Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

--Não...nada de sexo ainda...

--Não?

--Não...quase isso, mas não...

--Como quase? Significa o quê? -- Ela não controlava a ansiedade.

--Nos beijamos...foi muito bom, bom demais, mas não teve sexo...

--Mas vai ter? Claro que vai, imagina se ela vai resistir e se tu vais perder a oportunidade...

--Para com isso Maite...parece que sou uma devoradora de mulheres, sei lá...

--Não é nada disso Dul, eu até acho que ficas com poucas mulheres... Mas convenhamos que a menina dentro da tua casa, tu com essa sensualidade toda, mais cedo ou mais tarde vai acontecer...mas e aí, ela é gostosa, parece ser, mas assim...ah Dul sabe o que quero dizer... --Maite estava ávida por informações que Dulce não estava disposta a dar.

--O que te interessa saber é que aconteceu algo bom com ela...só isso.

-- Como só isso? E vai continuar? E o fato de ser babá da Sara não atrapalha?

--E se eu te disser que não pensei em nada disso...ai Mai foi tão bom que me deixei levar e até agora não pensei em coisas práticas...e se quer saber, só penso na hora de voltar para casa e encontrá-la de novo...

--Dulce, sabe há quanto tempo não te vejo assim?

--Sei, há muito tempo...mas depois eu penso, agora quero viver...

--Paixão fulminante, adoro...e quero para mim também, mas está tão difícil amiga. -- Fez cara de enterro e Dulce riu muito.

Conversaram um pouco mais sobre aquele tema e Dulce foi sempre muito evasiva, não queria dar detalhes da sua noite maravilhosa com Anahi, nem mesmo para a melhor amiga. Na realidade aquilo tudo parecia quase irreal que ela tinha medo de falar e quebrar o encanto.

A meio da tarde Anahi telefonou dizendo que a mãe da Cecília tinha convidado Sara para uma festa de pijama e que a menina estava muito entusiasmada. Dulce autorizou desde que Sara estivesse em casa no sábado ainda antes do almoço. Anahi pediu o resto da tarde de folga porque precisava resolver algumas coisas pessoais. Dulce aceitou mas ficou um pouco frustrada já que a babá não parecia tão doida de saudade como ela estava, aliás ela sequer deixara transparecer qualquer vestígio daquela Anahi que estivera nos seus braços na noite anterior...mas pensando com clareza, ela não podia agir diferente, afinal ouvia a voz doce da sua filha bem ao lado da babá...graças a Deus ela era uma pessoa equilibrada, mais um ponto a seu favor.

Dulce precisava se policiar para não cometer nenhum deslize na frente da filha. Jamais namorara na frente dela, as namoradas sempre se comportavam com discrição na frente da criança, claro que quando ela crescesse um pouco mais saberia que a mãe se relacionava com mulheres, mas ainda era cedo demais. Talvez aquele controle todo que teria de ter perto de Sara, servisse como um entrave para aquela explosão de sentimentos pela babá...não queria pensar muito naquilo, mas vez ou outra era sacudida por aquela sensação de plenitude experimentada naqueles momentos em que teve Anahi na sua cama...já tinha vivido algo assim? Não conseguia lembrar...o olhar dela, o toque, a meiguice, a timidez, o beijo...Dulce suspirou e tentou se concentrar no trabalho.

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Assim que Anahi deixou Sara em casa da amiguinha, rumou para o apartamento de Christian que já a esperava ansioso. Angelique tinha pedido que ela se encontrasse com o irmão, mas alem disso, ela estava com saudades do amigo e queria compartilhar com alguém a avalanche de sentimentos que tomava conta do seu ser.

Ficaram horas conversando sobre várias coisas, dança, espetáculo, trivialidades, cachorro, Manfred...

Anahi ouviu todas as dificuldades que o amigo enfrentava na relação, e concluiu que ai não faltava amor, pelo menos não da parte de Christian, mas ele era inseguro e Manfred muito senhor de si, daí os problemas, mas Anahi achava que com um pouco mais de paciência tudo entraria nos eixos, o principal estava lá, o amor, e sabia que Manfred também compartilhava do mesmo sentimento, Angelique, que o conhecia bem, já o frisara mil vezes.

O tempo passou e ela não se deu conta, mas também percebeu a alegria do amigo com a sua presença que quis prolongar aquele momento o máximo possível.

Christian fez uma massa carbonara, sua especialidade, que acompanhada de um excelente vinho italiano transformara-se num manjar dos Deuses.

Mais tarde, deitados na carpete da sala e tendo Thor como companhia ouviam musica enquanto conversavam amenidades.

-E tu Any, já falei tanto de mim, já te enchi os ouvidos com minhas lamurias, mas e tu minha linda...ainda não apareceu nenhum brasileiro de bom gosto para arrebatar o teu coração? Sei que trabalhas muito, mas lá na academia, por exemplo...tem tanto homem bonito, nada?

Anahi sorriu e suspirou...queria sim contar ao amigo que estava beirando as nuvens, mas não sabia como falar...

--Hummm, conheço esse suspiro...e ai mocinha, quem é o sortudo?

--Hummm, digamos que eu esteja encantada...mas por enquanto é só isso, ainda não tive tempo de me aprofundar na questão...--Ela sorriu sonhadora.

--Não deixe aquela tua patroa roubar todo o teu tempo.

