Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

Os planos de Dulce de confrontar Anahi com todas as perguntas que lhe atormentavam a mente e o coração, cedo foram por água abaixo. A loucura daquela empresa tinha assumido proporções gigantescas naquela semana, ainda mais que Liana não pôde comparecer durante dois dias e ela já era peça chave naquele cenário.

Dulce voltava para casa sempre muito tarde e tinha que pedir a Anahi que ficasse um pouco mais com a sua filha. Aquela situação em nada a agradava, mas não tinha alternativa. A babá não parecia se importar com aquele fato, mas ela sim se sentia mal...

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Anahi, estava muito nervosa. Precisava estar em São Paulo na sexta-feira por volta das 15 horas para um casting importantíssimo e não sabia como falar com Dulce. Na realidade o problema não era falar com Dulce, já que com a quantidade de horas extra que fazia, poderia ir a São Paulo quantas vezes quisesse, o seu problema era Sara, não sabia onde deixar a pequena...

--Mas Any minha amiga, nem pense em desistir dessa coisa aí em São Paulo, eu tenho certeza que tens muito talento. -- Júlia dava força à amiga que estava um pilha de nervos.

--Eu quero muito ir Júlia, e preciso, já assumi um compromisso com minha academia, mas e a Sara?

--Por mim ela fica lá em casa na sexta e depois a dona Dulce a pega no sábado, ou se quiser ela pode ficar com os meus filhos, nós vamos adorar...mas sabes como é a nossa patroa...imprevisível...

--Ela pode ficar em tua casa Júlia? – Anahi mudara o semblante de preocupada para esperançosa.

--Claro que pode! Adoro a Sara, e quero muito que faças este teste moça. E quando fores dançar, eu e meus meninos estaremos na primeira fila, pôde estar certa disso.

--Oh Júlia, muito obrigada! Deixa que da nossa patroa eu cuido.

Abraçou a colega com muito entusiasmo e seguiram nas suas tarefas diárias.

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Aquela semana era definitivamente para esquecer. Todos os planos de Dulce ruíram como um castelo de cartas. O último, que consistia em convidar  Anahi para um passeio no sábado, a um lugar qualquer, calmo, onde pudessem conversar sem interferência de alguém, acabara de ir por água baixo.

Ela pedira com tanta educação para sair mais cedo na sexta para resolver um problema pessoal que só lhe coube dizer que sim, que não tinha problema algum.

A babá parecia excitada com essa ida a São Paulo, aliás ela tinha mudado muito. Parecia estar sempre com pressa, estava mais auto confiante, conseqüentemente mais bonita, se é que era possível. Mal Dulce entrava em casa depois de um dia a trabalhar, ela já se despedia de Sara e ia embora. Não conversavam mais, apenas o mínimo necessário...Dulce sofria, mas mantinha o seu ar sério e intocável. Parecia que tudo que tinham vivido, efêmero sim, mas com alguma intensidade, tinha se evaporado...num sopro.

Aceitou de bom grado que a filha ficasse em casa de Júlia no Guarujá, confiava na colaboradora e ela tinha crianças e sua menina iria se divertir. Júlia estendeu o convite para o final de semana todo e aceitou. Ficaria sozinha, talvez um pouco triste mas precisava organizar seus pensamentos e decidir que rumo dar a tantas coisas...

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Sábado à noite em São Paulo. Depois de um dia de muito trabalho, cansativo mesmo, tudo o que Anahi queria era a sua cama de hotel e uma noite de sono revitalizante.

Na sexta, não tinham conseguido mostrar a sua arte na mostra de dança porque a afluência tinha sido muito além da expectativa. Deveriam dançar por volta das 9 da noite, mas tal não foi possível, tiveram que aguardar até sábado...ansiedade a mil por hora.

Tudo tinha corrido muito bem, a resposta oficial, sobre a aceitação ou não no festival de Munique ainda não tinha saído, mas Manfred com seus contactos já tinha garantido que iriam sim.

