Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

A alegria tomou conta daquele lar a partir do regresso de Dulce que se sentiu preenchida de uma forma única.

Sara não há largou um minuto queria contar tudo, saber de tudo também. Adorou os presentes que a mãe trouxe e não descansou até que ela lhe ensinasse a manobrar o joguinho novo.

Anahi, perspicaz como sempre, percebeu que Dulce estava esgotada e gentilmente convenceu a menina a deixar que ela descansasse um pouco, afinal em poucas horas Ana chegaria e ela teria de buscá-la no heliporto.

Sem dizer uma única palavra, Dulce agradeceu a atitude da babá, já que não dormira no avião e estava um trapo.

Anahi já estava sentada no chão se preparando para um embate com Sara no novo jogo que ganhara quando Dulce passou por ela rumo ao quarto. A patroa decidiu dar mais um beijinho no rosto lindo da sua filha e aproveitando que a pequena a abraçou, ficando de costas para a babá, e Dulce aproveitou para acariciar-lhe a nuca deixando a babá nas nuvens, literalmente.

--Any, Any, vamos jogar? A minha professora diz que às vezes fico nas nuvens, agora eu sei que tu também ficas. -- Riso inocente da criança e Anahi atirada de volta à realidade. Que loucura!

Jogaram algumas partidas e Anahi perdeu todas, Sara era fera, aliás como todas as crianças da geração cibernética. Assistiam a um filme infantil quando a pequena começou um diálogo interessante e característico da sua inteligência e sensibilidade.

--Any, o que é felicidade? -- Perguntou com aqueles olhinhos de mel brilhando.

--Como assim schatzie?

--A minha professora de português mandou que nós fizéssemos um pequeno texto sobre a felicidade. É para levar na terça, depois do feriado e eu preciso de ajuda...-- Linda demais aquela pequena.

--Ok, eu te ajudo...mas o que tu achas que é a felicidade? Tens alguma idéia?

--É a mesma coisa que estar feliz?

--Sim, a Felicidade existe quando estamos felizes...

--Eu sou feliz, então eu sou felicidade.

--Podemos pensar assim também...tu és a felicidade para a tua mãe, para o teu pai, para a tua avó, para os teus amiguinhos...para mim...

--Eu tenho saudades do meu pai...já te disse que adoro o meu pai?

--Já meu amor, e que adora passar as férias com ele e que fica com saudade na hora de voltar.

--Eu queria que ele morasse mais perto...ele tem uma mulher muito bonita, mas ainda não ganhei um irmãozinho...Não sei porquê os pais não vivem junto com os filhos...na minha escola tem muita gente como eu...gente adulta é esquisita não é Any?

--Um pouco meu amor, por isso que é maravilhoso ser criança, aproveita bastante essa fase.

--Minha mãe já me disse que não vai casar de novo...ela não casou com o meu pai, mas eu queria que ela casasse e tivesse uma menina para brincar comigo...meu pai um menino e minha mãe uma menina...mas acho que ela não quer...-- Os olhinhos dela ficaram ligeiramente entristecidos.

--Quem sabe um dia não acontece schatzie...o teu pai pode ter um filho e a tua mãe uma menina para tu ensinar tudo, ser a irmã mais velha, já imaginaste que bom que pode ser?

--Sim, vou ensinar tudo. A ser obediente como eu, a dançar, a estudar, a brincar, a subir em árvores, a jogar videogame...e tu vai me ajudar não é Any? Só temos que convencer a minha mãe a ter outra menina, eu já sei que os bebês crescem na barriga...

Anahi sorriu e se encantou um pouco mais por aquela menina que definitivamente devolvera alegria à sua vida.

--Any...

--Hummm

--Eu já sei o que escrever sobre a felicidade...

--E o que é Sara?

--Vou dizer que a felicidade é ter minha mãe por perto, meu pai longe, mas dentro do meu coração, minha avó Ana por perto, meus amigos para brincar, a Cecília que é chata, mas eu gosto dela, o Peter que é metido, mas faz desenhos para mim e também vou dizer que felicidade é ter uma babá como tu, a melhor do mundo...Any, você é como minha mãe, avó Ana, meu pai...você é da minha família. Eu gosto muito de ti...porque choras Any? --. Ela limpava as lágrimas da babá e a abraçava.

--Porque sou boba, uma boba grande...obrigada schatzie, eu também gosto muito de ti, tanto tanto tanto...

Abraçaram-se e Sara beijou a face de Anahi muitas vezes ao mesmo tempo que fazia cócegas na sua barriga...rolaram no chão de tanto rir...aquilo sim era Felicidade.

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Dulce, que dormira algumas horas, já estava mais descansada e de excelente humor, tanto que esperava há alguns minutos pela filha que inventara de mudar de roupa pela milésima vez, sem ao menos gritar para que ela descesse já que estariam atrasadas se ela continuasse naquele desfile de moda.

--Olha mãe, era essa blusa que eu queria, foi a vovó que me deu, por isso quero ir com ela. Estou bonita?

