Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

--Ah...primeiro tem que chamar a minha atenção de alguma forma, seja pela beleza, inteligência...

--Jura que repara na inteligência? --Risos.

--Claro que sim...fundamental.

--Eu sei Dul, estou a brincar, sei que gente burra não combina contigo...

--Beleza ajuda, claro, mas saber conversar para mim é fundamental...desde nova sou assim -- Sorriu.

--O que foi?

--Lembrei do pai da Sara. Conversamos horas a fio antes da bendita transa, e isso só aconteceu porque eu, já bêbada, contei da aposta e ele quis me ajudar. -- Gargalhada.

--Bela forma de conceber um filho, o que vale é a que a Sara é uma menina linda e sem traumas. -- Mais risos.

--Gostar da minha filha é outro requisito fundamental. Lembras da Diana? A maluca que queria me convencer a mandar a Sara para um Spa infantil todo o final de semana para que pudéssemos ter paz? Não ficamos juntas nem um mês...

--E mais?

--Tenho que admirar, assim como tu, tem que ter paixão, tesão...hoje em dia dou muito valor a companheirismo.

--Hummm isso foi agora? -- Muitos risos e Dul com cara de brava.

--As pessoas amadurecem Maite...acho maravilhoso saber que se pode contar com alguém em qualquer circunstância, gosto de gente que ri de verdade, que ri dos próprios erros e que não tem medo de errar...

--Hummm mais uma inédita, mudou mesmo... -- Risos escancarados.

--Tenho pensado tanto Mai...tanto... muita coisa antes tão importante, de repente parece quase ridículo.

Um pouco mais séria, Maiteperguntou:

--E a Anahi? --Muito objetiva!

Dulce se agitou e bebeu mais um gole de vinho.

--Já é tarde...vamos dormir e continuar essa conversa amanha? -- Tentava se esquivar.

--Ainda é cedo, e estamos em casa...como aconteceu com a Anahi? Ela é diferente de todas as mulheres com as quais já te relacionaste, por que esse encantamento todo?

Antes de responder, Dulce faz uma breve viagem pelos encantos de Anahi...eram tantos...

--Não sei explicar Mai...não sei...veio aos poucos, um motivo aqui, outro acolá...um sorriso, um gesto, o olhar...esse mistério que a envolve...-- Sonhava acordada.

--Entendo, mas Dul ela não tem esse glamour todo que te atrai nas outras mulheres ou que pelo menos te atraía...

--Graças a Deus!

--É?

--Ela é única Mai...única!

--Esta apaixonada Dul? -- Sem rodeios! Sabia que sim, mas talvez a amiga ainda não tivesse dado nome àquele sentimento.

--Não sei...não paro de pensar nela. Essa mudança toda, fez-me ver a falta que ela faz para mim, não para a Sara, porque para ela nada mudou, a Anahi continua a mesma, mas para mim...não conversar com ela á noite, todas as noites, é tão estranho...difícil de se acostumar...

--Mas conversam sobre o quê?

--Qualquer coisa, tudo flui tão bem...acreditas que até num projeto ela me deu dicas, com aquele jeito tímido e despretensioso. Ela tem uma característica que me agrada, escuta muito, ouve tudo até ao fim e depois com meiguice diz sempre a coisa certa...

--E porque não?

--Porque não fico com ela?

Maite respondeu afirmativamente com a cabeça...estava muito interessada naquela conversa.

--Não sei nada da Anahi, nada! Sinto que ela é do bem, mas e se estiver enganada?

--Ninguém com má índole trata uma criança tão bem como ela trata a Sara.

--Isso não se discute, ela ama a minha filha e isso é muito importante, mas não é tudo. E o seu caráter como mulher? As vivencias, as historias que passou, a família, os sonhos, as expectativas...não sei nada. -- Seu semblante ficara triste de repente.

--Nada?

--Nada! O dossier dela é simples, tem os certificados dos cursos de educação infantil, diz quem são os pais, que segundo a Sara já morreram. Ela me disse que foi adotada ainda muito nova aqui no Brasil, mas isso porque perguntei alguma coisa que já não me lembro mais o que foi, e ela se viu obrigada a falar sobre isso, e mesmo assim de forma vaga...

--Mas não é mais fácil perguntar?

--Sim, claro que é! Mas a princípio não me interessava. Queria alguém idôneo e que cuidasse bem da minha filha. A relação era profissional, e estava excelente...depois...

--Se apaixonou e tudo mudou. -- Concluiu Maite.

--É...meto os pés pelas mãos, não sei lidar com essa intensidade toda e ela não fala nada...

--Pergunta Dulce, sempre foste tão prática...

--Eu fico paralisada, quando estamos juntas o que me interessa é aquele momento, o que sentimos ali e é tão maravilhoso Mai...ela é muito linda...os olhos dela...quando ela me olha eu esqueço tudo, toda a racionalidade, tudo o que pensei antes...eu sei que é ridículo...

--Não é nada ridículo...é maravilhoso! Eu nunca senti nada assim...

