Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

--Eu já melhorei tanto Maite, há um tempo atrás eu jamais teria essa conversa contigo, me abrindo, falando de meus sentimentos. Cheguei nessa cidade completamente apática, aí, a vida me levou para a casa da tua amiga e encontrei o anjinho chamado Sara, aos poucos, toda a dor foi ganhando outro significado, a alegria foi tomando o seu devido lugar...agradeço a Deus todos os dias por me ter colocado naquela casa...--Ela estava emocionada.

--Eu acho linda a amizade entre ti e a Sara. Aquela menina é muito especial, mas o que vos une é algo maior...não sei, parece que se conhecem da vida toda...não sei explicar. A Dulce já me disse que muitas vezes a Sara te ouve mais do que a ela que é a mãe...no inicio ficava irritada mas hoje em dia ela acha natural...e a bronca que deste nela?

--Ai, até hoje não sei onde fui buscar coragem, ...mas era preciso.

--Se era...eu tinha vontade de gritar na cara dela que estava errada mas e a coragem? A Dulce sabes como é...quando ela me disse que alguém menos provável, tinha tomado aquela iniciativa, eu juro que quis voar até Santos e te beijar muito. Aos poucos ela foi percebendo que estava agindo de forma completamente errada e se predispôs a mudar, pela filha, pela relação delas, ela é admirável, mas sem tua ajuda nada disso seria possível...até a Ana tinha medo da filha.

--Mas ela não é tão difícil assim de lidar...

--Tu consegues tudo da Dulce,  Anahi, despertas o melhor nela...não sei se vocês vão viver uma história de amor, eu adoraria, mas não sei se vai acontecer, mas mesmo que não vivam esse romance, tu serás sempre lembrada por ela e a Sara então...

--Eu nunca vou me separar da Sara...posso estar longe, mas sempre estarei presente na vida dela...

--Gostas da Dulce? Digo, gostar de ter paixão, desejo...

--Muito -- Disse completamente vermelha.

--Então mostre um mundo melhor à minha amiga, sei que ela é difícil, mas tu és forte e ela merece uma pessoa como tu.

--Que amor  todo é esse na minha ausência hein mulheres maravilhosas? – Angelique estava à porta feliz da vida por Anahi e Maite terem estreitado os laços.

--Ah, que sorvete mais demorado hein...foste buscar ao pólo norte? -- Disse Maite, já se dirigindo para perto de Angelique ajudando com as sacolas e beijando a sua boca de leve.

--A sorveteria da esquina estava fechada, tive que ir um pouco mais longe buscar outro tão saboroso quanto o daqui.

--Que menina mais linda! --Maite.

--E sou mesmo, não é Any?

--Linda, chata e convencida. -- Anahi correu porque já sabia que vinha almofada em sua direção.

Comeram a sobremesa que Angelique preparara com muito gosto. Estava muito bom como o almoço todo. Conversaram mais um bocado e quando Anahi percebeu que elas se olhavam com mais intensidade foi para a cozinha lavar a louça.

As mulheres apaixonadas ficaram na varanda conversando, rindo, se descobrindo um pouco mais.

Anahi, foi para o quarto descansar e permitir que elas ficassem mais à vontade. Estava certa porque mal entrou no seu quarto, ouviu a porta do quarto de Angelique se fechar. Sorriu, gostara de Maite e parecia que ela estava sim apaixonada por Angelique, mas também não era muito difícil, aquela menina era energia pura, transmitia tudo de bom que podia existir, não tinha medo de nada e era linda...Maite era corajosa e muito madura nas suas atitudes, aquilo tinha tudo para dar certo.

Pensou na própria vida, suspirou de saudades de Dulce e Sara. Tinha sido tão bem tratada por elas...Dulce a surpreendia, elas mal se falavam desde o incidente em que ficara fora de si, e tinha sido clara ao mandá-la embora do seu quarto, mas o que Anahi vira fora um sentimento bom...e ela dissera que queria beijá-la...ah um beijo agora seria perfeito...seu corpo ansiava por tanta coisa e sua alma também...queria ligar para desejar boa noite, saber como tinham passado o domingo, dizer que estava com saudades, mas faltava-lhe a ousadia de Angelique e a coragem de Maite...Maite, grata surpresa, mas ela estava certa, iria até ao fim e que o fim fosse um recomeço...faria tudo diferente, sabia que seria difícil, mas aos poucos, iria contar cada pequeno detalhe da sua história à mulher que amava...há muito que sabia que o sentimento que enchia o seu peito era amor, mas admitir só foi possível depois da conversa com Maite.

***********************************

Dulce estava irritada, nada de estranho numa segunda-feira quando tudo parecia dar errado. O chefe já a tinha indigitado para uma viagem de dois dias ao Rio de Janeiro, e pior, sozinha.Maite teria coisas a resolver em São Paulo e Liana viajaria a Belo Horizonte. Gostava de viajar com alguma colega, já que assim tudo parecia resolver-se mais depressa.

A mãe de Cecília ligara logo cedo para acertar tudo da viagem de uma semana que Sara faria com a família dela a Natal. Era presente de aniversário da menina e ela exigira a presença de Sara e mais duas amiguinhas. Sara, não falava de outra coisa, contava os dias. Dulce pensou em não deixar, sei lá, ficar longe da filha sem alguém da família por perto, mas sabia que a mãe de Cecília era muito cuidadosa e a filha estaria em excelentes mãos e além do mais tinha que criá-la para a vida...mas era difícil.

