Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

--Nossa que mulher louca!

--O que ela queria? -- Dulce sabia, mas queria entender até onde Anahi tolerava uma aproximação de outra mulher.

--Ah, ela veio com uma história de me transformar numa top Model internacional. -- Ela riu se mostrando descrente ou desinteressada.

--E essa possibilidade não te interessa?

--Dona Dulce, olha para mim...modelo internacional, onde? -- Ela de mãos na cintura com aquela carinha de "que absurdo" e com aquela beleza toda, seria a modelo e não apenas mais uma...

--Any, você se olha no espelho? – Dulce entrou na brincadeira, estava doida para elogiar a beleza dela.

--Não muito...me olho quando a schatzie inventa de desfilarmos...

--Viu, até a Sara já percebeu o teu potencial. -- Mais risos.

--A ultima coisa que quero na vida é ser modelo...minhas aspirações passam longe disso...

Dulce ia se aprofundar naquele assunto que a interessava, já que sabia que ser babá não era definitivamente o sonho de Anahi, quando a amiga dela as abordou.

--Any, já não me agüento mais em pé... -- Disse Beth a abraçando.

--A idade pesa, e pensar que quando mais jovens eu era a que morria de sono no auge da farra. -- Risos e Anahi abraçou a amiga com carinho.

--Para ver amiga, mas é que trabalhei demais essa semana...vamos, ou ficas mais?

Dulce as observava, a cumplicidade entre elas era gritante e a amizade também...Beth deveria saber tanto de Anahi...

--Nossa Senhora, às vezes sou tão desligada, ou seria mal-educada mesmo? Beth, essa é dona Dulce minha patroa e dona Dulce, essa é Beth minha amiga mais querida.

--Muito prazer! -- Disse Dulce sorrindo.

--O prazer é todo meu. -- Retribuiu Beth com simpatia.

Elas se cumprimentaram com cordialidade e Beth observou aquela mulher de quem já ouvira falar bastante, mas que não conhecia pessoalmente.

Conversaram um pouco e Beth, observadora como era, prestou atenção na sintonia que existia entre a amiga e a patroa, elas se davam muito bem. Sentiu-se aliviada, temia tanto que Anahi caísse em mais uma situação difícil, a princípio as coisas não tinham corrido bem, mas agora podia ver que ali existia muita admiração de parte a parte.

--Any, se quiser pode ficar e voltar com o Pedro, com certeza ele vai adorar. -- Piscou cúmplice para a amiga.

--Não, vou contigo. Esse Pedro é grudento demais para o meu gosto.

Dulce que estava em alerta para saber quem era esse tal de Pedro, respirou aliviada diante daquele desinteresse todo demonstrado por Anahi.

Anahi a abraçou, beijou e ainda agradeceu pela noite maravilhosa. Dulce, como sempre, parou de respirar...o corpo da babá era quente demais...uma loucura. Ainda bem que o lugar era escuro porque caso contrário, todos veriam o seu descontrole estampado na face.

Dulce sentiu um vazio ao ver Anahi abandonando o lugar, mas essa sensação deu lugar a uma inquietação ao ver que um homem, o mesmo que dançara colado à babá, a acompanhava e com as mãos na cintura dela. Imediatamente procurou Maite, não fazia mais sentido continuar naquele lugar.

--Vamos Mai! É sério, não agüento mais esse lugar. -- Ela estava irritada.

-- E a Any, a babá gostosa? – Maite brincava, mas pela cara da amiga a outra no mínimo já tinha ido embora e quem sabe acompanhada.

--Vamos Maite, estou cansada. -- Dulce estava realmente transtornada.

Bárbara apareceu à frente dela com aquele seu ar de femme fatale e sem muita cerimônia disse:

--Gata, vamos lá para casa matar as saudades...hoje estou cheia de amor para dar e doida para te dar muito prazer. -- Ela falava com luxúria na voz.

--Vá para o inferno Bárbara! – Dulce saiu em disparada rumo à saída.

--O que foi que eu fiz? Bom, hoje não é mesmo o meu dia...

Maite a olhou fingindo solidariedade e dando pulos de alegria no intimo. Correu atrás da amiga que não estava bem...teimava em achar que aquele estado de espírito tinha tudo a ver com a babá.

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Maite e Dulce dormiram até perto do meio-dia. Pediram o almoço em casa mesmo já que Dulce não estava a fim de enfrentar um restaurante e ainda precisava voltar para Santos antes das quatro, já que era esse o horário estipulado para pegar Sara.

Depois do almoço, estavam deitadas no sofá conversando trivialidades quando Maite que estava ansiosa para abordar mais sobre a noite, começou:

--Para quem não queria ir para a balada ontem, até que a senhorita se divertiu e muito hein.

--Unrrum! – Dulce não estava a fim de falar.

--Amiga, e a Anahi? Que gata...você tem razão, aquela lá não tem vocação para ser babá a vida inteira. -- Provocação, claro!

--Também acho. -- Evasiva ao máximo.

--Dulce, você morre de tesão por essa menina, assuma ao menos para a tua amiga. -- Tratamento de choque que surtiu efeito já que Dulce pulou do sofá e ficou sentada olhando a amiga.

--E daí Maite? Eu tenho tesão por muitas mulheres...-- Mentira, não olhava para mais nenhuma há bastante tempo.

