Fanfic: A Sensual Dulce - Portinõn | Tema: Portinõn
Acordou com a campainha da porta tocando, quebrando o silêncio que reinava no apartamento. Se ergueu com o coração disparado e foi atender. Abriu a porta. Dulce a olhou com um vinco de preocupação na testa. Linda como sempre, com um conjunto negro de saia e blazer.
Anahí afastou-se e ela entrou. Abraçaram-se apertadamente, colando os lábios em um beijo profundo. Dulce se afastou e a fitou com gravidade.
- Maite chegou em casa e refugiou-se em seu quarto. Trancou-se lá e não quer falar com ninguém. Mandei Giovana perguntar à ela se queria almoçar e ela gritou que a deixasse em paz. O que disse à ela, Any?
Anahí a pegou pela mão e avançaram para um sofá, onde se sentaram. Any contou tudo que se passou. Dulce a ouviu sem apartes, o rosto tenso. Ao fim do relato, ela falou:
- Então, ela percebeu seu interesse sobre mim... Não sei como isso vai acabar, Any... não sei qual será a reação dela quando souber de nós. De uma coisa, tenho certeza: não será uma reação calma.
- Tem medo da reação de Maite, Dulce?
- Any, ela é minha filha. Por mais que ela me deteste, e nós não nos dermos bem, sou responsável por ela. Confesso que Maite sempre foi um peso para mim. Ela adorava o pai, e me detestava. Tudo que eu pedia à ela para fazer, ela fazia o oposto. E sei que meu falecido marido foi o culpado disso. Ele a colocava contra mim. Ele dizia para ela que eu não a amava.
Any a fitou indignada.
- Por que ele fazia isso, jogar a filha contra a mãe?
Dulce pareceu hesitar. Mas só por um momento. Encarou Any nos olhos com decisão.
- Any. Para você entender melhor o que se passa entre mim e Maite, essa falta de amor, eu tenho que lhe revelar muitas coisas que nunca disse a ninguém. E para isso, vou confiar em você como nunca fiz a alguém.
Any percebeu que Dulce ia lhe revelar algo grave, e disse emocionada:
- Pode confiar em mim, Dulce. Nunca trairei sua confiança no que vai revelar-me, mesmo que nos separemos um dia.
- Pois bem. Vou lhe contar o início de tudo. Eu fui filha única do Conde e condessa Saviñón. Minha mãe tinha a saúde bem frágil e depois de meu nascimento, piorou e ficou numa cama. Fui criada por uma severa governanta e meu pai, que incutiu em minha cabeça que eu era superior porque era nobre. E cresci achando isso. Freqüentei os melhores colégios, aprendi Inglês e francês, adquiri cultura geral. E aos dezessete anos, quando ia para a faculdade fazer o curso de engenharia, meu pai estava à beira da falência. Nobre, mas falido. E então, eu vi que meu sangue nobre sem dinheiro não servia para nada. Íamos perder tudo.
Foi quando meu pai foi procurado por Enzo Morandi, um homem de seus quarenta e cinco anos, um arrogante industrial que achava que podia comprar tudo, até as pessoas. Eu já o conhecia das festas que ele oferecia em sua Villa. Meu pai sempre comparecia e às vezes me levava, dizendo que eu tinha de aprender a me relacionar com pessoas importantes.
Eu nunca fui com a cara dele, que me fitava como um lobo faminto e era bem mais velho que eu. E então, imagine como me senti quando meu pai disse que ele havia pedido a minha mão em casamento! E explicou-me que Enzo, como presente de casamento, pagaria todas as suas dívidas e ainda engordaria sua conta bancária numa soma altíssima.
- Em outras palavras, seu pai a estava vendendo – Observou Any, irada.
Dulce a olhou com tristeza.
