Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

-Mãe, eu também estava com tantas saudades tuas, e da Any, da nossa casa. Eu adoro a casa da Cecília, mas gosto mais da nossa casa. Mãe, ela pode vir passar um dia aqui também? A  Any toma conta de nós duas direitinho, não tomas  Any?

--Tomo sim schatzie, com todo o prazer. -- Anahi sorriu e Sara a beijou.

--Calma mocinha, temos que combinar isso direitinho, a Any não pode ficar sobrecarregada, imagine duas de ti, não dá, eu preciso estar em casa também.

As adultas riram enquanto a pequena as olhava sem entender muito bem se aquele discurso significava um sim ou um não.

--Ela pode vir mãe? Any? -- Ela olhava de uma a outra com aquela interrogação enorme estampada no rosto.

--Pode sim Sara, por mim pode sem problema, tomo conta das duas com todo o prazer, mas a tua mãe é que decide...-- Anahi olhou para Dulce que a olhava com um brilho nos olhos que ela jamais vira, o seu coração bateu com mais força no peito.

--Mãe?

--Sim filha, a Cecília pode vir, mas agora tenho uma proposta aliciante, hummm??

--E o que é aliciante? -- Carinha de sapeca olhando para a mãe que babava na inteligência daquele ser que ela gerara.

--Hummmm aliciante é alguma coisa muito boa, irresistível.

--Quero sim mãe, quero muito, e o que é? -- A menina era puro entusiasmo.

--Que tal irmos para um resort que tem tudo o que gostas, parque aquático, bichinhos, plantas, skate, bicicleta, mergulho, sorvete, outras crianças...

--Simmmmmmm mãe vamos agora, quero muito! -- A menina pulava de alegria.
--Então está tudo certo. Arrumem as vossas coisas que partiremos daqui a pouco, e coloquem roupas para dois dias, voltaremos amanhã ao final da tarde. Eu já tenho tudo pronto, só estava à espera das senhoritas. -- Sorriu feliz.

Anahi ficou sem entender se aquele convite era extensivo a ela, queria que fosse, mas ao mesmo tempo tinha medo de estar a delirar, a fantasiar coisas que não existiam, e pior ainda, tinha um medo maior, medo que tudo aquilo fosse fruto da sua mente que às vezes pregava peças, medo de estar a fantasiar uma Dulce que não existia, não seria a primeira vez...

--Vamos Any, vamos arrumar as nossas coisas que minha mãe já tem tudo dela pronto e quero muito chegar nesse paraíso. -- A pequena a arrancou de seus devaneios.

--Vocês têm meia hora para arrumar as vossas coisas, que nada mais é do que biquínis, shorts, blusinhas...Anahi já sabes o que colocar para essa pestinha e para ti leve o que levarias para dois dias num resort. -- Sorriu e Anahi quase pulou no pescoço dela, de pura alegria, sim, o convite era extensivo a ela.

Em meia hora já estavam prontíssimas como exigira a patroa da casa. Sara não se continha, a excitação era palpável.

O local escolhido por Dulce ficava numa cidade no interior de São Paulo, a viagem durou cerca de uma hora, e ela dirigiu com calma. Sara ia atrás feliz da vida, ora jogava, ora cantava, conversava muito com Anahi. Essa ia à frente, ao lado da sua patroa, que também cantarolava e sorria sem nada dizer. Anahi sentia uma felicidade que há muito não vivenciara, parecia que tudo estava no lugar e essa sensação há muito que não experimentava...tudo no lugar.

--Any, coloque aí uma das suas músicas...tens um excelente gosto musical e eu pouco tempo para descobrir coisas novas, então me eduque. -- Dulce riu tanto e Anahi sentiu-se plena...queria ter sempre algo para mostrar a Dulce que na sua opinião era um às em tudo o que fazia.

Colocou o seu ipod no cabo do carro dela e dois segundos depois o ambiente foi invadido por um som maravilhoso.
--Wow, quem é? – Dulce adorara aquela voz.