--Dul, eu não entendo muito dessa coisa de sentir tesão por mulher, mas a Anahi é linda mesmo, e amiga, vocês duas juntas...juro por Deus que parecia que estavam na mesma vibe...

--Que é?

--Sei lá...sintonia, entende? Lindas as duas, entrosadas ao máximo...ela nem de longe lembrava a menina arredia que conheci em Santos.

--Pois é, tive a mesma impressão...que perigo Mai... -- Ela estava se entregando, não tinha mais como negar...

--Então existe mesmo esse tesão todo da tua parte? -- Estava claro, mas queria ouvir da boca dela.

--Claro, nem sei mais como disfarçar isso...acho que me enfiando no trabalho de vez, ainda bem que vamos entrar na loucura total de novo...quem sabe eu consiga substituir uma coisa pela outra.

--Não existe nenhuma possibilidade de...

--Nem brinque com isso Mai! -- Dulce a interrompeu.

--Já sei, a tal da ética...

--Não tem como Mai...

--Porque ela não é lésbica? Pelo menos até onde sabemos...

--Ela não gosta de mulher, isso é fato...mas esse é o menor dos meus problemas...já ensinei a algumas o lado bom da vida e se me empenhasse, provavelmente teria sucesso com ela também. -- Risos. -- Mas não dá Mai, só de lembrar como ela trata a minha filha eu fico com peso na consciência...e não conheço quase nada da vida dela, mas às vezes ela me parece triste...é misteriosa, não fala de si...tenho medo de a machucar...ou de me machucar...

--Cuidado amiga, não vá se apaixonar pela babá -- Maite tinha a impressão que essa batalha já tinha sido perdida, mas Dulce era dura na queda e muito racional, então não tinha com que se preocupar... -- Mas Dulce e se por acaso ela quiser conhecer o lado bom da vida como diz? E se ela também tiver tesão por ti e não se importar em ter um caso com a patroa?

Dulce ficou pensativa, não lhe parecia ser o perfil de Anahi, mas ela por acaso conhecia a alma daquela moça?

--Bom, aí não estaria seduzindo ninguém. -- Mais risos e Dulce levemente ruborizada.

--Tive uma idéia, liga para ela e ofereça carona de volta a Santos. -- Os olhos de Maite brilhavam, parecia uma criança arteira.

--Maite, você não existe. Eu não tenho essa cara de pau...não com a Any.

--Tenta doida, o máximo que pode ouvir é um não, já estou em Santos, ou vou mais tarde...mas tenta.

--Será?

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Anahi e Beth bebiam um vinho branco gelado enquanto faziam o resumo das suas vidas nos últimos tempos. Beth se encantara com o fato de Anahi ter reassumido sua paixão pela dança. A amiga era excelente bailarina e precisava presentear o mundo com a sua arte. Lembrou do esforço que aquela menina já fizera em prol de sua paixão...ela gostava mesmo de dança caso contrário já teria desistido.

--Mas Any, e como vais fazer com o trabalho, vai deixar de ser babá?

--Não! Claro que não...eu vivo do meu salário que é muito bom por sinal...não posso deixar a Sara, eu adoro aquela menina...

--Mas os ensaios exigirão muito de ti...conheço a companhia desse Manfred, e a Angelique é maravilhosa, mas eles são muito profissionais Any.

--Eu sei Beth. A Angelique me quer como partner e conhece toda a minha rotina, mas ainda assim diz que vai dar certo...vai ser duro Beth, mas alguma coisa já foi fácil para mim?

--Eu admiro essa tua perseverança...mas já sabe que depois desse espetáculo, não terá mais como continuar sendo babá da Sara e nem de criança alguma...o mundo te esperará meu amor, e eu orgulhosa serei mais uma a te aplaudir.

-- Uma coisa de cada vez Beth. -- Risos. -- Ainda nem dancei, quanto mais ser sucesso...-- Anahi não queria mais ser famosa como bailarina, queria sim dançar num grande palco em Munique, mas para realizar um sonho antigo, que muitas vezes lhe parecera impossível...seus planos eram outros, mas ainda eram apenas dela.

O telefone de Anahi tocou e ela se levantou para atendê-lo. Voltou com um semblante resplandecente e Beth notou, aliás qualquer um perceberia.

--Que foi Any, viu passarinho verde?

Sentindo a face arder e as mãos tremerem ela respondeu:

--Foi a dona Dulce que me ligou oferecendo carona... --Ela tentava ficar blasé, mas não conseguia.

--Mas eu ia te levar schatzie. -- Beth ainda não entendera aquela amizade toda de Dulce pela sua amiga, que nada mais era do que sua empregada...será que tudo que diziam dela era mentira?

--Obrigada meu bem, eu sei que iria, mas achei mais pratico aceitar a carona dela, assim descansas mais um pouco.

--Any vocês se dão muito bem...pelo menos é a impressão que passa...

--Sim, depois daquele inicio conturbado, as coisas entraram nos eixos, ela é uma excelente pessoa...

-- Ela está namorando alguém?

--Não que eu saiba...não me meto nessas coisas...-- E aquela inquietação, de onde vinha? Qual era a razão?

--Bom, ela não me parece ser do tipo que seduz as babás, então não preciso me preocupar com a integridade da minha amiga, não é mesmo?

Anahi riu às gargalhadas e foi acompanhada por Beth. Riram muito, uma por ter a certeza que na cabeça da amiga não cabia a possibilidade de uma relação com outra mulher, outra por puro nervosismo.