Fanfic: A Sensual Dulce - Portinõn | Tema: Portinõn

Maite acordou cedo. A expectativa que teria de fingir para sua mãe e se mostrar interessada pelo rapaz que lhe seria apresentado mexia com seus nervos. Sentou na cama e olhou para Anahí, que dormia ao seu lado. No sono, parecia tão ingênua e desprotegida... mas sabia que era uma impressão falsa. Anahí era forte, segura de si, acostumada a ser bajulada pelas mulheres que conquistava.
Lembrou o dia em que a havia conhecido. Ela havia mentido para sua mãe. Anahí não estudava com ela. Anahí já era formada em Artes Plásticas há mais de três anos.
Havia conhecido Anahí em uma festa, na casa de um escultor milionário, que gostava de patrocinar festas malucas em sua “Villa”, nas quais iam todo tipo de gente estranha.
Maite, naquele tempo, andava com uma turma muito louca, de cinco motoqueiros acompanhados de suas namoradas. Todos filhos de pais ricos, com mesadas altíssimas, que fingiam estudar, mas que na verdade só viviam em farras, consumindo drogas, bebendo e aprontando confusão. Ela era namorada de um deles, Vittoro, viciado em cocaína. Ela ocasionalmente também cheirava, mas ainda não estava viciada. Tinha medo de ficar viciada, mas no meio deles, era difícil não participar de seus vícios.
Vittoro conhecia o escultor e todos foram à festa. Chegaram à “Villa” por volta das dez da noite e foram recebidos pelo escultor, que já estava visivelmente bêbado e os cumprimentou com estardalhaço:

- Buona notte, ragazzos e ragazzas! Vão entrando! A festa precisa de gente como vocês, para ficar animada!

Eles entraram no salão cheio de gente, que bebia, dançava ou tentava conversar ao som alto da música que um conjunto tocava em um palco armado em um canto. Era uma música eletrônica com batida pesada.
A turma foi logo dançar, cada um com uma garrafa de cerveja na mão. Vittoro pegou uma garrafa com o garçon que servia bebidas perto do bufet e sorriu para Maite.

- Vamos para um canto dar uma cheirada? 

- Hoje não, Vittoro. Quero ficar sóbria – Recusou Maite.

- Ah, então, desgruda. Vou viajar sozinho – Disse ele, se afastando.

Matei olhou em volta, indecisa. Seu olhar foi atraído por uma loura toda em couro negro, com um quepe na cabeça, de pé perto da janela, com um copo na mão.

Seus olhares se cruzaram. Maite a fitou curiosa. Era um tipo exótico. De blusão e calça de couro que modelava o seu corpo mostrando suas curvas sensuais, as botas negras de salto alto, ela chamava a atenção mesmo no meio de tanta gente vestida com espalhafato. Os olhos azuis a olhavam atrevidamente e a seguiram quando Maite dirigiu-se para um garçon e serviu-se de um copo de coca-cola. 

- Mai! Você, por aqui?

Maite voltou-se e viu uma garota aproximando-se dela com ar surpreso. Reconheceu-a. Era uma colega da faculdade. Parecia tão conservadora na faculdade, mas ali estava, numa festa maluca. 

- Bianca! Também estou surpresa!

Bianca riu e pegou-a pela mão. 

- Gosto de misturar-me com gente interessante. Sabe que estudo Literatura e pretendo ser uma escritora. E um escritor, como dizia Tennesse Willians, precisa misturar-se com pessoas de todos os tipos.

- Hum humm... por falar em tipos, veja aquela moça – Disse, indicando a loura com o queixo – Você sabe quem é ela? É uma figura tão exótica!

Bianca olhou para a loura e tornou a olhar para Maite com um sorriso irônico.

- Conheço, sim. Seu nome é Anahí. Cuidado com ela, Maite. Ela gosta de mulher e quem se liga à ela está perdida. 

Aquela declaração mexeu com Maite. Aquela loura tão atraente, uma lésbica? Incrível! Queria conhecê-la. 

- Porque disse que quem se liga nela está perdida?

Bianca a encarou séria.

- Está interessada nela? Já avisei. Any conquista, usa e descarta a mulher quando perde o interesse. Isso em no máximo duas semanas. Teve uma que até tentou suicidar-se, quando foi abandonada. Ela é diabólica. Dizem que tem um poder de atração irresistível. Quando cisma com alguém, consegue conquistar com a maior facilidade. Graças a Deus não sou o tipo dela.

