Fanfic: Razões do Coração (Terminada) Vondy | Tema: Vondy

Mordendo a torrada. Dulce assistiu a tudo impassível, mas Christopher empurrou a cadeira para trás e aproximou-se dela.

"Não quero que volte a trabalhar."

"Não estou lhe pedindo permissão" ela respondeu calmamente.

"Aceitar o primeiro emprego que lhe oferecerem, só porque está zangada comigo, será criancice" Christopher declarou.

"Não estou zangada com você."

"Então, por que está fazendo isso?" ele quis saber.

"Por mim. Faço isso por mim!"

Fora uma decisão que ela tomara no meio da noite. Tinha de conseguir uma vida nova, fora daquela casa que se tornara sufocante.

"E Diego?" Christopher indagou.

"Diego tem mais pessoas a sua volta, nesta casa, do que a maioria das crianças tem numa escola" ela respondeu.

"Ele prefere que a mãe esteja em casa" Christopher argumentou. "Eu prefiro que a mãe dele esteja em casa, com ele. De que adianta tudo o que estou fazendo, se você não aprecia essas vantagens?"

"Quanta arrogância!" Dulce exclamou.

"Não me sinto arrogante. Sinto-me aborrecido porque não conversou comigo a esse respeito, antes de tomar sua decisão. É tão típico de você, Dulce" ele censurou. Sem notar que Dulce empalidecera, continuou: "Você é tão teimosamente independente, que só faz o que lhe apraz, sem se incomodar com que os outros pensam!"

"Sinto muito, se é assim que pensa" ela murmurou.

Christopher suspirou.

"Ouça" pediu, agarrando os finos dedos dela. "Não quero brigar com você toda vez que conversamos. Quero que seja feliz aqui, quero que nós sejamos felizes!"

"Com você sendo o chefe provedor da casa, e eu o troféu que mantém sobre a lareira?" ela zombou. "Não, obrigada, Christopher. Não fui feita para esse papel."

"Aquela mulher deveria aprender a controlar a língua" ele desabafou.

Dulce quase engasgou com a crítica de Christopher a Belinda.

"Você não tem que trabalhar?" ela perguntou.

Como se fosse um sinal, a porta abriu-se, e Belinda entrou.

"Terminaram?" ela perguntou sem rodeios. "É que temos muito o que fazer Christopher, se quisermos pegar o vôo do meio dia para Paris."

De repente, o ar ficou irrespirável.

"Vai a Paris... com ela?" Dulce perguntou.

"Eu..."

"Oh, você não sabia, Dulce?" Belinda interferiu. "Presumi que Christopher tivesse contado."

"Eu ia contar" ele rosnou, não para Belinda, mas para Dulce.

"Não é mais necessário" Dulce declarou, puxando os dedos que ele segurava. "Sua compatriota eficiente fez isso por você."

"Dulce!" a voz de Christopher era um misto de fúria e frustração.

"Com licença" ela pediu. "Tenho alguns telefonemas para fazer."

Dirigindo-se para a porta, ela não resistiu. Olhou para Belinda e perguntou candidamente:

"Divertindo-se bastante?"

"Não sei do que está falando" a mulher mentiu, demonstrando espanto.

Dulce riu, sonoramente e de modo rude.

"Christopher, sinto tanto, eu só pensei..." Belinda dizia, quando Dulce saiu da copa.

Christopher seguiu-a instantes depois, indo encontrá-la no quarto. Dulce vestia o casaco que fazia conjunto com a saia creme.

"Não tem de pegar um avião?" ela perguntou, sarcástica.

"Não faça isso, Dulce" ele avisou. "Não me provoque depois que passei metade da noite trabalhando. Estou sem dormir e sem paciência!"

"E onde esteve trabalhando a noite toda?" ela o desafiou.

"Sabe onde. No escritório. Eu lhe falei."

"Sozinho?"

"Sim, sozinho!"

"A que horas voltou?"

"Por volta das cinco. Isso é um interrogatório?" ele perguntou.

"Belinda saiu daqui depois de você e chegou antes" ela informou. "Esse é o horário padrão para encontros furtivos? É bom que eu saiba, para quando começar a ter os meus!"

"Você pensa que eu estava com Belinda" ele por fim percebeu. "Madre di Dio! Quando vai aprender a confiar em mim?"

Nunca, Dulce disse a si mesma.

"Quanto tempo vai ficar fora?" perguntou friamente.

"Cerca de uma semana."

"Onde vai ficar?"

"No apartamento da firma, como sempre." Ele suspirou pesadamente. "Dulce, foi você quem me pediu para manter Belinda longe. E é isso que estou tentando fazer!"

"Divirta-se, então."

Não devia ter dito aquelas palavras, Dulce percebeu, pois Christopher a prendeu em seus braços antes que ela pudesse reagir. Os lábios dele procuraram os dela, avidamente. Dulce rendeu-se sem lutar, sem nem ao menos sentir-se irritada consigo mesma. Retribuiu as carícias com igual intensidade. As mãos dele estavam em toda parte num segundo: percorrendo suas costas, arrancando-lhe a blusa e o frágil sutiã de seda. Ela gemeu de prazer. Ele riu, e em seguida segurou uma das mãos dela, descansando-a sobre seu sexo desperto.

"É isso que eu chamo de “me divertir”" murmurou.

Desceu os lábios sedentos para um dos seios já excitados. Sensações de êxtase percorriam loucamente o corpo ardente de Dulce, quando o telefone começou a tocar.

"Se atender" ela gemeu "eu te mato!"

Com um grunhido sensual, Christopher tomou os lábios dela novamente nos seus, mas o telefone insistia.

Ele deu um passo atrás, tão de repente, que Dulce não conseguiu entender o que acontecia. Entendeu, quando seus olhos verdes focalizaram-se nele, e ela viu que Christopher sorria maldosamente. Ele sabia que ela podia se transformar numa gata selvagem, quando provocada, e naquele momento ria de triunfo, pois tinha consciência de que acabara de orquestrar com êxito sua própria fuga.

"Me aguarde" ele falou, piscando com descarada cumplicidade.

Saiu antes que ela pudesse reagir. O telefone continuava a tocar com uma persistência típica de Belinda.