- Exato. Eu chorei muito, mas meu pai convenceu-me que eu estava fazendo um ato heróico, salvando o nome dos Saviñón da ruína. E casei-me com Enzo. Nossa lua de mel foi um martírio, ele possuiu-me sem a menor preparação, estava bêbado. E nos dias seguintes, começou a dizer que eu devia obedecê-lo em tudo. Proibiu-me de fazer meu curso de engenharia, dizendo que uma esposa devia ficar em casa, cuidando dos filhos.
E então, eu engravidei, com dois meses de casada. Ele ficou cheio de orgulho, falou para todos os amigos, dizendo que finalmente ia ter um herdeiro. E eu descobri porque ele havia se casado: Para ter um herdeiro. Ele queria uma mulher apenas como reprodutora.
Any a fitou abismada.
- Ele disse isso à você?!
- Sim, em uma briga. Eu não queria fazer sexo oral com ele, e Enzo ficou furioso. Disse-me que mulheres mais lindas que eu já haviam feito isso para ele, que eu era uma mulher fria, que só possuía beleza. Que ainda bem que havia se casado comigo apenas para ter um herdeiro.
- E você, o que fez?
- Eu perdi o controle e o agredi com uma bofetada. Ele ficou mais irado ainda e deu-me um soco no ventre. Eu desmaiei e quando voltei a mim, estava na cama com um médico ao lado. E então soube que havia perdido a criança.
- Meu Deus! Seu marido provocou o seu aborto! – Disse Anahí, enojada.
Dulce a encarou e disse quase em um sussurro:
- Sim... e eu passei a odiá-lo. Mas Enzo não se conformou com a perda da criança. Ainda mais quando fiz exames em Roma e os médicos disseram que eu não podia ter mais filhos. O aborto que sofri não foi tratado adequadamente e me tornou estéril. Ele disse-me que não iria passar pela vergonha de dizer aos amigos que não havia mais herdeiro dele para nascer. Que ia ter um filho de qualquer maneira. E sem eu saber, ele engravidou uma criada. E anunciou que íamos passar uma temporada em Roma. Eu concordei, pois estava cansada de ficar naquela casa enorme sozinha. Em Roma, poderia me distrair. Ficamos lá um ano. Ele mal me procurava para sexo, ao qual eu me submetia sem nenhum prazer. A minha única alegria era andar nas ruas, visitar museus e fazer compras.
E foi quando uma noite ele disse que tinha algo a me mostrar. E ele levou-me à uma casa numa rua distante de nossa casa e bateu na porta. Uma mulher jovem e bonita a abriu e me fitou com um sorriso sardônico. Entramos e Enzo cochichou algo para ela e a moça saiu da sala. Ela voltou com uma recém nascida no colo. E Enzo então disse-me que aquela criança era filha dele com aquela moça. Eu fiquei sem voz com o susto. E ele continuou dizendo que a tinha registrado como sua filha e minha. Já que eu não podia ter mais filhos, a criada gerara uma herdeira para ele. E para que sua filha não fosse uma bastarda, filha de uma criada, eu seria sua mãe oficial.
- E essa criança era Maite – Anahí concluiu, atônita.
- Sim – confirmou Dulce, com olhar sombrio – Eu tentei me revoltar, dizendo que iria desmascarar aquela farsa, mas Enzo ameaçou-me. Disse que possuía todos os recibos das dívidas de meu pai. E cobraria todos, deixando-o na miséria. E que meu casamento com ele teria sido em vão, porque ele se divorciaria de mim sem dar-me nada mais que uma pensão modesta.
- E você se submeteu à chantagem e continuou com a farsa montada – Disse Anahí.