- Por que dá graças à Deus?

- Porque se ela cismasse comigo, não sei se resistiria. Ela é muito bela e inteligente... Bem, até logo, Maite. Vou procurar meu namorado, que está por aí.

Bianca afastou-se e Maite olhou para Anahí. Ela estava agora de costas, olhando para fora. A calça de couro modelava o traseiro arredondado e firme, as coxas fortes e pernas bem torneadas. Era dona de um corpo espetacular. Seu desejo de conhecê-la se aguçou. Mas, como fazer, para isso? Não podia chegar perto dela e simplesmente dizer que queria conhecê-la porque se sentira atraída.
Viu uma mulher ruiva chegar perto de Anahi e falar algo. Anahí sorriu e Maite pensou que nunca tinha visto um sorriso tão lindo. Elas começaram a conversar animadamente e Maite continuou observando-a disfarçadamente. Anahí tinha um perfil perfeito. Sua postura ereta, o gesto das mãos, como era charmosa. Estava fascinada por Anahí.
Ela afastou-se com a mulher para outro lado do salão e Maite perdeu-a de vista. Impaciente e irritada, Maite olhou para sua turma. Eles continuavam dançando. Vittoro estava sentado em um canto, no chão, com olhar perdido. Devia estar viajando, sob o efeito da droga. 
Bebeu sua bebida de uma só vez e resolveu ir ao banheiro. Atravessou o salão, procurando Anahí com o olhar. Não a viu. Perguntou à um garçon onde era o toalete e ele informou indicando um corredor. Ela dirigiu-se para lá e achou duas portas, uma com o desenho de uma mulher e outra com o desenho de um homem . Abriu a das mulheres e entrou.
O banheiro era grande, com três lavatórios e três reservados. Um grande espelho de cristal com moldura dourada era suspenso na parede dos lavatórios. Maite lavou as mãos se olhando no espelho, verificando se seu baton continuava direito. E viu a porta do banheiro abrir e Anahí entrar. 
Maite imobilizou-se, sentindo seu coração disparar.
Anahí avançou com passos lentos e parou ao seu lado, lavando as mãos, aparentemente ignorando-a. Maite a fitou pelo espelho. Era mais linda de perto. O rosto era perfeito e os olhos pareciam duas joias translúcitas.
Seus olhos se encontraram através do espelho e Maite enrubesceu, ao notar que estava também sendo observada.

Anahí foi até o porta-toalhas e enxugou as mãos. Quando terminou, ao invés de se retirar, recostou ao lado cruzando os braços, fitando Maite fixamente.
Maite sentiu as pernas tremerem. Lavou as mãos e aproximou-se do porta-toalhas com passos inseguros, sabendo que teria que ficar bem próxima de Anahí para enxugar as mãos.
Hesitante, com as mãos tremendo, a fitou, estendendo as mãos para a toalha. Anahí permanecia imóvel,seu olhar percorrendo seu corpo sem disfarce. Maite enxugou as mãos bem perto dela, sentindo o perfume delicioso que emanava de Anahí. Quase se encostavam, tão próximas estavam. 
Anahí a puxou contra seu corpo e Maite perdeu o equilíbrio, apoiando-se nela para não cair. Sentiu um calafrio percorrê-la, quando seus corpos se tocaram. Anahí rodeou seu corpo com os braços e desceu a boca sobre seus lábios trêmulos, esmagando-os. Era um beijo intenso e possessivo, louco, arrebatador. Suas línguas se tocaram e se sugaram, suas respirações se misturando.
Maite sentiu uma forte emoção e rodeou o pescoço de Anahí com os braços. Seu corpo tremia, sentindo o outro contra o seu, se apertando. Gemeu dentro da boca de Anahí, quando sentiu a mão direita dela acariciar seu seio. A mão desceu pela cintura, pela saia e a levantou, acariciando a coxa. E atrevidamente, se insinuou para dentro da calcinha, tocando seu sexo com a ponta dos dedos. A excitação de Maite era evidente, molhando os dedos de Anahí.

