Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

Em São Paulo todos tinham ficado satisfeitos com o desenrolar daquele impasse causado pelo email em Alemão. Como sempre, Dulce voltara com uma solução. Os trabalhos agora iam a todo o vapor.

Maite estava exultante, aturar Dulce irritada não era tarefa fácil, mas conviver com uma Dulce criativa e brilhante era o melhor dos mundos, e ela estava assim, já tinha feito coisas maravilhosas naquele dia e não parava, parecia ligada a alta voltagem. Ela sorria e ficava pensativa algumas vezes...Maite a observava sem dizer nada, quando criava não gostava de interrupções e ninguém ousava interromper, nem mesmo Maite, a melhor amiga. Cada um tinha o seu ritual, e o dela incluía muito silêncio.

Mais para o meio da tarde, ela finalmente se permitiu uma pausa e Maite a bombardeou de perguntas:

--Dul, não me diga que ontem ainda foi atrás de um tradutor em Santos...o Google não foi com certeza, já tinhas criticado bastante...

--Maite, lembra de onde veio minha babá? -- Ela sorriu.

--Gente, é verdade, a Anahi morava na Alemanha...e nenhuma de nós se tocou desse fato, claro, ela pode traduzir tudo que os clientes mandam...

--Eu me senti até ridícula, quando em segundos ela traduziu o que me tirou o sono por dias...e pensar que ela estava dentro da minha casa...

--Salve Anahi...Dul minha amiga, ainda bem que a senhorita é esse poço de autocontrole porque convenhamos...babá linda, sexy, maravilhosa, que fala Alemão e dentro da tua casa...amiga, haja controle. – Maite deu uma risada mas não fazia idéia de como aquela constatação tinha deixado a amiga perturbada.

--E aí, gostaste do que criei para a ala das suítes? -- Ela fez questão de mudar de assunto. Não parara de pensar na babá o dia todo, até nos momentos de criação, imaginou se ela gostaria do que tinha feito, se ela gostaria das cores...aquela mulher não saia da sua mente...do corpo todo. Ao mesmo tempo que queria voltar logo para a casa, para a sua deliciosa rotina, tinha receio do que encontrar... Anahi estava certa que não abordaria o assunto, a menos que ela quisesse, e como queria que ela estivesse ardendo de paixão assim como ela estava...se arrepiou ao imaginar a pele quente de Anahi contra a sua, a boca dela...aquele beijo que começava de forma tímida e ia aos poucos roubando-lhe os sentidos...aquela forma que ela tinha de se apertar contra o seu corpo...aquele gemido...aquele olhar...aquelas mãos...suspirou alto e sentiu seu coração acelerar no peito.

--Está tudo bem Dul? -- Maite ouvira aquele suspiro e não entendera nada.

--Está sim...só estou cansada, acho que vou mais cedo para casa... -- Era tudo o que queria.

--Vá sim meu bem, aqui já estamos muito bem por hoje. Sua criatividade bateu recorde e eu já tenho idéias maravilhosas para a decoração. Amanhã discutimos tudo, vá que sua pequena vai ficar feliz...ah, e dê um beijo bem gostoso na Anahi por mim...ela nos salvou. – Maite piscou e Dulce ficou vermelha.

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Dulce dirigia do heliporto para a sua casa cantarolando uma música que Anahi gostava e coincidentemente tocava na rádio. Imagens daquela mulher misteriosa povoavam a sua mente...ela não sabia quem era ela...era linda, inteligente, adorava a sua filha, tinha toda a paciência do mundo com Sara, era tímida, tinha morado na Alemanha, tinha uma grande amiga em São Paulo, e outros em Santos, mas e mais? Quem era ela? Quem tinham sido os amores dela? Quantos tinha vivido? Do que gostava? O que queria da vida? Com certeza não era ser babá...o que queria com ela? Sentira o pulsar do seu corpo, sentira o desejo dela, tímido sim, mas estava lá...poderia jurar que ela não tinha estado antes com outra mulher, então porque ela? Era cedo para ter certeza, mas ficara com uma leve impressão que Anahinão tinha muita experiência, mesmo com homens...ela lhe parecera genuína demais...mas poderia ser paranóia da cabeça dela, não tinha tido tanto tempo assim para perceber isso tudo...mas ela era experiente e sentira um quê de inexperiência naquela mulher...Aquela sensação era boa, aquele desbravar de desejos...queria tudo com ela...e aquela certeza a amedrontava...o que queria a babá, quem era Anahi?

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Sara estava mais meiga do nunca, estava feliz por ter sido escolhida para ser uma das representantes da escola num concurso de dança a nível da baixada. Ela pulava de felicidade e Anahi se enternecia. Já tinham feito todas as tarefas, Anahi fiscalizara o banho dela, sim, porque caso contrario o banheiro se transformaria numa piscina pública em dia de verão, já tinham jantado e agora iam assistir a um filme infantil.

A menina se deitou entre as pernas de Anahi que estava sentada no chão da sala de TV. A meio do filme ela disse:

--Any, eu já disse que é a melhor babá do mundo?

--Hoje não schatzie. -- Anahi sentiu seu coração aquecer.

--Eu te adoro Any, e quero que viva aqui na minha casa para sempre. Nunca tive uma babá assim...

--Assim como schatzie? -- Anahi a apertou mais contra si.

