Fanfic: Como o Vento | Tema: Portiñon

--Any, não vá embora, por favor.

--Não schatzie, quando voltares estarei aqui. -- Ela sorriu feliz.

--Mãe, trate bem a minha tia, sei que às vezes brigam...não briga com ela, é coisa de adultos, mas não briga com ela...

Dulce sorriu encabulada e prometeu à filha que ninguém iria brigar.

--Não demoro, não é pai?

--Não filha, voltamos daqui a pouco.

--Vamos Lina. Lina já viste a tia linda que meu pai me trouxe?

E saiu falando pelos cotovelos como era habitual.

Dulce e Anahi se olharam com tamanha intensidade que acharam melhor sair dali e ir para um lugar mais reservado, o quarto dela, lógico.

--Meu amor...até agora não consigo acreditar nessa história...

--Imagina eu Dul...estou pasma, é inacreditável...

--Feliz? -- Sabia que sim, estava escrito nos olhos dela.

--Tanto...nem sei se mereço isso tudo...

--Claro que sim, e muito mais. Any, és uma mulher maravilhosa, com um coração enorme...tanta coisa menos boa aconteceu na tua vida e no entanto jamais ficaste amarga, pelo contrário...

--Acreditas que depois de ter reencontrado o Galeto...o Anthony, a impressão que tenho é que as coisas ganharam outra dimensão...teve muita coisa triste sim, mas tive momentos bons também...e de uns tempos para cá...encontrei um porto seguro no Brasil, conheci a Sara por quem me apaixonei ao primeiro olhar sem sequer sonhar que era minha sobrinha, ganhei amigos maravilhosos, dei vida à minha paixão pela dança...e...e descobri o amor ao teu lado...e agora esse irmão que já nem lembrava que existia...

--Um dia, quando estiveste doente lá em casa, num momento febril, chamaste por ele...dizias coisas desconexas mas lembro-me bem desse nome...Galeto...pedias que não o machucassem, choravas e dizias o nome dele...

--Foi? Então, no meu inconsciente ele esteve sempre presente...eu sonhava com esse menino que me ajudava, mas sempre ficava confusa...isso tudo porque não me lembro desse período da minha vida, mas agora há pouco conversando com o Anthony, muita coisa voltou...lembrei do velho Maruca que nos acolheu por um tempo e com quem vivemos momentos felizes apesar da pobreza...lembrei-me claramente do Galeto...meu irmão...estou tão feliz Lia...-- E era visível a sua felicidade, seus olhos brilhavam e estava mais linda do que nunca.

--Eu te amo tanto Any...tanto que às vezes sinto que as palavras não chegam para demonstrar...—Dulce estava emocionada, muito emocionada.

--Me mostra com atitudes então...estou com tanta saudade...-- E já estava sentada em cima de Dulce como adorava fazer, beijando sua boca...

Beijaram-se muito, ora com ternura, ora com tesão...o desejo gritava alto e o consumaram da melhor forma...horas de amor.

Um pouco mais tarde, nos braços uma da outra, sentiam-se sem falar nada...adoravam aquela sensação de coração retornando ao lugar depois de batimentos galopantes...

--Dul...

--HUmmm...

--Eu te amo muito...obrigada pela sobrinha mais linda do mundo...obrigada por tudo.

--Agradeça ao teu irmão também...a vida é engraçada não é? Eu engravidei há alguns anos de um rapaz que conheci e com quem não tinha paixão, nada de especial, apenas tivemos umas horas de sexo que me deu meu maior tesouro, e anos depois a irmã dele aparece na minha casa de uma forma inusitada e eu me apaixono perdidamente por ela...acho que nossa história daria um roteiro e tanto para o cinema. -- E riram juntas.

--O Anthony disse que temos bom gosto...eu e ele...

--Ah pára, vocês conversaram sobre nós duas?

--Unrrum, claro...ele percebeu que existia algo além de relação patroa empregada...e também me chamaste de meu amor na frente dele...e eu adorei.

--Chamei? Estava tão nervosa com aquela informação que nem lembro mais o que disse.

--Dul -- Precisava comunicar a sua decisão de viver um tempo com o irmão mas estava sem coragem...sabia que Dulce ficaria com saudade, ela também, mas precisava conviver com seu irmão...por um tempo, precisava demais daquilo...

-- Estou com a sensação que tens algo sério a me dizer...diga logo Any, meu coração não é muito forte para suspense... -- Ela estava com o coração na mão isso sim, pressentia que Anahi quisesse ir viver com o irmão...aquilo a deixaria louca de saudade, mas entendia aquela necessidade...era muita novidade para a cabeça e o coração da sua amada...

--Dul, depois que a minha turnê pela Europa terminar, eu pretendo passar um tempo com o Anthony na Austrália, para conhecê-lo melhor, para ele me conhecer também...vou aproveitar o intervalo entre a Europa e os Estados Unidos para fazer isso...

