Fanfic: A Sensual Dulce - Portinõn | Tema: Portinõn

Sofia soltou Any, e ambas se voltaram assustadas com aquela pergunta jogada em um tom furioso. Dulce as olhava com os olhos luzindo de cólera, vermelha, com os punhos cerrados, como se quisesse esmurrá-las.
Anahí a fitou sentindo uma satisfação enorme em perceber o ciúme naquele olhar. Sentiu-se compensada da sua angústia de vê-la com Alfonso no salão. Esqueceu de Maite, de sua traição, apenas fitando aquele rosto de beleza clássica. E nesse momento reconheceu que estava louca de amor por aquela mulher fascinante. Fingindo uma calma que não sentia, pegou um papel toalha e passou na boca manchada de batom. Já Sofia olhava para Dulce com ar culpado.

- E então? – Perguntou Dulce entre dentes, fitando Any furiosa – Estou esperando uma explicação! 

- Dulce, a culpa é toda minha... – Disse Sofia, com voz trêmula - Eu apenas...

- Saia, Sofia – Cortou Anahí, se recuperando – Eu vou explicar tudo à Dulce.

Sofia não esperou outra sugestão. Saiu rápida, de olhos baixos, como um cão com o rabo entre as pernas.

Dulce avançou e esbofeteou Any com força. Anahí cambaleou e a encarou de um jeito que enfureceu Dulce mais. Ela a pegou pelos pulsos, sacudindo-a por eles, o rosto contraído fitando-a de perto.

- Sua vagabunda! – Jogou Dulce, com a voz embargada, os olhos frios como gelo – Você é uma cadela! Não pode ver uma mulher, que dá em cima! Eu odeio você! Odeio!

- Dulce! Não tive culpa! Ela beijou-me sem eu esperar! – Disse, encarando-a com a paixão impressa em seus olhos – Será que não percebe que não consigo me interessar por ninguém desde que a conheci? Eu estou louca por você, Dulce!

Dulce viu o fogo em seu olhar e parou de sacudí-la, fitando-a indecisa.

- Não minta para mim, sua mentirosa!

- Dulce, por favor, solte minhas mãos... Porque eu quero abraçá-la, acariciar esse rosto lindo... Dul, eu a desejo tanto... Como pode pensar que estou interessada em Sofia? Ela não chega aos seus pés!

Dulce soltou-a, acalmada pelas palavras de Any. Viu naqueles olhos a paixão brilhando e a fitou com o cenho franzido.

- Por que Sofia a beijou?

- Por uma idiotice. Ela queria satisfazer uma curiosidade, como seria beijar uma mulher.

Os olhos de Dulce a fitaram com um brilho de ira.

- Que desculpa idiota é essa? Eu sei que Sofia não é uma santa, mas ela não é acostumada a beijar mulheres por curiosidade! E ela não sabia que você gosta de mulher, para fazer isso!

- Dulce! Ouça! Ela sabe de mim e Maite, e sabe de mim e você! Ela percebeu tudo! E Maite queixou-se de mim com ela, e por sugestão de Sofia, resolveu me provocar ciúmes! Só que a provocação dela foi longe demais! Eu a vi lá no terraço com Christopher, trepando!

Dulce a encarou atônita. 

- O que está me dizendo? Não é possível! Não minta, Any!

Anahí encarou Dulce com gravidade.

- Eu vi, ninguém me disse! Sofia também viu. Ela quem me tirou dali, eu estava imóvel, sem reação, como uma idiota! Ela trouxe-me para cá.

Dulce leu em seus olhos a verdade. Olhou-a atordoada.

- Maite fez isso? Estou perplexa! Ela surpreendeu-me! Nunca pensei que ela pudesse traí-la, Any.

Anahí fez um ar de desprezo. 

- Aquela carinha ingênua esconde uma galinha, Dulce. Eu devia ter imaginado. Quando a conheci, ela andava com uma turma da pesada. Mas achei que era apenas uma garota desorientada! Mas, quer saber o que penso disso que aconteceu hoje? Acho ótimo! Ela deu-me um bom motivo para deixá-la!

O olhar de Dulce se estreitou, fitando-a com ciúme.

- E você se sentiu livre para sair beijando outras mulheres, não? Na minha casa! Debaixo de meu nariz! Ah, eu mato você, Anahí!

Ela tentou esbofeteá-la novamente, mas Any a abraçou com força e a encostou na parede, espremendo-se contra ela e a fitando apaixonadamente.

