Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

--Nada demais mãe, apenas porque ela ficou com ciúme porque o Ricardo só queria brincar comigo...

Dulce sorriu, a filha estava feliz e era isso que importava.

--Tem alguém que está quase fazendo aniversário, quem é?

--EU! Contando os dias...minha avó vem não é mesmo?

--Claro, e ela falta? -- Risos.-- Qual vai ser o tema, precisamos agilizar tudo meu amor porque vou viajar e o tempo vai ficar apertado.

--Ah mãe, eu quero festa na selva...

--E como é isso minha filha?

--Eu serei a princesa, meus amigos serão todos os bichos da selva, terá o príncipe...quero decoração como Selva...

--Sara e teus amigos já sabem disso?

--Todos e já até compraram as fantasias...só eu que não tenho minha roupa de princesa ainda, mas a Any já sabe onde comprar.

--E quem será o príncipe? -- Perguntou Dulce segurando o riso.

--O Peter...ele que sugeriu...

--Sei...vou ter que combinar tudo com a Any. Fazer cálculo dos gastos e ela organizará tudo, não tenho tempo meu amor, mas vou fiscalizar tudo e a tua festa de 9 anos será inesquecível.

--Mas tu vais estar presente hein mãe?

--Claro meu amor, nem que eu frete um avião para aterrar na tua selva, já imaginou?

Riram o resto da viagem toda, Sara pormenorizando cada detalhe da sua festa e Dulce feliz com a felicidade da filha.

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Anahi  e Angelique conversavam amenidades sentadas na varanda enquanto bebiam sucos e comiam sanduíches naturais. Os assuntos eram variados, mas sobre relacionamento detiveram mais tempo...

Anahi, estava mais solta do que o normal...queria falar tudo, ou quase tudo, queria saber a opinião de Angelique sobre muitas coisas...e a amiga parecendo adivinhar abordou o assunto que mais a afligia:

--Achas que há alguma hipótese de acontecer uma historia entre ti e a Dulce?

--Sinceramente? Eu acho que não...ela se cansaria de mim em pouco tempo...

--Por que Any? Eu te acho tão interessante...

--Eu tenho tantos medos...traumas...alguns superados, mas tem muita coisa que não superei, imagina se ela vai ter paciência ...está acostumada com mulheres prontas, sem problemas...-- O desânimo e a descrença dominavam-na.

--Mulheres sem verdade...eu acho mais fácil tu te cansares dela...sei lá...aquela amiga dela também é gay? -- Estava ávida por mais informações de Maite.

--Quem? -- Anahi não fazia a mais remota idéia de quem Angelique se referia.

--A Branquela aguada. -- Risos.

--A Maite é muito bonita, não sei porque a chamas de Branquela aguada...Branca sim, mas longe de ser aguada...

--Estou a brincar...mas e aí, ela é ou não?

--Acho que não...claro que não, já escutei algumas conversas sobre o namorado dela...porquê?

--Ah sei lá...curiosidade -- Tentava mostrar desinteresse -- Pensei que elas pudessem ser amigas coloridas...essas coisas...

--Não, ali é amizade mesmo, da vida toda. Acho que a Maite segurou muita barra da Dulce, é tipo braço direito...

--Hummm...ok! -- Angelique pensava cada vez mais na branquela nada aguada, mas se repreendia...afinal não passara de um beijo e a mulher tinha namorado...

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Deitada na sua cama, Dulce olhava para a tela do Google e pensava se devia ou não digitar o nome da Anahi. Tinha muita curiosidade, vontade de saber mais dela, mas ao mesmo tempo tinha a sensação que era invasão de privacidade...se ela não tinha contado nada da sua vida era melhor respeitar...olhou mais uma vez para a tela mas acabou desistindo e desligando o computador.

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A semana voava e com muito trabalho para não variar. Na empresa mal tinham tempo para respirar, eram poucos os momentos como aquele em que Maite se encontrava naquele instante...pensando no beijo da amiga louca de Anahi...sorriu e pensou " Loucura claro, ela estava quase bêbada e eu fui na onda..."

Olhava para longe sem focar em nada quando Dulce disse:

--Ei mocinha, se é para terminar com o senhor indefinição e ficar assim é melhor voltar.

Maite sorriu, a amiga não fazia a menor idéia onde andavam os seus pensamentos, mas era melhor nem sonhar...Dulce iria rir na cara dela...

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Angelique estava com dois ingressos para um espetáculo de dança contemporânea em São Paulo de um grupo da Polônia que simplesmente venerava. Telefonou a Anahi para convidá-la, mas a amiga mais uma vez e para não fugir à regra não poderia sair mais cedo porque a patroa estava presa no escritório na capital...Anahi poderia ser canonizada, pensava Angelique enquanto uma idéia lhe passava pela cabeça...pela quarta vez, no mínimo. Entrou na internet e pesquisou o endereço da empresa de Maite, estava lá, claro, tudo estava no Google...poderia ser loucura e era, mas iria até lá e a convidaria para assistirem juntas ao espetáculo...ela também gostava de dança...e estava com vontade de rever aqueles olhos brilhantes...

Christian, de excelente humor, emprestara o carro sem ao menos perguntar para quê... Estava de carro, com dois ingressos na mão, munida de muita coragem, rumou a São Paulo.

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Dulce, Maite e Liana estavam tão absorvidas no trabalho que não ouviram o telefone tocar...ele já tinha tocado algumas vezes sem que tivessem atendido.

