Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

Dulce não conseguia relaxar, já tentara até praticas orientais que normalmente a devolviam alguma calma e nada. Não tinha direito algum de ter qualquer tipo de sentimento de posse sobre a babá, nem ela tolerava aquele tipo de sentimento, mas então como explicar aquele ciúme todo do amigo Americano da outra? O homem poderia sim estar interessado na a Anahi, mas só aconteceria alguma coisa se ela também nutrisse o mesmo interesse, e Dulce bem na verdade não vira nada da parte dela que demonstrasse isso.

Ela jamais fora assim, pelo contrário...mas só de imaginar alguém querendo as mesmas coisas que ela queria com a Anahi o sangue fervia-lhe...talvez por ela não ser lésbica...mas já tivera casos com outras mulheres que à priori não eram homossexuais. Não entendia mais nada e decidiu ligar para Maite, que apesar de louca, sempre tinha a coisa certa para lhe dizer.

--E aí Dul, tudo maravilhoso no paraíso?

--Mais ou menos...

--Que foi Dulce? Não me diga que a Sara te surpreendeu aos beijos com a babá dela? -- Maite viajava como sempre.

--Claro que não Maite, não surta. Deus me livre de uma coisa dessa...

--Então o que é? Percebeu que não é nada de mais o que sente pela Anahi e ela grudou no teu pé? É isso? Transaram e foi horrível?

--Maite, se você dependesse de adivinhar as coisas para sobreviver já seria uma múmia...deixa-me falar e não fique tentando adivinhar, pode ser?

--Ok Dul, mas é que fico nervosa...

--Você é muito querida Mai, minha amiga mesmo...amiga, eu sou ciumenta?

--Tu? Em que sentido?

--Todos! Mas particularmente nos meus relacionamentos amorosos...

--Naaaaaaao, nunca! Eu te acho até bastante desligada, a mulherada é que fica correndo atrás...porque?

--Acho que tive um ataque de ciúme da Anahi... –Dulce sentia vergonha da atitude.

--Como assim?

Dulce fez um breve resumo do que tinha acontecido e a amiga tentou entender:

--E ela estava sendo receptiva às investidas do cara?

--Acho que não Maite. A Anahi é muito educada, tem aquele jeito meigo de tratar as pessoas...acho que me confundi...mas a questão não é essa, o problema é que nunca fui assim, me senti ridícula...

--Dul, eu acho que precisas é definir o que essa mulher é para ti, se é a babá da Sara e portanto a tua empregada, ou alguém com quem estás disposta a ter um relacionamento. Enquanto não tiveres isso claro e bem definido na tua cabeça vais ter rompantes como esse...não acredito que tenhas ficado ciumenta e possessiva da noite para o dia, apenas não sabes o papel da Anahi na tua vida, se é que tem algum além de cuidar muito bem da tua filha. Acho que esta confusa Dulce, só isso.

--Tens razão Mai...é muita confusão, principalmente de sentimentos...eu não entendo mais nada...

--Precisa saber o que sente por ela, quando isso estiver claro, tudo se ajeita aí dentro de ti, e sabe disso.

--Obrigada minha doidinha favorita. Não sei o que seria de mim sem ti na minha vida...é sério Mai eu te amo doidinha.

--Olha, se essa história com a babá não for mais adiante, pelo menos para uma coisa terá servido, amolecer esse teu coração. -- Gargalhadas dos dois lados.

--Pateta, eu sempre te amei...

--Mas raramente diz...--Mais risos.

--Obrigada Mai, vou deitar e colocar minha cabeça no lugar.

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Dulce estava numa área de descanso do resort, já que ficar no chalé tornara-se insuportável. Não sabia exatamente que horas eram, mas com a escassez de pessoas circulando pelas áreas de lazer do resort, concluiu que já era tarde.

Entrou no chalé sem fazer barulho, acreditava que Anahi e Sara estariam a dormir, e não estava enganada. Sua menina e a babá dormiam languidamente na cama maior. Anahi ainda vestia as roupas com que saíra, enquanto Sara estava de pijama, com certeza ela se deitara para fazê-la dormir e acabou dormindo também.

Dulce passou largos minutos olhando para as duas enquanto dormiam e com muitos pensamentos vagando na sua mente. Teve vontade de se deitar naquela cama, que era enorme e cabia as três sem problema algum, mas pensou na cabeça da filha, ela não entenderia, ou talvez por ser criança, comentaria com alguém que provavelmente não veria aquilo com bons olhos.

