Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

Ela não podia cometer mais um erro, não agora que estava se recuperando, se reerguendo das cinzas em que se transformara. Queria tanto fazer parte da vida de Dulce e Sara, mas de uma forma mais intensa, queria cuidar delas, receber amor em troca...amor? Tinha medo daquele sentimento, não lidava bem com ele...queria poder olhar nos olhos de Dulce sempre que possível, eles transmitiam calma, paixão, vontade de desbravar...tudo ao mesmo tempo...era bom olhar para ela...tocá-la, ouvi-la, beijá-la...era maravilhoso beijá-la...

--Any...oiiiiiii...esta aí? -- Dulce a chamava há alguns segundos e ela parecia estar em outra galáxia.

--Pensando em quê moça? – Dulce sorriu e Anahi sentiu seu coração amolecer.

--Na senhora! -- Disse sem pensar...o olhar dela a deixava desconcertada.

A intensidade da troca de olhares foi quase explosiva. Dulce suspirou alto e apertou o volante com toda a força que possuía.

Um pouco mais adiante, aproveitando um sinal de parar, ela colocou uma mão sobre as pernas de Anahi que a acariciou com carinho.

Perto de casa, Sara acordou, mas pouco falou o que chamou a atenção de Anahi.

--Está tudo bem meu amor? -- Perguntou com doçura.

--Unrrum, estou um pouco cansada e com vontade de chegar logo em casa. -- Disse a pequena com os olhos quase fechados.

--Nada que um banho não resolva minha princesa. E vamos assistir a um filme, o que quiser. -- Disse Dulce olhando-a pelo retrovisor.

--Pode ser O Malvado Favorito? -- Perguntou a pequena levemente animada.

--De novo Sara? Ok filha, e prometo que semana que vem, ou eu, ou a Anahi, te levamos para ver O Malvado Favorito 2.

--Vamos as três, assim é melhor. -- Ela sorriu e as adultas se olharam com cumplicidade.

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Já em casa, depois do banho, Anahi percebeu que Sara estava meio febril. Ela que sempre tinha energia para dar e vender estava murcha e queria carinho.

Anahi tentou não alarmar a patroa que depois do banho estava a trabalhar. Ela tinha dito que a empresa estaria pegando fogo na semana que estava prestes a iniciar. Contudo, após dar um remédio à pequena e tentar sem sucesso que ela dormisse, resolveu chamar a mãe.

Dulce ficou um pouco preocupada, mas sabia que não era nada demais...virose normal de criança.

Sara queria que as duas ficassem com ela na cama. Normalmente não era muito mimada, pelo contrário, era até independente demais por imposição da mãe, mas quando adoecia, demandava toda a atenção para si.

As duas deitaram uma de cada lado da cama, deixando a pequena no meio, exatamente como era o seu desejo. Anahi contou uma história, Sara pediu outra e mais, pediu que a abraçassem porque estava com frio. Foi imediatamente atendida.

Elas se tocaram e se olharam com olhos ternos...um sentimento forte estava criando raízes mais fortes ainda, mas elas não sabiam disso, ou não estavam preparadas para aquela intensidade toda...ainda não...entrelaçaram as mãos sobre a pequena e adormeceram.

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Dulce não estava a acreditar no e-mail que acabara de receber do chefe, nele estava escrito em letras claras que partiriam naquela noite para uma viagem a Munique e Milão, muitas reuniões com clientes e o fechamento do negócio com os Alemães. Ela queria dizer que não dava, inventar alguma desculpa, mas seu senso de responsabilidade não permitia...e para piorar a situação, dessa vez, a Maite não iria junto.

Ela tinha tanta coisa na cabeça, e teria de esperar mais uma semana ou quase isso para dar vazão a tudo. Tinha que alterar toda a rotina mais uma vez...mas o que estava a pesar realmente era não poder concluir o que começara com  Anahi naquele resort. Sim, ela não era hipócrita a ponto de achar que os outros motivos eram mais fortes...o que queria mesmo era encontrar uma forma de passar uma noite inteira com a babá de sua filha. Era difícil, já que as duas não poderiam ausentar e deixar a pequena sozinha, mas ela, ultimamente, tinha sempre convites para dormir em casa de amigas, e se a sorte ajudasse, Cecília a chamaria de novo...era tudo o que queria, entretanto viera aquela viagem, importante sim, mas poderia esperar um pouco mais...

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Anahi não queria acreditar que teria de passar mais uma semana longe de Dulce. Teve quase certeza que morreria de saudade, e logo de seguida num momento de lucidez, ou excesso de prudência se repreendeu por tal pensamento.

Dulce chegou em casa às cinco da tarde, e só teve tempo de arrumar as malas, dar algumas coordenadas a Júlia e esperar que Anahi e Sara regressassem para então se despedir delas. Tinha que estar em Guarulhos às 8 da noite e o chefe era adepto da pontualidade Britânica.

A menina que já tinha sido avisada por Anahi que a mãe viajaria, não se desgrudou dela tão logo pôs os pés em casa.

Anahi estava impaciente, queria ao menos dar um beijo e desejar boa viagem a Dulce, mas parecia impossível...

Júlia, ainda que sem desconfiar de coisa alguma, preparou uma taça de sorvete e chamou Sara para a cozinha. A criança foi quase voando de pura felicidade.

Dulce subiu para o quarto e não precisou dizer uma única palavra a Anahi, que em segundos entrava naquele reduto, trancando a porta à chave.

O desejo gritava por todos os sentidos delas e não se fizeram de rogadas, se atracaram num beijo cinematográfico.

Dulce tinha a mania de prender Anahi contra a parede e dessa vez não foi diferente. Elas tremiam de desejo e se beijavam quase sem respirar. Se fundiram num abraço tão forte que puderam sentir o bater do coração uma da outra...formula 1 perdia.

--Não vou parar de pensar em ti um só minuto. -- Dissera Dulce entre um beijo e outro.

Anahi teve vontade de chorar, mas se controlou, era exímia na arte de se controlar, ou achava que era...

--Cuida bem da minha filha...eu sei que vai, confio completamente em ti Any...cuida bem de ti...volto logo...vou ter muita saudade... -- Olhou o relógio, já estava atrasada. Ia deixar o quarto quando Anahi a puxou para mais um beijo. Dulce teve vontade de mandar tudo para o espaço e ficar ali com aquela mulher maravilhosa, mas Anahi, com a sua racionalidade característica, deu-lhe um último beijo, um abraço forte e a colocou para fora do quarto.

Não teve coragem de descer e se despedir dela, tinha os olhos marejados e o coração galopando no peito. Júlia perceberia...como explicar os olhos vermelhos e a tristeza estampada no rosto?

Permaneceu ali até se recuperar completamente e na cabeça uma certeza, com ou sem medo, queria descobrir tudo com Dulce...estava disposta a aprender tudo o que ela quisesse lhe ensinar...

Com um sorriso nos lábios e o coração vibrando de felicidade, desceu as escadas rezando que o tempo voasse e trouxesse Dulce de volta o mais breve possível.