Anahi, estava muito feliz...aos poucos, a maior paixão da sua vida estava ganhando contornos reais. Parecia um sonho, mas já sentia o brilho das luzes de um mega palco sobre si, e ficava toda arrepiada. Não parava de pensar no Pai, antes de entrar para aquele casting, rezou para que ele a acalmasse e assim pudesse dar o seu melhor e tudo tinha corrido bem...mas dançar com Angelique era fácil demais, aquela menina tinha um talento e uma generosidade fora do normal...a entrega das duas era total, simbiose perfeita.

Além de generosa e talentosa, a amiga ainda era muito sedutora, e com aquele seu jeito de menina carente (puro teatro), conseguira convencer Manfred e Anahi a esticar a noite numa boate nova em São Paulo, isso depois de terem estado num restaurante que Manfred adorava na Vila Madalena.

Por volta das duas da manhã e já sem ânimo algum, Anahi disse a Angelique que queria ir embora para o Hotel. A amiga protestou, mas Manfred, também cansado, acompanhou Anahi. Ela não via graça alguma em estar naquele lugar apinhado de gente e sem ninguém minimamente interessante...

Angelique despediu-se dos amigos e disse que para ela aquilo estava o máximo e queria dançar até o amanhecer.

Depois de dançar e ser muito assediada por uma menina e pelo namorado, Angelique se escondeu num dos bares da mega casa noturna. Achava interessante aquele tipo de assédio, não ficava com os caras, mas gostava da adrenalina, mas no caso, a menina não fazia o seu tipo e o carinha era muito chato, nem para conversar servia...só lhe restava tomar mais uns dois drinks e ir embora.

Ia descer de uma das cadeiras giratórias após tomar mais uma bebida quando sofreu um esbarrão.

--Ohh não olha por onde anda? -- Quase gritou para a pessoa que esbarrara nela.

--Desculpa, mas é que bateram em mim...

Se olharam pela primeira vez:

--Ei, eu te conheço...não?

--Sim, sou amiga da Dulce...a Anahi trabalha para ela... -- Maite sorriu meio sem jeito.

--Claro! -- A branquela aguada, pensou Angelique.

Maite já se preparava para sair dali quando Angelique perguntou:

--Também foi abandonada?

--Posso dizer que sim...porquê? -- Maite sorriu.

--Já somos duas, eu vim com a chata da Anahi e o velho do Manfred, e foram embora alegando cansaço - Fez cara de enfado e Maite sorriu.

--Eu vim com uma amiga que achava que ia trazer outra, mas como a outra não veio, ela ficou entediada e me largou aqui sozinha...confuso?

--Entendi, veio com uma que achou que ia trazer uma outra por quem ela está a fim, ia ser cupido, mas sua missão falhou, certo?

--Certo! -- Maite sorriu mais uma vez. -- E agora acho que vou embora...

--Parece ser das minhas, que adora dançar...

--Muito!

--Então vamos dançar até cair...topas?

--Topo, desafio aceito.

Maite não sabia porque aceitara o convite da menina, mas não estava a fim de ir para casa, a música era boa, eletrônica das melhores, estava com pique para extravasar, porque não...de repente poderia conhecer alguém interessante, afinal aquela menina era linda e com certeza atrairia gente bonita também.

Definitivamente tinham alguma coisa em comum, dançaram até não terem mais forças e sempre com um sorriso nos lábios. Angelique tinha tomado algum álcool mas sem exagero, já Maite por estar a dirigir, passara a noite toda alternado água e refrigerante, o pique era mesmo natural.

--Ih estou cansada, acho que já não tenho mais a mesma força dos meus 18 anos. -- Disse Angelique desabando num sofá de um dos lounges.

--Também pudera, dançamos a noite toda...vou acordar quebrada...—Disse Maite também sentando de qualquer jeito no sofá.

- Estou cansada, mas estou com mais fome ainda...você não?

--Muita fome...tive uma idéia, gosta de café de padaria?

--Nossa, eu adoro, vamos?

--Agora!

Maite levantou e estendeu a mão para ajudar Angelique que sorrindo aceitou.

