Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

Sábado passou arrastado, Dulce e Sara se divertiram, ou melhor, a menina se divertiu em parques, shopping, no castelinho da praia, fez tudo o que ela queria. Almoçaram no restaurante favorito dela, e à noite Dulce preparou o seu lanche favorito.

Comeram juntas, ela quis saber de tudo da sua filha, como tinha sido a semana e mais uma vez constatou que a Anahí era definitivamente a melhor babá de sempre. Sara, estava independente, como ela sempre quis que a filha fosse, mas um doce de menina, meiga, afetuosa, inteligente, dedicada...e claro que era fruto do trabalho de Anahí, já que ela mal parava em casa.

Depois que Sara dormiu, Dulce ficou horas no lounge tentando entender alguma coisa da sua vida naquele momento.

Profissionalmente não poderia estar melhor, diria que estava no auge. Muito trabalho como gostava, criatividade em alta, reconhecimento do seu mérito, parceria mais que perfeita com Maite, e agora com Liana...mas e a inquietude na alma? Anahí, sempre ela!

Quando estava longe, conseguia pensar com clareza e concluía que aquilo não tinha o menor cabimento, já não tinha idade para loucuras frenéticas e efêmeras, muito menos com a babá da sua filha.

Com a mãe em casa, elas tiveram que se comportar como adolescentes, aquilo tinha sido frustrante...lembrar que Anahi ficara horas escondida num cubículo para evitar que dona Ana a visse era no mínimo constrangedor...não queria viver assim...apesar de ser moderna e desprovida de preconceitos, lá no seu intimo, sabia que Anahi não agüentaria muito tempo um relacionamento com ela...ela era simples, e provavelmente não saberia conviver com a sofisticação que indubitavelmente seria exposta estando na sua companhia...mas aquele raciocínio todo só faria sentido se Anahi quisesse algo mais sério com ela, e sinceramente não era o que parecia...ela parecia correr dela...na entrega do prêmio, sequer a cumprimentara de uma forma mais intima, como cúmplices que eram...será que ela criara uma Anahí que não existia?

Mas quando estavam sozinhas, nos momentos de intimidade, o que via, era uma mulher totalmente entregue, com vontade de descobrir coisas juntas, uma mulher que apesar de alguma inexperiência, conseguia lhe dar um prazer que não lembrava de ter experimentado antes, não com aquela intensidade e de primeira...beijar Anahi era uma experiência única...seu corpo ia desfalecendo à medida que a intensidade aumentava...mas com a racionalidade em alta, ela só poderia pensar que sexo bom não era difícil de conseguir e que portanto o que a unia à babá não era nada de mais.

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Domingo, logo pela manhã, Maite telefonou avisando que ela e Liana desceriam a Santos para almoçar e que ela e Sara estavam convidadas. Maite, que como alcoviteira estava saindo melhor do que a encomenda, acabou confessando que Liana queria conviver com ela num ambiente extra laboral e que sorrateiramente a convencera a descerem juntas para o litoral. Confessou ainda à amiga que se fingira de sonsa, mas que como torcia por aquele romance, aceitara sem muito esforço.

Dulce achou engraçado aquele comportamento de Maite, e gostou das investidas de Liana. Ela era uma mulher muito interessante e fazia um bem enorme ao ego ter aquela atenção toda virada para si. Iria sim almoçar com a amiga e a colega, com certeza seria mais vantajoso do que ficar entre quatro paredes remoendo coisas cada vez mais sem sentido, e além do mais sua filha sairia de casa naquele domingo ensolarado.

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O almoço pós aniversário estava sendo maravilhoso, muitas risadas, loucuras de Angelique que não parava quieta, afinal como ela mesma repetia a cada minuto, aniversário só uma vez por ano.

Anahi estava tranqüila e muito feliz, tinha esquecido ainda que por momentos, todos os problemas que a martirizavam. Gostava de estar naquele ambiente, entre amigos como Christian e Angelique, entre colegas da academia, gente com a mesma paixão, tanto que o assunto que mais se ouvia era dança, dança e dança.

Momentos como aquele traziam de volta lembranças boas, da sua luta para se profissionalizar na Alemanha, das voltas que a vida dera mas que nem por isso esmorecera os seus sonhos...da vontade que o pai tinha de vê-la brilhar num palco...as lembranças com o pai eram sempre boas, às vezes dolorosas pela perda prematura, mas os melhores momentos da sua infância e adolescência foram com certeza na companhia daquele homem que não lhe dera a vida, mas que fizera tudo para ela jamais percebesse tal fato.