--Mas voltas para Santos? -- Ela tentava se controlar, manter um ar tranqüilo mas não sabia se com sucesso, já que sentia seu corpo todo tremer...

--Claro que sim meu amor, meu lugar é lá, ao teu lado...sabias que a Sara já me convidou para morar no teu quarto? -- Beijou a ponta do nariz de Dulce que sorriu.

--Como assim no meu quarto?

--Ela disse que no quarto de babá não dava porque era no térreo, no dela não porque tinha muita coisa de criança, no da avó não porque tinha coisas de senhora da idade dela, então teria que ser no teu, porque tens uma cama enorme e gostas de mim e não te importarias, ah e somos quase da mesma idade.

Riram muito da facilidade com que Sara resolvia as coisas.

--E vai aceitar o convite da tua sobrinha? -- Ela a olhava com olhos brilhantes.

--Eu já aceitei, apenas disse que teríamos de perguntar-te se aceitavas dividir a cama comigo.

--A cama, o quarto, a casa, a vida...eu quero viver contigo Any, todos os dias da minha vida.

--Eu ainda não acredito que minha vida tenha dado essa volta...eu quero também Dulce. Preciso desse tempo com o meu irmão, mas depois voltarei para a nossa casa...prometo te fazer feliz todos os dias...

--Já me fazes Any...desde o dia em que puseste os pés na minha casa...mesmo sem saber eu me apaixonei por ti e depois te amei e amo de uma forma que as palavras não conseguem exprimir...

--Eu sei de uma forma para exprimires melhor, mas agora acho melhor não...-- Riram muito -- Temos muita gente à nossa espera e eu preciso me encontrar com meu grupo para uma reunião.

--Só um beijinho...prometo.

--Só um beijinho...mais um...e outro.

Amaram-se mais uma vez.

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Dulce ficou com Anahi mais alguns dias, mas logo teve que regressar ao Brasil.

Na turnê pela Itália ela pôde contar com o irmão, a esposa dele e a sobrinha sempre na primeira fila de todos os espetáculos...não poderia estar mais feliz.

O entrosamento com Anthony era impressionante, eles se tornaram amigos em pouco tempo, parecia que jamais tinham se afastado.

Separou-se do irmão apenas por duas semanas em que fez espetáculos na Holanda e na Suíça. Ele deixou a filha no Brasil e rumou à Austrália onde ficaria à espera dela para desfrutarem pelo menos dois meses juntos, fazendo coisas que a vida lhes roubara por um tempo, mas que agora era possível recuperar.

Anahi, estava muito feliz, morria de saudades de Dulce, mas sabia que tinha todo o tempo do mundo para estar com ela. Falavam-se diariamente pelo telefone, viam-se através do skype, de certa forma estavam perto uma da outra e era bom sentir saudade.

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Durante aproximadamente dois meses, Anahi e Anthony desfrutaram da companhia um do outro. Fizeram coisas de criança, subiram em árvores, nadaram muito, Anthony ensinou fundamentos de surf á irmã, viajaram pela Austrália, Nova Zelândia, e acima de tudo resgataram o elo perdido quando foram arrancados do convívio de uma forma abrupta. Eles se amavam e o resgate desse sentimento se dera de forma inequívoca.

No inicio de Dezembro, Anthony fez questão de levar a irmã a Nova York onde se reuniria com o restante do grupo para alguns espetáculos. Ele comprometeu-se a fazer de tudo para passarem juntos o reveillon no Brasil, já que Anahi não abria mão de estar com Dulce e Sara por essa ocasião.

Nos Estados Unidos o sucesso da companhia de Manfred repetiu-se, e todos renderam-se ao número protagonizado pelas duas bailarinas de entrosamento perfeito.

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O amor entre Maite e Angelique ganhara contornos mais sérios e a distância apenas serviu para terem a certeza que o que sentiam era bem mais do que uma mera curiosidade ou brincadeira.

Angelique regressara da turnê nos Estados Unidos há alguns dias e desde então estava em São Paulo no apartamento da sua namorada para a felicidade geral de ambas. Não concebiam mais a possibilidade de viverem afastadas, ainda que fosse apenas por poucos quilômetros. Angelique conservava o apartamento em Santos, até porque as coisas de Anahi ainda lá estavam, mas passava o tempo todo em São Paulo.

Elas evitavam fazer planos para não criar expectativas que poderiam se tornar frustrações, mas queriam estar juntas o tempo todo.

Naquele final de semana, antes do fim do ano, os planos não poderiam ser outros, preparativos para a festa de reveillon.

Por sugestão de Angelique, estariam todos juntos em Maresias no litoral de São Paulo. Queria todos os amigos reunidos numa grande festa para celebrarem o ano que tinha sido maravilhoso e perspectivarem o próximo que no depender de cada um, também seria perfeito.

Tinha comprado algumas coisas que permitiriam a ela e à sua namorada uma final de semana em casa e com todas as comodidades, em que não precisariam sair para nada, ainda não saciara toda a saudade e Maite estava na mesma sintonia.