--Mai, é tão bom estar com a Anahi sem falar nada, apenas estar com ela...ela me olha sinto um alvoroço crescente, uma coisa que sobe...sei, pareço uma adolescente, mas para ti não vou negar, eu gosto muito dela...

--E o sexo Dul? Nem tivemos tempo de conversar direito, estava tão transtornada.

--Sexo? Fizemos alguma coisa muito além de apenas sexo. -- Tinha um sorriso lindo no rosto e o semblante completamente relaxado.

--Eu sei que tu és muito exigente...-- Maite queria entender o real alcance daquelas palavras.

--Eu morro de tesão por ela...loucura total...

--Normal, a menina é lindíssima e um corpo que parece escultura...

--Pois, claro, mas acho que não é só isso...eu quis tanto transar com ela, mas mais para matar a minha fome dela, queria explorar cada cantinho daquele corpo, queria dar-lhe muito prazer...

--Sim...e receber também...pelo menos era assim antes, mas como agora a senhora está cheia de mudanças. -- Risos -- Sempre me disse que gosta de sexo pleno, palavras tuas, de dar e receber prazer, não é isso?

--Exatamente! -- Dul estava quase rindo da expressão da amiga.

--Lembro até de dizeres que as coisas com a Barbara ficaram monótonas porque ela não ousava, gostava sempre do mesmo jeito.

--Sim, ela só se preocupava com o seu prazer...

--Gente, eu nunca vou entender essas coisas, como é isso mesmo?

--Sexo é troca, certo?

--Unrrum...

--Então, damos e recebemos...a Bárbara só queria receber, eu explorava todas as possibilidades que me vinham à cabeça, mas ela não, comigo não, entende?

--Mais ou menos...mas não era bom?

--Era sim, só que pode ser muito melhor...

--Eu não entendo...

--Maite, já viu algum filme gay? -- Dulce se controlava para não rir.

--Claro que sim, fui obrigada pela senhorita, há muito tempo atrás, esqueceu? -- Risos com muita vontade.

--Eu te adoro!

--Eu também, só isso para justificar o que passo contigo. -- Mais risos felizes.

--Lembra se o filme tinha cena de sexo?

--Dulce, tu me obrigaste a ver um filme pornográfico, claro que tinha cena de sexo, era só o que tinha. -- Muitas gargalhadas.

--Então sabes como é sexo entre duas mulheres?

--Sei, é um tal de troca troca, ora uma, ora outra, às vezes juntas...não é isso? -- A cara de Maite era impagável.

--Então, com a Bárbara era mais "ora uma"...

--Sei...se entendi bem, aquela Bárbara que parece um furacão, na cama fica mansinha, é isso? -- A gargalhada que se seguiu ecoou longe.

--Isso mesmo!

--Não era mais fácil ter dito que Bárbara é mais passiva? -- Riram com vontade.

--Era sim, mas não sabia que entendias esses termos...-- Risos.

--Ah Dulce, para...eu moro em São Paulo, convivo com mil gays, sou da night, fala sério...se duvidar sei até mais gíria típica do que tu... -- Gargalhadas.

--Ok, eu te subestimei...-- Risinho de canto de boca.

--Quer dizer que gosta mais de ser protagonista do que coadjuvante? -- Mais risos e mais vinho.

--Não é isso, eu gosto de interação. Gosto de ser um pouco como a Bárbara, gosto de comandar, e adoro dançar junto.

--Já entendi que és uma tarada que adora sexo -- risos -- mas e a Anahi, onde que ela entra, estávamos a falar dela, lembra?

--Eu não tinha nenhuma expectativa em relação a ela me dar prazer, eu sabia que ia ter muito prazer apenas em tocá-la, mas não esperava muito dela...pela timidez, pela falta de experiência com outras mulheres...

--E aí? – Maite ficava cada vez mais interessada.

Dulce ficou calada por alguns segundos...

--Não consigo encontrar palavras para descrever...sem exagero Mai, tive orgasmos com a Anahi que me deixaram sem ar...

--Ai meu Deus que delicia! -- Estava realmente entusiasmada, mas também a descrição e a cara de Dulce deixariam qualquer um assim.

--Delicia, maravilha, sublime, ela é maravilhosa! Tem uma habilidade que me deixa doida...é impossível que nunca tenha feito sexo oral numa mulher antes, impossível!

--E instinto não conta?

--Mai, não estás a entender, ela foi perfeita, e isso só se consegue com muita pratica...e o timing certo para mudar de uma coisa para a outra... -- Dulce já estava ardendo de calor.

--Hã? -- Maite queria entender tudo.

--Isso já é aula para outro dia, são muitos detalhes para uma cabecinha hetero. -- Risos.

--Mas e se ela estiver tão apaixonada por ti e quis te dar muito prazer e a coisa fluiu tão bem...isso não existe?

--Mai, estou a falar de perfeição, ela me deixou nas nuvens e quase fico lá...ou tive um sexo muito mais ou menos até a Anahi aparecer ou ela teve muitas mulheres antes, e muito boas por sinal.

--E isso importa?

--Claro que não. O problema é a mentira, omissão, teatro, entende?

--Ela disse que nunca tinha tido outra mulher?