Fanfic: Guren..... | Tema: The GazettE

" Estou chorando... A saudade agora invade meu peito. Saudade de alguém ao qual eu nunca vi a forma, nunca vi o rosto, mas desejaria estar agora vendo ela dar seus primeiros passinhos. É. Eu devia ter uma filha... Uma pequena criança ao qual me daria alegrias, preocupações e gastos. Ela seria a minha pequena luz, a minha estrela... E ela ja tinha até nome.

Guren era seu nome.. Minha pequena flor de lotus ... Mas não pude me dar ao luxo de curtir a gravidez de minha namorada ... Acho que por ser menor, o susto que ela teve quando descobriu, foi grande... Fez com que ela não pensasse direito, só pensasse nela mesma. Não pensou em mim, muito menos naquela bebe, que seria a perfeição em pessoa... Pois Ayumi, era linda, e eu ... Não sou de se jogar fora, hn? Deitado nessa cama, enorme e gelada, eu percebo o quão frio eu me tornei após esse acontecimento... Porém frio para algumas coisas... Quando é alguma questão ligada a paternidade, eu me fecho em casulo... E talvez isso, tenha feito com que nosso namoro terminasse mais rápido... Isso talvez tenha nos desgastado demais..  

Estar deitado nessa cama grande, vazia faz com que eu me sinta triste... Eu me sinto triste, mas ninguém sabe... É como se eu escondesse de todos... Afinal, Ayumi escondeu e me fez prometer que nunca contasse isso a ninguém.. 

Eu lembro dos acontecimentos ... Lembro do namoro de três anos com Ayumi... 

Ela sempre foi o amor de minha vida.. Desde os meus dezesseis anos, eu estive com ela... Hoje tenho vinte e dois anos, e ainda sinto a falta que ela me faz. Quando começamos esse namoro, ela era dois anos mais nova... Eu era uma criança, e ela mais ainda. Não sabiamos o que estavamos aprontando. A unica certeza que tinhamos, era que eu a amava, mais do que tudo... E deixaria tudo, e todos por ela... 

Eu esfrego os olhos, estou cansado de chorar. O sono me envolve, fecho os olhos e tudo começa a se escurecer.... Novamente 





"Desculpe... apenas mais um tempo, me deixe dormir com seu nome 

Me aproximando de você como naqueles dias passados de tristeza e alegria

Meus sentimentos por você sobressaem de ambas as mãos entre meus soluços

Mesmo com as lágrimas caindo, minha tristeza ainda é desconhecida

Eu deito em descanso, correndo entre memórias, o que eu vejo não é suficiente para esses olhos "        

- Estou grávida, Takanori .... Você sabe o que é isso? Minha mãe vai me matar ! - A garota entrava de modo impetuoso pelo quarto de Takanori Matsumoto, gritando aquelas palavras. Por sorte, a família do garoto estava viajando e ele não teria problemas com os gritos da mesma. Ayumi parecia desesperada. Dezessete anos não era uma idade muito boa para se ter um filho, afinal a vida dela pararia. E o que a mesma imaginava era que Takanori logo sumiria.

Ao ouvir aquelas palavras da morena, o garoto levantou-se da cama, e a abraçou de forma demorada. Selando-lhe a bochecha, deixava as lágrimas felizes escorrerem do rosto : 

- Você fala sério? Teremos um filho? - O loiro continuava a selar as bochechas da morena, de forma delicada, como se tudo que ele mais quisesse fosse aquela criança. 

- Sim, eu falo sério, e eu não quero esse bebe... Me solte, Taka... Eu vou embora.... - As lágrimas desesperadas rolavam pelo rosto da garota enquanto a mesma se soltava dos braços do rapaz de forma irritada. Correndo em direção as escadas, saia correndo da casa do outro, não dando chances para que o mesmo nem saisse do quarto.

Suspirando baixo, o loiro mordeu os lábios, e engolindo o choro, suspirava baixinho, murmurando :

- Eu não quero... Que vá...