Já na rua, Angelique disse:

--Vamos pegar um táxi? Eu não tenho carro...

--Mas eu tenho e vim com ele...vou te levar na melhor padaria da Zona Sul.

Chegaram na padaria os primeiros raios de sol, ainda de forma tímida, já coloriam o céu.

A conversa fluía de uma forma que provavelmente nenhuma delas alguma vez pudesse imaginar possível.

--Tu entendes mesmo de dança, e é arquiteta...não deixa de ser uma arte, mas eu nunca poderia imaginar. Sabe o que é, acho tu e a patroa da Any com cara de sérias demais... --Disse meio tímida e sorrindo.

--Eu? Sou conhecida como doida, a Dulce mesmo vive me chamando de sem noção, de criança...na realidade disfarço bem para levar a minha vida na boa...

--Sou meio assim também, mas no meu caso sou doida também -- Risos -- Mas me finjo de mais doida ainda...a única coisa que levo a sério mesmo é a dança...

--Danças muito bem, já vi uma peça tua...Mirage, acho...

--Sim -- interrompeu admirada. -- Gostaste?

--Muito, é intenso, belo...inesquecível.

--Eu jamais imaginaria que gostasses assim tanto de dança...a gente se engana. -- Sorriu e sentiu uma vontade de prolongar aquela conversa, a branquela aguada que nem era tão aguada assim, era muito interessante.

Conversaram sobre muita coisa, quase tudo envolvendo suas artes, dança e arquitetura. Comeram as delícias do café da manha, riram e sorriram. O dia já estava claro quando num relance de bom senso, Angelique disse:

--Acho que agora vou pegar um táxi e ir para o hotel...o cansaço bateu...--Não era bem verdade, se a Maite quisesse, ficariam naquele papo o dia todo...

--Eu te levo, onde estás?

--Só vou aceitar se não for longe da tua casa...não quero abusar...

--Eu te levo, moro em Moema.

--Aceito, estou num hotel na Bela Vista.

Maite parou o carro à entrada do Hotel de Angelique e depois de um suspiro disse:

--Muito obrigada pelo resto da noite...foi uma grata surpresa...há muito tempo não amanhecia na rua. – Maite sorriu e os olhos brilharam de uma forma encantadora.

Angelique era jovem e destemida e quando tinha vontade de dizer ou fazer alguma coisa, desde que não prejudicasse ninguém, ela não se coibia...

--Eu sei que provavelmente já ouviu isso mil vezes, mas vou ser mais uma, tens os olhos mais lindos que já vi na vida.

Maite sentiu uma coisa estranha percorrendo o seu corpo. Sorriu e olhou para o lado oposto enquanto tamborilava os dedos no volante. Quando olhou para a direção onde Angelique estava sentada, ela já estava a escassos metros do seu rosto e olhando dos seus olhos à sua boca disse:

--Estou doida para fazer isso desde que entramos naquele café...

Beijou Maite, a princípio de forma tímida, receosa, mas ela não a repeliu, então foi se aprofundando...se afastou um pouco, os olhos de Maite estavam mais lindos ainda, e brilhavam muito, a boca estava vermelha e pedia para ser beijada...Angelique segurou-lhe a face entre as mãos e a beijou com vontade. Permaneceram naquele beijo por alguns minutos...era bom... diferente para Maite e muito bom para Angelique.

Lembrando-se que estavam á frente de um hotel e que já tinha amanhecido, Angelique deu um último beijo a Maite e saiu do carro, mas antes ainda disse:

--Que Branquela aguada que nada...-- Sorrindo correu para dentro do hotel.

Maite ficou pasma, parada, ou paralisada...sorriu, riu alto...olhou de um lado para o outro, respirou fundo e deu partida no carro pensando -- E essa agora meu Deus.

Feliz Ano Novo minhas queridas leitoras, que o 2014 de cada uma seja imensamente maravilhoso e que 2014 venha mais fics hahahaha Felicidades e Muito Amor para todos nós um Brinde a 2014 que promete muito hahaha