Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

Dulce foi trabalhar muito antes da hora, precisava sair de casa, fez questão de não passar pelos locais da casa onde provavelmente encontraria Anahi, ou seja, saiu sem tomar café da manhã. Decidiu dirigir até São Paulo, a estrada a faria bem, sempre a acalmava.

Graças a Deus o dia na empresa era a loucura de sempre, mal tinha tempo para respirar. Sentiu falta de Maite que passara o dia todo fora com clientes, queria conversar com a amiga, o único ser que a entendia...

Almoçou com Liana, como era habitual. Ela estava entusiasmadíssima com a viagem que fariam juntas e Dulce percebeu claramente qual era o motivo...ela também estava entusiasmada, embora as razões fossem outras...queria aproveitar aqueles dias para arrancar de vez aquela babá louca do seu coração, tinha raiva de si própria já que várias vezes ao longo do dia as imagens lindas do que tinham vivido naquela tarde de sábado invadiam a sua mente e a faziam suspirar...loucura total, tinha que se focar em tudo de ruim que simbolizava aquela mulher...era uma luta árdua, mas sabia que ia vencer.

Voltou para casa ainda era dia claro, véspera de viagem era sempre assim, e ainda não tinha arrumado nada. Não queria olhar na cara de Anahi, mas sabia que tal não seria possível, entretanto, como ultimamente ela parecia querer voar dali tão logo ela chegasse, provavelmente não teria nenhum constrangimento.

Ouviu a voz da sua pequena na cozinha, respirou fundo e se dirigiu para lá.

--Mãe, que bom que voltaste cedo. Hoje nem nos vimos de manhã. -- Recepção maravilhosa, muitos beijos e abraços da pessoa que mais amava.

--Desculpa meu amor, mas a mãe teve que ir mais cedo para São Paulo.

--E vai viajar amanhã, não vais? -- Carinha de tristeza.

--Vou filha, mas a avó chega o mais tardar na quinta e já sabes...

--Sim, eu sei, obedecer a vó Ana, a Any, não correr como um leão, que sou apenas uma menina, não subir em árvores...tem mais alguma coisa? -- Fez aquela carinha que derretia o coração de Dulce

--Não senhorita, só isso e é para obedecer mesmo.

--Mãe, mas vens para a minha festa, vou ficar muito triste se não vieres...já não tenho pai presente, sem mãe não dá.

Dulce sorriu e abraçou forte.

--Eu venho sim Sara, não perco a tua festa por nada nesse mundo.

Sem olhar na cara da Anahi que se sentia uma estranha, quase invisível, disse:

--Já tratei tudo para que a tua festa seja um sucesso minha princesa linda.

--A  Any  e a Vó Ana vão arrasar em tudo e eu vou ajudar. -- Disse a menina com um sorriso estampado no rosto.

--Ajudas não atrapalhando mocinha.

--Eu sei mãe, sou uma menina muito bem comportada.

Sem olhar na cara de Anahi, Dulce disse:

--Pode ir e amanhã, por favor, chegue um pouco mais cedo para acordar essa moça porque vou sair de casa de madrugada.

--Boa viagem dona Dulce. -- Disse sem força alguma.

Ia deixando a casa quando Sara gritou seu nome:

--E meu beijo Any?

A menina correu para os braços dela e foi abraçada com tanta força já que a babá sabia que os seus dias naquela casa estavam contados.

--Eu sei que esta triste, eu vejo nos teus olhos...

--Estou bem schatzie, apenas um pouco cansada. -- Teve que segurar aquela súbita vontade de chorar.

--Amanhã, quando chegares terá um desenho para ti ok?

--Ok! Ich liebe dich!

--Ich Liebe dich...aprendi...mãe sei dizer eu te amo em Alemão.

A menina a deixou na porta e ela foi embora se sentido terrivelmente só.

Não foi para casa, sabia que àquela hora Angelique estaria lá e não estava a fim de conversar, queria vagar, se possível se perder por aquelas ruas...sentia-se perdida.

