Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

Anahi apenas decidiu ir para casa depois de Sara adormecer abraçada ao seu bichinho de pelúcia favorito, não sem antes ouvir mais uma história de castelos e suas princesas, claro.

Maite ofereceu uma carona que ela disse a princípio que não precisava já que estava com a amiga Angelique, mas diante da insistência de Dulce  aceitou. Combinaram que ela iria cedo para a casa, preparar tudo o que a menina gostava, deixar o quarto cheio de cores para recebê-la.

Dulce não iria trabalhar para poder cuidar da sua menina.

Anahi, gostou daquela atitude, mas não poderia ser diferente.

Despediram-se de forma quase cerimonial e Maite e Anahi deixaram o quarto.

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Maite deixou Anahi e a amiga à porta do prédio delas e ficou parada um pouco observando a cumplicidade que existia entre as duas. Pareciam caminhar no mesmo passo, e tudo ficou mais perfeito ainda, quando a amiga abraçou a babá e ela correspondeu de forma carinhosa. Sintonia...cumplicidade...muita...é, talvez Dulce não tivesse olhos para enxergar o tesouro que era Anahi, mas nem todas eram cegas como ela...

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Anahi, mal entrou na casa ouviu passos correndo em direção à porta. Chegara cedo, queria deixar tudo perfeito para a volta de Sara.

--Any? --Júlia a olhava incrédula.

Ela sorriu e abraçou a amiga, que continuava sem entender nada.

--Vai voltar? É isso? Diz que sim, a Sarita vai ficar tão feliz.

--Vou sim Júlia. -- Disse sorrindo. -- Pela Sara eu decidi relevar tudo de ruim que me aconteceu aqui.

--Oh meu bem que noticia boa, mas me conte, e a nossa pequena como está?

Perguntou já direcionando a colega para a cozinha onde ainda era perceptível um cheiro bom de café fresco.

--Graças a Deus que está tudo bem. Mal dormi essa noite, já me tinha dito que ela estava bem, mas sabe como é...mas Any e a dona Dulce? Essa coisa de estar apaixonada por ela?

--Vai passar Júlia, ainda não te contei tudo. Não vou mais morar aqui...

--Ai, boa noticia Any. Vai ficar com a tua amiga?

--Sim, com a Angel. -- Aquela novidade a agravada muito, sentia que retomaria o controle da sua vida a partir daquele momento, poderia ser loucura da sua cabeça, mas sentia-se muito mais forte após tomar aquela atitude.

--Eu acho maravilhoso Any. Tem que ter a tua vida, viver aqui é como fazer parte de uma realidade que não te pertence...de repente é até por isso que pensa estar apaixonada pela dona Dulce. Ela é bonita, tu também és, vocês nessa casa na madrugada, tomando vinho, se gostam da mesma coisa, claro que ia dar confusão.

Anahi riu, Júlia era muito engraçada. Era maravilhoso a maneira como simplificava tudo...o que não sabia era que ela, até conhecer Dulce sequer cogitava gostar de outra mulher, ou seja, não tinha sido apenas a carência, o vinho, as madrugadas conversando que a fizeram se apaixonar...mas nisso pensaria outra hora.

--Eu trouxe as tuas coisas.

--Ah Júlia, eu ia buscar...aquele peso todo...obrigada.

--Não teve sacrifício algum, meu marido me trouxe e de carro. -- Disse com um sorriso lindo no rosto.

--Que bom, já vi que a felicidade está ditando as regras por aqui. Agora mãos à obra, quero deixar tudo lindo para a Sara. Faz a massa que ela gosta, a mousse de manga, eu vou lá no quarto deixar tudo colorido, quarto de princesa.

Júlia sorriu feliz, gostava demais daquela menina e era muito bom tê-la de volta.

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Sara era pura alegria, por estar de volta, pelo quarto de princesa, pelos mimos todos e por ter a sua mãe em casa durante o dia. Entretanto, era preciso sempre um adulto por perto para que ela não esquecesse que tinha a clavícula deslocada. Queria brincar, descer as escadas correndo, pular nas costas de Anahi, enfim, estava alegre e os atos o comprovavam.

Depois do almoço, Dulce deu-lhe um remédio para as dores e adormeceu. Aproveitando o silêncio momentâneo, ela chamou Anahi para acertarem os novos moldes do contrato. Ela gostava de tudo muito bem definido, a única indefinição era dentro de si, mas disso cuidaria depois...

Pensando na maior dedicação que queria dar à sua dança, Anahi disse que queria trabalhar até sexta-feira e ficar com os finais de semana livres. Mas, não sendo totalmente inflexível, disse que sempre que ela precisasse e que não tivesse nada importante para fazer, trabalharia aos sábados.

