Fanfic: Razões do Coração (Terminada) Vondy | Tema: Vondy

"Querida! Não imagina como fico feliz ao vê-la aqui!" Alexandra murmurou sinceramente descendo os degraus para abraçar Dulce."Você está linda! Vittorio, o talento dos Uckermann para descobrir a beleza não falhou. Esta mulher será motivo de orgulho para você, mesmo quando já estiverem velhos e grisalhos!"

Dulce percebeu que a sogra descartara os últimos três anos hostis como se nunca tivessem existido.

"Venha" Alexandra chamou, tomando Dulce pelo braço. "Diego já está na cozinha procurando guloseimas, e há um chá pronto no terraço. Sua bagagem só chegará daqui a duas horas, portanto temos tempo de pôr a conversa em dia, antes que tenham de se preocupar com as malas.

Christopher observou as duas mulheres subirem a escada de braços dados.

Chegando ao topo Dulce fez uma pausa, sentindo na mão as chaves do carro.

"Espere" pediu à sogra.

Num impulso, voltou-se e desceu os degraus até Christopher. Seria uma desculpa? Ela se perguntou. Sim, uma desculpa para aproximar-se dele novamente.

"Obrigada pelo carro" murmurou gentilmente.

"De nada" ele respondeu.

Olhou-a através das lentes escuras, que lhe escondiam a expressão dos olhos.

"Realmente gostei de seu gesto" ela completou.

"Meu coração se alegra com sua sinceridade" ele afirmou com afetação.

Com um súbito movimento, arrancou os óculos dele e os de Dulce, jogando-os displicentemente no banco de trás do carro. No momento seguinte, ele a beijava, profunda e intimamente. Acariciou os braços dela, puxando-a para mais perto de si, até que um suspiro trêmulo escapou dos lábios de Dulce.

"Agora sim, você agradeceu" ele murmurou. "E minha mãe está encantada! Dois coelhos com uma cajadada, Dulce. Pode cumprimentar-se!"

"Você é um idiota sarcástico!" ela sussurrou, afastando-se.

"Concordo" ele falou, sorrindo. "Mas não havia sarcasmos quando nos beijamos. Você me incendeia, Dulce. Olhá-la subindo a escada de minha casa me excitou mais do que qualquer coisa nos últimos anos!"

"Você só pensa em sexo!" ela falou.

"Só penso... não faço o suficiente!"

Dulce voltou ao terraço sentindo-se entre zangada e terna. Zangada com Christopher, terna com relação a Alexandra.

Largou as chaves do Mercedes na primeira superfície plana que encontrou ao entrar na casa, pensando, feliz, que Christopher notaria aquilo e saberia o motivo. Entenderia que ela estava rejeitando, não só o presente, como ele também.

Christopher esquivou-se gentilmente de tomar chá com as duas mulheres, preferindo ir procurar o filho.

O chá da tarde foi particularmente agradável, principalmente porque ambas, Dulce e Alexandra, evitaram tocar em assuntos delicados. Em seguida, Diego apareceu procurando pela mãe, porque queria mostrar-lhe seu quarto.

A informalidade do aposento tocou Dulce de maneira especial, pois tratava-se simplesmente de uma versão maior do quarto de Diego em Londres.

“Meu lar... Londres”, ela pensou tristemente. “Mas de agora em diante, meu lar é aqui.”

Decidiu fazer um passeio pela casa, para relembrar. Nada mudara muito, ela notou, enquanto ia de um cômodo para o outro. Por que mudaria, se tudo ali já atingira a perfeição? A mobília e os ornamentos tinham sido adquiridos através de séculos. Os Uckermann faziam novas aquisições, em vez de se descartarem de objetos e móveis antigos, e disso resultara uma harmônica mescla de estilos e épocas que compunha um retrato bastante acurado da história da família.

Christopher orgulhava-se de sua ascendência, e ter Diego para dar continuidade ao nome da família significava muito para ele.

Quando Dulce chegara pela primeira vez à casa dos Uckermann, ficara apreensiva com a responsabilidade que assumira, mas era tarde demais para recuar. Já estava perdidamente apaixonada por Christopher, além de grávida do herdeiro da família.

Inúmeras pessoas tinham se aproximado dela para dizer-lhe como tinha sorte em casar-se com Christopher.

Naquele momento, admirava o enorme salão de baile, que continuava exatamente como fora decorado, no século dezoito, e que ainda era usado em ocasiões especiais.

Sua festa de casamento acontecera ali. Fora uma noite maravilhosamente extravagante, a casa cheia de música, luzes e risos. Românticas lanternas enfeitavam os jardins, para que os convidados pudessem ficar ao ar livre, se preferissem.

Um doce sorriso aflorou aos seus lábios quando ela se lembrou de si mesma dançando no salão reluzente, nos braços de seu marido, usando o longo vestido dourado especialmente desenhado para ela. “Já lhe disse esta noite como você está linda? Sua beleza ofusca todas as mulheres presentes”, Christopher dissera ao seu ouvido. E ela respondera que ele era um bajulador.

Em sua imaginação, ainda ouvia o som do riso dele, quando saiu e fechou a porta pesada.

Dirigiu-se para a elegante escadaria central que subia, indo para o andar superior. Andou distraída pelos corredores, até parar diante de uma porta, sem saber porquê. Então, envolvida por uma onda de pânico, percebeu que era a porta de sua suíte, da suíte deles!

Com o coração aos saltos, refletiu que a mente a dirigira para onde a razão recusava-se a levá-la. Sua primeira reação foi a de desviar-se o mais rápido possível, mas não resistiu ao desejo de ver de novo o único lugar onde ela e Christopher tinham convivido em harmonia.

A cama permanecia no mesmo lugar, como um imenso trenó feito de mogno polido. Com a largura de três camas de solteiro, o leito exibia a mesma colcha de linho branco bordada a mão, as mesmas almofadas quadradas que eles costumavam jogar no chão antes de se deitar.

Lembrando-se do modo como jogavam as almofadas tão descuidadamente, ansiosos por fazer amor, Dulce sentiu uma pontada deliciosa atingi-la no centro de sua sexualidade.

Será que tudo vai recomeçar, ele se perguntou, tensa, as brigas, o combate sexual que se seguia e que depois deixava-os numa espécie de estado de choque?

Passeando pelo quarto, percebeu que nada mudara, a não ser ela própria.

Não era a mesma mulher de três anos atrás. Na verdade, naquele preciso momento, Dulce sentia-se como um objeto perdido que fora recuperado, mas colocado no lugar errado. Ela não queria estar ali, mas sabia que era naquele quarto que Christopher espera encontrá-la. Ele teria a oportunidade de lembrá-la que fora trazida de volta para satisfazê-lo na cama.

Sexo, mentiras e fingimento se combinariam para fabricar o cenário adequado para preencher as necessidades emocionais de Diego. E as sede de vingança de Christopher.

Subitamente a porta do banheiro da suíte abriu-se e Christopher apareceu. Saía do chuveiro, pois tinha uma toalha branca amarrada à cintura, enquanto esfregava vigorosamente os cabelos com a outra.

O choque imobilizou Dulce, e vê-la ali parecia ter produzido nele o mesmo efeito. Por alguns segundos, nenhum deles moveu um músculo, paralisados de surpresa.