Fanfics Brasil - Capitulo 82 Como o Vento

Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon


Capítulo: Capitulo 82

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--Minha mãe morreu pouco antes de eu completar 23 anos. Ela me pediu perdão alegando amar demais o meu pai. Não era bom viver com ela, mas sem ela eu me senti sozinha, terrivelmente sozinha. Não tinha amigos, sempre fui muito reservada, conhecia algumas pessoas na escola, tinha feito alguns espetáculos, coisa pequena, mas não tinha conseguido manter nenhuma amizade suficientemente forte para me servir de amparo. Foi um período muito difícil, mas eu precisava me reerguer, não tinha outra opção. Conheci minha melhor amiga, meu anjo, a Beth, uma menina com uma história de certa forma parecida com a minha, também tinha sido adotada no Brasil por um casal de Alemães, mas a vida dela tinha sido um sonho. Os pais a amavam, ela era forte, alegre, tudo o que precisava naquele momento. E tínhamos mais em comum, ambas adorávamos dançar. Eu levava mais a sério, mas ela também gostava de dança.


--Ainda bem que sempre existe uma luz no fim do túnel...


--Na minha vida é sempre assim, graças a Deus...Beth me ensinava a falar Português, porque ao contrario de mim, ela sempre vinha de ferias ao Brasil e jamais esquecera a língua materna. Aos poucos fui recuperando a autoconfiança, já ria da vida, trabalhava muito, mas com um objetivo bem definido, Beth me apoiando sempre, não me sentia mais tão sozinha...mas na minha vida as coisas sempre tendem a estragar...


--Não fale assim Any...


--É verdade Ana, não sei por que, mas acho que não combino com felicidade... -- Chorava, não aos prantos, mas as lágrimas já corriam pela sua face.


--Freqüentávamos uma lanchonete muito famosa, sempre que saíamos das aulas, e lá acontecia muita paquera. Eu não tinha cabeça para essas coisas, tinha tido poucos namorados e o mais sério, com quem me relacionei sexualmente pela primeira vez, desistiu da nossa relação por causa das loucuras da minha mãe, ele chegou ao ponto de me colocar contra a parede, ou ela ou ele, claro que fiquei com a minha mãe...a Beth vivia querendo me arrumar um namorado lindo como ela mesma dizia. E um dia, disse-me que tinha um rapaz maravilhoso, que tinha demonstrado algum interesse nela, mas que como já tinha namorado, nos apresentaria já que tinha certeza que ele seria meu príncipe encantado...e foi assim que conheci o Johan.


Ela se agitou bastante ao dizer aquele nome.


--Na minha cabeça, todas as histórias de contos de fada que meu pai me contara a vida toda estavam prestes a tornar-se realidade. Johan era um doce, jovem, bonito, pertencente a uma família milionária, executivo numa grande empresa de automóveis e aparentemente muito interessado em mim. A principio fiquei reticente, como um homem daqueles iria olhar para uma menina sem nada de especial como eu? Mas depois, com tanta insistência aceitei namorar...me deslumbrei, ele me apresentou uma vida que só conhecia de filmes, sonhos...tudo estava ali, ao meu alcance. Eu era a princesa, finalmente era a princesa dos meus sonhos, dos sonhos do meu pai...minha vida no primeiro ano de casamento, sim, me casei com ele com 7 meses de namoro, minha vida foi um sonho, viajei para muitos lugares, velejei, conheci muita gente que só via nas revistas...tentava manter minhas aulas de dança, mas sem muito sucesso já que as viagens eram constantes e festas também. Eu vivi um ano e meio mais viajando do que com os pés assentes no chão, e aquilo começou a me perturbar...


Ela fez mais uma pausa, parecia tentar organizar as idéias...


--O castelo da princesa ruiu num dia em que eu tinha um espetáculo de dança, algo muito importante para mim, pelo qual tinha me dedicado e ele simplesmente disse, ah deixa essa porcaria para lá e me acompanha numa festa que com certeza terá muito mais diversão. Eu não acreditava no que tinha ouvido, porcaria? Sabia que ele não dava muito valor à minha arte, não era idiota, já tinha percebido, mas chamar de porcaria era demais...o que eu fiz? Desisti do meu espetáculo e o acompanhei...eu tinha uma necessidade de agradá-lo em tudo...eu tinha medo de ficar sozinha...mais uma vez...-- Já chorava e soluçava muitas vezes se engasgando.