- Dulce, eu a desejo! Só quero você! – Disse, em tom apaixonado. E a beijou com força, não resistindo mais à emoção de ver Dulce tão transtornada de ciúmes. Beijou-a com uma paixão intensa, quase mordendo-a. As mãos apertaram os seios de Dulce, desceram pelo corpo, numa carícia arrebatada.

Dulce parou de resistir, cedendo ao desejo que a dominou. Pegou Any pelos cabelos, enfiando a língua em sua boca, sugando, acariciando arrebatadoramente. Desprendeu a boca e a fitou com os olhos luzindo como duas tochas de fogo.

- Any, meu demônio delicioso...quero você...quero você me tocando, me apertando em seus braços... oh Any, Any... – Disse, fora de si, beijando-a pelo rosto, no pescoço, no queixo.

Anahí estava perdendo a cabeça quando ouviu vozes se aproximando. Afastou-se de Dulce precipitadamente e ela a fitou surpresa, mas logo entendeu a causa do seu afastamento e se enfiou no reservado, fechando a porta. Logo depois, Sofia entrou com uma mulher, que olhou em volta.

- Oh, bem que você disse que minha irmã não estava aqui. Vou procurá-la no terraço - Disse a mulher – Mas já que vim aqui, vou retocar a maquiagem.

A mulher pegou o batom na carteira prateada e retocou os lábios. Any se recostou na parede, fingindo esperar o reservado desocupar. Sofia a fitou sorrateiramente, sorriu e saiu com a mulher. Any entendeu. Ela viera acompanhando a mulher, falando alto, para Dulce e ela não serem surpreendidas pela mulher numa situação embaraçosa. 
Any falou para Dulce, através da porta:

- Pode sair. Elas já foram.

Dulce abriu a porta e saiu do reservado, sorrindo divertida.

- Viu o que fez seu demônio? Provocou-me e quase fomos surpreendidas agarradas, começando a fazer amor! Vou sair... E amanhã vai explicar-me direitinho porque você e Sofia estavam se beijando!

Dulce saiu e Any suspirou, se fitando no espelho. Sua boca estava toda manchada pelo batom de Dulce. Limpou com o papel toalha, pensando se a mulher havia reparado nisso. Saiu do lavabo e viu Sofia perto, a aguardando com olhar preocupado. Ela se aproximou e perguntou com voz receosa:

- Dulce está com raiva de mim?

- Não creio, Sofia – Sorriu Anahí – Na verdade, ela achou que fui eu quem a beijei. Mas não está com raiva. Ela está mais abalada por saber o que Maite me fez.

- Oh, grazie, Dio! Não quero perder a amizade de Dulce! Não sei o que me deu em querer beijar você, Any! Não sou lésbica! Foi uma curiosidade idiota!

Any riu da cara arrependida de Sofia. Ergueu as sobrancelhas com ar divertido.

- Cuidado, hein! Sua curiosidade pode levá-la a passar por situações desagradáveis! Não é toda mulher gay que é provocada como fui e se conforma depois com uma desculpa de mulher arrependida! Felizmente para você, estou apaixonada por Dulce e somente ela me interessa.

Sofia a fitou envergonhada.

- Desculpe-me, Any. Fui uma idiota. Mas prometo que não vou perturbá-la mais. Você tem um caso com Dulce e como amiga dela, tenho que respeitar isso. Aliás, você também está com Maite! Que mulher complicada!

Anahí parou de sorrir, encarando Sofia com o cenho franzido.

- Estava com Maite! Estava! – Disse, com o dedo em riste para Sofia – Amanhã eu vou resolver essa situação insustentável! Maite, para mim, já é passado!

- Bem, espero que tudo saia bem para você! Sabe que Maite não vai aceitar ser dispensada passivamente. Ela tem um temperamento difícil, você sabe...

- Bem, não é nada que eu não possa manejar...

Sofia a fitou gravemente. 

- Espero que sim, Anahí. Venha, vou apresentar você aos meus amigos. 