Sara, partiria na quinta e regressaria na semana seguinte...tantos dias sem sua pequena, o coração doía, mas ela estava entusiasmada com a viagem e isso sim era importante. O pior de tudo é que com essa viagem inesperada que o chefe inventara, não estaria presente para se despedir da filha, organizar as suas coisas...graças a Deus tinha a Anahi que como Sara mesmo dissera, era a sua segunda mãe...sorriu...normalmente ficaria enciumada, já que ela nem da família era, mas não, adorara aquela demonstração de carinho, confiança, amizade da filha...se fosse permitido devaneios, queria sim que Anahi a ajudasse a criar a sua pequena, afinal ela fazia aquilo tão bem...queria aquela Mulher  linda de cabelos cacheados e olhos de Azuis em tudo na sua vida...suspirou, agora era assim, um festival de suspiros.

Teve uma notícia boa, a mãe ligara dizendo que voltaria para visitá-las e que chegaria na quarta, aquela sim era uma excelente notícia, ainda não demonstrava mas gostava cada vez mais de ter dona Ana por perto...

E Maite que não chegava? Ela jamais se atrasava e no entanto já passava das 11 e nada dela...tentou se concentrar, mas Anahi não lhe saía da cabeça, ou do coração, vá saber...e aquela moça linda amiga dela...tantas dúvidas, tantos medos...

Embrenhou-se no trabalho, era a melhor solução...

Maite chegou sorridente e inventou uma desculpa qualquer...a verdade é que dormira em Santos com sua Angel e perdera a hora...de vez em quando não fazia mal a ninguém.

--Maite, quando é que vai me contar quem é o novo homem problema? – Dulce sorriu enquanto olhava para a amiga.

--Não tem homem problema nenhum...

--Sei, e esses sorrisos e suspiros...à toa? Ou é por minha causa? --Risos.

--Coisa da tua cabeça...-- Ainda não era hora de contar aquela novidade para a amiga...precisava solidificar tudo dentro dela...gostava de Angelique, sabia que ela também gostava, já que jogos não eram o seu forte, mas era novo...precisava ter cautela.

--Está bem Mai, quando quiser contar já sabe que estarei aqui...só espero que tenhas acertado dessa vez, já que esse teu dedinho...--Risos. E Maite lembrou do que Anahi dissera, talvez o dedo fosse melhor para escolher mulheres...Angel...tudo de bom.

--E tu, o final de semana foi bom?

--Foi...de sexta a sábado tomei conta da babá da minha filha...

--Como assim? -- Se fez de desentendida quando na realidade já conhecia a historia toda.

--Ela tomou muita chuva, ficou resfriada, teve febre alta e tomei conta dela...-- Tão bom, pensou Dulce.

--Hummm, sei, e passou a raiva?

--Ai Maite, se algum dia eu souber ao certo o que sinto pela Any...

--Paixão...talvez amor, quem sabe?

--Para, romantismo a essa hora da manhã não dá.

Riram bastante e trabalharam mais ainda. Cada uma com uma mulher linda servindo como inspiração para criar...

****************************************

Dulce viajou e Ana chegou, trazendo mais alegria àquela casa. Ela ajudou a controlar a ansiedade de Sara antes da viagem e deixou a filha mais sossegada. Dulce ligava a todo o instante para saber se estava tudo bem, se não tinham esquecido nada na mala de Sara, e queria falar com ela, dar coordenadas, dizer o que podia e não podia fazer...Anahi e Ana riam sem parar...Dulce estava ansiosa.

Quinta-feira chegou e Sara partiu, deixando Anahi e Ana com muita saudade. A casa sem a pequena não era a mesma coisa.

Entretanto, Anahi teve que aprender a dosar um pouco a ansiedade já que numa reunião entre ela, Angelique, Manfred e o resto do grupo, ficara definido que a estréia seria na sexta da próxima semana. Ela sentiu muito medo, de repente não se sentia preparada para subir num palco tão importante de São Paulo...Manfred fora claro, a dedicação a partir daquele dia teria de ser exclusiva. Ensaios muito técnicos para deixar tudo na perfeição, ele pediu que Anahi tirasse férias ou pedisse folgas para se dedicar com exclusividade à dança, pelo menos durante uma semana teria de respirar dança...e agora?

Já tinha direito a quinze dias de férias, mas não sabia muito bem como abordar aquele assunto com Dulce...graças a Deus a schatzie estava a viajar e quando voltasse a Ana estaria presente para cuidar dela já que a estréia era na sexta e Sara voltaria na quinta...a realidade era que ela não fazia a menor idéia do que seria a sua vida após aquele espetáculo...ela não esperava muita coisa, já Angelique estava convicta que fariam muito sucesso e que pisariam vários palcos do mundo...frio na barriga...

Resolveu se abrir com Ana, que já sabia que ela dançava, mas não tinha a real dimensão das coisas. Ela ficara feliz e dissera que poderia contar com o seu apoio em tudo, que cuidaria de Sara com prazer enquanto ela realizaria o seu sonho de vida e que estaria na primeira fila para aplaudi-la de pé. Ana era assim, magnânima...maravilhosa e Anahí a adorava como jamais gostou da sua própria mãe.

****************************************************

A caminho de casa, depois de mais uma viagem, Dulce estava certa do que queria. Iria aproveitar a ausência da filha e conversar com Anahi, abrir seu coração...pensara muito e concluíra que não poderia continuar assim. Ela gostava da babá que aparentemente também gostava dela, eram adultas, só precisavam conversar...ela sabia que Anahi tinha muita coisa que a atormentava, mas estava disposta a ouvir tudo, queria fazer parte da vida dela, queria abraçá-la quando estivesse triste, dizer palavras de conforto, beijá-la...queria deitar nos ombros delas e sentir a paz e a certeza de estar no lugar certo, queria vê-la rir com a sua filha, educá-la como tão bem fazia...queria a Anahi e foi com essa certeza que entrou em casa.