--A festa era regada a muito álcool e drogas...eu já estranhava o comportamento de Johan, ele chegava do trabalho e se trancava no escritório bebendo várias doses de whisky e depois aparecia alterado...mas nessa festa eu pude ver a real situação. Todos os amigos dele claramente sob efeito de drogas, muitas mulheres magras e sempre com copos cheios, alguns homens mais velhos, mas muita gente jovem. Eu me senti deslocada, não sabia para onde olhar, o que fazer e ele me exibia como um troféu e me obrigava a sorrir sempre. Depois dessa, vieram muitas outras festas e sempre com o mesmo cenário.


--Johan parecia ter dupla personalidade, na frente dos pais era o filho querido, um responsável homem de negócios e depois em casa ou nas festas transformava-se num louco. As festas com drogas, bebidas e etç eram privadas. E eu ainda tinha que posar de esposa feliz nas festas empresariais, com jornais, televisão...ele não me respeitava, nada do que eu queria fazer estava bom, a dança era uma porcaria, meus cursos de aperfeiçoamento em educação infantil, perda de tempo, ele chegou ao cúmulo de me dizer que eu era a sua boneca de luxo e que minha única obrigação era servi-lo.


--As coisas foram piorando, mas o mais grave era que ele oscilava, sempre que eu tentava reagir, ainda que sem muito vigor, já que não tinha forças, ele mudava o comportamento, pedia minha ajuda para largar as drogas, prometia mudar o comportamento...mas tudo não passava de promessas. Eu não tinha ninguém com quem contar, mais uma vez estava sozinha...Beth se mudara para o Brasil com o marido e ela acreditava que minha vida era um conto de fadas...não tinha coragem de contar nada, eu vivia subjugada.


--Ele te batia Any? -- Ana estava horrorizada, mas tentava manter a calma.


--Não necessariamente...--Muitas lágrimas por essa altura -- mas o que acabava comigo Ana, era a tortura psicológica, o jogo que ele fazia com a minha cabeça...a violência verbal atingia limites insuportáveis, ele chegou ao ponto de me dizer que se casara comigo porque perdera uma aposta...ele e os amigos apostaram que ele conseguiria levar Beth para cama e fazer uma orgia regada a drogas e álcool e se não conseguisse teria de se casar com a amiga com cara de santa...eu no caso. Consegues imaginar a minha cabeça após essa informação? Eu estava casada com um idiota e ainda por cima drogado...ele queria me obrigar a fazer tanta coisa...-- Parou e ficou olhando para um ponto imaginário.


Ana se inquietou no sofá, Anahi tinha sofrido demais...


--Eu nunca sucumbi aos delírios dele...não sei como tive força, mas ele me oferecia drogas com promessa de uma vida melhor, insistia para que fizéssemos orgias, isso porque mal tínhamos qualquer contato sexual, ele perdeu o interesse logo no segundo ano de casamento, o que eu considerei um alivio...não gostava de fazer amor com ele...não era bom...chegou ao cúmulo de aproveitar uma saída minha para um workshop em Hamburgo e encher a casa de mulheres, voltei mais cedo e o peguei na cama com três mulheres...tive nojo, não porque gostava dele, mas porque eu me via atada àquela vida sem sentido, não tinha forças para sair dali, e já não me respeitava, não acreditava em mim.


--Tudo sempre pode piorar, definitivamente acredito nisso...ele se perdeu de vez, não ia mais trabalhar, mentia aos pais, não sei onde arranjei forças e saí de casa. Passei uma semana num hotel sem saber o que fazer, para onde ir...pensei em procurar a minha avó, mas estava tão fragilizada que no mínimo assustaria uma senhora já com alguma idade, pensei em Beth e quando já estava decidida a pedir ajuda à minha amiga, ele bateu à minha porta, pedindo ajuda. Decidi fazer uma última tentativa, até porque não sabia muito certo que outro rumo dar à minha vida. Acho que ele conseguiu ficar limpo apenas um mês, se tanto, ele não quis procurar ajuda especializada, disse que sozinho conseguiria, ledo engano...


