Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

Na empresa de Dulce as coisas estavam à beira da explosão, isso porque por lapso de um funcionário da criação, perderam um cliente importante. Dulce deu graças a Deus por não ter acontecido no grupo dela, claro que não era bom para a empresa perder qualquer cliente, mas o chefe/dono exagerava e muito. Dulce deu graças porque o seu pavio não era muito longo e não estava disposta a ouvir nada desagradável, e o chefe sabia sê-lo quando algo não corria na medida das suas vontades.

Há muito que ele falava na contratação de um profissional que ficaria encarregado apenas da promoção da firma, alguém especialista em marketing e ele não queria ninguém a não ser o melhor do mercado. E nessa área, a melhor por unanimidade era Liana Balbo. Só que ela trabalhava numa firma concorrente e não parecia muito interessada em mudar de ares. Até que para espanto geral dos colaboradores ela começou a ser vista nos corredores, indo sempre ao último andar, claro, negociar com o chefe a sua contratação.

Dulce e Maite viviam tão ocupadas nos últimos tempos que não se deram conta dessa movimentação toda, até que naquela terça feira, Maite entrou na sala que compartilhava com Dulce completamente esbaforida dizendo:

--Adivinha quem começa a trabalhar conosco hoje mesmo?

--Bom dia para ti também Maite, meu final de semana prolongado foi muito bom e o teu? -- Disse Dulce com ironia.

--Oh amiga, desculpa, tudo bem? Eu passei em casa mesmo...ando assim sem ânimo para nada, quase virando freira.

Dulce soltou uma sonora gargalhada.

--Nesse dia me avisa, para eu passar a acreditar em duendes...--Mais risos. -- Mas quem começa a trabalhar aqui?

--Não aqui geral amiga, conosco, exigência da chefia. Ele elegeu nosso grupo como o melhor, o que consegue os melhores contratos, e então decidiu que a Liana vai trabalhar conosco...contigo em particular.

-- A Balbo? Nossa, mas esse chefe é bom mesmo, conseguiu a mulher mais requisitada do país.

--Olha os homens estão enlouquecidos, as mulheres com inveja e nós duas, claro, amando ter mais uma fera no time, vamos arrasar...nem loucas e muito menos com inveja porque sabemos do nosso potencial, não é mesmo Srta  Dulce? -- Maite era uma louca adorável.

--Claro! Tomara que essa mulher não seja uma convencida e mais ainda, tomara que a fama de excelente não seja apenas isso, fama...

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No decorrer da semana Dulce pôde perceber que Liana era realmente excelente. A mulher era brilhante e sabia do seu poder de convencimento. A sua argumentação era sempre a melhor e convencia qualquer um sobre qualquer coisa. Trabalhavam juntas até tarde todos os dias. Ela era outra workaholic e Dulce perdia muitas vezes a noção que tinha outra vida além do escritório.

A empresa estava num boom produtivo e todo o esforço era válido, mas aquelas duas exageravam. Passaram a almoçar juntas todos os dias, e às vezes jantavam também já que perdiam a hora e Dulce precisava comer alguma coisa antes de voltar para Santos.

Logo na terça Dulce soube receberia o prêmio ao qual tinha sido indicada, e pediu que a mãe ficasse mais uns dias para estar presente na cerimônia. Ana adorou e ficou de bom grado.

Dulce e Anahi continuavam a se ver furtivamente nas madrugadas e às vezes nem isso, já que durante a semana ela chegou algumas vezes depois da uma da manha e Anahi já dormia.

Num desses encontros furtivos em que mais pareciam adolescentes com medo de serem pegas, Ana quase as surpreendeu. Elas estavam no lounge matando as saudades que corroíam as suas almas, e Dulce num de seus rompantes arrancou a blusa de Anahi e iniciava uma estrada de beijos por aquela pele quente e macia quando ouviram passos de Ana subindo em direção ao lounge. Entraram em pânico e Dulce pediu que Anahi se escondesse num cômodo minúsculo onde eram guardados redes, puffs deteriorados entre outras coisas.