- O que me restava? Depois de ter me submetido ao desejo dele, de ter renunciado aos meus sonhos, tudo ter sido inútil? Sair daquele casamento da mesma forma que entrei? Não. Como dizem, fiz uma trégua estratégica em nossa guerra particular. Concordei com a farsa e continuei casada. Voltamos para Florença e Enzo apresentou a todos nossa filha Maite. A criada ganhou uma bela soma de dinheiro e sumiu. E eu fiquei com uma filha que não era minha, fruto de uma traição de Enzo, para criar. Eu era bem jovem, Any. E não sentia a mínima afeição pela filha de Enzo. Eu sei que a criança não tinha culpa de nada, mas eu estava revoltada por aquela maternidade imposta por uma farsa. Eu não queria me afeiçoar à filha de Enzo e a deixei nas mãos da babá. Enzo notava isso e vivia brigando comigo. Tínhamos muitas brigas e ele deixou de ter sexo comigo. Arranjou várias amantes. E eu arranjei um amante de minha idade, para satisfazer meu lado sexual. Mas sem envolver-me sentimentalmente. Eu comecei a pensar que amor era um sentimento que não existia, era tudo invenção de romancistas. Amor na verdade era simplesmente atração sexual.
- E Enzo não percebeu nada? – Perguntou Anahí.
- Ele devia imaginar. Sabia que eu não o amava que ia acabar me separando dele, já que brigávamos muito. Ele queria ter-me totalmente passiva sob seu jugo, mas eu não me dobrava. E então, ele começou seu jogo, jogando Maite contra mim, dizendo que eu não gostava dela. Maite, ainda bem pequena, insuflada por Enzo, me provocava todo dia, me xingando de bruxa e fazendo coisas que me irritavam, como colocar sal no meu café, esvaziar meus vidros de perfume no vaso, colocar sapos em meu quarto, ficar cantando alto quando eu lia na biblioteca...
Anahí não pôde deixar de rir.
- Dulce! Isso são coisas de criança! Por que não a ensinou que isso era errado?
- Any, eu fui criada com muita severidade, tinha que comportar-me como uma adulta aos sete anos! Como podia ter entendido que Maite era apenas uma criança mimada pelo pai e insuflada a ver em mim uma bruxa? Eu gritava com ela, dizendo que não a suportava! Mas então eu não agüentei mais e disse a Enzo que queria o divórcio. Ele concordou rindo, dizendo que eu iria me arrepender e que o procuraria de joelhos. Mas dois dias depois, ele morreu de um enfarte fulminante.
- E você ficou livre e rica.
- É verdade. O destino deve ter achado que eu já havia sofrido o bastante nas mãos daquele canalha. Maite estava com nove anos. Eu a internei em um colégio, pois não agüentava mais sua rebeldia comigo. E fui viver minha vida. Assumi os negócios de Enzo, viajei pela Europa à negócios e conheci muitos homens interessantes. Voltei para Florença e trouxe Maite para morar comigo, finalmente me conscientizando que ela não passava de uma garota sozinha, como eu havia sido. Tentei me aproximar dela, mas o dano já estava feito. Ela me odiava. E nesses anos, eu tentei várias vezes nos tornarmos amigas. Desisti, depois de várias rejeições. Passei a encará-la quase como uma inimiga. E agora, somos rivais!
A voz de Dulce tremeu e ela fitou Anahí com os olhos cheios de lágrimas.
- Aí está toda a estória, Any. Não sou uma mãe desnaturada. Nunca fui mãe. Eu e Maite estamos ligadas apenas por um documento que diz que sou sua mãe.
- Oh, Dulce! Eu sabia que havia algo estranho em sua relação com Maite! Quando Sofia contou-me que você nunca ligou para ela, que a teve apenas para seu marido não se divorciar de você, sabia que havia algo mais por trás disso!
Dulce ergueu as sobrancelhas.
- Sofia contou isso para você? Grande amiga, Sofia! Fez-me parecer um monstro de insensibilidade, não? Ela não sabe da verdadeira estória. Você é a primeira pessoa que contei.
- Dulce, jamais pensaria isso de você. E nem quero julgá-la. Quem sou eu, para julgar alguém! Eu também cometo meus erros, Dulce. Eu traí Maite – Disse, envergonhada, baixando a cabeça – E precisou Sofia mostrar-me que eu havia feito a mesma coisa que ela... O mal de todo ser humano é apenas reparar no erro alheio, esquecendo os seus. E fiz isso.