--E o que aconteceu? -- Ana já suspeitava, mas queria ouvir da voz de Anahi, quem sabe não a ajudaria a exorcizar aquele carma.


--Ele morreu...de overdose...--Soluçava sem parar. -- Saí para comprar algumas coisas para fazer um almoço que ele gostava, ele me pediu, fingindo estar realmente interessado na comida...eu não o deixava sozinho em momento algum, estávamos sempre juntos...ele pediu com jeito e eu acreditando que já estava bem, saí...quando voltei ele estava morto em frente à TV e o que não faltava na mesa era droga...me desesperei, não sabia o que fazer...devo ter ficado umas três horas andando de um lado para o outro como uma louca com um cadáver dentro de casa...até que liguei aos pais dele que agiram friamente...eles já sabiam do problema de Johan mas fingiam que estava tudo bem...tudo foi abafado, inventaram uma historia de morte súbita e todos compraram essa versão.


--Eles me ofereceram ajuda, mas eu não quis, não queria nada que me lembrasse aqueles 4 anos de tortura...4 anos em que vivi numa inércia completa...passei alguns meses em depressão profunda, emagreci ao ponto de me olhar no espelho e não me reconhecer...não atendia o telefone...fundo do poço total. Um dia acordei e decidi ligar a Beth e contei a história toda, ela só acreditou no que eu tinha dito quando chegou a Munique e me encontrou no estado em que estava. Parecia surreal, mas tinha sido a minha vida...minha amiga me ajudou, fui tratada por médicos de diferentes valências, eu estava anêmica, psicologicamente abalada...fiquei seis meses me tratando e Beth nesse período foi me ver várias vezes. Assim que melhorei, decidi que não queria mais ficar naquela cidade, mais uma vez pedi ajuda a Beth e decidimos juntas que o melhor era vir ao Brasil, e vim. Passei alguns meses aprendendo o Português em São Paulo e depois encontrei-te e à Sara...obrigada. -- Anahi, chorava como criança que perde alguma coisa.


Ana a abraçou com todo o carinho possível, beijou-lhe a cabeça, as mãos, apertou-a contra si...aquela menina merecia todo o carinho do mundo.


--Eu quero dançar num palco por mim sim, mas por meu pai também...e também para mostrar à minha mãe que ela estava enganada, que posso sim ser uma bailarina...--Os soluços impediam-na de continuar.


--Vais brilhar naquele palco Any, tens talento, mereces...vais brilhar minha filha.


--Obrigada Ana...


--Anahi, eu sempre soube que eras especial, mas depois de ouvir essa tua história de vida, a minha admiração por ti aumentou exponencialmente. Menina, tu és lutadora, não deixas as mazelas da vida te afundarem, tens um brilho único...eu é que agradeço o dia em que bateste à minha porta. -- Ana tinha os olhos marejados.


--Ana, é a primeira vez que consigo falar de tudo sem entrar em desespero...antes não falava...--Ela sorriu timidamente.


--E podes ter a certeza que tudo vai ganhando outro significado, as dores vão-se amenizando e daqui a pouco serás uma Anahí forte, não que não sejas, mas serás muito mais forte minha filha. -- Ana a beijava sem parar e Anahí a abraçou em agradecimento.


Ana não tinha mais duvidas, Anahí era perfeita para Dulce. Ela tinha muita coisa para ensinar à filha e sabia que o amor de Dulce a curaria de qualquer sofrimento...só precisava abrir a cabeça dura da filha, a tarefa poderia até ser difícil, mas sabia que se ela percebesse que estava na eminência de perder  Anahi, reagiria no ato.


***********************************************


Sexta-feira, o dia D chegara. Ana e Sara estavam mais do que entusiasmadas, a menina não se continha. Olhava o relógio a cada 5 minutos e perguntava à avó se ainda não era hora de irem a São Paulo.


