera e sentia uma necessidade constante de agradecer aquela mulher.

--Não tem que agradecer, é apenas o meu trabalho. Deixa eu ir ver o que a schatzie está a aprontar já que o silêncio impera nesta casa. Ah e volta logo, estamos com saudades. -- Anahi não esperou a reação de Dulce e desligou, agira no impulso e já se sentia envergonhada.

No Rio de Janeiro Dulce abriu um sorriso capaz de suplantar a beleza do Cristo Redentor...iria sim voltar na sexta, também estava com saudades...de tudo!