Fanfic: I Won't Let You Go (AyA) | Tema: AyA, Ponny, Rebelde, Anahi e Alfonso, Hot, Amor

Capítulo 143 - Me crecen las alas desde la raíz..

XXX: Calma, minha filha! Está tudo bem!

É uma senhora de idade. Uma velinha sorridente com um rosto tão carinhoso e reconfortante. Ela está com um guarda chuva. De onde ela veio? Olho para os lados. A rua está deserta.

Anahi: Está tudo bem. – sorrio de volta

XXX: Você vai acabar pegando uma gripe, menina. Por que está aqui?

Anahi: Fiquei trancada fora de casa – dou de ombros

XXX: Venha! Venha comigo. Não vou te deixar nessa chuva.

Anahi: Não precisa, eu ficarei bem.

XXX: Deixa de ser teimosa. Venha.

Eu a olho receosa.

XXX: Meu nome é Martha. Você é?

Anahi: Sou Anahi.

Martha: Venha, Anahi. Saia dessa chuva.

Ela não me reconheceu. Nem por ser a cantora famosa.. Ou ex-cantora. Nem por ser namorada do governador. Ela me tratou como uma pessoa comum e mesmo assim me ofereceu sua casa.

Me levanto e ela me abraça de lado, para o guarda chuva cobrir nós duas. Caminhamos um pouco e ela abre a porta de sua casa. É uma casa simples, pequena e velha. Como a maioria das casas aqui em Chiapas. Ela sorri o tempo todo. Eu paro na porta, estou encharcada.

Martha: Pode entrar, não se preocupe. – ela sorri – Vou pegar um toalha para você.

Eu entro e logo ela volta com uma toalha para mim.

Martha: O banheiro fica naquela porta ali do lado. Vou procurar uma roupa seca que dê em você.

Anahi: Não se incomode. Logo essa secará.

Martha: Não é incomodo nenhum. Não se preocupe. – ela sorri

Eu vou ao banheiro e tiro minha roupa, torcendo-as na pia e me secando. Tento secar meu cabelo também. Quando ela bate na porta.

Martha: Veja se essas roupas te servem. São minhas de um tempo atrás.

Eu abro uma brecha da porta sorrindo. Ela me entrega as roupas e eu fecho de novo. Me vestindo. É um vestido azul de bolinhas brancas. Fico engraçada nele. Com certeza deve ser dos anos 50, 60.. Enrolo a toalha no meu cabelo e saio do banheiro.

Martha: Cadê suas roupas? – Eu estico a mão com as roupas – Vou colocar para secar.

Eu me sento no sofá e abraço meu corpo com frio.

Martha: Está com frio, né? – eu faço que sim com a cabeça, envergonhada – Vou preparar um chocolate quente. – ela entra no quarto e volta com uma coberta – Aqui.

Anahi: Obrigada.

Eu cubro meu tronco com a coberta e logo ela volta com o chocolate quente. E se senta próximo a mim.

Martha: Está melhor?

Anahi: Sim. Muito obrigada! – eu tomo um pouco do chocolate – Não é qualquer pessoa que abre a porta de sua casa para uma estranha na chuva.

Martha: As pessoas de hoje são muito individualistas. Não fui educada assim. Jamais deixaria você ficar na chuva daquele jeito.

Anahi: Obrigada. Ia pegar uma baita gripe.

Martha: Ia mesmo. – ela sorri – Mas porque você chorava? – eu a olho surpresa

Anahi: Como sabe que eu estava chorando?

Martha: As gotas de chuvas nunca disfarçam as lágrimas de alguém que as conhece bem.

Anahi: Você já chorou muito?

Martha: Tive bons motivos para chorar.

Anahi: Digamos que eu também os tenho.

Martha: Problemas com o amor?

Anahi: Também. – eu suspiro – Mas o amor acaba ocupando maior espaço no meio de todas as dores.

Martha: Concordo. – ela sorri – Como era bom sofrer por amor.

Anahi: Sofrer? Bom? - a olho intrigada

Martha: Sim! – ela sorri – Quando se ama de verdade alguém mais cedo ou mais tarde sofremos. Esperamos que nossa vida seja como um roteiro de novela, com as respostas de todas as perguntas ali na nossa cara, todas as cenas com roteiro pré-determinado. Mas a vida real não é assim, sofremos porque colocamos nossas expectativas em pessoas que são como nós. Que erram, erram muito, que sofrem, que mudam, que tem sentimentos. Queremos que as coisas sempre aconteçam como imaginamos, mas não se pode mudar as pessoas como se muda os móveis de lugar.

Anahi: E o que se faz então?

