Fanfic: Razões do Coração (Terminada) Vondy | Tema: Vondy

O jantar daquela noite foi desgastante. Alexandra não se recuperara da cena desagradável com o neto. O modo como olhava ansiosa de Christopher para Dulce denunciava que ela percebia que a paz entre seu filho e a nora estava por um fio.

Teria ela se perguntado por quê?, Dulce pensou, achando que não, pois seria muito difícil Alexandra admitir falhas nos membros de sua família maravilhosa.

Até Belinda estava estranhamente calada. Passou a maior parte da refeição perdida em seus pensamentos.

Culpou o cansaço provocado pela diferença de fuso horário, quando Alexandra quis saber se ela estava bem. Entretanto, fez um esforço para conversar educadamente com Dulce.

"Soube que esteve trabalhando com a Templeton & Lang em Londres."

Dulce desejou mandá-la para o inferno, mas sorriu.

"Trabalhei, sim. Como já havia sido secretária jurídica, foi bom voltar ao mesmo trabalho."

"Seu talento para línguas deve ter sido muito útil para uma firma que é especializada em leis européias" Belinda comentou em tom benevolente. "Nós já utilizamos os serviços deles, Christopher?

Christopher enrijeceu quase imperceptivelmente, mas Dulce notou.

"Não que eu me lembre" ele respondeu.

"Isso é estranho" Belinda falou, franzindo a testa. "Estou certa de que os conheço. Derick Lang é um dos sócios, não é?"

"Não. Robert Lang e Derick Templeton" Catherine corrigiu, sentindo o olhar de Christopher perfurá-la como uma agulha, quando ela pronunciou o nome de Derick.

"Ah, eu me enganei" Belinda disse. "Vai sentir falta do trabalho, imagino. Sei que eu não gostaria de voltar a não fazer nada."

"Preciso trabalhar" Christopher anunciou, levantando-se bruscamente. "Belinda, seria bom vermos juntos alguns papéis, antes que você se recolha, se não estiver cansada demais."

"Estou, mas tudo bem" ela respondeu.

Christopher já saía da sala de jantar.

Ela o seguiu logo depois, e Dulce tentou animar a pobre Alexandra com conversar banais, até que também pudesse se retirar para o abrigo relativamente seguro de seu quarto.

Quando finalmente deitou-se, estava mais do que pronta para desligar a mente e dormir. Mas Christopher entrou no quarto alguns minutos depois, e isso era a última coisa de que ela precisava. Presumindo que ele fosse se deitar, continuou de olhos fechados, fingindo que dormia. Quando ele a tocou suavemente no rosto, segundo depois, ela abriu os olhos, surpresa. Christopher estava inclinado sobre ela.

"Surgiu um imprevisto" ele informou. "Preciso ir ao meu escritório em Nápoles, onde ficarei algumas horas."

"Sozinho?" ela perguntou sem querer.

"Sozinho, sim" ele respondeu com aspereza. "Se não tomar cuidado, Dulce, sua desconfiança vai comê-la viva!"

Com essas palavras, afastou-se e saiu do quarto.

“Oh, meu Deus”, ela pensou, aflita. “O que será de mim?”

Ouvindo o ruído de um motor, ela se levantou e foi à sacada a tempo de ver as luzes traseiras vermelhas do carro de Christopher se afastando.

"Eu amo você" murmurou. "Mesmo contra minha vontade."

Estava decidida a voltar para a cama, quando ouviu novamente barulho de motor. Virando-se para a balaustrada, viu um BMW preto sair de trás da casa onde ficavam as garagens. Era Belinda.

Dulce pensou no que Christopher chamara de “delírios paranóicos” e sorriu com desânimo. Não sentia mais raiva, nem dor, nem mesmo amargura. Parecia que já se esgotara sua cota de sofrimento em relação ao que Christopher eBelinda faziam.