Decidiu usar o vestido que Anahi mais gostava, penteou o cabelo como uma bailarina e fez a avó sair de casa uma hora mais cedo.


Estavam num restaurante almoçando e fazendo o tempo passar, já que o espetáculo era muito mais tarde e a apresentação da academia de Anahí seria a ultima.


Ana aproveitou um momento em que a menina saiu para brincar com outra criança numa mesa ao lado e ligou à filha. Elas mal tinham conversado depois do regresso da viagem no dia anterior.


--Mãe, aconteceu alguma coisa com a tua neta?


--Para de ser dramática minha filha, a Sara está muito bem...estamos em São Paulo.


--Em São Paulo?


--Sim, hoje é o espetáculo da Anahi e temos lugar na primeira fila. A Júlia também virá com os filhos dela, vamos estar todos na primeira fila aplaudindo a Any.


--Humm...—Dulce sentiu algo estranho...saudade talvez, mas continuava muito irritada.


--Filha, vou deixar um ingresso para ti na entrada do teatro...


--Não vou mãe, tenho muito trabalho por aqui e quero aproveitar o fim-de-semana para descansar e saber tudo que a tua neta aprontou nessas férias...


--Só te digo uma coisa, esse espetáculo é muito importante para ela e talvez não a vejas tão cedo, quem sabe nunca mais...agora tenho que desligar filha que a Sara precisa de mim...pense bem no que vai fazer. -- E desligou.


Dulce sentiu uma vertigem...não ver  Anahi nunca mais? Como assim? Sua mente estava agitada, dera um nó...não conseguia sequer cogitar aquela possibilidade...suas mãos começaram a tremer e seus olhos encheram-se de lágrimas. Levantou da cadeira e andou dentro da sala sem saber o que fazer...Anahi iria embora de Santos? Para onde? Com quem? O que a mãe sabia? Precisava de Maite, saiu da sala que compartilhavam e foi procurá-la em parte incerta do escritório...seu coração saltava no peito sua garganta ficara seca e os olhos completamente turvos.



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Autor(a): angelr

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 172



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  • santox Postado em 20/10/2015 - 19:19:52

    ATENÇÃO!!! PLÁGIO!!! Apesar de ter citado a autora da história, Nadine Helgenberger, essa adaptação não foi autorizada pela mesma. PLÁGIO É CRIME!!! :(

  • ace Postado em 20/10/2015 - 15:38:32

    Essa história foi modificada sem o consentimento da autora que seria Nadine Helgenberger. PLÁGIO É CRIME!!!

  • justin_rbd Postado em 01/06/2014 - 20:37:17

    amei a história ,parabéns !!!!

  • delmyra Postado em 21/01/2014 - 00:04:05

    linda história. Pena q acabou. Amo portiñon. Sensacional a fic.

  • claricenevanna Postado em 19/01/2014 - 23:10:49

    Onw, eu vou sentir tanta saudade dessa web. Perfeição deveria ser o nome dela. Amei demais cada capitulo, embora que as vezes, surtava, mas foi muuuito perfeita.

  • maralopes Postado em 19/01/2014 - 19:46:33

    amei e ja favoritei sua web vou acompanhar bjaum angel

  • vverg Postado em 19/01/2014 - 19:04:58

    Já está favoritada a outra fic, acompanharei com certeza...^_^ E esta história gostei do começo ao fim... =)

  • vverg Postado em 19/01/2014 - 12:32:51

    Tudo tem um fim... Amei a história.... =]

  • maralopes Postado em 19/01/2014 - 07:28:39

    eu estou muito triste pq vai acabar mas feliz pq as duas realmente se amam e poderão ser felizes juntas e a mai com a angel tão perfeitas' ai nem sei mas o que escrever pra ti mas só sei que te adoro e fico aguardando pelo ultimo capitulo e tua nova web' bjaum Angel

  • delmyra Postado em 19/01/2014 - 00:50:18

    nem acredito q a fic esta acabando. Eu amei. A fic é d+. Chorando em 5 4 3 2 1. Ansiosa pela próxima fic.


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