--Linda minha filha. -- Dulce riu do jeitinho dela.

--Any? -- Olhou para a babá com as mãos na cintura.

--Lindíssima!

Riram em conjunto.

Dulce, com medo de estar a abusar da boa vontade da babá, e sem saber ainda onde terminava a relação laboral e começava a amorosa, disse:

--Any, se quiser pode aproveitar o resto da noite e o domingo todo de folga.

--Não mãe, a minha avó e a Any se adoram e eu não quero que ela vá embora. -- Disse Sara quase em súplica.

"Nem eu minha filha, mas é um direito dela"-- Pensou Dulce.

--Eu fico dona Dulce, estou com saudades da dona Ana e também não tenho nada importante para fazer fora...a menos que a senhora queira privacidade. -- Disse com alguma dúvida se estava a ser impertinente.

Dulce não verbalizou a sua resposta, mas a intensidade com que olhou nos olhos de Anahi não deixou qualquer dúvida sobre a sua opinião.

--Vamos todas buscar a dona Ana então, que ela já deve estar prestes a chegar.

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O reencontro com Ana foi uma festa. A pequena não cabia em si de alegria, ainda mais que a avó não parava de contar da sua aventura no cruzeiro e Sara adorava histórias. Anahi, que a princípio estava mais comedida, logo se soltou, afinal ela e Ana tinham se dado bem desde o primeiro encontro.

As quatro jantavam num restaurante que dona Ana adorava e a conversa rolava solta.

A senhora mais velha estava intrigada com aquela calmaria toda, da filha, claro. Dulce parecia tão à vontade naquele papel de filha e sobretudo de mãe que deixava Ana ligeiramente desconfiada. Como assim? Ela estava calma, dava toda a atenção do mundo à pequena princesa, tinha sido cordial o tempo todo...e a babá jantando com elas? Ela adorava, claro, tinha sentido uma empatia com aquela moça ao primeiro olhar, mas a filha? Mal falava com as outras babás de Sara, limitava-se a dar ordens e a exigir o seu cumprimento, e agora lá estava ela ouvindo a opinião de Anahi, concordando com ela, falando de igual para igual, Ana diria até que a filha nutria algum tipo de admiração por aquela moça, já que tinha percebido um olhar repleto de encantamento vez ou outra. Será que Anahi era melhor do que imaginava e tinha conseguido a proeza de humanizar a sua filha? Trazer de volta um pouco daquela adolescente alegre?

Anahi ajudava Sara na escolha do sorvete quando seu celular tocou, era Angelique a convidando para sair. Ela não estava muito interessada e quase declinou, mas pensando melhor resolveu aceitar. Não se sentia muito confortável sabendo que dona Ana estava por perto, não por ela, adorava aquela senhora, mas tinha que se policiar a cada segundo para não ser traída pelo seu desejo pela patroa. A própria Dulce a olhava com intensidade, às vezes parecia que queria devorá-la com os olhos...dona Ana perceberia e não queria aquilo....iria sim se divertir com a amiga e quem sabe colocar a cabeça no lugar...às vezes sentia-se fora de orbita.

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Ana e Dulce conversavam na sala de TV, enquanto Sara dormia no sofá abraçada às pernas da mãe. Bebiam um licor e Dulce contava à mãe dos seus projetos novos na empresa, da loucura que estava a vida e que agradecia todos os dias por ter Anahi como colaboradora. Sabia que sua filha estava em excelentes mãos e quão aquela certeza era importante uma vez que viajava muito.

Ana olhava a filha admirada, há muito tempo que não a tinha assim...estava feliz, sim muito feliz. Tinha que agradecer e de que maneira à Anahi, estava mais do que claro que tinha dedo nela naquela transformação.

Como que atraída à sala, já que o pensamento ali dominante sobre ela recaía, Anahi apareceu para se despedir uma vez que iria sair com Angelique.

Linda! Short jeans, camisa de seda branca com as mangas dobradas até aos cotovelos, sapatilhas cinza com dourado, cabelos mal presos num coque, leve maquiagem realçando os olhos e um perfume suave e ao mesmo tempo marcante, como ela.

--Desculpem incomodar, mas é para avisar que vou sair com uma amiga. – Anahi com aquele ar meio menina meio mulher ainda enlouqueceria Dulce.

--Nossa Senhora, mas está linda essa moça. -- Ana, claro!

--Obrigada Ana!

-Aproveita a vida Any, exiba essa beleza toda que Deus te deu minha filha e vê se arruma um namorado. -- Ana riu ao ver que ela ficara vermelha. -- A Sarita já me disse que ainda não tens namorado. --Mais vermelha ainda. -- Sim, minha neta é precoce e ainda me disse que queria que tivesses um namorado, mas tem medo que vás embora. Coisa de criança, mas ela está certa, não vai ser difícil arranjar um namorado e dos bons.

Mais risos escancarados de Ana, Anahi morrendo de vergonha e Dulce de raiva...da mãe.