--É melhor desligar esse telefone, ou não conseguimos terminar isso nunca mais. -- Dulce.

--Bom, já eu acho melhor irmos embora porque já passou da hora e minha cabeça está a ponto de explodir. -- Liana.

--Concordo plenamente com a Liana...hoje foi terrível e amanhã há mais e graças a Deus será sexta-feira, eu não agüento mais. -- Maite.

E o telefone tocou e Dulce atendeu ao segundo toque.

--É para ti Mai -- Passou para a mesa da amiga que atendeu pensando que pudesse ser qualquer pessoa, menos quem efetivamente era.

--Alô!

--Oi, é a Angelique...-- Angelique tinha a voz trêmula, mas disfarçou bem.

--Quem? -- Maite não acreditava.

--A  Angelique...amiga da Anahi...— Já se arrependera da ousadia.

--Ah...claro! Tudo bem? -- Maite se levantou e foi para outra sala.

--Tudo bem...tem um espetáculo de dança da Polônia e pensei se não queria ir comigo...--Disse numa velocidade que quase deixou Maite tonta.

--Ok, pode ser...é a que horas? Onde nos encontramos? --Ela não estava a acreditar, mas pensar era impossível naquele momento.

--É daqui a pouco...estou aqui em baixo à tua espera.

--Em baixo onde? -- Maite não acreditava.

--Aqui no teu trabalho. -- Disse com aquela voz meiga que convencia qualquer um de qualquer coisa.

--Ohhh...ok, já desço. Tchau. -- Desligou e segurou o peito com uma das mãos...que menina mais louca, pensou e sorriu.

Se despediu de Dulce que sequer piscou, estava vidrada nos últimos detalhes de um projeto.

Lá estava ela, com aquele sorriso entre o meigo e o safado, dentro de um carro que com certeza não era dela e Maite achando tudo inusitado e maravilhoso.

--Oi...tudo bem?

--Tudo bem...o espetáculo começa daqui a pouco, se quisermos chegar a tempo tempos que voar...o trânsito dessa tua cidade não ajuda. -- Risos.

--Vou te seguindo ou vamos juntas?

--Juntas, claro. Deixa o teu carro aí...deve ser seguro. -- Mais risos e Maite adorando tudo.

O espetáculo, assim como Angelique descrevera, de fato era maravilhoso. O entusiasmo dela era contagiante, falava sobre tudo e entendia mais ainda. Maite adorava aquela paixão toda e a autenticidade daquela menina.

Saíram da sala de espetáculo se sentindo mais leves e felizes...as almas estavam em festa.

--Estou com fome...sei que um espetáculo desse deveria me alimentar por dias, mas estou morrendo de fome. -- Fez uma careta e Maite soltou uma gostosa gargalhada.

--Gosta de quê?

--Agora? Qualquer coisa...muita fome!

--Pode ser pizza?

--Pode, adoro pizza! -- Disse com os olhos brilhando.

--Não se importa se for na minha casa? Estou louca por um banho, o dia todo com essa roupa...

--E continua linda e cheirosa desse jeito? -- Angelique a interrompeu -- Assim eu me apaixono de vez...brincadeira, eu sou assim...espontânea de mais... -- Sorriso tímido e Maite cada vez mais encantada.

Alguns minutos depois:

--Seja bem-vinda aos meus 60 metros quadrados. É pequenininho, mas acho que ficou bom.

Angelique olhava tudo com admiração, era lindo e funcional.

--Sua casa é linda, puro charme e bom gosto. -- Ela olhava tudo nos mínimos detalhes. -- Tu é que fizeste?

--Eu comprei o apartamento que na realidade era quase um galpão, não tinha nada. Aí reformei, fiz o projeto, mas o aproveitamento de espaço é obra da Dulce, ela é boa nisso...e ficou isso que vês, eu gosto muito da minha casa...

--É a tua cara!

--Como assim?

--Lindo, fofo, aconchegante...dá vontade de não sair...

--Hummm...ok. Vou tomar banho. Tem o número da pizzaria ali na cozinha, liga, peça o que quiser, só pede duas pelo amor de Deus...muita fome. Pode ouvir musica também...a casa é tua.

Angelique se sentiu estranhamente em casa e foi com essa sensação que foi mexer nas coisas dela e escolher uma música perfeita para aquele momento.

Depois do banho Maite parecia uma barata tonta dentro do quarto. Graças a Deus que fechara a porta de correr que separava o quarto da sala onde podia ouvir Angelique mexendo nas coisas e cantarolando. Não sabia o que vestir para não parecer oferecida e nem muito largada. Normalmente chegava em casa, tomava um longo banho e vestia suas camisetas velhas e deliciosas e pronto, mas com aquela menina por ali não poderia ser assim. Optou por uma legging preta e uma camiseta regata bege e preta. Se olhou no espelho e gostou, bendita academia...não queria fazer feio, afinal a menina era uma bailarina e com um corpo todo definido.

“Mas eu não quero nada com ela, deixa de ser louca Maite" -- Se repreendia e ria de si própria.

Quando ela saiu do quarto, Angelique teve vontade de assobiar, mas pareceu-lhe pouco apropriado para uma mulher como ela...mas que estava digna de todos os assobios ah estava...

A música variava de John Mayer a John Legend passando por The Script...ambiente perfeito para Pizza, risos e sorrisos na companhia de um bom vinho.

--Moça, não pode beber mais...esta a dirigir aquele carrão...de quem é mesmo?