Anahí afastou a boca e a fitou nos olhos. Sorriu. Retirou a mão da calcinha e desvencilhou-se do abraço de Maite.
Maite a fitava sem voz, a respiração opressa, pensando se estava tendo uma alucinação. Tudo acontecera tão rápido, tão louco!
Anahí voltou-se e se retirou tranquilamente, sem olhar para trás. Maite ficou ali imóvel, ainda sentindo os lábios quentes de anahí sobre os seus. A maciez daquele corpo, o perfume delicioso, tudo a deixara tonta. Aquele beijo parecia irreal. Nem haviam se apresentado, nem haviam trocado uma palavra, e se haviam beijado com arrebatamento! Ah, queria mais, muito mais! Ela a enlouquecera, a havia conquistado apenas com um olhar.
Saiu do banheiro e atravessou o salão, procurando-a com o olhar. Lá estava ela, conversando animadamente com uma mulher. Maite passou por perto delas e a fitou, mas Anahí a ignorou completamente.
Maite sentou em um sofá, nervosa. O que Any pretendera, com aquele beijo? Mostrar que podia dominar quem a interessasse? E depois disso, ignorar a pessoa?

O garçon chegou oferecendo bebidas. Maite pegou uma taça de champanhe e a bebeu sem deixar de olhar para Anahí, sentindo um ciúme absurdo ao vê-la conversar e rir com a outra mulher, tão desligada de sua presença. Nem parecia que a tinha beijado com tanta paixão!

Começou a tocar uma música com uma batida sensual e dançante. Anahí começou a dançar com a amiga. Dançava sensualmente, remexendo os quadris, erguendo os braços, como uma dançarina de strip-tease. Seus olhos se encontraram com os de Maite e ela sorriu.Um sorriso sexy, convidativo.

Os homens começaram a aplaudir e formaram uma roda em volta dela. Ela sorriu e parou de dançar, se dirigindo para o bufet sob os protestos dos homens.

Bianca apareceu do lado de Maite, fitando Anahí com despeito.

- Você viu? Ela gosta de provocar os homens também, para depois rir deles! Essa mulher é diabólica, Maite!

Maite a fitou sorrindo.

- Diabólica ou não, quero ser apresentada à ela. Faz isso para mim?

- Ah, ela já a envenenou também... – Disse com malícia – mas é melhor não provar da maçã proibida, Maite... ela não se prende a ninguém.

- Bianca, não sou idiota. Só estou curiosa, apresente-me, vai!

- Está bem. Depois, não lamente. Venha.

Aproximaram-se de Anahí, que bebia uma taça de champanhe olhando em volta. Ela as fitou sorrindo.

- Como está, Any? – Disse Bianca, sorrindo – Quero apresentar Maite à você.

Anahí sorriu para Maite.

- Então, seu nome é Maite... um lindo nome.

- Obrigada...

Bianca sorriu, despedindo-se:

- Bem, já cumpri minha missão. Tchau!

E afastou-se, procurando o namorado. Mai olhou para Any, sem saber o que dizer. Ela lhe sorriu com malícia, dizendo:

- Por que pediu à Bianca para ser apresentada à mim? Nós já nos apresentamos no banheiro. E muito mais intimamente.

Maite enrubesceu profundamente, fitando-a envergonhada. Anahí percebeu seu embaraço e a fitou nos olhos atrevidamente.

- Não é verdade?

- Bem... foi uma apresentação muito estranha...

- Não gostou de minha forma de apresentar-me?

Maite a encarou. Resolveu ser também atrevida. Podia jogar o jogo dela.

- Gostei tanto que pedi à Bianca para vir falar com você.

Anahí deu uma risada, fitando-a com ar divertido.

- Oh, adoro garotas decididas... e então? Vamos indo?

- Ir para onde? – Perguntou Maite, confusa.

- Para meu apartamento. Essa festa está muito chata.

Maite a fitou sorridente e emocionada.

- Vamos! Espere aqui, vou despedir-me de meus amigos.

Anahí deixou de sorrir. Pegou-a pela mão.

- Aquela turma louca que chegou com você? Não é preciso. Eles estão tão loucos que nem lembram de sua existência.

Anahí a levou até uma Ferrari vermelha estacionada diante da “Villa” e foram embora.
Assim havia começado o relacionamento delas. Maite havia se apaixonado perdidamente, havia abandonado sua turma e seu namorado, passando a viver para amar Anahí. Mas Anahí dizia que não se apaixonava por ninguém. Que Maite não alimentasse a idéia que a relação delas duraria anos, elas podiam terminar a qualquer hora. E isso tornava Maite insegura, ciumenta e neurótica.