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Quarta-feira, ela não tinha mais como fugir, Angelique já ligara várias vezes cobrando a sua presença no ensaio. Foi, mas só o corpo estava presente. Levou uma bronca severa da amiga que lhe fez ver que Dulce nenhuma merecia aquela apatia, que a dança a traria de volta à vida e assim deu o seu melhor, e os ensaios correram na perfeição.

Depois de muito treino foram a uma lanchonete tomar um suco, Angelique queria dar ânimo à amiga.

O telefone dela tocou algumas vezes, mas ela não atendia.

--Quem é?

--Ninguém importante. O importante agora é arrancar um sorriso desse rosto lindo e completamente apagado. -- Era Maite que ligava, já era a terceira tentativa, mas não estava disposta, não naquele momento...

Anahi sorriu e Angelique atacou-lhe com cócegas e aí sim ela riu com gosto.

--Agora deixa eu ir, que a Sara daqui a pouco volta da dança e preciso certificar se está tudo em ordem, a dona Ana chega amanhã.

--Graças a Deus, vou te ter de volta a casa, certo?

--Certo! Acho que com ela lá não preciso dormir...

--Claro que não Any deixa de ser mole...preciso de ti em casa todas as noites para mais treinos. Ah, depois me diz o que comprar para Sara, ela me convidou o aniversário...que fofa essa menininha, nem parece filha daquela lá...

Anahi riu sem graça...Dulce não lhe saia do pensamento.

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Maite decidiu que queria conversar com Angelique e já que ela não atendia às suas chamadas, não viu outra alternativa a não ser descer para Santos e foi o que fez depois do trabalho.
Estava no seu bar favorito e decidiu ligar mais uma vez, sem muita fé, mas ela atendeu para a sua alegria.

--Oi, quero conversar contigo, pode ser?

--Estou muito cansada e em casa...se quiser vir aqui?

--Tudo bem, passa-me o endereço que vou.

Angelique desligou após passar o endereço e sorriu...a Maite tinha atitude e ela adorava mulheres com atitude.

Em pouco minutos ela entrava no seu apartamento.

--Desculpa por fazer-te vir aqui, mas é que estou muito cansada...treinei muito.

--Tudo bem, não custou nada. -- Sorriu. -- E essa faixa no pé, algum problema?

--Não, apenas proteção...forcei muito hoje...é que já está mais perto da estréia e sou muito perfeccionista.

--Então é aqui que a bailarina se esconde? -- Perguntou sorrindo.

--Esta é a minha humilde residência, que divido com uma grande amiga. Não é aquele apartamento lindo teu, mas dá para o gasto. -- Mais um sorriso compartilhado.

--Não estou a incomodar?

--Claro que não. É muito bem-vinda. Estou sozinha, a Anahi está a dormir no trabalho...senta.

--Desculpa pela briga idiota daquele dia. -- Disse Maite envergonhada.

Riram ao mesmo tempo.

--Vamos combinar que brigar por causa de amigas parece coisa de colegial... -- Mais risos.

--Não é?

--Nós não temos que brigar por elas, são adultas e que resolvam seus problemas.

--Pois é, mas continuo dizendo que a Anahi é maravilhosa, o melhor que há. -- Disse provocando a outra

--Ok! E a Dulce embora seja uma cabeça dura, também é maravilhosa.

--E então tomara que se encontrem de vez...e enquanto isso...-- Fez aquela carinha de safada que abalava as estruturas de Maite.

--Enquanto isso...

--Eu mato as saudades dessa boca gostosa que se encaixa perfeitamente na minha.

Mal terminou a frase já beijava a boca de Maite que prontamente correspondeu. Beijos meigos, cheios de saudades. Gostavam daquilo, e Angelique tinha razão, suas bocas casavam perfeitamente.

Ficaram naquele sofá por algum tempo, entre beijos, sussurros, carícias suaves, outras mais ousadas, silencio, olhos nos olhos, risos, sorrisos...era bom, muito bom.

Já era bem mais tarde quando Angelique disse:

--Se quiser pode dormir aqui. -- Parecia que adivinhava os pensamentos de Maite, já que era exatamente o que queria ouvir.

--Esse sorriso lindo quer dizer que aceita?