Fanfic: Razões do Coração (Terminada) Vondy | Tema: Vondy

Sete horas da noite, e Christopher não voltara.

Dulce olhou pela janela do quarto, imaginando se afinal conseguira pôr um ponto final na relação deles.

Arrependia-se das palavras amargas que proferira. Ainda que verdadeiras, deveriam permanecer para sempre no canto mais escuro da mente, pois de nada adiantava trazê-las à tona. Somente pioravam a situação. Christopher sentira tanto quanto ela a perda do segundo filho, e sofrera com a culpa, pois sabia que Dulce tinha conhecimento de onde e com quem ele estava, quando ela precisara tanto dele. No final daquela discussão pela manhã, ela observava o abatimento tomar conta do rosto sombrio, arrogante e orgulhoso de Christopher.

Ele perdera a cor, sua boca tremera, o olhar desviara-se do rosto dela. Mas Dulce já pudera ver o inferno íntimo que aqueles olhos revelavam.

"Oh, Christopher..." ela murmurara então. "Eu..."

Quisera dizer “sinto muito”, mas não tivera tempo, pois Christopher já saíra da casa dela.

Se o chão a tivesse engolido naquele instante, ela teria ficado grata pelo castigo merecido.

Dulce pensara que o ódio que nutria por Christopher depois que ele fora vê-la numa cama de hospital, saindo dos braços de Belinda, tivesse desaparecido naqueles três anos. Sentia-se mal ao perceber que nada mudara dentro dela, e principalmente por saber que no andar de baixo Diego debruçava-se à janela, como ela, a espera de seu adorado papá.

Ela dissera ao menino que seu pai fora à cidade, cuidar de negócios, e que voltaria logo que terminasse.

O ronco poderoso de um carro esporte chegou até ela. Lágrimas de alívio correram por suas faces.

Baixo, longo, negro e impressionante, o carro esporte de Christopher parou em frente à casa. O rosto sombrio dele iluminou-se num largo sorriso, quando ele viu diego à janela.

Ele estivera em seu apartamento em Londres, evidentemente e trocara de roupa. Vestia calça de linho preto e camisa vinho, que realçavam seu corpo musculoso e ágil. O rosto recentemente barbeado não demonstrava sinais de cansaço. Apenas o italiano bem-apessoado, poderoso e rico, transparecia naquele momento.

Contornando o carro, Christopher mal teve tempo de abrir os braços para pegar Diego, que correu para ele, tagarelando.

Christopher olhou para cima e viu Dulce. Fulminou-a com o olhar, parecendo desafiá-la a tirar aquela felicidade deles.

Ela não ousaria, nem desejava.

Afastando-se da janela, Dulce jogou-se na cama, tentando adivinhar qual seria o próximo passo. Nápoles, claro, uma voz jocosa dentro dela informou.

“Terei de engolir a isca que Christopher jogou para mim”, ela pensou. ”Farei exatamente isso, pois, ao tentar destruí-lo esta manhã destruí minha própria vontade de lutar contra ele!”

Levantou-se e foi para o andar de baixo, enfrentar o que fosse preciso.

Encontrou Diego no colo de Christopher, na sala. Christopher lia para o filho, ora em inglês, ora em italiano, trechos de um livrinho novo.

"Desculpe" ela pediu, quando Christopher ergueu os olhos para ela. "Não tive a intenção de..."

"Diego e eu passaremos o dia fora, amanhã, para que você possa resolver sua vida aqui" ele a interrompeu. "Partiremos depois de amanhã para Nápoles."