Maite estava certa, ela precisava definir e bem o papel de Anahi na sua vida. Não sabia ao certo o que sentia, tinha muita atração física, obvio, as vezes em que ficaram juntas não deixavam margens para dúvida, ali existia muita empatia sexual, ainda que não tivessem consumado o ato. Mas será que era apenas sexo que queria com a babá? Sentia saudades dela, falta mesmo quando não estava por perto, era maravilhoso observá-la enquanto cuidava com esmero da filha, maravilhoso olhar para ela sem que percebesse, era muito bom estar com ela ali naquele lugar, longe do dia-a-dia estressante, mas não sabia nada dela, absolutamente nada. Ela gostava de poder conversar sobre vários temas e Anahi, apesar de ser apenas uma babá e que provavelmente não lera a metade dos livros que ela tinha lido, que provavelmente não viajara para os inúmeros destinos que conhecia, ainda assim, conseguia manter um diálogo com muita inteligência, mas o que mais chamava a sua atenção era a inteligência emocional dela, nisso Anahi dava de dez a zero nela...aquilo a atraía, parecia um suporte...mas tinha algum mistério naquela mulher, ela jamais falava da família, da vivencia, dos sonhos...com certeza ela não pretendia ser babá a vida toda...ela já tinha 28 anos, e com certeza, muita historia para contar...mas como contar as suas historias se ela era a sua patroa e a relação precisava ser meramente profissional? Tanta confusão...e tudo ficava mais confuso ainda quando olhava para ela deitada naquela cama enorme e sentia seu corpo inteiro tremer de desejo, ao mesmo tempo em que queria apenas se encostar nas costas dela, abraçá-la e adormecer...sentia-se um tanto ou quanto perturbada, mas como sempre, acharia uma solução.

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Assim que o sol brilhou Sara acordou Anahi para que pudessem aproveitar as últimas horas no paraíso. A menina estava eufórica já que tinha combinado com o amiguinho uma competição na piscina de ondas.

Anahi estranhou o fato de Dulce já não estar no chalé, a meio da madrugada acordara sobressaltada e vira que ela dormia na outra cama. Aquela situação a deixou um pouco desconfortável, mas não podia fazer mais nada já que a patroa dormia profundamente e a schatzie também, logo uma mudança de cama àquela hora estava fora de cogitação.

Demorara para voltar a dormir, o motivo? A mãe de Sara, claro. Ela não sabia como agir, não sabia o que esperar, tinha medo, a promessa que fizera há tempos atrás não estava sendo cumprida...precisava ganhar coragem e partilhar aquilo tudo com alguém...Beth, talvez, embora por vezes achasse que Angelique era a pessoa mais indicada...Beth sabia tudo dela, mas não conhecia essa nova fase...estava a gostar de uma mulher...será que a amiga entenderia? Angelique não sabia em pormenor nada da sua vida passada, mas ela entendia de mulheres...dúvidas, muitas, mas encontraria a solução...

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A piscina de ondas estava ao rubro, as crianças simplesmente em êxtase e Sara não era excepção. Gregory pulava com o filho e a amiguinha, faziam a maior farra furando as ondas, mergulhando, muita alegria.

Anahi já se divertira um pouco mas não estava tão animada quanto o resto da turma. Ela estava pensativa e com uma leve dor de cabeça. Aproveitando que Gregory tinha muita paciência e jeito com as crianças, foi ao chalé sem preocupação por deixar Sara momentaneamente sem os seus cuidados. Precisava tomar um analgésico e ficar debaixo de água gelada por alguns minutos.

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Dulce, que saíra cedo para respirar o ar puro da manha na floresta do resort, voltara mais calma e com algumas certezas. Uma delas, era que precisava pedir desculpas a Anahi por aquele comportamento no mínimo questionável.

Estava na rede com o coração e a cabeça mais calmos quando viu Anahi entrar sozinha no chalé. O momento de pedir desculpas era aquele.

--Any...

--Oi dona Dulce, bom dia! Não se preocupe, eu só vim tomar um analgésico, mas a Sara está em segurança com o Gregory e já volto, é só um minuto. -- Ela falara num sopro.

--Tudo bem Any, bom dia para ti também. Esta com algum problema? -- Perguntou Dulce já se aproximando dela...aquela sensação de ímã.

--Só uma dor de cabeça, mas vai passar... -- Anahi já sentia suas pernas fraquejarem e suas mãos ficarem úmidas...a proximidade de Dulce tinha esse efeito nela.

--Any...me desculpa pelas barbaridades que disse ontem...confundi tudo, e só queria te proteger...mas sei que não tem nada a ver...—Dulce já estava a escassos centímetros dela e com aqueles olhos  castanhos num tom que deixava Anahi completamente hipnotizada.

--Eu aceito as desculpas dona Dulce, mas a senhora entendeu sim tudo errado e além do mais eu sei me defender e muito bem e não era esse o caso...o Gregory só queria a minha amizade e eu a dele...

--Desculpa Any...acho que você me deixa assim, ou o que sinto, sei lá...-- Ela já estava com as mãos entrelaçadas nas da babá que arfava e tinha os olhos brilhando.

--Assim como dona Dulce? – Anahi já beijava o seu pescoço, as pálpebras, as orelhas, os ombros e Dulce gemia de tesão enquanto ficava toda arrepiada.

--Assim...acho que estou completamente apaixonada por ti Any...completamente.

O momento seguinte foi de um beijo explosivo, carregado de desejo e de tantas outras coisas que elas ainda iriam descobrir.