"Não suma, minha querida…

Quero que me dê apenas um suspiro

Uma pequena batida de coração, um choro

Minha querida, eu quero que você fique aqui "


 

O choro no sonho fazia com que minha cabeça doesse, a ponto de senti-la fora do sonho e me acordar. Todas as noites.... Era a mesma coisa.

Sentei a cama... No que diabos eu estava pensando quando não a impedi? Ela havia sido cruel... Decidiu por si, não perguntou nada, não cobrou nada... Apenas esperou, para ver se realmente estava grávida, e quando descobriu a verdade... Tirou a chance de conhecer a minha criança. Eu havia feito planos, achando que ela poderia mudar... Eu havia escolhido seu nome... Mas não, ali sentado, eu enxugava meu rosto molhado, como se tivesse sido acordado de um pesadelo, e então percebia... Nada do que eu fizesse, nada do que eu dissesse teria mudado a opinião dela. Pois ela estava disposta a acabar com tudo aquilo, com aquela pequena vida, ali dentro. Eu nunca conseguia terminar de lembrar... Pois foram dias, meses, anos dolorosos. 

Eu até tentei ser feliz após aquilo, tentei ve-la como uma garota desesperada, tentei ve-la como minha antiga namorada, mas tudo que eu conseguia ver era uma outra Ayumi. Ao qual eu nunca havia conhecido o lado frio e cruel. Mesmo a amando, eu não conseguia ve-la como minha garota mais. Meu futuro que antes era colorido, brilhante, e vivo, havia se tornado escuridão. Não havia mais nada ao qual eu pudesse desejar tanto quanto a morte.





"Deve haver alguma parte desse sonho que eu não posso abandonar

Mas de algum modo ele continua sendo interrompido

Incapaz de atrair felicidade, eu me perco naqueles dias que continuam a se pilhar um sobre o outro

Mesmo com essas vagas mãos salvadoras

Num milésimo de segundo as linhas do casulo são rasgadas e se tornam cinzas"

 

Consigo lembrar agora.... Ela saiu correndo de minha casa, e foi embora... Embora para algum lugar onde eu não sabia.... Eu apenas chorava baixo, sem ter forças para correr, descobrir onde ela iria. As palavras usadas por ela haviam destruido tudo por dentro... Era como se ela quisesse negar a existencia de uma parte minha. E ela negou. Negou nosso amor... Porque aquela criança era... Era o fruto de nosso amor... 

Eu queria de forma desesperada, ouvir os batimentos cardíacos daquela criança que estava sendo gerada, eu não queria perder nada... Mas ela fez questão de apagar tudo. 





"Não suma, minha querida

Eu quero que você me deixe ouvir apenas um suspiro

O som de uma pequena batida de coração que é carregado em minha prece indistinta "

 

Rolo novamente para o lado da parede. Agora sinto frio ... De ambos os lados... Da parede, e o do meu coração. Não sei o que posso aguentar... Não sei quanto tempo vou negar que eu amei alguém a ponto de pensar em desistir tudo por ela... Não posso dizer seu nome.... Dizem que chamar o nome de quem morreu... Traz mau agouro... Mas eu queria poder gritar aos quatro ventos... Que eu tive uma filha, e antes dela nascer a minha garota a matou. Dizer também que ela matou uma parte de mim... Exagero? Talvez.... Mas essa era a forma que eu me sentia.

Eu ainda espero o dia em que vou entrar por essa porta, vou ve-la deitada a cama, e encontrar um berço ao canto do quarto... Mas sei que isso não passa de um sonho, uma utopia de alguém .... Perdido pelas mágoas mundanas.

 

"Eu me agarro firmemente ao nome que não posso chamar

E conto nos dedos os amanhãs que não desaparecerão

Com ouvidos surdos, eu ouço o som de um berço balançando

Na primavera que não pode voltar, a flor de lotus carmesim floresce "