Dulce a tocou gentilmente sob o queixo com os dedos e ergueu seu rosto. Os belos olhos fitaram os seus tristes e graves.
- Somos todos passíveis de erros, Any. Eu errei em querer você, em tê-la procurado para seduzi-la. Eu achei que seria apenas uma vez, que ninguém sairia ferido. Mas foi um erro de cálculo. Eu não imaginei que iria me prender a você. E com isso, destruí sua relação com Maite.
- Sabe que não é verdade, Dulce – Protestou Any – A minha relação com Maite estava fadada ao fracasso, porque eu nunca a amei e já estava farta dos ciúmes dela. Maite é uma garota temperamental e problemática. Se você não tivesse surgido em minha vida, teria surgido outra mulher. Você apenas apressou o desfecho.
- O que sente por mim, Any? Atração, só?
Anahí fitou Dulce com receio.
-Não sei se posso abrir-me com você sem que me diga também o que sente por mim.
Dulce sorriu luminosamente, fitando-a nos olhos.
- Mas você já sabe! Você enfeitiçou-me!
- Enfeiticei? Até que ponto? – Perguntou ansiosa.
Dulce semi-cerrou os olhos, pegando seu rosto entre as mãos de dedos longos e macios.
- Esse rosto, esses olhos me enlouqueceram. Sabe o que fiz ontem? Mandei Alfonso embora! Um homem que muitas mulheres desejam! Ele saiu furioso, por que falei que não queria dormir com ele! Preferi dormir sozinha, pensando em você, querendo me preservar para hoje. Porque agora somente você consegue aplacar esse desejo que sinto, Any. Que me faz ficar arquitetando meios de você possuir-me. Sabe o que imaginei? Você possuindo-me amarrada na cama. Eu totalmente submissa aos seus desejos, Any... você fará isso? Realizará esse desejo meu?
Autor(a): lunaticas
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Anahí ficou fitando-a fascinada, sentindo calafrios à cada palavra de Dulce. Ela dominava o seu corpo, seus pensamentos, sua vontade. Sentia-se escravizada por aquela mulher linda, que comandava seus desejos com um olhar. Estava irremediavelmente apaixonada por Dulce, louca de amor. Abraçou-a e a puxou contra seu corpo, beijando-a alucinada. E Dulce a ac ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 42
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CHAVERRONISIEMPRE Postado em 13/09/2014 - 11:35:51
Q web é essa? superou meus limites ,otíma
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claricenevanna Postado em 03/01/2014 - 08:08:34
Ai. Nem acredito que acabou! Muito boa a web, sentirei falta dela, dessa paixão e cumplicidade das duas! Vai postar outra web, Lunática? *-* Porque se for me passe, sou uma grande apreciadora de suas webs.
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angelr Postado em 03/01/2014 - 00:09:43
Web perfeita uhuuuu
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claricenevanna Postado em 02/01/2014 - 10:37:10
Adoro esse fogo das duas! Hahaha.
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vverg Postado em 02/01/2014 - 00:16:35
Hunn?? Gostei...Interessante!!!!
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claricenevanna Postado em 30/12/2013 - 13:32:10
Não sei se tenho pena ou raiva da Maite, sério! Posta mais, flor.
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tety Postado em 26/12/2013 - 22:52:17
posta mais
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lunaticas Postado em 26/12/2013 - 22:49:58
Sim ja esta acabando :(
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claricenevanna Postado em 26/12/2013 - 19:51:55
Pelo jeito, já vai terminar a web né?
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claricenevanna Postado em 25/12/2013 - 23:41:20
Que loucura, gente! Annie foi muito esperta! Fiquei aflita achando que elas iriam consumir as ameaças. Posta mais *-*