--Bonita...não, linda, minha mãe me disse que tu não és bonita, és linda...ela disse que linda é mais do que bonita...eu te acho linda Any, minhas amigas dizem sempre que tenho a babá mais bonita...ás vezes na escola eu penso em ti e fico com saudade...quando não estás aqui eu fico com saudade. Eu te amo Any...muito muito muito...assim... --Ela abriu os bracinhos e Anahi segurou uma lágrima teimosa que queria cair.

--Hummmm dona Sara, e tua mãe? Será que a amas assim também?

Dulce entrou de repente na sala de TV, Sara correu para os seus braços e Anahi sentiu alguma dificuldade em respirar, tanto que deixou o controle do DVD cair-lhe das mãos.

--Mãe que saudades de ti, hoje nem te vi de manhã. -- A menina a enchia de beijos e Dulce agradecia a Deus.

--Tive que sair mais cedo princesa, muito trabalho. Mas o bom é que voltei e estás acordada e ainda podemos assistir mais um filme, o que achas? Já ví que pipoca é o que não falta. Só vou tomar um banho rápido e volto para me juntar a vocês, tudo bem?

--Sim mãe, vem logo. Quero te contar tudo desse filme, ele é muito bom.

--Boa noite Any...desculpa mas essa pequena me absorve... - Dulce a olhou e sentiu aquele alvoroço no peito. Anahi não disse nada, não conseguiu, apenas bateu com a cabeça e sorriu.

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Assistiam ao filme infantil completamente compenetradas, a única que dizia alguma coisa e de vez em quando era Sara. A dado momento a criança segurou as mãos das adultas e colocou sobre as suas...coisa inocente de criança, mas o que aquele singelo ato desencadeou nas adultas não foi nada inocente. 
Anahi olhou para Dulce que a devorava...um olhar intenso, carregado de tantas coisas...ela desviou e tentou se concentrar no filme. A pequena estava entusiasmada e sem sono algum. Por volta das 10 da noite, Anahi a convenceu que já era hora de dormir, afinal tinha aulas no dia seguinte, não tão cedo, mas precisava dormir e recuperar as energias. Reclamou um pouco, mas acatou as ordens da babá. Deu um beijo longo e carinhoso na mãe, segurou as mãos de Anahi e foram para o quarto.

Anahi contou uma história a Sara que não dormia, ela parecia elétrica...mais uma história e Anahi percebeu que a elétrica era ela...estava nervosa...tentou se acalmar para que a pequena se acalmasse também. Surtiu efeito, em pouco tempo ela dormia como um anjo.

Já passava das 11 quando ela deixou o quarto da menina. Olhou para a sala de TV e viu que estava tudo às escuras. Deu um suspiro frustrado...queria que Dulce estivesse ali...embora não soubesse o que fazer...queria estar com ela, sentir aquele calor de novo...quem sabe beijá-la mais uma vez...

Foi para o quarto tentar dormir, não conseguiu. Pegou o violão e tocou uma música que adorava, mas tudo a deixava com mais vontade de estar com Dulce. Rendida, decidiu ir ao lounge, lá era o seu lugar, lá ela se acalmava...o mar a acalmava...o vai vem dos barcos a acalmava...subiu as escadas rumo ao lounge.

Mal entrou deu de cara com Dulce que olhava em direção à porta, como que à sua espera. Sentiu a garganta seca, as mãos úmidas e o coração a mil...

--Estava à tua espera... -- Disse Dulce não disfarçando a sua ansiedade.

--Não sabia...pensei que a senhora já tivesse ido dormir...

--Não consegui... --Ela parecia apreensiva.

--Correu tudo bem no trabalho? -- Anahi se sentiu idiota ao fazer aquela pergunta, mas não sabia o que dizer...sabia o que queria fazer, mas não tinha coragem.

--Foi sim -- Ela sorriu. -- E Graças a ti. Tive um dia muito criativo. Já mandei o primeiro draft aos Alemães e eles adoraram...e o teu dia? Muito corre-corre com a Sara?

--Foi tranqüilo...sua filha é um amor de criança...

Elas se olharam, a faísca se acendeu...Dulce sentiu seus lábios tremerem ao mesmo tempo em que seu coração galopava no peito. Não pensou duas vezes, fez um espaço no puff em que estava sentada e disse:

--Senta aqui comigo...--A voz dela era pura sedução.

Anahi não pensava...com Dulce por perto não pensava, agia no impulso, guiada por instintos que nem ela sabia possuir.

Sentou-se ao lado da patroa e sentiu todo o calor que emanava daquele corpo. O próprio corpo se acendeu imediatamente...era automático...ou quase.

--Any... -- Não conseguiu continuar, o olhar da babá a enfeitiçava e ela a olhava com profundidade...aqueles olhos pareciam querer tanta coisa...e ela queria dar tudo o que ela quisesse...tudo...

--Não parei de pensar em ti o dia todo menina... – Dulce precisava falar, sentia-se queimar por dentro.

Anahi a abraçou forte e mais uma vez sentiu aquela corrente elétrica, aquela privação de sentidos. Dulce gemeu e Anahi subiu em cima dela, estava louca para fazer aquilo, sentir aquele corpo vibrar sob o seu...sentir o cheiro dela, aquele cheiro que a enfeitiçara desde o primeiro momento. Queria dizer tanta coisa, entre as quais que também não parara de pensar nela, que chegara ao ponto de sentir água na boca tamanha era a vontade de experimentar aquele beijo de novo...mas não tinha coragem, a sua ousadia apenas lhe permitiu implorar que Dulce a beijasse...

--Me beije dona Dulce, por favor me beije.