Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

--E essa menina linda me permite dar-lhe um beijo de parabéns?

--Tia Mai, que bom que veio! -- Já pulava no pescoço de Maite.

--Estás tão linda Sara, que vestido lindo.

--Eu e a Anahi é que desenhamos. Na realidade ela desenhou como eu queria e eu escolhi as cores. Eu estou linda, todos já me disseram. Gostaste da minha selva tia Mai?

--Eu adorei, está linda meu amor, parece de verdade.

--Idéia minha e da Any e foi ela que organizou tudo, ela e uns senhores ficaram aqui vários dias montando tudo. Acreditas que ela não me deixou ver nada até hoje? Eu com tanta vontade de ver e ela não deixou, mas adorei a surpresa. -- E abraçou a babá.

--Bom, sejam bem-vindos à minha festa, mas agora vou brincar. -- E saiu correndo pela selva com bichinhos humanos a correrem também.

--Parabéns Anahi, a festa está linda.

--Obrigada! Deu-me muito prazer. Fiquem à vontade, vou lá cuidar para que ninguém se machuque...ah, cabeça a minha. Dona Maite, essa é minha grande amiga Angelique e Angel essa é a Dona Maite, amiga da dona Dulce.

--Anahi, sem dona se faz favor. -- Sorriu e Anahi ficou vermelha.

--Desculpa...Maite, é o hábito. Fiquem à vontade que eu vou trabalhar.

Ela rumou em direção ao castelo da princesa que era o local mais cobiçado pela criançada.

--Oi, prazer em te conhecer...-- Maite sorriu e Angelique retribuiu.

-- O prazer é todo meu...a senhora é muito bonita...--Mais risos.

-- E a menina também...bastante bonita.

Liana entrou no salão e imediatamente procurou por Dulce que era quem a interessava naquele lugar. Festa de criança não era exatamente o que lhe apetecia fazer num sábado à tarde, mas era a filha de Dulce e para estar perto dela, qualquer sacrifício era válido. Finalmente a viu, linda e com cara de felicidade.

--Nossa, que festa linda a da tua filha. -- Disse ao mesmo tempo em que a beijava na face, um beijo carregado de segundas intenções, seus olhos brilhavam.

--Oi Liana, pensei que não viria...festa de aniversário de criança não me parece ser muito a tua praia. -- Disse Dulce fingindo uma empolgação que não sentia.

--Imagina, eu adoro crianças e é a festa da tua filha, claro que viria...-- Olhar carregado de duplo sentido.

Ela deu o presente a Sara que logo correu para junto de Anahi, Angelique e Maite.

Ana observava aquela mulher ao lado da filha e percebia claramente as intenções dela e pensava que a moça era sim muito bonita, mas não lhe parecia a mulher ideal para a filha. Riu de si mesma ao pensar aquilo, primeiro porque mulher ideal não existia e segundo porque não cabia a ela escolher com quem a filha se relacionava. Mas não pôde evitar a comparação: Anahi era solta, alegre e gostava genuinamente de Sara, enquanto a outra parecia estar num teatro e deixava claro que seu foco ali era Dulce.. Não gostou!

Aproveitou um minuto que a moça se afastou de Dulce carregada por algumas crianças fantasiadas de bichos e foi para perto da filha.

--Gostou filha?

--Está lindo mãe, muito obrigada! -- Ela estava muito emocionada.

--Agradeça à Anahi minha filha, eu não fiz nada. Ah fiz sim, vigiei para Sara não estragar a surpresa. O mérito todo é dessa moça, precisavas ver como ela se dedicou, incansável, sempre bem-disposta.

--Vou agradecer sim mãe. -- Disse sem jeito, aliás estava completamente sem jeito...mil coisas lhe passavam pela cabeça que doía...levemente.

--Mãe, tem certeza que não pode ficar mais uns dias aqui? -- A mãe dissera que só viera para o aniversário de Sara e que voltaria no domingo para Curitiba já que tinha coisas a resolver.

--Sabe que se pudesse ficaria sem problemas Dulce, mas não precisas de mim, a Anahi e a Sara se dão cada vez melhor...

--Eu sei mãe, mas ela sente a tua falta...-- Não teve coragem de dizer à mãe que pretendia mandar a babá embora, até porque implicaria em contar outras coisas que não vinham ao caso...

--Volto em duas semanas no máximo e aí poderei ficar por um período mais longo, ok?

--Ok mãe e muito obrigada!

--Filha, a Anahi é um tesouro, vê se conservas esse tesouro por perto.

E se afastou, deixando a sementinha plantada na cabeça de Dulce. Ela disfarçava, mas estava sempre a procurar  Anahi com os olhos pelo salão...ela a encantava com aquele jeito simples e ao mesmo tempo maravilhoso.

