Fanfic: Razões do Coração (Terminada) Vondy | Tema: Vondy

O dia, para Dulce, fora pesado. Ela tivera de requerer a quebra de seu contrato, fato que não agradara Robert Lang nem um pouco. Depois despedira-se das pessoas com quem trabalhava havia mais de dois anos, o que também não fora fácil. Então, para sua surpresa, algo de bom acontecera. Um funcionário novo, sabendo de sua partida, fora procurá-la para saber se ela lhe alugaria a casa!

Por que não? Seria melhor do que deixá-la desabitada, e Dulce gostou da idéia de ter uma pequena família tomando conta de sua casa.

Por causa disso, tivera o trabalho extra de arrumar todos os seus pertences, que não levaria para a Itália, encaixotá-los para mandar para um depósito, e ainda procurar uma firma de limpeza que se encarregasse de preparar a casa para seus novos ocupantes.

Naquele momento ela estava cansada, aborrecida e tensa. Só queria poder sentar-se sozinha e chorar, pois tudo o que sempre acreditara ter, em termos de segurança, acabava de desmoronar!

Mas não podia chorar, pois Christopher e Diego estavam para chegar, e ela preferia morrer a deixar que aquele homem prepotente a pegasse chorando!

Nada daquilo, porém, comparava-se ao que ela passara no almoço com Derick Templeton.

Seu relacionamento com Derick não era exatamente aquilo que fizera Christopher acreditar, mas poderia chegar a ser. Lentamente. Ela gostava de Derick. Ele fora o primeiro que ela permitira que se aproximasse, depois do desastre com Christopher.

Derick era bom, gentil e tratava-a de igual para igual, intelectualmente, não como uma amante em potencial. Ela gostava do que compartilhavam: uma relação muito mais calma e madura do que tivera com Christopher. Nada de paixão para velar a realidade.

Derick era alto e moreno, mas não possuía aquele ar romântico e arrasador de Christopher. Era um homem atraente, de um modo puramente britânico.

Dulce quisera amá-lo. Tentara fazer de Derick aquele que apagaria a marca de Christopher de sua alma, para sempre. Mas quando se perguntava se em algum momento tinha estado apaixonada por Derick, admitia que não.

O que mais a perturbava era que não percebera que Derick apaixonara-se por ela!

Surpreendera-o com a notícia de que estava de partida para Nápoles... com seu marido. Ele empalidecera e não falara nem movera um só músculo durante trinta longos segundos. Só olhara vagamente a sua frente, como que paralisado.

Dulce sentiu as esperadas lágrimas rolando por suas faces ardentes. Derick a amava, e ela queria tanto ser amada daquela maneira, pelo que era, não por causa do fogo de uma paixão.

Ele se recuperara depressa, ela lembrou. Então, dissera todas as coisas que as pessoas costumam dizer nessas horas, tentando fazê-la sentir-se melhor. Pobre Derick! Quisera ela poder consolá-lo, mas como consolar alguém que acabara de magoar tão cruelmente?

"Mamãe?" a voz de Diego trouxe-a de volta à realidade. Pondo uma das mãozinhas no ombro de Dulce e observando-a com olhos atentos, o menino perguntou: "O que aconteceu?"

"Nada" ela apressou-se em dizer, passando a mão no rosto úmido. "Como foi seu dia?"

"A porta da frente estava aberta" outra voz informou.

Christopher. O coração dela deu um salto.

"Você esqueceu de trancá-la" Diego entrou na conversa. "E como não encontramos você em lugar nenhum, pensamos que tivesse acontecido alguma coisa."

“Não me encontraram”, ela pensou. “Onde eu estava? Estava aqui no quarto, sentada no chão, rodeada de caixas. Acabava de guardar minha vida em caixas de papelão.”

Sem aviso, as comportas escancararam-se. Foi terrível, o pior momento daquele dia infernal.

As lágrimas rolavam sem que ela as pudesse deter, soluços sacudiam seu corpo, e Diego começou a chorar também. Os dois tentaram consolar-se mutuamente, abraçados, até que duas mãos fortes a levantaram do chão. Ela simplesmente se aninhou no peito largo e acolhedor, enquanto Diego a abraçava pela cintura, ainda soluçando.