Martha: Dar uma chance para as pessoas é uma boa. Bem, ele vai errar sempre. E você também vai. Tempos difíceis virão, chuvas como essa que você pegou para estragar o dia de sol. Mas você precisa dar uma chance para o sentimento. O sofrimento acaba resultando em crescimento e fortalecimento do amor, quando se dão a chance de perdoar e seguir em frente.

Anahi: Você fala com tanta propriedade. Você já amou muito?

Martha: Ah, sim. Eu amei muito! E fui muito amada também. Nos conhecemos bem jovens. Eu tinha 16 anos e ele 19. Minha família o detestava, mas ele lutou contra tudo e todos para ficar comigo. E quando eu fiz 18 anos, nos mudamos para Chiapas. Nos casamos. Eu pensava que o meu conto de fadas estaria completo até o resto da minha vida. Mas ai, várias chuvas dessas vieram. Quando você está em um relacionamento com alguém que você ama de verdade, o amor é posto em prova por diversas vezes. Você sofre, você tem medo. A necessidade daquela pessoa chega a te assustar. Como se sem ela você estivesse incompleta. – eu sorrio, balançando a cabeça – Com você é assim também né? – eu faço que sim e ela continua – É amor, minha querida. É um amor raro. Não deixe chuvas como essas atrapalharem sua felicidade. Na minha história eu resolvi fazer o final feliz todos os dias, enfrentei cada tempestade. Pegue muita gripe e chuva. Mas sobrevivemos. Fizemos o até a morte nos separe e fomos felizes até o último segundo. Ele me amava da mesma forma e eu não duvido disso.

Anahi: Ele morreu quando?

Martha: Março do ano passado.

Anahi: Sinto muito.

Martha: Não sinta. Ele está bem. E eu também. Vivemos aqui tudo que tínhamos para viver. E o nosso amor sempre viverá.

Anahi: É tão linda a forma como você fala dele. Espero ser tão forte quando você e cultivar meu final feliz.

Martha: Claro que você conseguirá. – ela sorri – Mas conte-me sobre ele. – eu sorrio boba

Anahi: Ele é a pessoa mais especial que eu já conheci na vida. - rio - Ele é metido a super-herói, tenta me proteger de tudo o tempo todo. – eu balanço a cabeça – Nos conhecemos há 11 anos. Começamos como colegas de trabalho, ele namorava uma amiga muito próxima. E assim seguimos até que um dia deixamos o sentimento falar mais alto e dormimos juntos. Mas éramos tão jovens, com tanta coisa pela frente. Trabalhávamos juntos e nos dávamos tão bem que continuamos amigos. Mas não resistíamos um ao outro. Até que a vida nos separou. Ficamos um bom tempo afastados, quase 4 anos. Nesse tempo nos falávamos, a amizade foi mantida. Até nos reencontramos pessoalmente. Aquela avalanche de sentimentos repreendidos durante tanto tempo falaram mais alto. Ele sempre foi tudo para mim. Meu amigo, meu confidente, meu irmão, meu colega de banda, meu amante, meu super-herói. Ele disse que me amava. – eu sorrio – Ele era coração fechado e deixou os sentimentos falarem. Todos sempre nos avisaram, mas nunca percebemos a grandeza desse amor. E agora que me meti em um milhão de problemas. Ele também mentiu para mim. Não sei mais o que ele realmente sente, sentiu.. Estou confusa. Minha vida está de cabeça para baixo. A única coisa que eu tenho certeza isso tudo é que eu o amo. Amo de um jeito que nunca amei ninguém na vida.

Martha: Lute, minha querida. O que vocês construíram é um amor forte e sólido. Amor que vem sendo cultivado antes mesmo de se tornar amor, lá com uma bela amizade. Eu não o conheço para dizer sobre, mas pela forma como você fala dele, com tanto amor, tanta alegria, me mostra que ele te faz muito bem, te faz muito feliz.

Anahi: Ele faz. Ele é a minha felicidade.

Martha: E você vai se deixar ficar triste? Vai deixar sua felicidade escapar? Não pense muito na vida. A vida não é uma prova de álgebra. Sinta e siga seu coração. Raramente temos segundas chances e o tempo não perdoa.

Anahi: Você tem razão. – eu abaixo minha cabeça

Martha: Não adianta remoer o passado. Veja tudo que você ainda tem pela frente e se limite a viver, a sentir. Chegue na minha idade e olhe para trás com a mesma alegria que eu tenho em olhar o passado. Ai sim, nessa idade você só tem isso. O passado e as lembranças. Agora não, na sua idade você ainda está as construindo. Dê seu melhor.

Ela se levanta e sorri para mim. Eu coloco a caneca na mesinha e me deito no sofá. Sem pensar em nada, eu durmo.