--Hã, como assim? – Anahi se agitou, ela não tinha dito que estava encantada pela Dulce...

--Ela não é chata e exigente e quer que fiques o tempo todo com a menina? Então, por isso, não deixe que isso aconteça, aproveite bem as tuas folgas e conheça melhor esse homem que te encantou.

--Unrrum. -- Disse Anahi aliviada, por momentos pensou que ele tivesse percebido que o encantamento todo era por Dulce...devia ser algo tão sem pé nem cabeça que sequer passara pela cabeça do amigo.

Ficaram ouvindo música por muito tempo, e já bem tarde da noite, Christian sugeriu que Anahi dormisse na sua casa e ela aceitou, tinha tomado algumas taças de vinho e ficara com preguiça de sair.

Na cama, e entregue aos seus pensamentos, desejou estar nos braços de Dulce, ou ao menos no mesmo espaço físico que ela...sabia que às sextas a patroa quase sempre chegava tarde em casa, ou por trabalhar muito ou por estar num happy hour com amigos que se prolongava por mais tempo. Suspirou alto, e passou as mãos pelo próprio corpo como que a reavivar o que sentira na noite anterior. Aquele desejo todo era novidade, aquela vontade de se entregar idem...contudo tinha o medo, uma quase vergonha de não saber como satisfazer a outra...queria ter seguido o impulso, o feeling, o desejo, mas teve medo...Dulce sabia tão bem o que fazer que a deixava quase constrangida...pensou em Angelique e sorriu, a sua amiga a ajudaria naquela matéria, assim que tivesse coragem para contar o que estava a acontecer...fechou os olhos e seu pensamento foi invadido por uma mulher linda de olhos castanhos.

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Dulce já perdera a conta as vezes que olhara para o relógio...já era madrugada quando foi para o quarto. Esperara Anahi a noite toda, na realidade chegara em casa antes das 7 da noite. Apesar de ela ter pedido folga, achou que voltaria durante a noite. Estava com saudades dela, adorava aquela rotina de chegar em casa e saber que a filha e a babá estavam á sua espera, às vezes até dormindo, mas era bom saber que elas estavam lá...depois de ter tido aquela mulher nos seus braços o sentimento ganhou proporções inimagináveis...não sabia definir bem o que era...algumas vezes achava que era uma atração sexual forte, afinal Anahi era linda, uma mulher digna de todos os elogios, isso a nível físico, mas aquele cuidado todo que tivera com ela, a paciência no momento em que percebera que ela não estava preparada para transar...aquilo mexeu com os seus sentimentos, com a sua cabeça, ela nunca vivera nada parecido, jamais tivera uma mulher na cama que na hora H simplesmente bloqueara...normalmente ficaria frustrada e até irritada, mas não foi isso que aconteceu...o olhar doce daquela mulher que ás vezes parecia uma menina a enfeitiçava e deixava com vontade de ir fundo naquela paixão. Mas agora, olhando o avançar das horas e nem sinal de Anahi, sentia uma espécie de vazio...ela estava algures se divertindo com amigos, provavelmente feliz da vida e ela ali, com sentimentos dúbios e uma insônia respeitável.

Desistiu de esperar o retorno dela perto das quatro da manhã e foi nessa altura que foi vencida pelo cansaço e adormeceu profundamente.

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Perto do meio dia Anahi foi buscar Sara, afinal a mãe tinha sido clara ao pedir que ela estivesse em casa antes da hora do almoço. A pequena não fez birra alguma e ainda disse que estava com saudades dela e da mãe. Perguntou se a mãe estava em casa e Anahi disse que não sabia. "Tomara que sim" - pensou.

--Eu queria que fossemos tomar sorvete, banho no mar ou na piscina, eu tu e a minha mãe. Tu também queres Any? -- A menininha parecia adivinhar os desejos de Anahi...

--Eu adoraria schatzie, mas a tua Mãe pode ter que trabalhar...

--Ah, mas hoje é sábado, vou pedir muito, quem sabe ela não aceita...e se ela não puder, tu me levas? Pelo menos para tomar sorvete...

Pedindo com aquela carinha de anjo, Anahi faria qualquer coisa...

--Levo sim meu amor, mas a tua mãe tem que autorizar.

--Eu peço e ela deixa, tenho certeza, ela gosta de mim e de ti...minha mãe é o máximo.

"Também acho schatzie, tua mãe é o máximo..." - Pensou Anahi.

Quase chegando em casa, Sara pulou para o colo de Anahi, ela adorava fazer aquilo. Anahi adorou aquele carinho todo, ela amava aquela pequena e queria poder contar com aquele afeto a vida inteira...se possível fosse...

Entraram em casa assim, Sara com as pernas ao redor da cintura de Anahi, os bracinhos no pescoço dela e a enchendo de beijos.

Dulce estava de pé perto da porta à espera delas e não conteve a alegria ao vê-las entrar.

--Que saudades mocinhas...que saudades. -- Abraçou a sua pequena que por estar nos braços da Anahi, se transformou numa espécie de recheio de sanduíche entre a mãe e a babá. O coração de Dulce batia de forma galopante e ao olhar nos olhos de Anahi viu um brilho tão intenso acompanhado do sorriso mais lindo do mundo que teve a certeza de ter experimentado alguma coisa além da felicidade...