Foi por um triz que Ana não viu sua filha e a babá se rendendo à paixão que as consumia. Entretanto, Ana estendeu a sua estada no lounge por muito mais tempo do que poderia passar pela cabeça de Dulce, que acabou indo para o quarto, esperando que com isso a mãe fizesse o mesmo.

Ela só foi para o quarto madrugada adentro e Anahi ficou esse tempo todo no cubículo...pela sua cabeça passaram inúmeras coisas e entre elas, que aquela situação não era a mais desejável.

Depois do incidente, Dulce percebeu o aumento da insegurança de Anahi, mas como estava tão ocupada no trabalho e estando a mãe em casa, não poderia fazer muita coisa, resolveu esperar a melhor ocasião para resolver aquele problema.

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Passado a loucura inicial, Anahi começou a se questionar sobre o seu papel na vida de Dulce...o que esperar daquilo tudo? Nada! Era a conclusão que teimava em martelar na sua mente. Queria não sentir nada além de tesão pela patroa, mas não iria se enganar...gostava dela, o sexo era bom sim, mas totalmente secundário...gostava de olhar nos olhos dela e ver seus sonhos estampados quando falava da carreira, gostava de vê-la com a filha, dando amor, carinho, atenção...embora na última semana, se não fosse ela e Ana a menina não teria qualquer contato com esses sentimentos...trabalho, sempre ele ditando as regras... gostava de saber que ela estava no mesmo ambiente, gostava de saber que ela voltaria para casa, por mais tarde que fosse, mas voltaria, adorava ouvir o barulho da chave dela na fechadura, o seu coração sempre palpitava, admirava o seu talento prodigioso....entretanto fazia o exercício inverso, o que Dulce admiraria nela? Todos diziam que ela era talentosa na arte da dança, mas Dulce jamais a vira dançar, ela não fazia nada de extraordinário, não sabia conversar sobre o mundo dela, arquitetura e afins, aliás falava muito pouco...a vida a fizera ficar assim...tinha medo de ser boba, de ser chamada de idiota como já acontecera num passado não muito distante...o que Dulce poderia gostar nela, alem da sintonia sexual que claramente existia? Era bom estar com ela, fazer aquele sexo maravilhoso e revigorante, mas e depois que o tesão passasse?

Tentou mergulhar na dança para espantar aqueles fantasmas todos que a perseguiam e que ultimamente pareciam ter ganhado força total...o mesmo erros duas vezes, nunca!

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Dulce estava nervosa, chegara o dia do prêmio e ela queria toda a família na festa. Na sexta nem sequer tinha voltado para Santos, trabalhara até muito tarde, ela, Maite e Liana, que além de boa de Marketing tinha idéias brilhantes. As três juntas formavam um time e tanto. Dormira em casa da amiga, isso depois de terem ido a uma balada soft (palavras de Maite) que de soft não tinha nada.

Maite e Liana tinham se dado muito bem, pareciam amigas de sempre, já Dulce mais reservada como sempre fora, limitava-se à sintonia no trabalho. A nova colega era além de competente muito simpática e parecia querer estreitar as relações com Dulce, almoçavam sempre juntas, ela sempre tinha o melhor sorriso nos lábios e estava sempre disposta a varar a madrugada.

Se Dulce prestasse mais atenção já teria percebido que o interesse ultrapassava o profissional, mas ela, além de desligada, estava focada no trabalho e não parava de pensar na Anahi, logo, qualquer outra mulher passaria despercebida.

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Ana estava encantada com a beleza de Anahi. Jamais a vira assim, toda produzida para um evento oficial, parecia outra mulher. Estava simples, mas linda, mais do que isso, maravilhosa.

--Anahi, essa roupa ficou-te muito bem minha filha. -- Elogiou com sinceridade.

--Oh Ana, estou bem mesmo? Não estou exagerada? Acho que não, mas nunca vou a eventos durante o dia e não sei a roupa certa...-- Ela estava nervosa, muito nervosa.

