Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

Dulce acordara nas primeiras horas de domingo e chamara a amiga que voou até Santos.

Maite jamais a vira assim, nem nos piores momentos da vida...o seu semblante estava apático e demonstrava que tinha passado horas chorando. Contou o acontecido nos mínimos detalhes e repetiu alguns fatos diversas vezes...parecia que nem ela mesma acreditava que tal tivesse acontecido.

--Me diz Maite, sou ou não sou uma completa idiota?

--Claro que não Dul, para com isso.

--Como não? Ela faz de mim gato e sapato e sempre apareço com o rabo entre as pernas...isso não é ser idiota? -- Ela olhava para a amiga com indignação. -- Maite, ontem eu fui lá para vê-la, estava doente de saudades, o aniversário da Sara foi apenas um subterfúgio que inventei para aliviar a minha consciência...sim, sabe porquê? Porque ela não aparentava estar a sentir a menor falta de mim...enquanto eu não parava de pensar nela...que idiota meu Deus...tivemos momentos maravilhosos...eu nunca me senti tão feliz... e de repente aquele surto...não parecia a Anahi...mas quem é a Anahi? Me diz, quem é a droga da Anahi?

-- O que será que ela esconde? É muito estranha essa atitude...

--Não sei e não me interessa Maite. Eu tenho uma sanidade mental a zelar, tenho uma filha para cuidar e defender de todos os males preciso de equilíbrio para desenvolver o meu trabalho e não dessa roda-viva emocional. A Anahi é louca, quero minha paz de volta, minha vida sossegada...-- Chorava de novo.

--Vai mandá-la embora?

--Claro! -- Gritou. -- Eu acho que ela mesma se demite...é louca mas deve saber que aqui não tem condição alguma de permanecer.

--Dul...e a Sara?

--Minha filha adora essa louca Maite...não sei o que fazer, mas aqui ela não fica mais...

--Espera voltar da viagem, aproveita e pensa melhor.

--Maite não tem o que pensar.

--Refiro-me à Sara, à melhor solução para ela.

Dulce ficou pensativa e concluiu:

--Temrazão. Minha mãe está para chegar, quando voltar da viagem peço à dona Ana que passe uns tempos aqui, até contratar uma pessoa decente.

Maite via claramente que a amiga estava fazendo um esforço sobre-humano para aparentar estar menos abalada do que realmente estava, mas seus olhos a denunciavam...abatidos, opacos, sem vida...

Deu todo o carinho possível à amiga, fez-lhe uma sopa que adorava, falaram sobre outros assuntos e no final da tarde conseguiu até arrancar alguns sorrisos ainda que tímidos e sem brilho.

Ofereceu-se para passar a noite com ela, mas Dulce preferiu ficar sozinha, alegando precisar refletir. Maite não insistiu, talvez ficar sozinha ajudasse mesmo a clarificar as idéias. Certificando-se que ela estava bem, na medida do possível, ela foi embora.

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Já quase pegando uma das saídas de Santos em direção a São Paulo, Maite pensou em ligar para Angelique. Estava com saudades dela, aquela louquinha de 23 anos não lhe saía da cabeça...loucura total...a melhor amiga passando horrores por causa de uma mulher e ela que jamais cogitara tal possibilidade, doida para rever uma menina com quem tinha passado pouquíssimo tempo...não pensou muito e ligou.

Angelique atendeu e pareceu ter ficado tão feliz quanto Maite e aceitou o convite sem pestanejar.

Em vinte minutos entrava no Pub do canal 5 que Maite adorava.

Ambas sorriram com alegria...queriam a mesma coisa.

Após um longo abraço e sorrisos rasgados:

--Saudades da doidinha de 23 anos? -- Angelique perguntou com aquela mistura de meiguice com safadeza tão peculiar.

--Unrrum. -- Disse Maite sorrindo.

--Pois é, a doidinha não parou de pensar na Sra. Arquiteta. -- Mais risos.

Pediram duas bebidas iguais e conversaram assuntos leves enquanto aguardavam.

-Mas agora, falando sério, o que veio fazer em Santos num domingo nublado?

--Vim ajudar a minha amiga que mais uma vez foi atropelada pela tua amiga que ao que parece não regula muito bem. – Maite disse brincando, mas Angelique não gostou.

--Esta Falando da Anahi? -- Disse séria franzindo a sobrancelha.

--Claro, quem mais? -- Disse ainda rindo.

--E julgas sem a conhecer? – Angelique  já estava bastante irritada.

--Calma! Mas ela parece sim desequilibrada, Dulce vive numa montanha russa emocional desde que se descobriu apaixonada por essa moça que ninguém sabe ao certo quem é...