Pela primeira vez em muito tempo, Anahi pensava primeiramente nela, nas suas vontades, antes de pensar nos outros. Precisava se dedicar à dança, e trabalhando muito, sentia que as coisas não corriam tão bem, tendo o final de semana livre poderia dar um novo rumo à sua arte e estava ávida por voar...dança era liberdade.

--Acho muito bom Anahi. Mas sabes que às vezes preciso viajar...não é sempre, mas quando isso acontecer posso contar contigo?

--Claro Dona Dulce, eu assumi um compromisso e vou até ao fim. Não vou mais morar aqui por...-- Falara demais, e de repente aquele controle todo foi por água abaixo.

Dulce ficou apreensiva, nervosa...não queria que Anahi dissesse nada que destruísse ainda mais as suas já frágeis emoções...

--Tudo bem Any vamos ultrapassar isso. Essa tua atitude de morar em outro lugar foi providencial...só posso pedir desculpa pela forma como te tratei...não me orgulho nem um pouco disso e agradecer por tudo o que fizeste e fazes pela minha filha, que afinal é o que importa aqui. -- Aquela sobriedade era pura fachada, a vontade que tinha era pedir que ela ficasse, prometer que ia ser diferente...beijá-la...a vontade de beijá-la era uma tortura, mas o semblante de Anahi a trazia de volta à realidade. Ela estava séria e tinha uma luz diferente nos olhos que Dulce não conseguiu decifrar.

--A senhora já lhe disse que não vou mais dormir aqui? -- Anahi estava impaciente, a carapaça de frieza estava por um fio.

--Não sei como fazer isso Anahi...estava a contar contigo. Tem sempre a melhor forma para dizer as coisas e a Sara ouve tudo e entende melhor quando és tu a falar...não estou a fugir da minha responsabilidade...

--Tudo bem, eu falo. Já sei a forma como ela não se ressentirá tanto...-- Ressentida estava ela. Sabia que tomara a deAnahi! -- Disse de coração.

--De nada! Vou lá ajudar a Júlia para que ela volte mais cedo para a casa, afinal tem dois filhos lindos à sua espera. -- Sorriu e deixou a sala levando consigo a leveza daquele ambiente.

Dulce se afundou no sofá...aquela sensação de alguma coisa fora do lugar ganhava contornos insuportáveis.

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Enquanto Sara dormia, Júlia fez o bolo de cenoura e laranja que ela adorava e Anahi para mimar ainda mais a sua schatzie, cobriu com chocolate meio amargo.

--Será que essa princesa quer um bolo fofo e delicioso? -- Disse à porta do quarto da pequena que sorriu com os olhos brilhando.

--Obaaa, é de cenoura com laranja?

--Sim, e com cobertura de chocolate amargo, como a senhorita adora.

--Quero sim, muitos pedaços.

Ela comeu feliz e Anahi a observava enquanto organizava na sua mente a melhor forma de lhe dizer que não dormiria mais ali.

--Schatzie, tenho duas notícias para ti, uma muito boa e outra mais ou menos...qual quer ouvir primeiro?

--Hummmm, a mais ou menos. -- Disse expectante.

--A mais ou menos é que a partir de hoje não vou mais dormir aqui na tua casa. --Disse da melhor forma que conseguiu.

--Porquê Any? -- Perguntou a menina se agitando na cama.

--Calma meu amor, senão machucas o teu braço. As pessoas adultas precisam ter as suas próprias casas. No princípio eu morei aqui para te acostumares comigo, para criarmos essa amizade que temos, e lembra a tua mãe não estava, a tua avô viajou...mas agora, já não faz tanto sentido assim. Já és uma menina mais crescida e eu preciso ter a minha casa para receber meus amigos, para ter as minhas coisas...

--Entendi...e qual é a noticia boa?

--HUmmm, adivinha? Agora vai ter duas casas, a tua, e a minha, não é bom?

--Ah, é maravilhoso. -- Disse muito alegre. -- Duas casas não, três, essa grande, a tua e a minha de boneca. Eu tenho três casas. --A menina já estava feliz de novo para tranqüilidade de Anahi.

--E vai morar longe ou perto daqui?

--Perto meu bem, vou morar com a Angelique, e melhor ainda, lá na minha casa nova, no meu quarto, podemos fazer toda a bagunça do mundo.

--Oba, eu fiquei feliz agora. Vou levar meus brinquedos e vamos brincar de castelo. Eu gosto da Angelique, ela é tão bonita e dança muito bem, vocês arrasam.

--Mas lembra que isso é segredo meu amor, não podes contar para ninguém que dançamos na academia.

--Claro! Top Secret, nosso segredo. -- Disse piscando cúmplice.

--Assim que ficares boa desse braço, irás passar um final de semana inteirinho na minha casa, combinado?

--Combinado, vou sarar logo.