Fanfic: A Sensual Dulce - Portinõn | Tema: Portinõn

Ao chegar à clínica onde Maite estava internada, disseram que ela não podia ver a paciente porque não era parente. Anahí exigiu falar com o médico que tratava de Maite, e depois de muita confusão, ela conseguiu ser recebida pela psicóloga que tratava de Maite. A doutora a olhou com curiosidade, mas sem reprovação, como o médico do outro dia. Era uma mulher de seus quarenta anos, de cabelos louros e olhos azuis, com um sorriso simpático.

- A signorina então deseja falar com a minha paciente Maite Saviñón, não?

- Oh... Pensei que o médico dela fosse o doutor Marcello Franquetti. Sou Anahí Puente Portilla, amiga de Maite – Disse, estendendo a mão.

A doutora apertou sua mão, sorrindo divertida.

- Eu sei quem você é. Sua foto esteve em todos os jornais. Sou a doutora Santtoro e esclareço que o doutor Marcello apenas tratou de Maite na emergência que apresentou risco de vida para ela. Ele trabalha na emergência e eu trato da parte psicológica dela. Por que deseja ver minha paciente, signorina?

- Eu sei que ela está precisando de uma palavra amiga, de saber que alguém quer bem à ela. Ela está passando por uma fase muito difícil. 

A doutora Santtoro a fitou gravemente. 

- Bem, por tudo que sei, você foi e ainda é muito importante para Maite. Ela ainda não superou sua perda e está arrasada achando que você a odeia, como sua mãe. Se está querendo confortá-la e mostrar afeto por ela, sua visita será muito benéfica à ela. Mas se veio recriminá-la ou iludí-la com palavras de um amor que não sente, então é melhor não a ver.

- Eu jamais faria isso, doutora! Eu entendi que ela fez tudo isso por estar desorientada e fragilizada. E Karina se aproveitou disso para incitá-la a se vingar. Eu acho que Maite é apenas uma garota carente, perdida, à procura de quem a ame.

- Tutto bene. Vou confiar no que me diz. Se está sendo sincera, sua visita fará muito bem à Maite. Venha, vou conduzí-la até o quarto dela.

Anahí seguiu a doutora pelo longo corredor . Ela abriu a porta e fez um gesto para Any entrar. Any passou por ela e deparou com Maite deitada numa cama, de olhos fechados. Como estava abatida! Os olhos com olheiras, o rosto pálido, emagrecida... parecia a sombra da garota que era. Any sentiu a compaixão inundar seu peito, junto com um incômodo sentimento de culpa.
A doutora Santtoro bateu levemente no braço de Maite, falando suavemente:

- Ei... acorde... veja quem veio visitá-la...

Maite abriu os olhos e fitou a doutora. Depois olhou para Any e seus olhos se encheram de lágrimas.

- Any? É você mesmo? Não estou delirando? – Perguntou, com voz trêmula.

Any sorriu, estendendo a mão e segurando a mão gelada de Maite. A doutora Santoro se afastou discretamente para a janela, para deixá-las mais à vontade.

- Sou eu, Maite. Vim visitá-la. Está se sentindo melhor? – Disse, suavemente.

Maite se sentou, abraçando-a impetuosamente. Any ficou quieta, deixando-a extravazar sua emoção.

- Any! Se soubesse como esperei por isso! Ver você me olhar sem ódio! Oh, Any! Se soubesse como estou arrependida do que fiz! Estou sofrendo muito, perdoe-me! 

Any a afastou suavemente e a fitou nos olhos.

- Mai, eu vim aqui para dizer que eu não a odeio, nem Dulce a odeia. Eu quero que você saia daqui em breve e seja feliz com alguém.

Maite o fitou e baixou os olhos, envergonhada, dizendo:

- Any, ouça... eu estava com muito ódio de Dulce e telefonei para Karina, pedindo ajuda para vingar-me! E ela armou o plano, quando soube que eu tinha uma cópia da chave de seu apartamento! Mas eu tinha em mente apenas humilhar Dulce, mostrar à ela que você também me desejava! Mas... Karina ofereceu-me cocaína. Eu cheirei e perdi a cabeça.

- Eu notei que você estava drogada Mai.E eu tenho certeza que em seu estado normal você não faria metade do que fez e falou. E Dulce também a perdoou, ela esteve aqui ontem, quando soube que você havia atentado contra sua vida. Maite, não faça mais isso! Você é tão jovem, tudo isso vai passar, você vai encontrar quem a ame, e será feliz!

- Eu sei que ela esteve aqui, a doutora Santtoro contou-me – Disse Maite, sem encará-la – E isso me faz sentir-me tão envergonhada! Eu nunca pensei que Dulce, depois do que fiz, fosse mover um dedo para ajudar-me. Nem minha mãe ela é. 

- Mas Dulce se importa com você, Mai. Ela disse-me que está arrependida por ter rejeitado você quando era pequena. E ela pagou os melhores advogados para defender você e fará o que estiver ao seu alcance para ajudá-la a superar tudo isso. Assim que você for liberada daqui, poderá ir estudar em Paris e recomeçar sua vida.

Maite a fitou com tristeza.

- Não estou me importando mais com o futuro. Não tenho esperança de ser feliz.

- Mai, não diga isso! Você vai me esquecer, vai se apaixonar de novo!

- Não sei, Any. Não quero amar mais ninguém.

- O tempo é o melhor remédio, Mai. Você verá que estou certa.

Ela deu um sorriso triste.

- Levará muito tempo para isso. Eu... ainda a amo, Any.

- Lamento Mai... – Disse Any, sem saber o que mais dizer para confortá-la. O que Maite queria dela, era impossível. Amava Dulce e jamais a trairia.

Maite a fitou com ar decidido.

- Vá, Any. Vá viver a sua vida com quem escolheu para amar. Se um dia eu a esquecer, vou deixar você saber. E diga à Dulce que eu não a odeio mais.

Any pousou a mão no ombro dela, fitando-a nos olhos. Maite tremia.

- Até um dia, Mai. Quando você sair daqui, eu e Dulce viremos buscá-la.

Maite deitou e cobriu os olhos com o braço.

- Vá, Any.

Sem falar mais nada, Any se retirou.