--Ah é? E não seria a tua amiga a desequilibrada? Ela jamais, jamais irá encontrar alguém como a Anahi. Não sei o que aconteceu, mas tenho a certeza que a fútil da Dulce não tem capacidade para entender alguém tão profunda como a Any. -- Raiva total.

--Ei, pára com isso, tu nem conheces a Dulce. -- Maite também estava indignada.

--E tu não conheces a Anahi, portanto não vamos a lugar algum. Boa noite.

Levantou-se de rompante e foi embora.

--Criança! Também eu queria o quê saindo com uma menina de 23 anos? -- Questionou-se bastante irritada.

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Angelique entrou em casa e estava tudo em silêncio. Entretanto, viu pela fresta da porta que tinha uma luz fraca no quarto da Anahi. Bateu, não teve resposta, mas resolveu entrar. Ela estava deitada ouvindo música com fone nos ouvidos. Angelique decidiu falar com ela, depois do que Maite tinha dito estava preocupada com a amiga.

--E aí gata, tudo bem? -- Perguntou colocando as mãos suavemente nas suas pernas.

--Oi Angel, não está mas vai ficar. Que bom que estás de volta. -- Sorriu, meio fraco, mas sorriu.

--Queres conversar?

--Não...agora não. Só te digo que tive um momento maravilhoso com a Dulce e depois por culpa minha tudo virou um inferno. Não quero aprofundar agora, estou esgotada. Fui para São Paulo ver a Beth conversamos tanto...

--Tudo bem Any, falamos depois, mas sabes que podes contar comigo para qualquer coisa não é?

--Eu sei meu amor, tu és a doidinha mais sensata que eu conheço e sou muito grata por te ter na minha vida. -- Abraço apertado.

--E não te esqueças que nosso dia está a chegar, vamos brilhar Any. Tenho a certeza que não faltarão pessoas maravilhosas querendo te conhecer e se apaixonar por essa coisa linda de meu Deus...linda. -- Gritou na cara de Anahi que sorriu com mais vontade.

--Mas...

--Eu sei, tu gostas da sem noção da Dulce...fazer o quê? Então vá à luta meu bem, eu não sei se vale a pena, mas siga o teu coração. Agora levanta dessa cama e venha comer uma pizza gostosa que trouxe para nós.

Angelique era alegria em pessoa e Anahi ficou leve em pouco tempo.

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Anahi acordou por volta das cinco da manhã. Estava ciente que queria conversar com Dulce e queria fazê-lo antes que Sara acordasse. Estava muito nervosa, não sabia ao certo o que dizer, como começar a falar, mas não queria que Dulce tivesse uma péssima idéia dela, queria que ela olhasse nos seus olhos e visse todo o amor que sentia...talvez fosse difícil, mas estava disposta a tentar. Munida de muita coragem, tomou um banho e deixou o seu apartamento em direção à casa da sua patroa.

Entrou em casa passava pouco das 6 da manhã, sabia que era um absurdo acordar Dulce àquela hora, mas não tinha outra chance e não queria que ela fosse trabalhar sem conversarem e ainda mais que ela viajaria na terça e só voltaria no final de semana.

Os nervos estavam a ponto de traí-la, mas concentrou-se e bateu de leve na porta do quarto dela. Nenhum sinal. Mais um toque e nada. Girou a maçaneta e a porta abriu, as mãos tremiam e a boca estava seca. O coração batia numa velocidade pouco usual...lá estava ela, dormindo serenamente. Os batimentos aumentaram, por várias razões...chamou por ela e não obteve resposta, mais uma vez e ela se mexeu. Ajoelhou-se á beira da cama e chamou mais uma vez...ela abriu os olhos e parecia não acreditar.

--Bom dia! Desculpa entrar assim...mas preciso falar...

--Sai daqui! -- Gritou já sentada na cama.

--Por favor...

--Sai daqui, chega de loucura, meu Deus preciso de paz. -- Disse apertando as mãos na cabeça.

Anahi se desesperou, não queria vê-la assim, tentou tocá-la e foi repelida com violência.

--Por favor, eu queria explicar...

--Não quer nada, não tem nada para explicar. Me deixe em paz, você me faz muito mal. -- Gritou e Anahi saiu quase correndo e fechando a porta com medo que Sara escutasse.

Dulce desabou na cama com muita raiva, sentia-se manipulada, num jogo sórdido...

--O que essa louca quer comigo? Preciso tirá-la da minha casa, do convívio com a minha filha, isso não pode ser bom para ela.

A raiva gritava por ela, o sentido de preservação atingia os mais altos níveis...