Fanfic: Wicht Since Ever | Tema: Bruxas, war.
Deveriam ser oito horas da noite agora. Ou quase isso. Não havia qualquer outro sinal de luz que não fosse o das estrelas e da Lua — enorme, linda e brilhante, por sinal. Linda até demais para uma noite como esta.
Eu não conseguia me movimentar, a última pancada tivera sido tão forte que me impossibilitava disso. A intenção de quem me acertou foi esta. Tudo que consegui fazer foi me arrastar e enconstar-me nos barris cheios d`água com muita dificuldade. A espada continuava ao meu lado, no final das contas sempre restavam apenas eu e ela.
— Juliene! — Exclamou ao me encontrar.
— Shiu, Maddalena, cale-se! — Sussurrei. — Venha, encoste-se aqui.
Então ela o fez; ajoelhou-se ao meu lado arregalando os olhos ao ver meu ferimento na cintura.
— O que aconteceu, Ju? Deixe-me cuidar disso.
— Não! Você não deve ficar aqui. Volte para casa, ainda há tempo. A carruagem não está tão longe, você consegue achá-la. Vá, Maddalena, apresse-se! — Dizia, tão apressada quanto o meu desejo de vê-la longe daqui. A minha pequena Maddalena não deveria ver o que aconteceria em breve. Era tão jovem.
— Ah, minha irmã, você sempre tão teimosa. — Sua expressão mudara para algo conhecido como ternura. Eu já sabia o que vinha a seguir e não tinha mais forças para impedi-la. Lutava em vão ao tentar permanecer acordada, o que era extremamente difícil agora.
— Você... Precisa ir. Eu prometi ao papai... Eu tinha que cuidar de você...
— E eu tenho que cuidar de você. — Ela puxou as mangas do seu vestido e logo pude sentir suas pequenas mãos sobre o meu machucado. Maddalena fechara seus olhos e deixou seu dom dominá-la. Dizia palavras estranhas, desconhecidas para mim e já não sentia mais tanta dor. O ferimento profundo fechou-se, sem cicatrizes, sem nada.
— Maddalena! — A segurei bem a tempo de cair e a joguei sobre o meu ombro. Curar alguém requeria mais forças do que ela tinha nessa idade, mas sua bondade não se importava com isso. Se importava com os outros.
Entrei numa pequena cabana e estalei os dedos; as velas acenderam-se. Havia uma pequena cama arranjada num canto que foi onde deitei a Maddalena. Mais tarde voltaria para buscá-la. Antes que perdesse tempo, saí às pressas, meu ritmo cardíaco acompanhava os meus passos longos. A chuva resolveu aparecer, justo agora.
— Apareça, Morgana, mostre quem tu és! — Gritei.
Risadas ecoavam aos meus ouvidos. Dos bons dons que herdei, o da caça não era meu forte. Corria junto com a chuva a molhar-me e criar poças a minha frente. Droga. Enormes árvores e pedras me davam uma desvantagem de estar passos atrás da minha inimiga. Se eu não conhecesse essa floresta como a conheço, estaria perdida. Cheguei a um ponto em que avistava uma casa enorme e abandonada. Certamente ela estaria ali.
Me aproximei aos poucos e entrei, é quente aqui dentro. Escadas a minha frente, inumeros quartos aos lados. Um verdadeiro labirinto. Segurei a espada, estava pronta para agir. Com passos lentos chegava próxima da escada até ouvir um barulho ao pisar no chão. Barulho de que havia algo lá embaixo. Agachei-me, era um alçapão.
Abri, havia uma longa escada abaixo dos meus pés. Desci uns degraus e toquei em algo na parede. Assustei-me, mas resolvi olhar melhor. Era uma tocha. Estalei os dedos e esta acendeu. Bem melhor. Continuei a descer e era uma pequena sala lá embaixo, logo avistando uma porta. Abri, o coração faltava pular para fora. Dentro da sala havia tochas acesas, então apaguei a minha para não dar sinal. Tinham caixas que impossibilitavam de me ver, mas ela sentiria a minha presença. Entrei, agachando-me atrás de uma estante. Meu alvo estava bem ali a frente com o meu amado amarrado numa mesa.
— Já pode parar de se esconder, sei que está aí. — Disse, sem precisar virar para trás.
— Solte-o ou..
— Ou o quê? Vai me matar? — Ela virou, encarando-me com uma expressão irônica. — Com a sua espada? Por que não com os seus poderes, minha querida irmãzinha? — Riu estrondosamente.
— Não ouse machucá-lo. Tenha piedade, Morgana, em nome da nossa infância.
— A NOSSA INFÂNCIA SE FOI! Junto com ele. Vão ficar no passado. — Suas mãos acariciaram o rosto do meu amado, que debatia-se tentando soltar-se. Estava preso com magia, seria impossível para ele.
— Eu o amo! Você não deve tirá-lo de mim! — Levantei a minha espada, partindo para cima dela.
Com o estalar dos seus dedos fui arremessada contra a parede, caindo no chão de maneira brusca.
— Amor, minha cara, é apenas uma desculpa para os fracos. — E então a sua mão afundou-se no peito do meu amado, arrancando-lhe seu coração. Uma dor súbita afetou-me, eu não queria acreditar naquilo. Seu olhar estava voltado para mim, com uma lágrima a escorrer. Aquela seria a minha última vez a ver o seu rosto. Minha última lembrança.
Autor(a): ceci_n
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