--Anahi, já se olhou no espelho? Esta linda! A saia no comprimento certo, a blusa impecável, o sapato na altura adequada, esse cabelo lindo...já te disse que fica linda de cabelo preso, assim, mal preso?

--Não! -- Disse sorrindo e mais confiante.

--Pois, ficas linda minha filha, muito linda...a maquiagem está perfeita...me diz o que ficaria feio nesse teu porte moça? Parece uma bailarina e daquelas maravilhosas, que flutuam...

--Concordo Vó Ana, a Any está perfeita, parece uma pintura. -- Gritou a pequena do alto da escada. -- Anahi, já contaste que fui eu que ajudei a escolher a roupa? Ok, a tua amiga Angelique também ajudou, mas escolhi o sapato.

--Sim meu amor, você me ajudou muito. E essa menina que parece uma princesa?

--Estou linda? -- Ela ficou na ponta dos pés.

--Muito linda minha princesa, a menina mais linda desse mundo. -- Sara correu para os braços de Anahi que a beijou muito.

--Ana está muito linda também, bem elegante... -- Anahi piscou e Sara concordou.

--Estamos todas lindas e maravilhosas, mas é melhor irmos embora porque senão a Dulce vai ter um filho.

--Como assim Vó Ana? A minha mãe está esperando um bebê? -- Perguntou a pequena intrigada.

As adultas riram muito!

--Não meu amor, é só uma expressão de gente grande...quis dizer que se não formos logo a tua mãe vai ficar muito nervosa.

Sorridentes e felizes deixaram a casa rumo ao heliporto.

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A cerimônia estava prestes a começar e Dulce estava uma pilha, tanto que deu uma resposta ríspida a Liana.

--Ela é sempre assim? -- Perguntou sorrindo à Maite.

--Não, ela é um doce, mas quando está nervosa fica irreconhecível...

--E esse nervoso todo é porque vai ser premiada? Não faz sentido...

--Hummmm nem tudo faz sentido quando o assunto é Dulce, mas ela está assim porque a família ainda não chegou.

-- A mãe e a filha?

--Sim, elas são muito unidas.

--Mas ela deveria se acalmar, está lindíssima e com esse stress todo vai borrar a maquiagem e desalinhar a roupa que está perfeita. -- Disse olhando com um sorriso dúbio para Dulce e Maite percebeu. Aliás já tinha percebido olhares de cobiça de Liana em relação a Dulce outras vezes e aquilo a agradava. Eram ambas mulheres lindas, desimpedidas, bem sucedidas...sua amiga merecia uma história nova, alguém interessante e que gostasse dela, porque não a nova colega? Ia ficar mais atenta e dar a celebre ajuda no momento certo.

Ana, Anahi e Sara chegaram quase na hora em que ia ser anunciado o prêmio de Dulce, mas ainda a tempo de se acomodarem quase na frente e respirarem aliviadas.

Dulce estava linda, pensava Anahi. Já a vira com trajes de executiva outras vezes, mas com aquela saia e aquele terninho em particular estava muito sexy. Seu coração acelerou e levou as mãos ao peito...já se tornava freqüente.

O nome de Dulce foi chamado para receber o prêmio, mas ela estava paralisada olhando para Anahi. O seu coração estava em disparada...como era linda aquela menina e que estrago causava no seu corpo que ardia, literalmente. As mãos suavam e não era de nervoso pela entrega iminente do prêmio e sim de vontade de tocar Anahi...há dias não tinham estado juntas, sozinhas, no mundo delas...Dulce suspirou...

--Dulce, oiiii...Dulce, acorda, chamaram o teu nome. -- Disse Liana enquanto segurava o braço dela.

Ela pareceu acordar do transe e se dirigiu ao púlpito debaixo de aplausos. Linda e segura de si.

Liana, entre palmas e um desejo que crescia cada vez mais pensava, "Quero essa mulher para mim".