Sofia avançou com Any para o salão. Lá estava Dulce com Alfonso, conversando em uma roda de convidados. E lá estava em outro canto Maite sentada em um sofá, com Christopher ao seu lado, de mãos dadas. Anahí virou o rosto, enojada. Teve vontade de ir embora, mas não podia permitir Maite estragar com o motivo que a trouxera ali. Assim, juntou-se com Sofia aos amigos dela.
Finalmente, o jantar foi servido. Os convidados se sentaram diante da imensa mesa do século XVI com castiçais de prata, finíssima porcelana de Sèvres e talheres de prata, complementando com taças de cristal com o brazão dos Saviñón. Os garçons começaram a servir o prato de entrada: Salmão ao vinho branco, grelhado, com maçã. 
Os lugares na mesa estavam demarcados com cartões e Anahí viu-se sentada à esquerda, e Alfonso, à direita de Dulce. Maite ao lado de Alfonso, com Christopher. Sofia ao lado de Anahí. Estava claro que aquela arrumação havia sido feita à última hora, mas Any se alegrou pela preocupação de Dulce ter evitado dela sentar ao lado de Maite. Com a raiva que estava de Maite não daria certo.
No meio do jantar, Dulce se ergueu e falou sorrindo, com uma taça na mão:

- Amigos, quero aproveitar a oportunidade de fazer um brinde à uma amiga e talentosa pintora que breve vai se lançar no mercado das artes, mostrando seu trabalho na Galeria Da Vinci. Peço que prestigiem sua vernissage com sua presença, para conhecer o seu trabalho. Os convites breve chegarão às suas mãos, mas estou antecipando o evento para que fiquem atentos à essa nova artista: Anahí Puente Portilla. Proponho um brinde à ela – Disse, indicando Any com a mão, em um gesto eloqüente. -Ao sucesso de Anahí! – Dulce brindou, erguendo a taça.

Todos os convidados, com exceção à Maite, brindaram. Any se ergueu e agradeceu a todos, logo voltando a sentar. Odiava ser o centro das atenções.
Quando o jantar terminou, uma hora depois, Anahí se ergueu e se aproximou de Dulce para se despedir. Ela tinha visto Maite sair com Christopher e isso a aliviou. Não iria encontrar ela em casa, quando chegasse. É claro que ela ia para um motel com Christopher, completar o que haviam iniciado ali.
Dulce a pegou pelo braço e disse à Poncho, que conversava com um amigo dela:

- Poncho já volto. Vou acompanhar Any até seu carro.

Ele assentiu e apertou a mão de Anahí, sorrindo e dizendo:

- Buona notte, Any. Foi um prazer rever você. Estarei em sua vernissage.

Any apertou a mão dele, sorrido com esforço, com ciúme de Dulce.

- Obrigada, Alfonso. Até breve. 

Elas saíram e Any fitou Dulce com ar sombrio.

- Alfonso vai dormir com você, não é, Dulce? – Perguntou, com voz baixa.

Dulce a encarou com um olhar preocupado.

- O que posso fazer, Any? Ele estranharia se eu o mandasse embora sem um bom motivo.

- É isso, Alfonso tem todos os direitos, não é? Ele é o amante oficial, com quem você não se envergonha de ser comprometida! – Disse Any, com amargo sarcasmo.

Dulce a encarou com tristeza.

- Por favor, Any, não briguemos mais. Essa noite já houve bastante confusão. O que vai fazer, em relação à Maite? Vai mesmo terminar com ela?

Anahí a encarou.

- O que acha, que sou uma idiota? Não viu ela saindo com Christopher? Ela deve ter ido para um motel com ele. Mas amanhã vou resolver essa situação.

- Any, vá com calma... Maite é temperamental, estressada... telefone para mim se houver algum problema. Poderá vir aqui amanhã?

- Pretendo vir. Mas vamos ver o que acontecerá amanhã, quando eu conversar com Maite. Provavelmente ela virá para sua casa, e eu não poderei vir aqui. Quando ela sair de minha casa, telefonarei para você. Mas agora, posso pedir uma coisa?

Os olhos de Dulce se fixaram nos seus com calor.

- Peça, Any. Apesar do seu beijo em Sofia, vou atendê-la, porque não negaria um pedido seu.

Anahí parou ao lado do seu carro e fitou Dulce nos olhos.

- Não durma com Alfonso. Não se dê a ele. Guarde-se para mim – Pediu, com humildade.

Dulce sorriu. Olhou para cima. Alfonso as observava do terraço, fumando um cigarro.

- Any... Queria beijá-la agora, nessa boca deliciosa, mas não posso, Poncho nos observa – Disse, inclinando-se e beijando Any no rosto, rapidamente.

Any abriu a porta do carro e entrou. Ligou o motor e olhou para Dulce, que a observava em silêncio.

- Até amanhã, Dulce.

- Até amanhã, Any. Dirija com cuidado.

Anahí engrenou a marcha e saiu da Villa em marcha lenta. Ultrapassou os portões e imprimiu velocidade no carro.

- Que noite! – Suspirou.