--Mayra Andrade, eu adoro demais, e essa música é maravilhosa...We used to call it love.

Para surpresa de Dulce, a sua filha de apenas 8 anos cantarolava a música num inglês mais que perfeito.

--Amor, já conhecias a música?

--Mãe, a Any que me mostrou e cantamos juntas enquanto brincamos ou ela me ensina alguma coisa. Eu sei todas as músicas que ela escuta, só não aprendi ainda umas em Alemão, mas ela já prometeu me ensinar, não é mesmo Any? Ah e essa também tem uma parte que a cantora canta numa língua que não entendo bem, mas invento e canto, e nem a Any entende também, então inventamos as duas. -- Risos altos.

--Claro schatzie, vais aprender Alemão rapidinho. -- Sorriu e piscou para a pequena que a olhou orgulhosa.

Dulce às vezes tinha até receio daquilo tudo que estava a viver ao lado daquela mulher...parecia um sonho, ninguém era tão naturalmente perfeito como Anahi, ela tinha de ter defeitos...se bem que ela não sabia absolutamente nada dela. Nunca aquela realidade a perturbara tanto, mas agora, queria saber tudo de Anahi...aquele mistério a atraíra, mas não podia ir alem com alguém cuja vida era um mistério...ir além? Ir para onde? O que ela queria mesmo com aquela menina? Não sabia...não fazia a menor idéia, só sabia que queria estar ao lado dela sempre, que não tê-la por perto era sinônimo de saudade...e a cumplicidade com a sua filha, seu bem mais precioso...aquilo sim era um fato que aumentava ainda mais a sua ligação àquela babá...mas queria saber mais dela, queria saber tudo...com calma, sem assustá-la, mas aproveitaria aquele final de semana para prestar mais atenção aos pequenos detalhes daquela moça...

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O lugar era maravilhoso e não estava lotado o que era perfeito. Preferiram comer apenas saladas leves e sucos para que Sara pudesse aproveitar ao máximo o parque aquático. A menina não conseguia controlar a excitação.

Ficaram hospedadas numa espécie de chalé sem divisórias, tinha uma cama enorme no meio do quarto, uma menor num canto, um banheiro funcional e varandas espalhadas pelos quatro cantos todas com redes e uma vista sobre a área verde do resort de cortar a respiração.

Dulce precisou resolver algumas questões de trabalho por telefone e não pode acompanhar Any e Sara ao parque aquático, mas prometera encontrá-las o mais depressa possível.

A babá e a pequena estavam eufóricas com todas as possibilidades de diversão que o parque oferecia. Anahi voltara a ser criança, já que quando pequena, o seu sonho maior era freqüentar um lugar como aquele, mas nunca fora. Moravam no interior e não tinha essa possibilidade, e depois quando se mudara com a mãe para Munique, já era adolescente e não tinha mais o pai que era quem tentava sempre realizar todos os seus sonhos. Estar ali, podendo desfrutar de tudo que sempre sonhara, era mais que uma alegria...era bom voltar a ser criança.

Sara, era encantadora e atraia sempre outras crianças para perto, e naquele ambiente repleto delas não poderia ser diferente. Várias ficaram ao seu redor, mas ela teve mais empatia com um menino da mesma idade, o Eric. Brincaram em todos os brinquedos cujo limite de idade era compatível com a deles. Anahi, sempre com toda a paciência do mundo, acompanhava em tudo.

Sem perceber era observada com muita atenção e admiração pelo pai do Eric, Gregory, um Americano que trabalhava numa multinacional em São Paulo e que aproveitava o resort com o filho. Ele estava deveras encantado por ela, pela sua paciência e atenção com aquelas crianças, ela mesma se transformava numa, sem jamais perder a noção que era na realidade uma adulta e que tinha que prestar muita atenção nas crianças que estavam excitadíssimas com os brinquedos. Aproveitando um momento em que Anahi carregava o filho às cavalitas, ele entrou na piscina e começou a conversar com ela.