Estava tão absorvida nos seus pensamentos que não percebeu que Angelique a chamava.

--Oi, desculpa estava longe daqui...

--Pois é amiga, a tua mente estava longe, mas esse teu povo parece que quer ficar sempre perto...haja coincidência. -- Ria e Anahi não entendia nada, até se virar um tempo depois e dar de cara com Dulce.

O tempo ficou com outra cronometragem...elas se olharam com tanta intensidade que Angelique que de doida não tinha nada apesar de posar como tal, percebeu tudo na hora. Anahi ficou nervosa e se mexeu na cadeira, Dulce não parava de mexer no cabelo e se Angelique não estava louca (e não estava) ficou vermelha e tentava desviar o olhar sem sucesso algum.

Angelique pensou, bom, minha amiga pode estar a fim dessa tal mulher de São Paulo, mas se essa doida que nem conheço não ficar esperta, a patroa dá o bote...e não é que a santa Anahi está tão a fim quanto ela...seja bem-vinda ao mundo colorido linda Any... e ria discretamente.

Tentando tirar a amiga daquele torpor e para satisfazer a própria curiosidade perguntou:

--Quem é aquela gata que está com a tua patroa mais gata ainda?

--Hã? – Anahi estava desorientada.Dulce? Aquela branquinha aguada sei que é a que trabalha com ela, não sei o nome...mas e a outra?

-- Aguada? Eu acho a Maite bem bonita...a outra é colega nova delas...uma tal de Liana...

--Que está doida para pular em cima da Dulce...nossa que mulher linda essa hein. -- Provocava Anahi descaradamente, já que em matéria de beleza, achava a amiga milhões de vezes mais linda do que qualquer uma das mulheres da mesa ao lado.

Conseguiu, já que ela se levantou quase correndo para ir ao banheiro, ato que foi seguido com os olhos por Dulce, que aliás não os tirava de cima de Anahi.

A menina que ainda não tinha percebido a presença da babá e dos amigos que já conhecia, assim que os viu, correu para o seu encontro e lá ficou até a hora de irem embora.

Na outra mesa, uma Liana intrigada questionou:

--Quem são aquelas pessoas? -- Perguntou olhando em direção à Dulce, mas quem respondeu foi Maite, já que Dulce não conseguia abrir a boca.

--Ah, aquela com o cabelo cheio de cachos e que tem Sara ao colo é a babá dela, e os outros devem ser amigos dela... -- Maite estava pasma com a reação de Dulce que não tirava os olhos daquela mesa...de Anahi para ser mais exata...parecia que Liana não tinha percebido nada...mas ela estava intrigada, será que Dulce tinha mais do que uma paixonite pela babá? E ela que parecia estar feliz com os amigos e pouco se importando com a amiga...será que tinha-lhe escapado alguma coisa?

O que Maite não sabia era que Anahi disfarçava muito bem, porque na verdade estava a ponto de sair correndo em direção à Dulce e recuperar o tempo perdido...

Liana não disse nada, apenas bateu com a cabeça, como se o fato não tivesse importância alguma, mas com uma babá daquelas, as investidas teriam de ser mais incisivas...que mulher linda...e babá? Aquilo parecia-lhe um fetiche e tanto para uma mulher como Dulce...teria de ser mais objetiva e ponto final, foi o seu pensamento.

Na hora de irem embora, Dulce foi buscar a filha que nunca mais voltara para a mesa que ocupara com as amigas, e nesse instante se Angelique tivesse alguma dúvida que existia uma química forte entre a amiga e a patroa, ela desvaneceu-se...a intensidade da troca de olhares era gritante, parecia que sairiam labaredas a qualquer instante.

Elas não trocaram qualquer palavra, Dulce foi educada, cumprimentou a todos, foi mais simpática com Christian, mas não falou com a Anahi...mas não eram precisas palavras...alias elas quebrariam aquele encanto...Angelique percebeu que Christian partilhava da mesma opinião que ela, tanto que para amenizar aquele fogo todo, levantou-se para cumprimentar Dulce com maior decoro e assim desviar a atenção dela da Anahi.

A pequena beijou todo mundo e deu um beijo demorado na sua babá querida. Disse-lhe algo ao ouvido que fez Anahí rir e tirar um pouco a paciência de Dulce que não agüentava mais estar de pé naquela situação. Não deu mais tempo à Sara e a levou dali.

Anahí e os amigos permaneceram mais um bocado no Deck 21, e ela foi aos poucos recuperando o seu auto controle.