A cena que viu a seguir não a agradou de todo...aquela moça linda que era amiga de Anahi, e pelos vistos de Maite também já que a amiga não saíra de perto dela a festa toda, abraçava Anahi, com muito carinho falava-lhe ao ouvido e a babá sorria feliz. A cumplicidade entre elas era gritante e eram lindas juntas...maravilhosamente lindas. Alguma coisa lhe dizia que a amiga da babá era gay, poderia estar enganada, queria estar enganada...mais um abraço na Anahi e um sorriso iluminado dela para a moça linda...e a dor de cabeça só aumentava.

Chegou a melhor hora, a do bolo e o que se seguiu, talvez para a maioria não passou de uma cena corriqueira num aniversário, mas para Ana, mãe, mulher que entendia e muito de amor, o que se passou foi bem mais do que isso...diria que um amor imenso estava a contar os segundos para explodir...

Todos estavam à volta da mesa de doces e Sara em cima de um banquinho começou a cantar os parabéns. Ela estava feliz, era palpável aquela alegria toda da menina, ela sorria de orelha a orelha.

--Ah, devo dizer que esse bolo lindo foi presente da minha avó Ana e eu amei.

Ana se emocionou, pela décima quinta vez naquela tarde...

--Silêncio por favor. Antes de cortar o bolo, eu vou pedir um desejo e preciso de silêncio para que os anjos escutem.

Foi a vez de Dulce se emocionar.

--Pronto! Já pedi e tomara que eles digam amém...vou ser a menina mais feliz do mundo se isso acontecer. Agora o bolo, vou cortar dois pedaços iguais. -- E cortou com seu jeitinho de criança. -- Esses pedaços iguais são para a minha mãe que amo mais que tudo nessa vida e para a minha segunda mãe, a Anahí...ela é minha babá mas para mim é minha mãe e foi ela que organizou tudo. Eu amo a Any.

Palmas e muitos sorrisos e lágrimas nos olhos de Dulce e de Anahi.

--Mãe, Any, venham ficar aqui ao meu lado. Tia Mai, tira fotos.

Ana ficou numa posição privilegiada, de onde estava via a cena com perfeição.

Elas estavam emocionadas, mas evitavam se olhar...Sara as abraçou, cada uma de um lado e não puderam evitar a troca de olhares...parou tudo, como sempre, ficaram presas no uma no olho da outra e os corações...ah os corações. Abraçaram a pequena e a beijaram... por fração de segundos, seus dedos se entrelaçaram nas costas da menina...tudo era tão natural que assustava...elas percebiam o encanto...ele latejava por todos os lados e apesar de bom, era assustador...pelo menos para Dulce.

Ana não teve mais dúvidas...tinha amor ali e dos mais sublimes.

--O terceiro pedaço é para a minha avó que também adoro. Vó Ana, onde estas?

--Bem aqui meu amor e doida para provar esse bolo.

Dulce se afastou, sua cabeça doía cada vez mais forte e o ar teimava em faltar-lhe cada vez que olhava para Anahi. O que a filha acabara de fazer a deixara bastante abalada...como poderia mandar aquela mulher embora da vida da filha? Como conviver com ela sem querer tudo o que queria e um pouco mais? Quem era Anahi? A louca capaz de atitudes tresloucadas, ou a doce e linda mulher que a encantava dia após dia?

Decidiu ir para casa descansar um pouco, a festa estava linda, sua filha estava bem, ninguém notaria a sua ausência.

A festa continuou alegre e cheia de vida, as crianças se divertindo muito, os adultos convivendo bem entre si, Sara ficou feliz com a chegada de Júlia e dos filhos dela. Ela explicou à pequena que se atrasaram por causa de problemas na Balsa. Anahi ficou feliz com a chegada de Júlia e a apresentou a Angelique  e  Christian que entretanto chegara um pouco mais tarde.

Todos estavam felizes, mas Liana, que conversava com Maite, percebeu que Dulce não estava, aliás há um bom tempo que não a via.

--Mai, viste a Dulce?

--Não, mas ela deve estar lá fora conversando com algum pai de amiguinho da Sara.

--Vou lá ver. -- E saiu determinada a encontrar a colega e futura amante...pelo menos era o que ela queria e quando queria não desistia até conseguir.

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Dulce estava deitada no sofá da sala de TV. A sua cabeça doía e o seu coração também. Tinha experimentado momentos de muita felicidade e de alguma tensão também...todas as certezas que tinha ao deixar a casa no dia da última viagem, transformaram-se num festival de duvidas...a certeza de que mandaria Anahi embora dali, passara a ser a dúvida mais cruel...não poderia fazer aquilo, Sara jamais a perdoaria...a mãe também gostava da babá...mas e ela, e o que ela sentia não contava? Queria ter apenas raiva dela, mas não conseguia...tinha uma mescla de sentimentos...estava ficando doida...aquela Anahi que se esmerara na organização da festa da filha, aquela que a beijava e fazia seus pés saírem do chão, aquela que a acalmava apenas com um olhar, aquela que a fazia perder a noção de tudo...aquela era fácil de amar, mas tinha a outra Anahi, a que parecia debochar da sua cara, a que parecia não estar minimamente interessada nela, a que parecia jogar, a que enlouquecera depois de uma tarde de muito amor...dessa ela tinha medo e queria distância...